Cristina Helou Gomide


REGIÃO E O PROJETO DE NAÇÃO – O USO DAS FONTES PARA O ENSINO DE HISTÓRIA


Esta apresentação busca refletir sobre a importância de discutirmos a concepção de região dentro do conceito de nação no Brasil, e para tanto, acreditamos na fonte histórica como importante instrumento de análise e interpretação da história. A fonte bibliográfica, a imprensa, as narrativas orais, dentre outras, tornam-se veículos significativos de problematização da história em sala de aula. Nesse sentido, este texto traz reflexões de alguns autores e a leitura de fontes para pensarmos sobre região e nação no ensino de história.

Debater sobre a temática “Região e Nação”, nunca foi tão pertinente, e debruçarmo-nos sobre esse assunto, nos provoca uma série de indagações, não somente sobre os caminhos que o “Brasil Nação” está tomando, mas sobre todas as reflexões que nós historiadores temos levantado ao longo dos últimos trinta anos, no que se refere às discussões sobre “região e nação”. Nos recordamos da XIII ANPUH Nacional, realizada em Curitiba, de 21 a 26 de julho de 1985, cuja temática “História e Região” estava em evidência e ganhou visibilidade em função de uma mesa redonda sobre História Regional. Àquela época, o que chamava a atenção de um grupo grande de historiadores, era o crescente número de trabalhos destinados à temática “região”. Em 1990, como resultado desse encontro, uma obra foi publicada sob organização do professor Marcos A. da Silva, intitulada “República em Migalhas – história regional e local”, e contou com várias contribuições de historiadores que se dedicavam à temática naquele momento.

Na apresentação da obra, Janaína Amado, mapeia como o conceito de Região começou a ser pensado e passou a compor o cenário das pesquisas no Brasil de forma tão intensa, e ela nos explica que:

“especialmente a partir da década de 1970, tem crescido muito o número de pesquisas e estudos de historiografia regional. O fato se explica: a) pela própria mudança do conceito de região (...) b) pelo esgotamento das ‘macro-abordagens´ (...) c) pela instalação e desenvolvimento de cursos de pós-graduação em todo país, permitindo, pela primeira vez em algumas regiões, a formação de uma geração de pesquisadores dotada de embasamento científico e comprometida com temas locais; d) pelas transformações recentes da História brasileira, que modificaram profundamente a organização espacial do país, chamando a atenção para regiões até então pouco conhecidas, como Norte e a Centro-Oeste (porque até então apresentavam baixo grau de integração com o modo de produção dominante)” (AMADO, 1990, p. 11)

No entanto, Janaína Amado aponta que embora essa crescente onda de pesquisas regionais fosse bastante evidente, muitos eram os entraves vividos pelos pesquisadores da história regional. A documentação local, necessária para a pesquisa e efetivação desses trabalhos, normalmente se encontravam (como ainda se encontram em muitos lugares no Brasil, sobretudo em pequenas cidades) nas mãos de pessoas que se achavam “donas” da história de suas cidades, ou de seus Estados. O que ocorre, é que em alguns lugares, a presença dominante dessas oligarquias locais, hierarquiza a história, e então as fontes passam a ser quase “privadas”. A dificuldade está no caráter ufanista da história do Brasil, que contagia os olhares para nossa história e seus lugares. É esse caráter ufanista que alimenta a idéia de que a história que se detém nas mãos de alguns. Outra questão importante apontada pela pesquisadora, é a prioridade muitas vezes atribuída a locais maiores, produzindo a imagem de que a história de locais menores pode ser de “menor importância” na composição da história nacional. Em contrapartida, fazer a história regional não significa exaltar a história dos lugares antes não representados, mas colocá-los na cena histórica com suas contradições e especificidades inerentes ao processo histórico. Tratar o local, nesse sentido, não necessariamente é ser localista. São duas coisas diferentes.

A abordagem sobre História, Região e a questão do método, contou com a contribuição de Rosa Maria Godoy Silveira, que explica em linhas gerais: “a relação História e região é a relação, em última instância, entre temporalidade e especialidade” (1990, p. 17). De acordo com ela, ainda havia muito o que observar, pois pouco se percebia sobre como pesquisadores estavam, por vezes, escrevendo para si, pois os múltiplos critérios de abordagem da Região tornava os discursos muito particulares. Seu texto é rico e carrega essas múltiplas abordagens sobre o conceito, e nesse sentido, não será possível trazê-las todas aqui. No entanto, a leitura de Silveira, nos faz pensar sobre o que entendemos por região. Centro-Oeste é região? Goiás é região? Goiânia é região? Embora não possamos traduzi-la em poucas palavras, é inegável dizer que a região carrega pontos comuns, algo que a unifica, que pode inclusive ser:

“dado pelo sentido do Modo de Produção que domina a organização de seu espaço, ainda que não esteja plenamente implantado naquele determinado espaço; porque no caso do Modo de Produção Capitalista, o espaço se estrutura para realizar a acumulação. As várias formas de reprodução do valor permitirão caracterizar as singularidades espaciais, constituídas pela concretude das leis de reprodução do Modo de Produção e mais a carga histórica passada incorporada ao espaço.” (SILVEIRA, 1990, p. 36)

Nesse sentido, percebe-se que o debate sobre região é bastante complexo. Vivemos em um país capitalista, com elementos comuns fundamentais, mas que exerce esse modelo (hegemonia-dominado) de formas diferentes em diferentes lugares, seja por seus movimentos próprios, ou por atividades distintas inerentes aos lugares. O capital se expande estrategicamente, por vezes, via ação intervencionista do Estado. Nessa ação, busca organizar espaços conforme seus interesses, a exemplo do Governo de Getúlio Vargas e seu projeto de Marcha para o Oeste, cujo intuito era “interiorizar”, ou seja, “ocupar para explorar”,  buscar “desbravar”, não porque  o projeto era necessariamente do progresso para outros locais do Brasil, mas porque o Brasil necessitava de mais lugares de construção desse progresso – aos moldes do projeto de nação da República. Era, como veremos à frente, quase uma ação Bandeirante.

O Centro-Oeste se tornou parte do projeto do Brasil-Nação pensado à época de seu Governo, onde o nome: “Estado Novo”, diz muito. Expandir, exaltar a modernidade no centro-oeste, passou a ser projeto-nação intervencionista de um Governo cujo projeto era explorar todas as riquezas Nacionais e nos tornar unos. Pedro Ludovico Teixeira – médico e político local -  foi nomeado interventor de Goiás após a chamada revolução de 30, e seu discurso de “tempo novo” foi exatamente o que se configurava à época, que era implementar a idéia de que o novo emergia. Respaldado por esse projeto de Nação, no qual o discurso da modernidade como algo agregador, produtivo e melhor, tratava de derrubar prédios, Ludovico idealizou e teve apoio político para a construção de uma nova capital para o estado de Goiás: Goiânia – a cidade que nascia para ser moderna. Afinal, era o progresso na região centro-oeste do Brasil, local ainda “distante” do que se considerava centro produtivo no Brasil, ainda que muitos dos nossos produtos compusessem a produção no cenário nacional.

Era a Região, a “espacialidade” (SILVEIRA, 1990, p.37), essa organização espacial fisicamente especificada, sendo organizada, se tornando foco de um projeto político muito bem engendrado, que garantiu ao Governo Vargas uma enorme propaganda no que se refere à “Marcha para o Oeste”. Em contato com as fontes históricas da época, tais como a imprensa, podemos problematizar o modo que se constitui, via veículos de informação, a idéia de que a marcha para o oeste seria responsável pelo progresso – imagem que permanece na nossa interpretação da história nacional. No que se refere a Goiás e à construção de Goiânia, muito podemos ver sobre a temática em jornais de grande circulação da época. No Jornal Lavoura e Comércio de Uberada de 1934, exaltou a figura de Pedro Ludovico como importante peça nesse processo “região-nação”, é o que aponta o segmento intitulado “Carta da Capital Goiana”:

“O nosso adorável e (...)  interventor, em sua excursão ao Rio de Janeiro, ganhou uma ponte de ferro. Foi uma recompensa muito merecida ao bom comportamento à aplicação e ao amor à República, desse moço que em boa hora veio das profundidades do sudoeste para os palácios dos cajazeiros, cargueiros das mais destacadas virtudes domésticas, veículos dos mais encantadores predicados do do forno e fogão, o Dr. Pedro é uma personalidade (...) que se destaca nessa época nebulosa em que vamos vivendo com o mesmo vigor com que o dedão grande do pé se destaca entre os outros quatro dedos menores restantes.
Além de todas essas virtudes que lhe (...) a feição encantadoramente romântica, o nosso mitológico interventor possui um passado político que grita mais alto que todos os carros de boi que trafegam pelas estradas (...) do sertão ‘indomável e rude´.” Jornal LAVOURA E COMÉRCIO, “cartas da capital goiana, o prêmio de bom comportamento. Goiás capital.” Uberaba, 18 de agosto de 1934, n. 6684.

Essa carta, enviada via correio para o jornal, marca a construção de Pedro Ludovico como pessoa importante no centro-oeste goiano, com ares de “salvador”, construiu-se o mito que gradativamente foi tomando forma à medida que se construía Goiânia, a suposta cidade moderna no centro (interior) do Brasil. Nessa perspectiva, o Batismo Cultural de Goiânia em 1942, não poderia deixar de ser considerado um grande evento, símbolo desse projeto de nação na região centro-oeste. O Jornal Lavoura e Comércio, em 1942, destaca:

“O Batismo Cultural de Goiânia, planta no coração do Brasil, o marco militar da Marcha para o Oeste. Pedro Ludovico, o novo Bandeirante da Civilização brasileira.
Sob o signo do bandeirantismo foi o que se processou toda a evolução de progresso e de grandeza do Brasil. Se não fosse a ambição construtiva e a intrepidez homérica dos sertanistas que devastaram os mistérios da selva imensa, arrastando com os índios as feras e as intempéries para abrir clareiras de civilização em pleno coração do Brasil, todo destino da nacionalidade ficaria circunscrita à orla do litoral.” Jornal LAVOURA E COMÉRCIO, Uberaba, segunda-feira, 6 de julho de 1942, s/n. s/autor.

Evidencia-se o caráter “heróico” de Ludovico respaldado pela imagem progressista de Vargas, aquele que implementou a marcha para o oeste. Lê-se o desbravador, aquele que se assemelha ao bandeirante – não abrindo espaço para lembrarmo-nos do bandeirante que “civilizou” dominando terras e subjugando pessoas. É impossível não nos sentirmos tomados pelo discurso que exalta Pedro Ludovico e seu papel na construção de um “novo” movimento para a região goiana. Goiânia, como um marco, um primeiro passo para o moderno, o progresso e a produção. No entanto, o que o jornal não diz, é que essa cidade moderna, era carente de todas as formas de infra-estrutura, e suas ruas largas, com poucos carros, e vários acidentes, não abraçavam a modernidade vendida, mas sim o desejo dela por parte de seus idealizadores e dirigentes. Nos chama a atenção, especialmente o caráter “bandeiritista”, onde se reforça uma noção de progresso quando a dominação do Bandeirante Paulista à época das Bandeiras no século XVIII, escravizou índios e levou riquezas. Um conceito de região que é relativa a São Paulo e Rio de Janeiro, colocando o centro-oeste como lugar a ser civilizado, onde o civilizador é ele: Pedro Ludovico. A reportagem continua, e a nação a ser desbravada e que começou a ser “descortinada” desde as Bandeiras paulistas, ainda tem muito a fazer, já que, segundo se lê:

“Nem tudo porém estava feito em caráter definitivo, as conquistas audaciosas dos bandeirantes tinham sido suficientes para garantir ao Brasil a posse de terras fecundas mas não para fazê-las desabrochar na florescências de todo o esplendor da civilização a que nos sentimos fadados. Tornava-se mister assim que se retomasse a marcha interrompida pelos grandes desbravadores, não agora no sentido desbravador de suas botas de sete léguas, insaciáveis de distâncias emendando centenas e todos outros parecia querer centenas de quilômetros no destino glorioso de fazer um Brasil maior. O bandeirismo moderno se ainda volta os olhos para os vastiões do sertão, traz todavia consigo um programa determinado de construção. A consciência de estabilidade das conquistas empreendidas como marcos definitivos de uma área de progresso se aninham de todas as forças de energia nacional.” REPORTAGEM CITADA – LAVOURA E COMÉRCIO, 1942.

Nas aulas de história regional em Goiás, é comum que a abordagem dessa história de “Pedro Ludovico, um homem à frente de seu tempo” prevaleça, mesmo após termos produzido tantos trabalhos acadêmicos que recoloquem sua imagem. O dominador aparece na posição de progressista. Remetendo-nos novamente às reflexões de Silveira, constata-se o olhar para algumas regiões, que são carregados de uma noção de civilidade, ou melhor, de não civilidade, que carece de “bandeirantes”, guias, heróis e salvadores. Ao longo da história, sobretudo do que tange o projeto de nação, a grandiosidade compõe as expectativas das pessoas, e assim pode-se “entender”, de algum modo, como muitos trabalhos sobre região podem se tornar “Ufânicos”, ou o oposto, situando regiões “menos privilegiadas no reconhecimento institucional nacional”, como carentes de atenção e civilidade. Para buscar questionar a interpretação comumente posta em sala de aula, entendemos que essa mesma fonte é carregada de possibilidades. Cabe aí perguntar aos alunos o que eles não vêem, ou o que não têm respostas, ou “é possível que um só homem seja responsável por tudo isso”? Enfim, a leitura de fontes históricas podem ser um caminho importante para que nossos alunos, e nós mesmos, nos vejamos na história, nos lugares onde vivemos e no país onde moramos, lançando questões e buscando pertencimentos.

Referências:
Cristina Helou Gomide é professora Adjunta da Faculdade de Educação da UFG, trabalha com a Disciplina de Fundamentos e Metodologia de Ciências Humanas. Desenvolve pesquisa no campo da ciência, ciências humanas, datas comemorativas, patrimônio e ensino de história, sobretudo no campo da história regional.
AMADO, Janaína. História e Região: Reconhecendo e Construindo Espaços. In SILVA, Marcos A. da. (org.) República em Migalhas – História Regional e Local. São Paulo: Marco Zero/CnPq, 1990, p. 7-15.
JANOTTI, Maria de Lourdes Monaco. Historiografia: uma questão regional? In SILVA, Marcos A. da. (org.) República em Migalhas – História Regional e Local. São Paulo: Marco Zero/CnPq, 1990, p. 81-101.
SILVEIRA, Rosa Maria Godoy.  Região e História: Questão de Método. In SILVA, Marcos A. da. (org.) República em Migalhas – História Regional e Local. São Paulo: Marco Zero/CnPq, 1990, p. 17-42.


6 comentários:

  1. miriam bianca amaral ribeiro8 de abril de 2019 às 09:30

    Ola, Cristina. Como vc vê a relação nação/região nos dias que vivemos, quando a BNCC trata a região quase como tema transversal e o PNLD extinguiu os didáticos regionais? Miriam Bianca Amaral Ribeiro

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    1. Cristina Helou Gomide8 de abril de 2019 às 11:23

      Olá, Bianca. Esta é uma discussão política importante. do mesmo modo que o Governo Vargas reconheceu o projeto de Mário de Andrade e estimulou o movimento patrimonial, à atual conjuntura não parece interessar que a nação seja reconhecida nas suas diversas regiões. Afinal, fragmentá-la apenas dificulta o "controle da ordem", além de correr o risco de promover o questionamento sobre a invenção da Nação lá no XIX.

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  2. Regina Célia Daefiol8 de abril de 2019 às 11:32

    Boa tarde, Cristina. Dentro da perspectiva da história regional, a abordagem histórica dos "pioneiros", nos currículos escolares, é sempre feita a partir de personalidades transformadas em verdadeiros heróis da colonização. Seus feitos, as dificuldades enfrentadas e seus legados são exaltados como exemplos de vida. Porém, os que também foram pioneiros mas não tiveram uma trajetória tão recheada de "vitórias", ou seja, que não enriqueceram, não deixaram influências diretas na política ou na sociedade de determinada região, acabam esquecidos. Na sua visão, como o professor de História pode superar esse "esquecimento", levando os alunos a questionarem a história oficial como "história das origens" de sua região, estado ou mesmo município?
    Obrigada
    Regina Célia Daefiol

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    1. Olá, Regina Célia! Primeiramente, me desculpe a demora na resposta. Apanhei um pouco do sistema, rs
      Bom, essa é uma trajetória bastante difícil, pois por mais que trabalhemos com outras perspectivas em sala de aula, a grande mídia e os feriados nos fazem lembrar do que "de fato é importante", como o 15 de novembro ou o 7 de setembro. Em Goiânia, o culto a Pedro Ludovico como um "homem a frente de seu tempo", como construtor de Goiânia, é quase um "solgan" para a história da cidade. Desconstruímos essa história em sala e em todo aniversário da cidade a história do herói é novamente reforçada. Não tenho fórmulas, no entanto, algo que tem nos ajudado a promover o questionamento das pessoas sobre essa história "unilateral", é olhar para o museu e perguntar "Você se vê aqui? Por que? O que acrescentaria?" Ou mais...olhar para um monumento como a estátua monumental de Pedro Ludovico e perguntar "Por que não é você? Por que os trabalhadores que ergueram Goiânia não estão aqui? É possível que ele tenha construído uma cidade inteira sozinho?"
      Penso inclusive que o mais significativo está em mostrar como a história da nação foi inventada lá no século XIX, quando após a independência precisávamos de uma identidade. Acontece que essa história foi construída de modo que alguns apareceram mais e outros menos e nada. Essa história reforçada durante a República precisa ser historicizada, inclusive para que nossos alunos e alunas questionem por exemplo, o que leva alguém a comemorar o golpe Militar no Brasil. Nesse processo, o uso das fontes, como sugeri, nos parece um forte aliado nessa trajetória.
      Em cidades cuja história é recente, a coleta de depoimentos, com uma fundamentada metodologia da história oral pode desconstruir bastante do que é posto de cima pra baixo.
      Espero ter contribuído com suas indagações.
      Abraço

      10 de abril de 2019 12:31

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  3. Olá professora Cristina!
    Sou professora da rede estadual no Paraná e trabalho com o ensino fundamental II. Sou mestranda do ProfHistória da UEPG e em minha dissertação e produção didática proponho justamente a utilização de diferentes fontes históricas em sala de aula, como fotografias e artigos de jornais, para trabalhar aspectos referentes ao processo de crescimento urbano de Ponta Grossa, minha cidade, durante a Era Vargas. Minha escolha pela historia local se deu pelo fato de perceber como a temática é pouco abordada em sala de aula pelos professores. Em sua opinião, o que falta para que nós, professores de História, nos conscientizemos da tamanha importância da utilização das fontes em nossas aulas, sobretudo no trabalho com a história local e passemos a levar a nossos alunos a possibilidade de conhecer mais sobre a história de seu lugar e de sua própria história?
    Obrigada!
    Maristela Sant'Ana de Oliveira

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    1. Boa tarde, Maristela.
      Muito interessante seu trabalho. Quando ficar pronto compartilhe conosco.
      Não se pode julgar professores e professoras. Temos um longo currículo a seguir, além de todos carregarmos também uma formação no campo da história que desde os anos iniciais tende a reforçar uma noção de história na qual prevalece o herói.
      No caso da história regional, vê-se que há uma resistência política evidente, e isso se expressa, por exemplo, na BNCC.
      Sabe, penso que todo professor é pesquisador. Muitas vezes não nos damos conta disso, sobretudo em função da separação em teoria e prática, ou bacharelado e licenciatura.
      Se nos propusermos a projetos que tragam o uso das fontes em sala, outros se sentirão instigados também. Nesse sentido, seu trabalho é importante. No que se refere ao processo de crescimento urbano de Ponta Grossa, me parece que você tem uma oportunidade e tanto de garantir a produção do conhecimento com as fontes, pois se a proposta for partir das histórias dos alunos e alunas, eles se verão pertencentes ao processo histórico, e, assim, instigados como você.
      Enfim, não é uma tarefa fácil, mas é uma trajetória na qual deve-se insistir.
      Espero ter contribuído de alguma maneira.
      Cristina Helou

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