REFLEXÕES SOBRE A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL NO ENSINO DE HISTÓRIA
A
partir das experiências enquanto professor de História da educação básica,
percebo a necessidade de se discutir o Patrimônio Cultural em sala de aula,
pois se o professor não o fizer, outros o farão sem uma reflexão crítica e
poderão causar sérios prejuízos, corroborando até mesmo o descaso e desrespeito
a nossa história. E é uma questão que fica de lado quando se propõe o currículo
escolar anual, dado as supostas dificuldades em se trabalhar essa temática, ou
mesmo trabalhar a história regional e local. Pensando nas práticas já
presenciadas e até realizadas, como professor/historiador vejo que essa e
outras questões precisam ser mais discutidas no âmbito escolar, e uma das
possibilidades seria a Educação Patrimonial.
“Quando
pensamos nessa questão existem alguns direcionamentos epistemológicos, como
aqueles que defendem que abordando o patrimônio já se está educando, enquanto
que outros é necessário a utilização do conceito Educação Patrimonial, pois o
mesmo estabelece critérios e inserções no espaço escolar. ” (ZARBATO,2015, p.78)
O
ensino de História, configura-se como um espaço pedagógico na discussão que
envolve a temática patrimônio cultural, no sentido de proporcionar ações
didáticas que permitam aos estudantes conhecer e valorizar aquilo que os
rodeia, e não somente isso, mas ter uma leitura crítica desses elementos.
(BITTENCOURT, 2009, p.168) Ao remetermos a ideia de patrimônio, a sociedade em
geral, isso incluindo os estudantes, têm um conhecimento restrito das
diferentes possibilidades do termo, se resumindo às questões financeiras,
herança ou mesmo construções. E quanto ao historiador/professor, essas
dificuldades vão aumentando na medida em que as sociedades vão se estruturando,
segundo conceitos que não têm a discussão da memória como algo considerável, e
como nos explica Odair Cruz Paiva:
“Nele, os historiadores encontram três desafios: a diversidade das
formas do passado; a compreensão dos condicionantes sociais que, a seu tempo,
erigiram estes remanescentes e as relações que a dinâmica do tempo presente
cria com os vividos pretéritos. [...] o historiador enfrenta o desafio de
elucidar como em cada presente há uma nova reinvenção do passado e as conexões
dessa dinâmica com a história das políticas de preservação do patrimônio. ” (PAIVA,
2014, p.7)
Sabe-se que são muitos os desafios
enfrentados pelo historiador e/ou professor na pesquisa e estudo sobre o
patrimônio na compreensão das nuances que perpassam os mesmos, além disso, tem
a questão de como os estudantes apreendem sobre, por isso, o espaço escolar
constitui-se como foco de atenção:
“[...] o espaço escolar e os espaços de preservação da memória –
museus, arquivos, bibliotecas, casas de cultura, entre outros – devem ser
pensados de modo conectado, já que são lugares precípuos de socialização da
memória nas sociedades contemporâneas. A luta que se vem travando por parte de
diferentes grupos sociais sobre o direito à memória, passa pelo acesso a esses
importantes espaços de circulação e socialização da memória. A formação do
professor e do historiador deve, então, problematizar - do ponto de vista da
história - esses lugares, assim como os conteúdos da memória que neles circulam.
” (TOLEDO e COSTA, 2014, p.23)
Nesse
aspecto, o espaço escolar é um local essencial, que através de um professor que
se dedique a tal temática, pode possibilitar ao estudante não somente conhecer
e valorizar, mas fazer uma leitura crítica sobre os espaços e manifestações
culturais que o cercam.
O
conceito de “Educação Patrimonial” que aqui abordaremos, mesmo não sendo tão
novo, pouco é conhecido pelos professores, seria herdeira de concepção inglesa
– Heritage Education - estabelecida no Brasil a partir da década de
1980, em um seminário realizado pelo Museu Imperial de Petrópolis, quando ao
tratar da incorporação do patrimônio cultural nas ações educativas dos museus,
a museóloga Maria de Lourdes Parreiras Horta usa esse termo, que se expande com
uma publicação de sua autoria, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (IPHAN): O Guia Básico de Educação Patrimonial, que
estabelece metodologias para o estudo do patrimônio, que em certa medida, tem
influência da pedagogia no método de Paulo Freire, ao alfabetizar diversas
pessoas a partir de palavras geradoras. (SILVA e DELGADO, 2014, p.72) Desta
forma define o conceito:
“A
Educação Patrimonial é um instrumento de "alfabetização cultural" que
possibilita ao indivíduo fazer a leitura do mundo que o rodeia, levando-o à
compreensão do universo sociocultural e da trajetória histórico-temporal em que
está inserido. Este processo leva ao reforço da auto-estima dos indivíduos e
comunidades e à valorização da cultura brasileira, compreendida como múltipla e
plural. ” (HORTA, GRUNBERG e MONTEIRO, 1999, p.6)
Conquanto,
como a própria metodologia especifica não está restrita ao âmbito escolar,
encaminhando-se para diversos setores da sociedade e podendo ser aplicada,
tanto a bens de natureza, material, imaterial e natural, no sentido de dar
sentido a multiplicidade de culturas existentes no país, resultantes da relação
do indivíduo com seu meio, conforme nos afirma Maria de Lourdes Horta:
“[...]
pode ser aplicada a qualquer evidência material ou manifestação da cultura,
seja um objeto ou conjunto de bens, um monumento ou um sítio histórico ou
arqueológico, uma paisagem natural, um parque ou uma área de proteção ambiental, um
centro histórico urbano ou uma
comunidade da área rural, uma manifestação popular de caráter folclórico ou ritual, um
processo de produção industrial ou artesanal, tecnologias
e saberes populares, e qualquer outra expressão resultante da relação
entre os indivíduos e seu
meio ambiente.” (HORTA, GRUNBERG e MONTEIRO, 1999, p.6)
Porquanto,
o uso da Educação Patrimonial no ensino de História traz a possibilidade de
perceber como são construídas e que interesses subjazem os patrimônios já
estabelecidos, seja material, seja imaterial. A assimilação do que é o
patrimônio histórico e cultural pelo professor é primordial, para que a partir
disso, atinja a sua aplicabilidade na educação nos espaços escolares e
extraescolares, desmistificando a história eurocêntrica que toma conta dos
currículos, assim:
“[...]
o compromisso do setor educacional articula-se a uma educação patrimonial para as atuais e futuras gerações, centradas
no pluralismo cultural. Educação que não visa apenas evocar fatos históricos
“notáveis”, de consagração de determinados valores de setores sociais
privilegiados, mas também concorrer com a rememoração e preservação daquilo que
tem significado para as diversas comunidades locais, regionais e de caráter nacional.
” (BITTENCOURT,2009, p.178)
Logo, é notada a necessidade da contribuição dos educadores nas
escolas, para a rememoração e significância da história local, regional e
nacional. Assim, a comunidade se sentirá parte desse processo histórico, ou
não, e o que foi esquecido e o motivo. Pois,
segundo o Guia Básico de Educação
Patrimonial (1999), publicado pelo IPHAN, a Educação Patrimonial:
“A
partir da experiência e do contato direto com as evidências e
manifestações da cultura, em todos os seus múltiplos aspectos, sentidos e
significados, o trabalho da Educação Patrimonial busca levar as crianças e
adultos a um processo ativo de
conhecimento, apropriação e valorização de sua herança cultural, capacitando-os para um melhor usufruto destes
bens, e propiciando a geração e a produção de novos conhecimentos, num processo
contínuo de criação cultural. ” (HORTA, GRUNBERG e MONTEIRO, 1999, p.6)
Desta
forma, fazer uso de ações educativas amparados na Educação Patrimonial como
parte do currículo no processo de ensino e aprendizagem, utilizando-se de
diferentes lugares e suportes da memória, poderá contribuir para o
fortalecimento de uma visão estruturada em conceitos que serão essenciais, no
conhecimento e conservação do patrimônio histórico, além de uma vivência
consciente dos estudantes e aqueles a que eles transporem esse conhecimento,
assim compreendendo que:
“[...]
a educação patrimonial pode utilizar os lugares e suportes da memória (museus,
monumentos históricos, arquivos, bibliotecas, sítios históricos, vestígios
arqueológicos, etc.), que foram inseridos nos currículos escolares de todos os
níveis de ensino, de temáticas ou de conteúdos programáticos que versem sobre o
conhecimento e a conservação do patrimônio histórico. A partir da inserção dos
temas e conteúdo que versem sobre o patrimônio cultural nas diretrizes
curriculares, tem-se uma ampliação dos conceitos e noções histórico-culturais
em âmbito local, regional e global. Além de propiciar a conscientização sobre
as contribuições de diferentes grupos culturais, dos lugares, das memórias, dos
costumes e das identidades. ”
(ZARBATO,2015, p.80)
Com
efeito, Ivo Mattozzi, salienta que “o professor pode aproveitar essa ligação
entre a história e os bens culturais para incluir no currículo estratégias de
pesquisa histórico didáticas que façam uso dos bens culturais...”
(MATOZZI,2008,p.137), isso se dá através da estruturação dos currículos e das
aulas de História e/ou trabalhos interdisciplinares, que abrindo a
possibilidade do estudante, por intermédio do contato com as fontes
patrimoniais, fazer leituras da sua realidade e partindo dela compreender esse
universo sociocultural, logo a nossa função, enquanto professores de História ,
como nos salienta a historiadora portuguesa Maria Helena Mendes Nabais Faria
Pinto:
“[...] é necessário desenvolver nos
jovens, através de um contacto direto e constante com fontes patrimoniais,
nomeadamente no âmbito local, sentimentos de responsabilidade em relação ao
património histórico, e de pertença a comunidades portadoras de memórias
necessárias à compreensão do presente e à reflexão crítica e construtiva sobre
o futuro. ” (PINTO, 2011, p.1)
Paulo
Freire, destaca que o papel do professor, não é de transferir conhecimento, mas
de criador de possibilidades para a produção ou construção desses saberes, por
parte do formando e esse processo ocorre em conjunto - educador e educando.
Salienta ainda a necessidade de o professor ser pesquisador, pois, segundo
Paulo Freire, isso “Faz parte da natureza da sua prática docente a indagação, a
busca e a pesquisa. O de que se precisa é que, em sua formação permanente, o
professor se perceba e se assuma, porque professor, como pesquisador. ” (FREIRE, 2013, p.30) E ainda acrescenta que,
nessa “[...] formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da
reflexão crítica sobre a prática. É pensando criticamente a pratica de hoje ou
de ontem que se pode melhorar a próxima prática.” (FREIRE, 2013, p.40) Assim, o
professor é parte fundamental na compreensão e importância do estudo sobre o
patrimônio e na construção do diálogo com os estudantes para que possam ocorrer
os processos formativos, que contribuam para um melhor envolvimento e percepção
do ambiente em que vivem.
Há
alguns princípios que corroboram para que seja possível compreender o processo
permanente e sistemático do trabalho educacional, no aspecto de dar significado
ao patrimônio cultural. A partir do entendimento de que os objetos e expressões
do patrimônio cultural são ponto de partida para a atividade pedagógica,
através da educação patrimonial, é possível ampliar esse conhecimento e os
dados observados e investigados diretamente.
Assim algumas etapas metodológicas são
desenvolvidas nesse processo como destacado no Guia de Básico de Educação Patrimonial: 1) Observação, com o
objetivo de identificar o objeto, sua função e significado, além de desenvolver
a percepção visual e simbólica, 2) Registro, para fixação do conhecimento
percebido, aprofundamento da observação e análise crítica e o desenvolvimento
da memória, do pensamento lógico, indutivo e operacional. 3) Exploração, para desenvolvimento das
capacidades de análise e julgamento crítico, interpretação das evidências e
seus significados. E por fim, a última etapa 4) Apropriação, consistindo no
envolvimento afetivo, internalização, desenvolvimento da capacidade de
auto-expressão, apropriação, participação criativa e na valorização do bem
cultural. (HORTA, GRUNBERG e MONTEIRO, 1999, p.11)
Através
dessas etapas, o estudante tem a possibilidade de compreensão e conservação de
um bem cultural, conquanto, destaca que a educação patrimonial é uma “[...]
proposta metodológica partiu dos museus para escola” (HORTA, GRUNBERG e
MONTEIRO, 1999, p.11), mas Ana Maria Marques defende fazer o caminho contrário.
No processo de ensino aprendizagem é preciso considerar as “noções de tempo
cronológico e presente”, bem como destaca a fala de Francisco Régis Ramos:
“[...] caberia duvidar não só dos monumentos autoritários, mas da própria ação
de dar a algo, a qualquer coisa, o sentido de materialidade memorável”. (RAMOS,
2010, p.405) E nesse aspecto há uma importância significativa, colocar o
estudante em contato como a obra arquitetônica:
“Mesmo
existindo atualmente recursos midiáticos que reproduzem até mesmo cidades
inteiras, talvez a visita in loco, só ela, possa dar uma dimensão
interpretativa pessoal do estar lá. A visita permite colocar os alunos em
contato direto com a obra, articular seus saberes, escapando também do uso
frequente e repetitivo do livro didático. ” (MARQUES, 2012, p.7)
O ensino da história, a partir do estudo do Patrimônio Cultural,
pode assentar-se nas diversas memórias disseminadas nos mais diferenciados
sujeitos sociais, para que se possa apreender delas as diversas versões e
olhares, que a experiência histórica local se fundamenta e se constitui, não
caindo somente na concepção “oficial” de memória e história que está alicerçada
na visão dominante de apenas um segmento da sociedade ou de determinados
indivíduos como se fossem os únicos representantes da memória social. Assim, Francisco Régis Lopes
Ramos, destaca que:
“Abordar
esses lugares de memória no ensino de história não é fácil, exige tato e faro
para o palimpsesto e o holograma que há na pele de cada monumento. É
imprescindível lidar com deferimentos e desprezos, reverências e irreverências,
conforme o rumo das muitas maneiras de imaginar os lugares de uma cidade.
Assim, a valorização da memória deixa de ser uma razão a ser defendida para se
tornar uma razão a ser defendida para se tornar uma razão a ser debatida. ”
(RAMOS, 2010, p.399)
E nessa
lógica, RAMOS acrescenta que “Ao assumir o compromisso com a pluralidade
cultural, o ensino de História abre espaço para um tempo instável e apto a
perceber a unidade que já não há. ” (RAMOS, 2010, p.399) Ele destaca ainda que nesse caminho “Não é
fácil questionar os portadores de memória. Antes de tudo, a lembrança carrega
consigo um forte recurso de legitimidade que afasta e nega outras
possibilidades de narrar o passado. ” (RAMOS, 2010, p.405) Desta forma, quando
o professor se entende como parte de um processo, em que ele contribui de forma
significativa no debate e na compreensão da multiplicidade cultural existente
em nossa sociedade, leva o estudante a caminhar na mesma lógica, despertando o
senso crítico sobre os lugares de memória. Nesse aspecto, a professora Carmem
Zeli de Vargas Gil, salienta que:
“Cabe,
então a quem ensina História, problematizar a construção da identidade
nacional, empreendendo a construção de um outro projeto de memória, identidade
e cidadania, que incorpore diferentes grupos. As aulas de História podem se
constituir, então, em lócus privilegiado
para que os alunos compreendam que o patrimônio não se restringe às obras
culturais da memória social. Envolve também manifestações intangíveis e o não
consagrado como elementos fundamentais de integração da população com suas
condições próprias de existência [...] a aula de História necessita ter como
foco a construção de possibilidades educativas que remetam a diferentes
perguntas sobre o presente e o passado, desafiando o aluno diante de situações
em que possa tomar decisões, argumentar, desconfiar de verdades e
determinismos, compreender processos históricos e perceber escolhas realizadas
ao longo da história.” (GIL, 2014, p.48)
Portanto,
o contato dos estudantes com os vestígios, sinais, marcas e documentos de
diversos tempos precisa ser valorizado como evidência histórica, sendo elas
escritas, orais, iconográficas, entre outras, entendendo esse conceito no
seguinte aspecto: “ver algo como evidência para outra coisa, significa que um
aspecto não observável deste é inferido, o que implica que literalmente, se
veja mais do que aquilo que pode ser diretamente observado” (VAN DER DUSSEN
apud PINTO, 1991, p.157)
REFERÊNCIAS
BITTENCOURT, C. M. F. Ensino de História: fundamentos e
métodos. São Paulo: Cortez, 2009.
FREIRE, Paulo, Pedagogia da Autonomia: saberes necessários a prática educativa.
46º ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2013.
HORTA, Maria de Lourdes Parreiras;
GRUNBERG, Evelina; MONTEIRO, Adriane Queiroz. Guia Básico de Educação Patrimonial. Brasília: IPHAN, Museu
Imperial, 1999.
PAIVA, Odair Cruz Paiva. Patrimônio
e história. In. Patrimônio e história,
LEAL, Elisabet; PAIVA, Odair Cruz Paiva(org’s) – Londrina: Unifil, 2014, p.7.
PINTO, Maria Helena Mendes Nabais
Faria. Educação Patrimonial e
Patrimonial: conceções de alunos e professores sobre o passado em espaços
do presente. Portugal: Universidade do Minho, 2011.
SILVA, Mônica Martins da; DELGADO,
Andréa Ferreira. Ensino de História e Educação Patrimonial: Experiência de
Ensino e pesquisa na Educação Básica. In GIL, Carmen Zeli de Vargas e TRINDADE,
Rhuan Targino Zaleski (orgs.). Patrimônio
Cultural e ensino de história. 1º ed. Porto Alegre, RS: Edelbra, 2014.
TOLEDO, Maria Rita De Almeida;
COSTA, Wilma Peres. Formação Docente, História, Memória e Educação Patrimonial:
os desafios para a produção de novas práticas Educativas. In. Patrimônio e história, LEAL, Elisabet;
PAIVA, Odair Cruz Paiva(org’s) – Londrina: Unifil, 2014, p.23.
GIL, Carmem Zeli de Vargas. Estágio
de Docência em História: saberes e práticas na Educação para o Patrimônio. In
Gil, Carmen Zeli de Vargas e TRINDADE, Rhuan Targino Zaleski (org.). Patrimônio Cultural e ensino de história.
1º ed. Porto Alegre, RS: Edelbra, 2014, p.48.
VAN DER DUSSEN,1991, p.157 apud PINTO, Maria
Helena Mendes Nabais Faria. Educação
Patrimonial e Patrimonial: conceções de alunos e professores sobre o
passado em espaços do presente. Portugal: Universidade do Minho, 2011, p.56.
MARQUES, Ana Maria. Educação
Patrimonial: uma abordagem teórico-metodológica para estudar o Centro Histórico
de Cuiabá. Revista história e-história.
Unicamp- 2012, p.7.
MATOZZI, Ivo. Currículo de História
e educação para o patrimônio. Educ. rev.
[online]. 2008, n.47, pp. 135-155, p.137.
RAMOS, Francisco Régis Lopes. Uma questão de tempo: os usos da
memória nas aulas de História. Cad. Cedes, Campinas, vol.30, n. 82, p.397-411,
set-dez. 2010, p.405. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v30n82/09.pdf Acesso em: 20 de
março de 2018.
ZARBATO, Jaqueline Aparecida
Martins. Ensino de História, Patrimônio Cultural e Currículo: reflexões sobre
ações educativas em Educação Patrimonial. Revista
Labirinto, Porto Velho-RO, Ano XV, Vol. 22, p. 77-90, 2015.
Parabéns professor Sandro Ambrósio pelo brilhante trabalho. Digno de um mestre
ResponderExcluirOBRIGADO!!!
ExcluirPaiva cita três desafios para os historiadores no tocante ao estudo com os bens culturais. Contudo, vemos cotidianamente que as barreiras impostas por muitos gestores quando se trata de termos contatos com bens patrimoniais, pois gera ônus para a instituição mantenedora da escola (segundo eles), são enormes e poderia ser considerado um quarto desafio. Diante desse possível quarto desafio, o que poderia ser feito para promover a conscientização desses gestores, excetuando diálogo, já que é recurso utilizado para a promoção da concepção da importância dos patrimônios históricos e culturais?
ResponderExcluirDesde já, agradeço a atenção.
RICLEUMA MARIA FERREIRA MOTA
Olá, Ricleuma
ExcluirObrigado pelo seu questionamento.
Penso que essa é um entrave em muitas instituições, não somente a escolar, quando pensamos o Patrimônio Cultural, no entanto vejo que um caminho é pautar o curriculo, execepcionalmente dentro da escola, com propostas baseadas nos documentos curriculares nos planejamentos anuais e de aula. Sei que existem muitos gestores que se opõem a esse tipo de trabalho, no entanto podemos aos poucos ir imprementando essas propostas, desenvolvendo atividades no próprio bairro onde moram e posteriormente partindo para os estabelecidos na sociedade no sentido de propor aos estudantes o questionamento dos mesmos, para isso cabe utilizar a metodologia da educação patrimonial.
Paiva cita três desafios para os historiadores no tocante ao estudo com os bens culturais. Contudo, vemos cotidianamente que as barreiras impostas por muitos gestores quando se trata de termos contatos com bens patrimoniais, pois gera ônus para a instituição mantenedora da escola (segundo eles), são enormes e poderia ser considerado um quarto desafio. Diante desse possível quarto desafio, o que poderia ser feito para promover a conscientização desses gestores, excetuando diálogo, já que é recurso utilizado para a promoção da concepção da importância dos patrimônios históricos e culturais?
ResponderExcluirDesde já, agradeço a atenção.
Penso que essa é um entrave em muitas instituições, não somente a escolar, quando pensamos o Patrimônio Cultural, no entanto vejo que um caminho é pautar o curriculo, execepcionalmente dentro da escola, com propostas baseadas nos documentos curriculares nos planejamentos anuais e de aula. Sei que existem muitos gestores que se opõem a esse tipo de trabalho, no entanto podemos aos poucos ir imprementando essas propostas, desenvolvendo atividades no próprio bairro onde moram e posteriormente partindo para os estabelecidos na sociedade no sentido de propor aos estudantes o questionamento dos mesmos, para isso cabe utilizar a metodologia da educação patrimonial.
ExcluirParabéns pelo trabalho. Como você vê a relação entre a sociedade como um todo e os órgãos de patrimônio, em especial o IPHAN? As práticas de
ResponderExcluirEducação Patrimonial do IPHAN, ou do órgão de patrimônio do seu Estado ou do seu município conseguem abranger a sociedade, numa perspectiva de as pessoas se sentirem identificadas com os bens culturais?
Daniel Rodrigues Tavares.
Olá, Daniel Rodrigues
ExcluirEssa relação ainda é muito distante, principalmente boa parte da sociedade atual, que pouco valor atribui ao Patrimônio, seja material ou imaterial e não consegue ver no IPHAN e outros orgãos como "úteis" na sociedade capitalista basileira.Existem práticas de educação patrimonial no Estado que resido(MT), no entanto ainda são mínimas as ações nesse sentido.A instituição escolar que deveria ser uma das teria condições de promover essa discussão, pensando nos aspectos de promover uma educação para se refletir sobre o que se identificam sejam no bairro ou mesmo na cidade e desenvolver estudantes a criticidade diante dos bens culturais materiais e imateriais. Percebe-se que os orgãos públicos não fazem questão de promover a Educação Patrimonial, vemos bens culturais se deteriorando e práticas culturais desaparecendo.
Primeiramente parabéns pelo trabalho, suas reflexões são significativas na minha formação acadêmica. Mediante a leitura acima, tenho a seguinte dúvida: na realidade atual das salas de aula quais as maiores dificuldades metodológicas e cientificas sobre a Educação Patrimonial?
ResponderExcluirOlá,
ExcluirEnquanto professor de História da rede pública de ensino, tenho observado, que existem vários desafios dessas práticas nas atuais salas de aula. Uma das situações ocorre na formação profissional, tendo por parte dos educadores o desconhecimento de metodologias que propiciem essa discussão e quando fazem aulas campo com os estudantes, o momento torna se somente um passeio ou exemplificação de conteúdo. Outro desafio são os próprios estudantes, no sentido de compreenderem a importância de valorizar o que fazem parte de suas comunidades como praticas culturais. Em muitos locais também, tirar o estudante do espaço escolar ainda é um entrave para muitos gestores e professores. Penso que precisamos buscar reflexões que se encaminhe no sentido de contribuir com nossa ação enquanto educador na sala de aula e nesse sentido existem várias experiências propostas por professores em diversos lugares no Brasil, utilizando essas reflexões no seu fazer.
Olá Sandro.
ResponderExcluirO descaso com o Patrimônio Histórico Cultural que você aponta quando respondeu ao questionamento do Daniel Rodrigues acontece, pela população em geral, certamente pela falta de "Educação Patrimonial" e pelo poder pública por conta do sistema capitalista desenfreado, infelizmente.
Sou apaixonada por patrimônio e o que mais me dói é quando vejo, por exemplo, um prédio histórico da minha cidade que depois de muito já em deterioração é totalmente demolido para a construção de um prédio "moderno", normalmente salas comerciais.
Outra situação que percebo é a falta de estudos sobre história local nas escolas. Em conversa com outro participante deste Simpósio, que também discute essa temática, ele salientou que normalmente isso acontece pela dificuldade dos professores em vencer a barreira do tempo para conseguir abranger em tão poucas aulas todo o conteúdo do currículo presente nos livros didáticos. Como você vê essa questão?
A propósito, ano passado desenvolvi em parceria com uma colega professora um jogo pedagógico sobre o patrimônio local. Os alunos adoraram e afirmaram ter sido "a melhor aula de História que tiveram até então". O melhor de tudo foi perceber que através do jogo eles compreenderam os conceitos relacionados ao patrimônio e "enxergaram" o patrimônio cultural presente em nosso município como elementos de preservação da memória e da cultura da cidade e de seu povo, e, portanto, da sua própria história.
Abraço e parabéns pelo excelente trabalho.
Danila Gomes Corrêa.
Olá Profa Danila, concordo que o poder público deixa muito a desejar quando se trata do patrimônio, seja material ou imaterial, as vezes investindo em alguns que dão mais visibilidade política. quanto a ação dos professores penso que é possivel sim trabalharmos o patrimônio cultural, mesmo utilizando o livro didático, que no meu ponto de vista e do meu fazer pedagógico é apenas uma ferramenta que contribui com a aula do professor e não o único material, sendo assim se o professor planejar no inicio do ano letivo suas ações ficará mais fácil realizar o trabalho.Ainda que tenhamos uma série de dificuldades, algumas propostas vão surgindo e vários professores tem apontado caminhos para esse trabalho, como é o seu caso, a propósito, se puder me enviar esse jogo pedagógico que desenvolveu fico muito agradecido: meu email - sandrixproducoes2020@gmail.com. Eu desenvolvi um material didático pensando o município onde moro, mas partindo do entorno da escola para depois o macro o municipio. Se tiver interesse te envio. Escrevi um outro artigo sobre esse material que está disponível aqui no blog: https://simpohis2019et.blogspot.com/p/experienciadidatica-de-educacao.html
ExcluirOlá professor, enviarei sim o material que produzimos, assim que possível. Também farei a leitura de seu outro artigo.
ExcluirAbraços.
Boa tarde, Professor Sandro!
ResponderExcluirGostaria de inicialmente, parabenizá-lo pelo texto elucidativo e didático, que conseguiu transmitir com clareza este assunto tão pertinente da educação patrimonial no ensino de história. Eu iniciei a minha graduação de História na Universidade Federal do Amapá (UNIFAP) no Campus Binacional de Oiapoque e tive a grata satisfação de ter na grade curricular a disciplina de "Educação Patrimonial e Estudos Históricos" pela Prof. Mestre Ana Cristina Rocha, no qual é uma excelente docente e especialista na área. Por motivos profissionais, tive que transferir o curso para Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e verifiquei que na grade curricular não havia nenhuma disciplina obrigatória ou optativa em Educação Patrimonial. Para tentar minimizar essa lacuna, os alunos em Estágio Supervisionado II, solicitaram a professora responsável uma visita ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (IPHAEP), onde tivemos uma palestra excepcional com uma professora história, no qual foi possível retirar dúvidas e entender a maneira metodológica que eram realizadas as palestras nas escolas para atingir os vários públicos.
Diante do exposto, eu acredito que não se da a devida importância ao assunto e desta forma, os futuros historiadores não saem da universidade devidamente preparado para abordar o Patrimônio Cultural na sala de aula. Na sua opinião a Educação Patrimonial não deveria ser obrigatória nas grades curriculares das universidades? Existe um movimento neste sentido? Desde já agradeço a atenção.
MARDONE VICENTE DA SILVA
Olá Mardone,
ExcluirEntão acredito que seria de fundamental importância as universidades terem em sua grade curricular nos cursos de humanas a Educação Patrimonial. Em minha graduação também não tive essa disciplina, meu contato se deu já no Mestrado Profissional em Ensino de História, onde puder rever minhas práticas e ter essa ação em sala de aula. No entanto ainda existe muita resistência por parte dos professsores nas universidades, mesmo no curso de História. Existem alguns movimentos nesse sentido, no entanto ainda sofrem muito a falta de atenção devida.
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ResponderExcluirOlá, Boa Tarde!
ResponderExcluirProfessor Sandro Ambrósio, excelentes colocações, gostei muito. Parabéns!
Ainda quando se fala em Patrimônio Histórico a primeira imagem que vem à mente de algumas pessoas, perpetua-se aquela identificada com as cidades coloniais, a exemplo dos monumentos, casas antigas. No entanto nas últimas décadas do século XX ocorreu mudanças profundas e ampliou o conceito de patrimônio e passou a referenciar os saberes culturais dos povos. Tais mudanças marcou os métodos educativos, e dessa forma mostrando as faces intangíveis do patrimônio e os fazeres e saberes cotidianos. Atualmente existe uma multiplicidade de lugares da memória: museus, monumentos históricos, bibliotecas, sítios históricos, festas, ofícios, manifestações culturais. E o processo educativo tem a finalidade de desenvolver a consciência dos educandos no tocante sobre a relevância da preservação desses bens culturais. Os professores versam sobre o Patrimônio Cultural que se constitui como uma memória seletiva de um contexto, em suas vertentes éticas e políticas. A memória é construída pelas experiências de cala aluno, isto é, a memória é um suporte de conhecer seu passado. Dessa forma, cada educando se percebem como sujeitos históricos, e constituem uma relação com o passado estabelecendo uma noção de mudanças e permanências do contexto histórico em que estão inseridos.
Ghibson Gabriel da Silva Oliveira
Ola, Ghibson,
ExcluirBoa colocação essa sua, realmente quando pensamos em Patrimônio Cultural, temos que compreender que são constituidos por diversos lugares de memória, e que a memória é um dos pilares para compreensão do patrimônio e de que muitas vezes é seletiva. A tentativa de trazer essa compreensão de mudança e permanência, penso que é uma dos objetivos do educador, senão estaremos somente dando enfase a memória já constituida e que muitas vezes não tem sentido para os que a observa.Tem um outro texto aqui que trago essa ideia e a experiencia que realizei com os alunos do ensino fundamental: https://simpohis2019et.blogspot.com/p/experienciadidatica-de-educacao.html
Olá Sandro, boa noite!
ResponderExcluirPrimeiramente Parabéns pelo excelente trabalho. Recentemente perdemos o nosso museu nacional no Rio de Janeiro, com 200 anos, vitima do descaso público. Assim, casarões, museus etc,no território nacional também são vitimas de destruições, não por ausência de leis para com os patrimônio, mas sim por falta de fiscalização. Gostaria de saber, como a educação patrimônial pode auxiliar na preservação da memória dos nossos prédios nesta nova conjutra politica atual?
Att: Ayrton Costa da Silva.
Olá,
ExcluirPenso que é um dos grandes desafios, excepcionalmente no contexto atual. No entanto o trabalho pode ser realizado quando possibilitamos formação para os professores, no sentido de trazer a eles essa possibilidade. Outra situação é cobrarmos postura dos municípios, através dos secretários de cultural. Na verdade é um trabalho formiguinha, pois não temos muito respaldo por parte dos nossos governantes, tanto é que estamos vendo várias tragédias no setor e pouca preocupação quanto a isso, então um dos caminhos é a educação, através da compreensão dos estudantes da importância de valorizar o que faz parte da sua vivência e de pessoas que viveram em outros tempos, mas que tiveram seu modo de vida, levando os a perceber as mudanças e permanências.
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