PENSANDO A HISTÓRIA SOCIAL: REFLEXÕES PARA O ENSINO
Considerações Iniciais
Ao refletirmos sobre a configuração da
história enquanto um campo científico, ainda no século XIX, temos um historiador
praticamente debruçado nas questões relativas ao poder, e ainda focado na ação
do Estado e de elementos circunscritos a ele. Desta Forma, não havia um leque
de possibilidades de dimensões, abordagens e domínios para o profissional que
se debruçava sobre a pesquisa histórica lançar mão, tendo os historiadores uma
percepção bem mais monolítica em relação ao seu oficio. Para José D’ Assunção
Barros uma dimensão implica em um tipo de enfoque ou em um ‘modo de ver’ da
pesquisa em história, enquanto que uma abordagem se relaciona com o ‘modo de
fazer’ a partir do uso das fontes, e um domínio corresponde a uma escolha mais
especifica, direcionada para determinados sujeitos ou objetos de estudo, como
as mulheres ou o Direito (BARROS, 2013, p. 20).
Ao longo do século XX, o campo da
história parece ter se pulverizado em inúmeras correntes, com os mais variados
objetos e possibilidades metodológicas, não é à toa que François Dosse ao
refletir sobre a questão, lançou uma obra clássica sobre a questão, intitulada
“A história em migalhas”, apontando para a fragmentação do campo investigativo
historiográfico (DOSSE, 1994). Neste sentido, atualmente falamos em
historiadores sociais, da cultura, da economia, da política, das mentalidades,
do imaginário, etc. sendo que cada uma destas especialidades, encontra-se ainda
em constantes diálogos com outras áreas do conhecimento, tais como, a
antropologia, a sociologia e a psicologia.
Em que pese entendermos que não existe
uma história puramente política ou somente econômica, pois as complexidades das
diferentes realidades sociais, não se constituem a partir de tamanhas
simplificações, tais recortes parecem adequados para delimitar o trabalho de
pesquisa. Assim, temos a possibilidade de falarmos atualmente em uma história
social das mulheres, com enfoque na questão da violência contra a mulher, que
poderá utilizar uma série de registros da polícia civil de ocorrências de
mulheres vítimas de agressão, fazendo uso da chamada história serial, ao que
concerne à utilização das fontes.
Temos diversas possibilidades de
combinações teórico-metodológicas, a história demográfica pode refletir uma
realidade especifica dentro da história agrária, assim como a história social
pode debater os excluídos do campo, e assim também dialogar com a história
agrária. Para o desenvolvimento da produção historiográfica o leque que se
abriu foi sem dúvida fantástico, mas nos interessa aqui também refletir nas
possibilidades dos usos destas dimensões, abordagens e domínios em sala de
aula, para tanto, fizemos a opção de focarmos no campo historiográfico da história
social, apresentando assim propostas de ensino da disciplina que tenham este
campo como referencia teórica, utilizando inclusive atividades para verificar a
compreensão dos alunos, como exercícios avaliativos.
Há
de se considerar que os campos historiográficos diversos de hoje são fruto, em
especial, da crítica ao modelo historicista do século XIX. Logo, a mudança na
ciência de referência se relaciona com a transformação em seu ensino:
compreendemos o espaço da educação básica como o lugar de produção de
conhecimento histórico escolar, um saber não isolado, ou feito sem
interferências, e sim com influências do que é produzido academicamente, mas
sem hierarquização entre o que se faz na academia e na escola básica. Nesse
sentido, assim como as abordagens historiográficas se diferenciam, há também
debates historiográficos sobre o ensino de história. O professor, ao conseguir
utilizar as diferentes linhas historiográficas, teórica e metodologicamente, e partindo
para a possibilidade da produção de conhecimento nos níveis: fundamental e
médio, pode contribuir decisivamente na formação dos educandos.
História Social
Ao fazer a opção de focarem seus
trabalhos na perspectiva da chamada história social, historiadores e professores devem ter clareza que se trata de um
termo que traz em si uma pluralidade de sentidos, sendo adequado que o
pesquisador aponte com qual compreensão de história social sua pesquisa está
dialogando.
Hebe Castro nos chama a atenção para o
fato de que o termo história social parece ter sido cunhado inicialmente para
contrapor tudo que era considerado típico da chamada história tradicional
positivista, estando assim intrinsecamente ligado à escola dos Annales (CASTRO, 1997, p. 72). Com o
tempo, o termo passou a ser utilizado de diferentes formas, pois uma reflexão
frequente é: qual história não é social? No sentido de não abarcar elementos da
sociedade como objetos de pesquisa. Este ponto de vista traria a história
social para uma generalização que pouco contribui para o debate
historiográfico.
Outra percepção possível e muito
utilizada atualmente é compreender a história social a partir de fenômenos que
tenham suas bases no social, mas que não necessariamente estejam ligadas a
noções estruturantes, como o conceito de classes sociais. Neste sentido podemos
falar em uma história social da linguagem, que leve em consideração por
exemplo, termos tidos como insultuosos em determinados períodos da história,
como por exemplo na dissertação de mestrado da professora Conceição Maria Rocha de Almeida.
“O Termo Insultuoso: ofensas verbais, história e
sensibilidades na Belém do Grão-Pará (1850-1900)” (ALMEIDA, 2006). Para
efeitos deste trabalho, utilizamos o termo história social no sentido de
pensarmos os chamados “excluídos da história”, fazendo uso do conceito definido
por José D’ Assunção Barros, vejamos:
“Por
História Social compreende-se a categoria historiográfica que privilegia em
suas analises, ‘recortes humanos’, no interior de grupos sociais, que ao se
relacionarem com o todo da sociedade, se inserem em sistemas que estruturam as
diferenças e desigualdades” (BARROS, 2013, p. 110).
Desta forma, podemos pensar a história
a partir do prisma das mulheres, dos operários, dos escravizados, dos
indígenas, dos homossexuais, das pessoas deficientes e assim por diante,
enfatizando estes grupos como silenciados por uma história tradicional que não
os percebiam como protagonistas do processo histórico. Para se reportar a estes
grupos da sociedade que pouco tinham/tem suas trajetórias observadas pelas
pesquisas, o historiador inglês Edward Thompson cunhou a frase “history from
below”, em português: “história vista de baixo”, demarcando uma mudança ao que
se refere ao olhar do historiador em relação ao objeto de sua pesquisa
(THOMPSON, 2001).
Este enfoque historiográfico pode e até
deve estar em constante diálogo com outras possibilidades no campo das opções
metodológicas, as quais os historiadores devem lançar mão, o próprio Edward
Thompson incorporou a noção de cultura para construir sua magnifica obra sobre
a classe operária inglesa, demonstrando assim, que sua história social não
poderia prescindir de elementos da chamada cultura popular (THOMPSON, 1987).
Discutimos como proposta viável de
ensino da dimensão da história social, o debate sobre o papel da mulher na
sociedade brasileira. Luiz Fernando Cerri, que se utiliza de conceitos de Jörn
Rusen, defende que para se estabelecer uma competência narrativa, quando se
alcança uma compreensão qualificada acerca da relação entre passado, presente e
futuro, é necessário que a construção do passado se faça a partir do presente.
(CERRI, 2010, p. 277). Assim, podemos incentivar os discentes a partirem para a
pesquisa acerca da realidade feminina no Brasil. É possível que encontrem
notícias variadas que mostrem a ocorrência de misoginia, violência doméstica e
desigualdade no mercado de trabalho. Por exemplo, a Folha de São Paulo, em
notícia de 30 de outubro de 2017, apresenta dados alarmantes: em 2016,
ocorreram, no Brasil, 135 estupros por dia, sendo que do ano de 2010 a 2016, as
ocorrências giraram em torno de 40 e 50 mil estupros por ano. Também no ano de
2016, ocorreram 4.657 assassinatos de mulheres, inclusive com a classificação de
“feminicídio”. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) publicou em seu site na
internet, em 07 de março de 2018, que as mulheres, segundo dados do IBGE,
estudam mais, passam mais tempo ocupadas com tarefas do lar e ganham
remuneração menor do que homens.
A partir de dados como os mostrados, o
deslocamento à realidade de outrora no que tange à condição das mulheres,
levam-nos a questionamentos sobre o modelo patriarcal de sociedade e à própria
luta feminina em busca de espaços e construção de suas identidades. O currículo
da educação básica de história pouco contempla, ou silencia, a presença
feminina e os seus anseios. Letícia Mistura e Flávia Caimi apresentam um estudo
sobre a aparição das identidades femininas em livros didáticos nacionais,
relatando a não-presença, a omissão e /ou a presença de forma subserviente,
como apêndice do homem. (CAIMI; MISTURA, 2015, p. 241-242). Diante desse
quadro, a pesquisa bibliográfica é interessante para que os alunos (as)
encontrem leituras que os (as) auxiliem na construção de um passado sem
silenciamentos e que evidencie a luta das mulheres em prol da conquista de
identidades femininas representativas dos espaços sociais que ocupam e dos que
pretendem ocupar. Dentre as várias possibilidades, apontamos os escritos de Eliana
Ramos Ferreira, que destacam a presença da mulher na luta dos cabanos contra a
província e contra o governo imperial na década de 1830, num contexto em que
havia nitidamente um espectro definido para a mulher, distante das atividades
masculinas. A pesquisadora em questão aponta a participação feminina no
movimento cabano tanto na organização familiar quanto em possíveis aparições em
batalhas, assim como assume seu papel político enquanto historiadora e mulher:
“As mulheres, apesar de silenciadas
pela história e historiografia, representaram um segmento relevante no
desenrolar dos acontecimentos da Cabanagem e para a reorganização da sociedade
paraense. Contudo, quero ressaltar que o presente trabalho também reflete o meu
posicionamento político enquanto historiadora, uma vez que optei por focalizar
mulheres que, de um modo ou de outro, participaram do fazer a luta ao lado dos
cabanos. Porém, sabemos que nem todos os sujeitos da Província do Pará eram
cabanos! Encontrei documentos que indicam a participação de mulheres que também
posicionaram politicamente frente ao movimento cabano – só que do lado das
tropas legais, como por exemplo uma fazendeira que fornecia cavalos e gêneros
alimentícios aos soldados” (FERREIRA, 2003, p. 8).
Outra possibilidade, dentre tantas,
encaminha-nos ao contexto do início do processo de industrialização no Brasil,
quando a presença da mulher nas fábricas chegou a superar a quantidade de
homens. Os números apontam que “em 1872 as mulheres constituíam 76% da força de
trabalho nas fábricas, em 1950, passaram a representar apenas 23%”. (RAGO,
2008, p. 582). O que denota uma expulsão das mulheres desse mercado de
trabalho, muito em função da visão construída sobre o papel social da mulher:
“Muitos acreditavam, ao lado dos
teóricos, e economistas ingleses e franceses, que o trabalho da mulher fora da
casa destruiria a família, tornaria os laços familiares mais frouxos e
debilitaria a raça, pois as crianças cresceriam mais soltas, sem a constante
vigilância das mães. As mulheres deixariam de ser mães dedicadas e esposas
carinhosas, se trabalhassem fora do lar; além do que um bom número delas
deixaria de se interessar pelo casamento e pela maternidade” (RAGO, 2008, p.
585).
Nessa lógica, retomando Edward Thompson
e a importância da cultura popular na sociedade, é plausível a realização de
atividade interpretativa acerca de canções que apresentam a forma como o
universo feminino é compreendido socialmente. Por exemplo, pode-se se solicitar
aos discentes para que comparem os estereótipos, ou as representações da mulher
em canções como “Ai! Que saudade da Amélia”, de Mário Lago e Ataulfo Alves, da
década de 1940, e “Mama África”, de Chico César, dos anos 2000. E a partir das
distinções dos tipos ideais de mulheres nas letras acima citadas, é possível
solicitar aos alunos redações, encenações, produção de memes históricos com o
tema em questão.
Não é nossa intenção fazer um balanço
historiográfico acerca da história social das mulheres, mas sim, apontar
caminhos viáveis de realizar um ensino de história social das mulheres no
Brasil, capaz de construir conhecimento histórico escolar que possa ser
utilizado pelos alunos em seu cotidiano, que possa interferir nas atitudes
enquanto cidadãos, capazes de apontar para a superação de problemas históricos
relacionados ao desrespeito à mulher.
Considerações finais
Compreendemos
que a dicotomia entre pesquisa e ensino, assim como entre saber acadêmico e
saber escolar não contribui para o desenvolvimento da ciência histórica,
promovendo o afastamento do grande público em relação à História. Assim,
apresentamos possibilidades de aproximação, de conexões entre o espaço de
produção da academia, que gera textos técnicos, com o locus do ensino da educação básica, onde podemos utilizar o
conhecimento produzido academicamente como uma ferramenta que auxilia na
produção conhecimento histórico escolar.
Referências
Ernesto Padovani Netto - Licenciado
e Bacharel em História pela Universidade Federal do Pará (UFPA-2006).
Concursado como docente da Secretaria Executiva de Estado de Educação (SEDUC),
atuando, na modalidade Educação Especial do Estado do Pará no ensino de
História para alunos surdos. É especialista em Educação especial com ênfase em
inclusão pela Faculdade Ipiranga (2013), e Mestre pelo Programa de Mestrado
Profissional em Ensino de História (PROFHISTÓRIA), polo da UFPA, - Campus
Ananindeua. Atualmente é doutorando em
História Social da Amazônia pelo PPHIST – UFPA. E-mail: ntpadovani@gmail.com.
Daniel
Rodrigues Tavares - Bacharel e licenciado pleno em História pela Universidade
Federal do Pará – UFPA (2007). Especialista em “Patrimônio Cultural e Educação
Patrimonial” pela Faculdade Integrada Brasil Amazônia – FIBRA (2013). É Mestre
pelo Programa Profissional em Ensino de História (PROFHISTÓRIA), pela UFPA, no
Campus de Ananindeua. Professor da rede pública de ensino, pela Secretaria de
Educação do Estado do Pará (SEDUC), e pela Secretaria de Educação do Município
de Belém (SEMEC). E-mail: trdan@ig.com.br.
ALMEIDA, C. M. R. O Termo Insultuoso: ofensas verbais,
história e sensibilidades na Belém do Grão-Pará (1850-1900). Dissertação de
Mestrado – Programa de Pós-graduação em História Social da Amazônia – PPHIST –
UFPA, 2006.
BARROS, José D’
Assunção. O campo da história:
especificidades e abordagens. Petrópolis: Vozes, 2013.
CAIMI, Flávia
Eloisa; MISTURA, Letícia. O (não) lugar
da mulher no livro didático de história: um estudo longitudinal sobre relações
de gênero e livros escolares (1910-2010). Aedos, v. 7, n. 16, jul. Porto
Alegre, 2015, pp. 229-246.
CASTRO, Hebe. História Social. In: Domínios da história: ensaios de teoria e metodologia.
CARDOSO, C. F. S.& VAINFAS, R. (org.).
Rio de Janeiro: Campus, 1997.
CERRI,
Luiz Fernando. Didática da história: uma
leitura teórica sobre a história na prática. Revista de História Regional.
15(2). Inverno, 2010.
DOSSE, François. A História em Migalhas. São Paulo: Ensaio, 1994.
FERREIRA, Eliana
Ramos. As mulheres na cabanagem: presença
feminina no Pará insurreto. In: SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA, 22, 2003,
João Pessoa. Anais do XXII Simpósio Nacional de História: História,
acontecimento e narrativa. João Pessoa: ANPUH, 2003. CD-ROM.
RAGO,
Margareth. Trabalho feminino e sexualidade. In: DEL PRIORE, Mary. História das mulheres no Brasil.
Contexto. 9º ed., 1ª reimpressão. São Paulo, 2008.
THOMPSON, Edward P. A Formação da Classe Operária Inglesa.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
____________________. A peculiaridade dos ingleses e outros
artigos. São Paulo: UNICAMP, 2001.
Referências eletrônicas:
Prezados,
ResponderExcluirSua pesquisa se apresenta como um estudo relevante para o debate sobre os usos da história social para o ensino de história. Pois, através de tais leituras é possível propor um ensino voltado para a problematização das contradições sociais. Além disso, a história social, concede aos grupos sociais um protagonismo que até então não tinham, a “história vista de baixo”, demarcou, realmente um paradigma, ou seja, uma mudança ao que se refere ao olhar do historiador em relação ao objeto de sua pesquisa e de seu ensino.
Parabéns pelo trabalho desenvolvido.
Megi Monique Maria Dias
Para você, qual o papel da história social para o ensino de história e como o ensino de história a partir dessa perspectiva pode sinalizar a possibilidade da formação de sujeitos sociais críticos?
ResponderExcluirMegi Monique Maria Dias
Obrigado pela leitura do texto Megi Dias. Creio que sobretudo para as classes populares, a historia social é um instrumento de valorização de identidades, uma vez que os diversos seguimentos silenciados em nossa sociedade, podem a partir de uma leitura de mundo onde seus iguais são protagonistas e compreendidos enquanto sujeitos sociais ativos e portanto transformadores da realidade, se reconhecerem em um exercício de se enxergar na história.
ExcluirObrigado pelo questionamento Megi Dias. Na linha da resposta do professor Padovani Netto, penso a História Social como uma ferramenta que auxilia o aluno (a) a se perceber como sujeito histórico, atuante no tempo, na seu bairro, na sua cidade, na sociedade. A percepção de que a História pode ser construída a partir dos problemas enfrentados pela comunidade a qual a escola está inserida, mostrando que essas mazelas se relacionam com temas de amplitude mais geral, em relação às decisões tomadas a nível municipal, estadual, federal, ou até em relação ao modo de produção capitalista, é um caminho para que o discente construa a compreensão de que o ensino de História deve aliar o conhecimento do passado ao presente e ao porvir, de forma a auxiliar o entendimento de que as mazelas sociais como a falta de médico na unidade de saúde, a falta de transporte adequado, ausência de saneamento básico nas periferias (moro e trabalho na periferia) tem relação íntima com o modelo de república e de Estado oligárquico que se construiu no Brasil. Logo, reconhecer-se como agente transformador, a partir do ensino de História, o qual utiliza a História Social como ferramenta nesse processo, pode levar o alunado a questionar e a querer mudar as mazelas com as quais convivem.
ExcluirNão sei porque não aparece meu nome no perfil. De qualquer maneira, a resposta acima quem redigiu fui eu - Daniel Rodrigues Tavares.
ExcluirProfessores,
ResponderExcluirGostei muito do trabalho de vocês, aprendi muito com o texto. Penso que a difusão da história social é de extrema importância.
Percebo que a história social é mais um gênero que ganhou muita notoriedade e espaço entre os historiadores. Pois ela aborda objetos de pesquisa que são alheios ao mundo das elites, parte das classes menos favorecidas na sociedade. Este novo modo de enfocar a História revelou amplos laços sociais e concedeu o papel de protagonistas da História também para classes inferiores, a história ficou mais próxima de cada um de nós.
Referente ao tema, gostaria de saber dos professores se embora a História Social esteja tendo uma grande aceitação pelos historiadores, devido as infinitas abordagens possíveis e uma gama diversificada de fontes, como vocês percebem a aceitação dos estudos da história social pelo público? Como os estudos da história social estão sendo inseridos nos livros didáticos? Estão tendo representatividade?
Novamente parabenizo pelo excelente trabalho.
Att.
Fábio Roberto Krzysczak
Obrigado pelo comentário e pela pergunta Fábio. Bem,começando pelo livro didático, acredito que na história ensinada ainda estamos muito presos a uma temporalidade linear, que pensa a humanidade no sentido do progresso, de civilização e que o prisma da história política e econômica segue orientando o ensino, embora, sem dúvida, houve grandes avanços em buscar diversificar as abordagens, porém, a história social e cultural buscam ocupar mais do que um espaço de box de curiosidades nos livros didáticos. Em relação ao grande público, isso sempre foi um "problema" para historiadores, ainda hoje nomes como Mary del Priore são criticados por escreverem pensando em "não historiadores", ainda assim, a busca por reconhecimento fora dos muros da academia, o interesse no mercado editorial ou mesmo a satisfação em ter sua obra lida, tem feito historiadores diminuírem a erudição na hora de publicar livros e facilitar a linguagem, a história social, no "boom" da valorização identitária (negros, índios,mulheres, homossexuais, surdos, etc.) com certeza tem crescido bastante em número de leitores
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirParabenizo os mestres pelo texto e agradeço pelo debate pertinente no contexto atual. Tendo em vista a importância dos debates sobre a mulher dentro do ensino de história, vocês concordam que essa temática pode ser tomada como uma debate que leva em conta demandas do presente, como o feminicídio? Que proposta de trabalho vocês poderiam sugerir para as aulas?
ResponderExcluirAtt. Ligia Mara Barros Ribeiro
Obrigado pela leitura Ligia. Eu assim como você, lemos bastante o Rusen durante o mestrado e podemos utilizar este autor para pensarmos as carências de orientação, nesse sentido acredito que toda história parte de um problema do tempo presente e assim, pela máxima de Bloch, compreendemos o passado pelo presente e o presente pelo passado, então as demandas do presente devem nortear os professores ao revisitarem o passado, caso contrário pagaremos o preço de ensinar uma história desinteressante e sem sentido.
ExcluirComo proposta de trabalho, vou indicar o que foi feito pelo mestrando Helison Cavalcante, que escreveu um livro em parceria com suas alunas, Intitulado "Nossa História das Mulheres", o livro pode ser baixado no site: https://nossahistoriadasmulheres.com/