Antonia Stephanie Silva Moreira e Jakson dos Santos Ribeiro


O ENSINO DE HISTÓRIA A PARTIR DO USO DE PRODUÇÕES CINEMATOGRÁFICAS EM SALA DE AULA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (EJA)



O presente artigo ocupa-se do histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil, bem como os programas que a continuaram até a atualidade. A EJA surge como uma modalidade de ensino responsável pela conclusão da educação básica de jovens e adultos que em seu período regular não tiveram a oportunidade de terminar os estudos e assim incluí-los socialmente de modo satisfatório. Pensando nisso reflete-se sobre algumas questões no tocante a continuidade dessa forma de ensino, bem como a capacitação continuada dos professores da EJA no Brasil. Visando a melhoria dos resultados obtidos nesse processo objetiva-se ainda conjecturar algumas possibilidades inerentes a observação e aplicação de projetos acadêmicos via ludicidades nas turmas dos jovens e adultos através do cinema.

Introdução

A EJA no Brasil, é marcada por sucessivos processos governamentais. Mas em contrapartida, a maioria deles foi descontínuo o que ocasionalmente cristalizou a essa modalidade de ensino uma invisibilidade muito grande nos projetos públicos. Apesar dos jovens e adultos serem assegurados tanto pela LDB, quanto pela Constituição Federal, na prática vemos que a carência de políticas públicas destinada e EJA é muito grande. 

O impedimento não é especificamente na oferta dessas vagas, mas, sim em mecanismos que assegurem a permanência desses alunos na sala de aula, haja vista que muitos deles são obrigados a escolher entre a educação ou a sobrevivência.

O processo histórico pelo qual a Educação de Jovens e Adultos passou, denuncia de certo modo o quão forte são as desigualdades sociais ao nosso redor. Trabalhadores e trabalhadoras que são obrigados a se contentarem em receber salários pequenos e ainda se submetem a condições de trabalhos extremamente exaustiva por conta do baixo índice educativo que teve durante seu período regular é preocupante em nossa sociedade. A EJA é, ou pelo menos deveria ser, um dos mecanismos que asseguram essa possibilidade de conclusão do ensino aos jovens, adultos e idoso.

Não pode se negar que nos últimos anos muito foi ganho no que diz respeito a ampliação de programas como PROJOVEM, PROEJA, EJAI no país no intuito se sanar essa deficiência escolar. Mas como educadores e conscientes dessa conjuntura devemos nos debruçar sobre estudos teóricos e práticos afim de reverter essa situação e transformar nosso país em um local onde todos tenham acesso a uma educação de qualidade e assim melhorar nosso cenário social em todos os sentidos. Permearemos sobre o histórico da EJA e suas contribuições na atualidade de modo a pensar e refletir sobre a existência desta modalidade de educação no Brasil.

Um breve histórico da EJA

Para melhor entendimento é necessário iniciar por um breve conhecimento do histórico da Educação de Jovens e Adultos, segundo o Pedagogia ao Pé da Letra:

“A educação escolar no período colonial, ou seja, a educação regular e mais ou menos institucional de tal época, teve três fases: a de predomínio dos jesuítas; a das reformas do Marquês de Pombal, principalmente a partir da expulsão dos jesuítas do Brasil e de Portugal em 1759; e a do período em que D.João VI, então rei de Portugal, trouxe a corte para o Brasil (1808-1821)”

A Educação de Jovens e Adultos no Brasil como já foi mencionado, remonta ao período colonial, quando os jesuítas exerciam sobre os moradores nativos a propagação da fé católica juntamente com a alfabetização. Quando Marquês de Pombal os expulsa (jesuítas) a educação antes destinada aos adultos entra em decadência e isso se estende inclusive, ao surgimento do período imperial no Brasil onde a educação em todas as suas modalidades em especial, à destinada aos jovens e adultos fica em segundo plano.

Vale lembrar que essas razões estavam atreladas ao fato de que ser cidadão letrado, tanto no período colonial quanto o imperial era direito apenas das elites econômicas. Foi somente a partir de 1930 que a educação destinada aos jovens e adultos obtém maior expressividade no cenário brasileiro, por exemplo a Constituição de 1934 instituiu o ensino primário gratuito e obrigatório para todos. “Porém, pouco ou quase nada
foi realizado nesses períodos, devido principalmente à concepção da cidadania considerada apenas como direito das elites econômicas.” (PORTAL DO MEC, p.03).

Na década de 30 o país passava por um processo de industrialização urbana que superava desse modo as elites rurais e exigia uma mão de obra que tivesse no mínimo a educação básica completa. Mas devido aos antecedentes históricos-educacionais precários seria necessário oferecer a camada popular um ensino que desse os suportes mais básicos para o desempenho de determinado serviço. Porém, sempre tomando cuidado para que esse ensino não fosse para além do profissional, já que era inadmissível um cidadão pobre ter o mesmo nível de educação de um componente da elite.

E nesse sentido, o Brasil já se encontra, cronologicamente, sob a égide do Estado Novo (1937-1945) de forma que o enfoque principal dessa época foi o ensino profissionalizante dos jovens e adultos. Neste período surgem os órgãos que iniciavam os cidadãos na mão de obra técnica, sendo eles: SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial.) Em suma, como já foi mencionado a educação servia somente e exclusivamente para garantir o emprego visando a sobrevivência do indivíduo e de seu grupo familiar.

No governo de Luís Inácio Lula da Silva (2004-2010) há uma ampliação no que se refere as políticas públicas e investimentos destinado a EJA. Passou-se a considerar a Educação de Jovens e Adultos como uma prioridade nos planos federais. No entanto, a medida em que criava decretos, por outro lado os limitava em algum ponto, por exemplo no que concerne a sua vinculação a programas de menor institucionalidade.

Mas seguindo o percurso da nossa histórica desigualdade a ideia que surge é que a educação oferecida por esses mecanismos não acompanha a industrialização e profissionalização do mercado de trabalho atual. Restringindo o mundo educacional as elites comerciais brasileiras.

“Ser brasileiro é ser alfabetizado? ”

Nosso enfoque nesta pesquisa é Jovens e Adultos e a realidade escolar ao qual eles estão submetidos. Já foi realizado um breve histórico sobre a EJA no Brasil agora nos ocuparemos da vivência cotidiana dos alunos e o que consideramos ser o caminho ideal a ser percorrido afim de se obter resultados exitosos no ensino aprendizagem.

Decerto o primeiro deles seja a realização de práticas de caráter interdisciplinar, que promovam a ampliação do senso crítico e social dos alunos além de ser um mecanismo validado nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s). Outro ponto que auxilia no processo de alfabetização e, portanto, relevante de análise é a implantação de recursos lúdicos nas aulas para alunos do EJA, como por exemplo dinâmicas, atividades extraclasses onde o limite é a criatividade do professor.

Podemos citar também a particularidade de cada turma no tocante a bagagem social e cultural que os mesmos trazem para a sala de aula, que se explorado corretamente é de uma riqueza educacional muito grande tanto para o professor como para os alunos, e de acordo com isso ALMEIDA (p.02, 2015)
Há aspectos que fazem desses estudantes seres ímpares que, por meio de suas histórias de vida, de suas memórias e representações, preenchem o cotidiano da Educação de Jovens e Adultos e, por sua vez, precisam ser preenchidos por “escolas” e outros espaços que entendam as suas particularidades.

Sob outra perspectiva apontemos os usos de recursos tecnológicos como jogos virtuais, telefone móveis, computadores com ênfase na utilização de produções cinematográficas.  Por isso o uso do filme em salas da EJA, tem como intenção fazer com ele possa a “Aprender a ver cinema é realizar esse rito de passagem do espectador passivo para o espectador crítico" (TARDIF, 2002, p.42).

Assim, corroborando com que esta questão, Almeida (1994, p.12), aponta que ao “ver   filmes, e analisá­-los, é   uma maneira de buscar compreender a nossa sociedade em suas diversas nuances, principalmente em termos das deficiências.  Segundo Marc Ferro, um filme

“[...] entre o cinema e a história, as interferências são múltiplas, por exemplo: na confluência entre a História que se faz e a História compreendida como relação de nosso tempo, como explicação do devir das sociedades. Em todos esses lugares o cinema intervém.” (FERRO, 1976, p.11).

Devido a sua comunicação em massa o cinema foi considerado a 7ª arte moderna e o período de maior ascensão foi no entre guerras. Esse período surge acompanhado de dois pontos principais que seriam: A leitura histórica do filme e a leitura cinematográfica da História. Por isso conforme aponta, Fonseca, o professor deve em vista do trabalho em sala de aula realizar:

[...]preparação prévia do professor, ouseja, ele deve ter domínio em relação ao filme e clareza total da inserção dofilme no curso, bem como dos objetivos e do trabalho a ser realizado após a projeção” (FONSECA, 2004, p.181).

Os filmes como qualquer outra fonte histórica devem ser submetidas a indagações e metodologias de análise e o professor deve ter em mente que nenhum filme é neutro, ocasionalmente todos tem a sua intencionalidade. Nesse ponto, Napolitano considera que:

“[...] trabalhar com o cinema em sala de aula é ajudar a escola a reencontrar acultura ao mesmo tempo cotidiana e elevada, pois o cinema é o campo no qual a estética, o lazer, a ideologia e os valores sociais mais amplos são sintetizados numa mesma obra de arte” (NAPOLITANO, 2003, p.11).

Utilizar filmes em sala de aula requer o continuo exercício da criticidade e reflexão do professor e dos alunos, pois os filmes podem se caracterizar como fonte/documento ou discurso acerca de algum fato histórico ou não.

“Quando o historiador passou a observar o filme, para além de fonte de prazer estético e de divertimento, rapidamente ele o percebeu como agente transformador da história e como registro histórico. Neste momento, tornou-se inevitável a cunhagem do binômio cinema-história. Este busca traduzir a importância que a relação cinema-história adquiriu ao longo do século XX, mas é muito breve para dar conta dos problemas teóricos e epistemológicos que a relação impõe. É possível afirmar que, desde que a história foi fundada por Heródoto e Cia., nunca nenhum elemento ou agente histórico foi tão importante a ponto de ter a sua designação associada à palavra história. Nenhum documento se impôs tanto, de tal modo a fazer jus a uma elaboração teórica, como ocorreu com o filme.” (NÓVOA, 1995, p. 1).

É evidente o quão complicado seja para um adulto ou idoso voltar aos estudos haja vista que muitos deles já são chefes de família e assumem responsabilidades maiores com o trabalho e muitas vezes deixam os estudos em segundo plano.

E essa situação se complica ainda mais quando não há a existência de projetos acadêmicos e estatais voltados para esse público-alvo especificamente, pois como bem coloca Le Goff, “os filmes – assim como outras formas de narrativas – também podem ser vistos como o resultado do esforço das sociedades históricas para impor ao futuro – voluntária ou involuntariamente – determinada imagem de si próprias.” (LE GOFF, 1992, p. 548).
O cinema manifesta-se como recurso pedagógico de extrema importância no que diz respeito a auxiliar e enriquecer o trabalho dos professores e coordenadores do EJA, bem como a vivência dos próprios alunos.

Nesse sentido, em nossa pesquisa utilizaremos o gênero como tema transversal. Por isso que o uso do filme no espaço escolar é poder entender e problematizar os aspectos sociais presentes dentro do cotidiano da escola, e diante deles constituir reflexões sobre o papel de cada indivíduo na sociedade, além de compreender a própria relação com sua identidade, pois o aluno/a pode buscar pontos de reflexão acerca dos padrões sociais, sobre a maneira como eles se instituem afim de apontar a maneira como devem seguir no cotidiano social.

“Na sala de aula, como em qualquer espaço educativo, o cinema é um rico material didático. Agente socializante e socializador, ele desperta interesses teóricos, questionamentos sociopolíticos, enriquecimento cultural. E cada vez mais, tem-se intensificado o número de programas educativos e formativos em que o cinema é utilizado como um dos aparatos tecnológicos da educação “(SOUZA, 2006, p.9).

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p.34)

Existem fatores culturais importantes que determinam a impossibilidade de existência de uma relação direta entre informação-mudança de atitudes; é fundamental considerá-los na prática de ensino e aprendizagem de valores. É necessário atentar para as dimensões culturais que envolvem as práticas sociais. As dimensões culturais não devem ser nunca descartadas ou desqualificadas, pois respondem a padrões de identificação coletivos que são importantes. Eles são o ponto de partida do debate e da reflexão educacional. ( BRASIL, 1997,p 34).

 Considerações finais
Em nossa pesquisa intitulada como Cinediversidade chega à noite: refletindo através do cinema acerca dos marcadores sociais da diferença (gênero, raça, sexualidade, classe e geração) nas escolas públicas de Caxias- MA na Educação de Jovens e Adultos-EJA. O objetivo é promover aos jovens e adultos um espaço de reflexão e discussão do tema sexualidade a partir de uma proposta interdisciplinar de promoção de saúde, buscando a autonomia deles em relação a sua sexualidade. Há também a necessidade de desenvolver, a partir do gosto pelo Cinema, o senso crítico, estético e cultural sobre nossa localidade, nosso país e o mundo de modo geral, bem como mostrar o cinema como sendo uma fonte de cultura e agente transmissor de conhecimento.

Referências
Antonia Stephanie Silva Moreira -  Graduando em Licenciatura pelo curso de História da Universidade Estadual do Maranhão – Campus Caxias. Bolsista pelo Programa Institucional de Bolsa de Extensão – PIBEX/UEMA
Jakson dos Santos Ribeiro - Doutor em História Social da Amazônia- Professor Adjunto I e lotado no Departamento de História e Geografia- DHG, na Universidade Estadual do Maranhão – Campus Caxias.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais : apresentação dos temas transversais, ética / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília : MEC/SEF, 1997. 146p http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/eja_livro_01.pdf. Acesso em 05/03/2019.
ALMEIDA, Milton José de. Imagens e Sons: A nova cultura oral. São Paulo: Cortez, 1994.
FONSECA, Claudia Chaves. Os meios de comunicação vão à escola? Belo Horizonte: Autêntica/FCH­FUMEC, 2004.  
NAPOLITANO, M. Como usar o Cinema em sala de aula. São Paulo: Contexto, 2009.
FERRO, Marc. Cinema e História. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
SOUZA, Edileuza Penha de. (Org.). Negritude, cinema e educação: caminhos para a implementação da Lei 10.639/2003. Belo Horizonte: Mazza Edições, vol. 1, 2006.
TARDIF,   Maurice.  Saberes   docentes   e   formação   profissional.   Petrópolis:   Vozes, 2003

34 comentários:

  1. Bom dia prezados/as,

    Parabéns pela comunicação.

    Eu quero fazer uma pergunta acerca do objetivo de seu trabalho. Você diz o seguinte: "ocupa-se do histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil, bem como os programas que a continuaram até a atualidade. A EJA surge como uma modalidade de ensino responsável pela conclusão da educação básica de jovens e adultos que em seu período regular não tiveram a oportunidade de terminar os estudos e assim incluí-los socialmente de modo satisfatório."

    Como você enxerga as dificuldades infraestruturaisque as escolas básicas possuem? Quer dizer, como superar para utilizar a metodologia proposta de suporte filmico?

    Mais uma vez, saudações.

    Cordialmente,
    Danilo Sorato Oliveira Moreira.

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    1. Olá Danilo, obrigado. Nossa pesquisa parte de um entendimento histórico sobre a EJA e quais as atuais conjunturas que a sustentam na atualidade. Sendo assim nosso objetivo é justamente de identificar onde esses alunos sentem maior dificuldade dentro do processo de ensino aprendizagem e através do cinema superar essas lacunas, como exemplo posso citar: cansaço após sua rotina diária, ou ainda pouco domínio de conteúdo nas primeiras etapas EJA, então o filme além de ser um recurso lúdico e leve não deixa de levar ao aluno um rico debate sobre questões sociais que no caso da presente pesquisa são os marcadores sociais da diferença (gênero, raça, sexualidade, classe e geração). Ou seja, através do cinema em sala de aula esperamos contribuir com o aprendizado não só na área de História bem como as outras disciplinas também haja vista como já mencionado no texto acima aplicamos a metodologia interdisciplinar pois acreditamos que seja um meio eficaz de atrair a atenção do aluno da EJA e assim contribuir com a aprendizagem do mesmo.
      Antonia Stephanie Silva Moreira

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  2. Bom dia! Muito boa sua comunicação.
    Contudo, sabemos dos diversos problemas enfrentados pelos professores no ensino da modalidade EJA. No texto é citado que a intenção de utilizar o cinema é com o intuito de fazer o aluno “aprender a vê-lo como um ritual de passagem entre o espectador passivo para o espectador crítico”. Como um professor do EJA pode instigar seus alunos que chegam cansados de uma longa jornada de trabalho (realidade de muitos alunos dessa modalidade) a serem espectadores críticos?

    Um abraço...
    Jonas Durval Carneiro

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    1. Olá Jonas, boa noite.
      O intuito como já é enunciado no título da comunicação é o ensino de História através da produção fílmica. Ou seja, o filme é um recurso didático e pedagógico muito útil nesse quesito. Haja vista que os alunos chegam cansados e isso de certo modo dificulta o trabalho do docente em ter um feedback de suas aulas, seria interessante estar alternando suas aulas expositivas com o uso de filmes ou documentários que tenham o cunho educativo. Apesar de representar um momento de lazer e interação maior em sala de aula cabe ao professor conduzir o uso dos filmes de modo a retirar deles conclusões pertinentes ao processo de ensino aprendizagem desses alunos. Em observações feitas em salas de EJA, podemos constatar esse cansaço, porém como o filme de certo modo é usado de maneira diferenciada de explanar o conteúdo e fazer desse momento um meio eficaz de ainda atrair a atenção desses alunos de maneira bem dinâmica.
      Antonia Stephanie Silva Moreira

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  3. miriam bianca amaral ribeiro8 de abril de 2019 às 09:44

    Ola, Antonia e Jackson
    Trabalhar com as linguagens da arte no ensino de qualquer ciência, inclusive a história, tem nos levado a um uso operacional e descritivo da obra de arte. Temos dispensado as possibilidades educativas e formadoras da arte como expressão humana e reduzindo todas ela, em sala de aula, a um pára-didático. Com trabalhar o cinema no ensino de história sem esse reducionismo positivista?

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    1. Nosso objetivo não se refere a trabalhar a produção fílmica como um paradidático. A grande questão na minha opinião está em utilizar o filme como recurso de extrema importância para o processo de ensino-aprendizagem. Ou seja, sabe-se que todos os filmes são construídos com uma intencionalidade, portanto há ações e diálogos que não podem ser naturalizados e para que esse intercâmbio aconteça é necessário um exercício constante de criticidade entre professor e aluno. Pelo professor cabe a responsabilidade de escolher o material, quais os temas sociais e educacionais que poderão ser abordados a partir do mesmo. Ao aluno a tarefa de assistir esses filmes não somente pelo enredo, mas olhando a época em que foram produzidos, quais as intencionalidades e para que fins e públicos se destina a produção fílmica. Feitas essas indicações os filmes não se enquadrariam em reducionismo positivista e a nossa pesquisa visa principalmente a instrumentalizar o docente para o uso desse recurso didático objetivando justamente o enriquecimento acadêmico e cultural desses alunos de EJA.
      Antonia Stephanie Silva Moreira

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  4. Como você disse, a educação de Jovens e Adultos denuncia as desigualdade sociais que existe ao nosso redor,podendo perceber-se o baixo índice educativo que a pessoa teve em sua vida, sendo que no filme "escritores da liberdade" (2007)tem debate similar, como podemos trabalhar e debater este filme com as turmas do Eja?

    - Marcelo Viera Dalcin

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    1. Posso lhe responder baseado em nossa experiência em classes de EJA. Onde inicialmente aplicamos questionário com as mais diversas questões como por exemplo: opiniões sobre notícias atuais, marcadores sociais da diferença, cor, raça, preconceitos e discriminações. E apartir dele notamos onde a turma tem mais dificuldade e inclusive questões sociais como a maioria declara sua cor ou raça por exemplo. Um ponto muito significativo de filme escritores da liberdade é o fato de como a turma impulsiona a professora a rever sua metodologia de ensino, e a mesma coisa acontece com o professor tanto de EJA como do ensino regular. O uso de filmes serve como metodologia nesse ponto no que se refere a busca do professor em utilizar novos meios de ensino que capture a atenção do aluno e assim aumentando o rendimento da turma. Vale lembrar também que no filme a professora também usa de outros meios como por exemplo a música e os jogos o que mais uma vez é um a questão relevante para o trabalho docente no que diz respeito a adoção em sua prática de novos meio de ensino e que fuja a tradicional aula expositiva das quais os alunos já estão habituados. Esses são os principais pontos onde o debate sobre esse filme pode ser iniciado.
      Antonia Stephanie Silva Moreira

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  5. Olá,
    Gostaria de parabenizá-los pela comunicação, e ao mesmo tempo compartilhar um problema comumente enfrentado, quando trabalhamos com cinema nas aulas de EJA.
    Muitos educandos, sobretudo os mais idosos que estão há 25 ou 30 anos afastados dos bancos escolares, possuem dificuldades para compreender a relação entre o Cinema e a Sala de Aula. Já vivenciei uma experiência aonde uma educanda, me questionou de maneira ríspida, dizendo que tinha ido até a escola para estudar e não assistir a um filme, neste caso o filme em questão trabalhado em sala de aula, era o Narradores de Javé e a aula uma introdução sobre a importância do educando como sujeito histórico, com o objetivo de desenvolver um trabalho sobre história oral com a comunidade escolar onde eu lecionava.
    Gostaria de saber qual a melhor forma de rompermos este preconceito que ainda insiste em persistir quando relacionamos o cinema ao ensino de História, sobretudo com educando adeptos do ensino tradicional.
    Abraços.

    Wander da Silva Mendes.

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    1. Olá Wander, em nossa pesquisa também sentimos essa resistência. Porém em um questionário que aplicamos, perguntamos inicialmente aos alunos o que eles achavam sobre aprender através do cinema na sala de aula e a maioria relatou que acha muito importante, porém para não ficar somente nas palavras dos alunos elaboramos uma aula para anteceder a exibição dos filmes onde é importante que se destaque a eficácia do uso de filmes na sala de aula de EJA. Mediante a isso é interessante ressaltar aos alunos mesmo já exibindo as produções fílmicas a importância do cinema na vida social e acadêmica desses alunos. Narradores de Javé é um filmes excelente de se trabalhar em sala de aula, e o interessante é que no deparamos com esse tipo de comentário mesmo estando bem explícito a relação do filme com o assunto que irá ser trabalhado em sala de aula. O cinema é considerado a sétima arte do mundo moderno e através dele podemos retirar inúmeros benefícios ao utilizá-lo em classe. É claro que ocasionalmente iremos nos deparar com comentários desse tipo mas é interessante o professor antes de passar os filmes deixar claro a contribuição que os mesmo podem agregar a construção de conhecimento dos alunos e de forma leve, lúdica e dinãmica.

      Antonia Stephanie Silva Moreira

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  6. Olá,
    O trabalho foi muito bem apresentado.
    Gostaria de perguntar de que forma acreditam que o cinema pode contribuir para a formação de identidade enquanto cultura e realidade social, dentro desse ambiente da EJA que muitas vezes possuem pessoas em vulnerabilidade social e promover mudança dessa realidade?

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    1. Olá Jéssica, esse foi o objetivo da nossa pesquisa. Nosso enfoque nesta pesquisa é Jovens e Adultos e a realidade escolar ao qual eles estão submetidos. Já foi realizado um breve histórico sobre a EJA no Brasil agora nos ocuparemos da vivência cotidiana dos alunos e o que consideramos ser o caminho ideal a ser percorrido afim de se obter resultados exitosos no ensino aprendizagem.

      Decerto o primeiro deles seja a realização de práticas de caráter interdisciplinar, que promovam a ampliação do senso crítico e social dos alunos além de ser um mecanismo validado nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s). Outro ponto que auxilia no processo de alfabetização e, portanto, relevante de análise é a implantação de recursos lúdicos nas aulas para alunos do EJA, como por exemplo dinâmicas, atividades extraclasses onde o limite é a criatividade do professor. Enfim, apartir da exibição de filmes é esperado que os alunos possam se identificar e tirar deles lições e conceitos que os façam incorporar em sua vida e sua rotina acadêmica dali em diante. Além de contribuir de forma positiva com a mudança da realidade social desses alunos, de modo que depois do aprendido com as produções fílmicas o olhar desses discentes sobre o ambiente em que eles vivem possa mudar e ser mais holístico em virtude de fatores sociais. Ou seja, esperamos que após a exibição dos filmes a identificação possa ser promovida e espalhada para todos os âmbitos da vida do aluno.

      Antonia Stephanie Silva Moreira

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  7. Bom dia. Parabéns pelo trabalho!
    Trabalhar com o cinema em um país onde muitas escolas não tem nem televisor é uma tarefa difícil, mas acredito no potencial que o professor tem em adaptar-se aos recursos existentes nas escolas. Se a escola não tem televisor, o mesmo pode realizar atividades como a apresentação de teatro que não exige muitos recursos. Em relação ao uso de cinema para o EJA/PROEJA, gostaria de saber sua opinião a respeito de como fazer jovens e adultos, que permaneceram afastados da escola por algum tempo, podem perceber os filmes como um recurso de aprendizagem, possível de desenvolvimento da consciência histórica e, portanto, de fazer o aluno enxergar-se como sujeito histórico, e não apenas como um recurso de entretenimento?
    Cleni Lopes da Silva.

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    1. Oi Cleni, boa noite!
      É indissociável da prática docente essas dificuldades estruturais.O uso de filmes serve como metodologia nesse ponto no que se refere a busca do professor em utilizar novos meios de ensino que capture a atenção do aluno e assim aumentando o rendimento da turma.O uso de filmes no espaço escolar é poder entender e problematizar
      os aspectos sociais presentes dentro do cotidiano da escola, e diante deles constituir
      reflexões sobre o papel de cada indivíduo na sociedade, além de compreender a própria
      relação com sua identidade, pois o aluno pode buscar pontos de reflexão acerca dos
      padrões sociais, sobre a maneira como eles se instituem afim de apontar um meio como
      devem seguir no cotidiano social. em um questionário que aplicamos, perguntamos inicialmente aos alunos o que eles achavam sobre aprender através do cinema na sala de aula e a maioria relatou que acha muito importante, porém para não ficar somente nas palavras dos alunos elaboramos uma aula para anteceder a exibição dos filmes onde é importante que se destaque a eficácia do uso de filmes na sala de aula de EJA. Mediante a isso é interessante ressaltar aos alunos mesmo já exibindo as produções fílmicas a importância do cinema na vida social e acadêmica desses alunos. Ou seja, professor antes de trabalhar com filme em sala de aula deve ter muito claro em sua cabeça sobre os objetivos que ele pretende alcançar e seguir o roteiro feito por ele próprio afim de fazer do filme não somente um entretenimento mas como um recurso pedagógico de estimável valor no ensino de História.

      Antonia Stephanie Silva Moreira

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  8. Olá,
    Primeiramente parabéns pelo trabalho, é uma interessante abordagem para EJA. Sabemos que essa modalidade de educação (como as demais) tem seus desafios. Um deles é inserir jovens e adultos, há muito afastados dos estudos, novamente num universo de aprendizagem e criticidade. A tendência observada, infelizmente, é um aprendizado mais mecânico e repetitivo, e isso com prejuízos sobretudo na História, Geografia, Sociologia, Filosofia, mas também nas demais áreas do conhecimento.
    O trabalho com cinema/filmes/músicas/etc a seu ver, pode auxiliar a quebra dessa mecanicidade do estudo? De que formas podemos maximizar o espírito e pensamento críticos desses alunos?

    Att

    Antônio Moisés Borges

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    1. Olá Antônio Moisés. Sim considero de suma importância a incorporação desses recursos no processo de ensino aprendizagem seja no nível regular como EJA. Muitas vezes associamos a mecanicidade com a tradicional aula expositiva, e isso não deixa de ser verdade. Pois o aluno fica habituado como aquele regime de aulas e acaba se acomodando e ficando só reproduzindo o que é dito pelo professor. Então utilizar o filme como recurso didático a medida que quebra com essa rotina ainda auxilia o professor a ensinar de maneira lúdica e diferenciada esse aluno de EJA, que muitas vezes já chega cansado de sua rotina diária. E no que diz respeito as formas de maximizar o pensamento crítico desses alunos citar como exemplo, o contínuo exercício de criticidade do aluno e professor, exercícios e debates sobre os filmes visto em sala de aula, incentivar o alunos a notarem aspectos comuns do filme em sua vida cotidiano procurando sempre mostrar ao discente que o que eles aprendem em sala de aula nas disciplinas de História por exemplo, não está distante da sua realidade social. E como fruto de todo esse processo é esperado que o aluno adquira para a sua bagagem conhecimento potencializados pelo uso dos filmes, isso seja no aspecto cultural, histórico ou acadêmico/escolar.

      Antonia Stephanie Silva Moreira

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  9. Muito interessante a temática abordada por vocês! Sabemos que o uso do cinema como recurso pedagógico na educação básica já é muito comum, mas na educação de Jovens e adultos não vemos com frequência, então gostaria de saber, porque há certa "resistência" de aplicar este recurso nas turmas do Eja?
    Lorena Raimunda Luiz

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    1. Olá Lorena, concordo com você no que se refere a existir esse dita resistência. Posso elencar alguns fatores: muitas pessoas não querem por motivos diversos trabalhar com jovens a adultos, seja por falta de prática ou falta de interesse mesmo. Mas não podemos também generalizar o debate. Projetos de extensão, ou mesmo estágios em EJA são bem mais difíceis de serem encontrados dentro do cotidiano das universidades, porém eles existem. Creio que essa questão que você propõe vai variar muito da realidade local de cada escola ou universidade, em algumas você encontrará mais incentivos e outras não. E essa resistência pode se configurar como uma necessidade de certo modo imediata de voltarmos nossos olhares para o público de EJA. E trabalhar com filmes na sala de aula de ensino regular já é visto com certo receio e na EJA então é que encontramos essa resistência, mas o que posso sugerir a ser feito é justamente fazer uma reunião com a coordenação de EJA e a comunidade acadêmica produzir trabalhos e projetos que contemplem os alunos e possam mudar a realidade educacional dos mesmo. Porém esse trabalho não deve partir somente dos professores, deve ser um trabalho conjunto de docentes, discentes e coordenação pedagógica da instituição.
      Antonia Stephanie Silva Moreira

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  10. Primeiramente gostaria de parabenizá-los pelo trabalho. Há diversas dificuldades a serem enfrentadas tanto estruturais, quanto sociais para que se possa utilizar fontes históricas, como filmes, em sala de aula. Nota-se uma grande evasão dos e das alunas, como dito por vocês por questões sociais e sobrevivência. Vocês acham que os e as alunas prestariam atenção no filme ou seria positivo? já que a grande maioria trabalha, são país e estão cansados
    Mas um vez queria parabenizar pelo trabalho, eu trabalhei com o EJA por um tempo e nunca pensei em trabalhar utilizando filmes com eles.
    Abraços.

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    1. Olá Mariana boa noite! De acordo com o observado na dinâmica EJA, os alunos realmente chegam cansados de sua jornada fora da escola. Porém pensamos que é sim positivo e pensamos em algumas alternativas, a primeira delas seria justamente a de exibir documentários no intuito de serem mais curtos e se adequarem ao espaço do horário de aula do professor, outra alternativa seria a de trabalhar com os recortes de filmes onde o professor passaria aos alunos somente as partes que teriam mais efeito ao assunto que ele traria para a aula. E sempre intercalar com debates, ou atividades extra-classe, creio que essas são algumas sugestões válidas para o trabalho com filmes para os alunos de EJA.

      Antonia Stephanie Silva Moreira

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  11. Olá, parabéns pelo texto!!

    Que tipos de atividades você indicaria para trabalharmos o filme escolhido com o EJA?

    DALGOMIR FRAGOSO SIQUEIRA

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    1. Olá, obrigada.
      Elaboramos as seguintes metodologias:
      Exibição de filmes ou recorte de filmes
      Exibição de documentário
      Ficha catalográfica acompanhando as exibições
      Questionários antes e depois dos filmes
      Minicursos e oficinas com relação à importância do cinema
      Desenvolvimento de atividades em grupo sobre os filmes para estimular a interação.

      Antonia Stephanie Silva Moreira

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  12. Cláudio Correia de Oliveira Neto11 de abril de 2019 às 07:06

    No relato de vocês a produção fílmica apareceu mais como suporte didático e disparador do debate. Os filmes foram usados como fontes históricas a serem trabalhadas? Se sim em que situação de aprendizagem os alunos foram mais participativos, no filme como didatizador ou no filme como fonte histórica?

    Cláudio Correia de Oliveira Neto.

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    1. Sim, os filmes foram usados como fonte histórica também. No filme como fonte histórica eles foram bem participativos. A partir de debates muitos expuseram sobre suas experiências de vida o que foi bastante incentivador tanto para os professores quanto aos demais colegas.

      Antonia Stephanie Silva Moreira.

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  13. Olá,
    Primeiramente gostaria de parabenizar pela escolha da temática, visto que a EJA ainda é uma modalidade de ensino muito pouco trabalhada nos cursos de licenciatura em geral. Sou graduanda em História e também desenvolvo pesquisas relacionadas a Educação de Jovens e Adultos, sendo assim durante a leitura do texto me surgiu uma curiosidade, os alunos foram questionados previamente sobre sua relação com o cinema? Se estes tem ou não costume de assistir filmes seja no cinema ou em casa? Talvez este seja um dado importante para refletirmos sobre a relação que os alunos podem ou não estabelecer com o filme em sala de aula.

    Att,

    Júlia Canella da Silva

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    1. Sim, aos alunos foi entregue um questionário a ser respondido afim de que se avaliasse a relação dos mesmos com o uso do cinema em sala de aula e se eles consideram importante aprender através do cinema. Além de conter no questionário questões relacionadas aos marcadores sociais da diferença (gênero, raça, sexualidade, classe e geração).

      Antonia Stephanie Silva Moreira

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  14. olá, boa tarde Stephanie!Primeiramente Parabéns pelo trabalho. Quais Vantagens e desvantagens de se trabalhar o ensino de história através do cinema, como recurso de aprendizagem para com os jovens e adultos?
    att: Ayrton Costa da Silva.

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  15. Boa noite e em primeiro lugar elogio a publicação, afinal é uma quebra de tabus trazer a tecnologia e principalmente se está ligada a exibição de filmes ou documentários em sala de aula. Enfim, minha pergunta é a respeito de como estaria sendo a aceitação em principio de EJAs e esse tipo de aula em comunidades carrentes e como prender a atenção dos discentes em vídeo mais longos, já que se tratam de pessoas mais velhas?

    Maria Luísa Soares Marcolino

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