O ENSINO DE HISTÓRIA NAS SÉRIES
INICIAIS: POSSIBILIDADES DIDÁTICAS
Uma
Convite a Reflexão...
A prática docente
guarda o desafio de garantir o acesso ao saber historicamente construído e acumulado,
abarcando ainda, as diversidades e singularidades sobre os contextos (tempo e
espaço) e educandos, ou seja, levar para dentro do currículo o acervo cultural
e histórico da humanidade além dos aspectos do vivido. O ensino deve ser
diferenciado considerando fatores como perfil de aluno (exemplo, indígenas e
quilombolas) e metodologia (ensino significativo e reflexivo).
Assim, pensar um
ensino comprometido com a qualidade da educação torna-se um caminho trabalhoso,
dependendo amplamente das subjetividades do professor. Portanto, preparar uma
aula diferenciada é tarefa difícil, o docente deve ter domínio das ferramentas
a serem utilizadas, objetivos e métodos avaliativos claros e definidos, horas
extras para planejar, construir e pesquisar, ter a cotidianidade como ponto
inicial e ainda dar conta dos conteúdos que preenchem o currículo. Nesse
sentido, pretendemos explorar as possibilidades didáticas para o ensino de
história nas séries iniciais.
Dentro desse panorama
educacional de impregnação de ideologias da classe hegemônica faz-se “necessário
um repensar imediato na forma de ministrar as aulas na disciplina de História”
[OLIVEIRA, 2013:11], pois o ensino de história deve ultrapassar o status de
repasse de fatos, datas e acontecimentos históricos, e contribuir para o
desenvolvimento de consciências históricas e formação de cidadania dos atores
envolvidos. Torna-se necessário travar encontros entre as disciplinas, sem
desconsiderar as singularidades de cada uma, e desqualificando a hierarquização
presente no currículo.
Ensinar história não
se resume em decorar datas e repassar versões de acontecimentos passados.
História é uma forma de linguagem do homem no tempo. Assim como preconiza
Borges; Braga [2011]:
“O ensino de história
não pode reduzir-se a memorização de fatos, a informação detalhada dos eventos,
ao acúmulo de dados sobre as circunstâncias nas quais ocorreram. A história não
é simplesmente um relato de fatos periféricos, não é o elogio de figuras
ilustres. Ela não é um campo neutro, é um lugar de debate, as vezes de
conflitos. É um campo de pesquisa e produção do saber que está longe de apontar
para o consenso” [BORGES; BRAGA, 2011, p.5]”.
Silabando
História ou Alfabetização Histórica: algumas reflexões
No
contexto das séries iniciais, esbarramos com o processo de alfabetização. O
encontro com as letras não deve incidir com um contato completamente alheio a
compreensão da criança, afinal, vivemos em uma sociedade dominada pela leitura
e escrita, onde as significações que a criança vai estabelecendo é permeada em
historicidade, pois a letra inicial de seu nome possui uma enredo por trás; o
seu nome carrega a história de um sujeito e várias outras histórias de outros
sujeitos que carregavam o mesmo nome; o nome em si, de uma pessoa ou fato, se
configura em síntese histórica; o título ou nome é o que nos faz lembrar sobre
algo sem necessariamente contar versões sobre o que determinado termo
representa.
Ensinar e aprender história significa possibilitar
contato com a bagagem histórica do conhecimento, é contextualizar e trazer a
luz significações aos conteúdos, no qual os alunos vão ganhando consciência
sobre o que estão aprendendo, é também um processo de resgate, transmissão e
construção de identidade do indivíduo como ser social, onde ele situasse em seu
tempo e espaço a partir de um olhar crítico sobre passado, presente e futuro.
Sobre isso esclarecem Souza e Silva [2012]:
“[...] O Ensino de História permite ao aluno,
portanto cidadão, o desenvolvimento social, cultural, crítico, científico,
sagaz [...] Para isso faz-se necessário uma metodologia capaz de promover o
educando afirmando o como ser Sócio Histórico e torna-lo agente de suas
práticas” [SOUZA; SILVA, 2012:2].
Torna-se
imprescindível, reeducar o olhar sobre a história, encarando as disciplinas
como partes integrantes de um círculo, no qual cada pedaço guarda sua
especificidade, mas todos as partes carregam relações entre si, garantindo a
concretização das linhas gerais dos PCN’s e da Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
No tocante a isto, o professor deve aliar o saber
sistematizado com o contexto do educando e gradativamente ir ampliando as
concepções de mundo da criança, pois:
“O estudo de História nas séries iniciais deve
partir da própria história de vida do aluno, avançando para o estudo da
história local que deve ser apresentada como algo, vivo, vibrante, capaz de
despertar paixão e colaborar para a compreensão do mundo” [PEREIRA; PACHECO,
2011:p.3].
É neste sentido que a história local revela um novo
sentido e um novo significado para o processo de aprendizagem, pois se constrói
a partir de espaços que se preservam, se transformam e se adaptam às dinâmicas
da sociedade que o criou. Legando a ele sentimentos, memórias e experiências
coletivas e particulares que tornam um lugar comum em um espaço de histórias (com)partilhadas,
que se intersectam umas com as outras. Diante disso, pensar o contexto local
permite criar relações entre fatos mais abrangentes por meio de vieses e
percepções locais e individuais, criando um sistema de valores que se ligam nas
teias do coletivo e do mais amplo. [CAINELLI; SCHMIDT, 2009].
Nora (1993), por sua vez, argumenta que os lugares
de memória são lugares de lembrança sobre o passado, os quais produzem a
sensação de verdade e autenticidade a certos acontecimentos do passado. Além
disso, precisam de identificação do sujeito que o visita no presente para
produzir sentido, isto é, se for dissociado da realidade e do processo de
aprendizagem de quem o observa, não será um lugar de memória, e sim, um lugar
qualquer. Deste modo, é fundamental que a escola, o discente, ou mesmo a
família, realizem visitas, passeios e contação da sua trajetória histórica e da
história que se sente pertencido, para assim, na soma dos saberes apreendidos
por uma criança, ela construa a sua consciência histórica a partir de um
sentimento de reconhecimento e pertencimento a um dado lugar de memória.
“Os lugares da memória são, antes de tudo, restos.
A forma extrema onde subsiste uma consciência comemorativa numa história que a
chama, porque ela a ignora. É a desritualização de nosso mundo que faz aparecer
a noção. O que secreta, veste, estabelece, constrói, decreta, mantém pelo
artifício e pela vontade uma coletividade fundamentalmente envolvida em sua
transformação e sua renovação. (...) os lugares de memória nascem e vivem do
sentimento que não há memória espontânea, que é preciso criar arquivos, que é
preciso manter aniversários, organizar celebrações, pronunciar elogios
fúnebres, notariar atas, porque essas operações não são naturais” [NORA, 1993,
p. 12-13].
Dito de outra forma, podemos afirmar que os lugares
de memória servem como meio de interpretação de contextos e geração de sentido
histórico para a orientação no tempo, isto é, as mudanças, permanências e
transformações. Ainda que o primeiro contato não gere o significado esperado,
fazendo uso da problematização, somos capazes de perceber os lugares de memória
como essenciais para que o nosso passado não seja apagado, se tornando comum.
Este saber, quando pensado a partir da “Consciência
Histórica” teoricizada por Rüsen (2007), se caracteriza enquanto a soma dos
saberes aprendidos, seja em casa, nas mídias e, sobretudo, na escola. Mais do
que um mero conhecimento, a consciência histórica oportuniza a interpretação,
orientação e experiência na vida prática. Logo, quando se faz uso de processos
didáticos que dialogam com a realidade discente, os elementos formados pela
consciência histórica permitem que os conteúdos ministrados façam sentido,
resultando na produção do saber histórico em sala de aula e na vida do aluno
das séries iniciais do ensino fundamental.
O
Ensino de História nas séries iniciais e algumas possibilidades didáticas: uma
ou duas coisas que sei
O ensino da história,
deve ultrapassar a concepção tradicional e mecânica de didática em história,
onde o professor se detém em ensinar fatos históricos e os conteúdos centrais
representam uma forma de oralizar e reforçar o calendário, cabendo ao aluno,
decorar uma serie de datas.
Ao professor recai o
trabalho de tornar os conteúdos acessíveis a linguagem da criança, de modo a
desperta-lhe a necessidade pelo conhecimento e clareza sob as confluências
entre a história e a realidade.
“Então ao se estudar
História seja qual for à modalidade na educação básica deve vir a ser
compreendida como uma disciplina de reflexão da realidade e associação valores
e mostrar para o aluno que ele é história não na forma de memorização de datas
e fatos históricos, sim como pessoa dentro de um contexto social. A História
não se limita só a fatos e datas, mas á torna um indivíduo um ser histórico e
pensante da sua própria prática” [SOUZA; SILVA, 2012, p.11].
Ao invés de admirar e
vislumbrar figuras ilustres, o aluno precisa tomar para si o papel de
protagonista da história, entender que a sua história (presente) é resultado e
parte da história da humanidade, ele não é pois somente um ser do agora, e sim
mergulhado em historicidade, onde sua história se mistura em alguns pontos (e
até em todos) com o passado e o futuro, e o não conhecer e não compreender os
caminhos trilhados pela sociedade até os dias atuais, pode implicar em
reprodução do modelo social posto e reproduzido dentro da escola.
O processo de
conscientização histórica se entrelaça com o trabalho do professor, requerendo
uma reavaliar constante sob sua própria atuação, um recriar a cada turma e até
a cada aluno, um olhar sensível diante das necessidades do aluno, um ensinar e
aprender simultâneos. Todavia, a organização curricular acaba por limitar as
possibilidades de temas e conteúdos a serem abordados pelo professor, não implicando
em limitação didática, podendo dessa maneira, ser explorado diversas
ferramentas dinâmicas e familiares a criança, considerando aspectos culturais,
durante o planejamento, a prática docente e os diálogos com a turma.
Sobre isso Monteiro
[2013] ressalta:
“Para ensinar
história, como qualquer disciplina, realizamos (...) processos fundamentais:
uma seleção cultural, ou seja, definimos entre os vários saberes disponíveis na
sociedade, incluindo, atualmente, aqueles produzidos pela ciência, os saberes a
serem ensinados às novas gerações. Esta seleção implica opções culturais,
políticas, éticas possibilitando ênfases, destaques, omissões e negações. Esta
seleção é sempre enraizada socialmente e é histórica, revelando interesses, projetos
identitários e de legitimação de poderes instituídos ou a instituir, suscetível
a mudanças e redefinições. Esta seleção se realiza e expressa nas propostas e
nas práticas curriculares, processo de constituição do conhecimento escolar
para a escola e pela escola” [MONTEIRO, 2013: p.10].
Os conteúdos devem ser
apresentados como elementos significativos e caminhos para a conscientização e
análise crítica sobre o vivido. Contudo, a apresentação dos conteúdos em inúmeros
casos, é pautada em aulas expositivas, no qual o discurso do professor se
sobressai, configurando-se um desafio a ser superado, não se trata de abolir as
aulas expositivas, mais torná-las dinâmicas e dialogadas e abrindo espaço para
outras metodologias, como por exemplo, a produção de cartilhas pelos alunos, onde
o professor pode selecionar um tema ou diversos conteúdos e solicitar que a
turma crie outras versões, ou construa histórias em quadrinhos, textos
ilustrativos, ou historias através de imagens, culminando na exibição do
material entre a turma ou na escola.
O uso de recursos
tecnológicos, aponta para a importância de constante atualização e
aperfeiçoamento dos profissionais na educação, no que tange a formação e ao conteúdo,
além de representar uma ponte entre o universo tecnológico para a infância e o
saber sistematizado. É nesse sentido que o “ensino de história como outras
disciplinas requerem que o professor tenha conhecimento e saiba utilizar as
ferramentas tecnológicas em sua prática docente” [OLIVEIRA, 2013:20], assim,
currículo, professor e conteúdo não devem possuir aspecto estático e
homogenizador.
Entre as
possibilidades didáticas de aplicabilidade do Ensino de História para as séries
iniciais, pode-se destacar o uso do cinema, da arte, música, da literatura e do
teatro, etc.
O cinema é um recurso
lúdico, intimo ao universo infantil, sobre o qual o professor pode utiliza-lo
como artificio introdutório a determinado tema, foco central da aula através de
análises sobre o enredo do filme em relação ao conteúdo em questão, ou como
elemento de conclusão, podendo exemplificar o assunto discutido em sala e abrir
espaço para discussão. Considerando a limitação de tempo das aulas, é
importante verificar a duração do filme e planejar como será exibido, podendo
selecionar cenas, ou produzir o filme em várias sessões, ou escolher filmes,
documentários e vídeos de curta duração.
A interpretação de
quadros, fotografias ou artefatos históricos, permitem analises visuais,
contato físico ou visual sobre o que se fala. Permite um olhar mais concreto na
medida em pode ver-se os detalhes, cores e texturas.
O professor pode
instigar a curiosidade do aluno, podendo desenvolver um roteiro de elementos a
serem observados. Com o uso da fotografia por exemplo, pode perguntar aos
alunos o que eles veem na tela, pedir que descrevam os detalhes, as entrelinhas
da imagem, verificar elementos marcadores de tempo, como vestimentas ou
cenário, e ainda analisar a data, o autor e o local onde fora produzido a obra.
A música,
permite a narrativa de fatos e acontecimentos através de suas
letras, são pois histórias ritmadas, um recurso intimo ao contexto do aluno, que incorpora na aula um aspecto atrativo e diferenciado de se pensar história.
letras, são pois histórias ritmadas, um recurso intimo ao contexto do aluno, que incorpora na aula um aspecto atrativo e diferenciado de se pensar história.
O teatro, por
sua vez, pode ser inserido como a história dramatizada, um elemento (in)diretamente
fixador de conteúdos quando o aluno é colocado a dramatizar. O professor pode
trabalhar com peças teatrais prontas, colocando o aluno como telespectador diferenciado
na medida em que é construído previamente um conjunto de elementos a serem
observados posteriormente, mas também, pode ser analisado as impressões
iniciais do aluno, aprofundando o tema a partir delas.
Já a literatura é carregada de marcas culturais, pois podem ser analisadas obras em grupos após leituras públicas ou individuais, possibilitando um canal distinto de se explorar valores, comportamentos, vestimentas, visão do mundo, de si e do outro, de outras culturas, sendo um caminho diversificado de periodização histórica.
O livro didático, é um
recurso frequente na sala de aula, que contribui no processo de
ensino-aprendizagem quando utilizado adequadamente, se configurando como
elemento da cultura escolar [GARCIA, 2007]. É resultado de um conjunto de
intenções comerciais e políticas que requer do professor um olhar crítico sobre
os conteúdos presentes nele. “Também chamados de manuais didáticos ou manuais
escolares, os livros didáticos podem ser compreendidos apenas como um recurso
didático ou um suporte para o ensino” [GARCIA, 2007:5].
O professor deve
escolher cautelosamente o material a ser utilizado, tendo domínio sobre o
conteúdo a ser passado e analisado, permitir a expressão livre do aluno, e
garantindo que o conteúdo seja adequado a faixa etária do aluno, para que a
aula não se transforme em “sessão da tarde” e se debruce no vazio.
Os recursos
audiovisuais não podem ser meras ilustrações do conteúdo ou exemplos do
discurso do professor, devem seguir uma lógica e intenções claras sobre o que
está sendo analisado.
A qualidade do ensino,
perpassa a qualidade na formação docente, demandando uma formação densa e
continuada dos profissionais da educação. Assim, o professor das séries
iniciais, pedagogo em excelência, deve procurar fundamentar sua prática, não
confundindo-se com historiador, mas dentro de suas atribuições planejar e
propor um ensino de história diferenciado, como preconiza Oliveira [2013:20] ao
parafrasear Paraná [2015]:
“(...) o professor
deve organizar seu trabalho pedagógico baseando-se em fontes históricas
diversas como documentos escritos, iconográficos, registros orais, testemunhos
de histórias local, fotografia, cinema, quadrinhos, literatura e informática,
esses materiais são de grande valia na constituição do conhecimento histórico e
podem ser aproveitados de diferentes maneiras em aula”.
A mediação didática
deve ser acompanhada de adaptações a linguagem do aluno e sua cognição,
considerando que as informações contidas no livro didático tem um aspecto
estático e homogêneo e, as narrativas oficiais são colocadas como verdades
absolutas e reforçadas pelo calendário. Nesse sentido, a prática docente deve
ultrapassar as páginas do livro didático, destituindo do livro, o papel de
centralidade no campo da didática escolar.
Considerações
finais
O professor pode
trabalhar história a partir das imagens presentes no livro didático, quando
possível ampliando e realizando analises em grupo; o professor pode realizar
comparações entre as imagens do livro e imagens de revistas, sites, de outros
livros, ou fotos registradas pelos próprios alunos; o professor pode trazer
outras versões sobre os fatos descritos e comparar com a versão do livro.
Aliado as
possibilidades didáticas, o professor deve organizar e pensar sobre os seus
processos avaliativos, ora, do que adianta utilizar recursos diferenciados com
métodos de avaliação inadequados para determinada faixa etária, ou sem
critérios previamente escolhidos e explicados para o aluno? O avaliar contribui
na qualidade do ensino, na medida em que permite um acompanhamento sobre o
desempenho do aluno, assim como identifica as dificuldades e assertivas do
educando, auxilia ainda no julgamento acerca da metodologia escolhida.
O professor não deve
se intimidar com as limitações do currículo, e sim priorizar e aperfeiçoar os
caminhos metodológicos sobre o que pretende ensinar, ou seja, se requer do
professor, uma postura crítica, de pesquisador, de ser político e comprometido
com a qualidade do ensino e com o desenvolvimento pleno do educando.
Ensinar história necessita
planejamento, transformando aulas engessadas em momentos sistematizados ludicamente,
onde o aluno é posto a pensar e refletir sobre o que sendo discutido, se
reconhecendo como fruto e produtor da história.
Os recursos didáticos
audiovisuais não devem ser utilizados como “passa tempo”, e sim com objetivos
nitidamente definidos de modo a ocuparem nos planos de aula, espaço de suporte
didático. Os suportes técnicos devem ser agregados as aulas, sendo ferramentas
de domínio do professor.
Um ensino diferenciado
significa reinventar e elaborar a prática docente, destacando a necessidade de
atualização e formação continuada, é a possibilidade de permitir a formação
integral e reflexiva do educando, além de compreender que educação e história
são construções “coletivas”.
Referências
Wilverson
Rodrigo Silva Melo (autor) - É
Mestre em História pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Doutorando
em História Contemporânea pela Universidade de Évora (UÉVORA) e Sócio efetivo
do Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós (IHGTap). E-mail: w.rodrigohistoriador@bol.com.br.
Raquel dos Santos Correa (coautora) – É
graduada em Licenciatura Plena em Pedagogia da Universidade Federal do
Oeste do Pará (UFOPA). E-mail: raquel-dsc1@hotmail.com
BORGES, Maria Aparecida Quadros; BRAGA, Jezulino
Lúcio Mendes. O Ensino de História nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
Disponível em:<http:www.unilestemg.br/revistaonline/volumes/01/.../artigo_09.doc>acesso
em: 14 out 2011.
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GARCIA, Tânia Maria F. Braga. O Uso do Livro
Didático em aulas de História no Ensino Fundamental. In: VI Encontro Nacional
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HOLANDA, Patrícia Helena Carvalho; SILVA NETA,
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de (Re) Significar o Ensino de História. In: MAGALHÃES JUNIOR, Antônio Germano;
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NORA, Pierre. Entre memória e história: a
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Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Medianeira, 2013.
RÜSEN,
Jörn. História viva: formas e funções do conhecimento histórico. Brasília:
Editora da UNB, 2007.
Bom dia,
ResponderExcluirEm relação aos lugares de memoria e o do desenvolvimento da consciência histórica. Principalmente para as series iniciais talvez sejam relevantes algumas metodologias didáticas como apresentações e filmes. Existe alguma metodologia que traria maior desenvolvimento dessa historicidade nos alunos desses series iniciais?
André Vinícius Gomes de Carvalho
Saudações Prezado André Carvalho!
ExcluirPrimeiramente queremos agradecer pela sua leitura e contribuição neste texto.
Quanto a sua pergunta André, creio que nela mesmo você já contemplou as possibilidades de uso das metodologias ativas para o ensino de história com os alunos das séries iniciais.
Pensamos ser fundamental trabalhar com o uso de imagens com as crianças, seja uma imagem arquivada (fotografia, xilogravura, etc), seja uma imagem em movimento (a exemplo dos filmes).
Nesse sentido, trabalhar a análise iconográfica por meio do sócio interacionismo em sala de aula, muito contribuirá com o processo metacognitivo da criança em aprender sobre a historicidade presente nos lugares de memória, bem como o desenvolvimento dos níveis de sua consciência histórica.
Vamos dialogando...
Cordialmente, Wilverson Melo e Raquel Corrêa.
A disciplina e conteúdo de História nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental tem pouca atenção e espaço para discussão. Contudo, a vejo como importante na formação inciail da criança cidadã e sujeito histórico. Como articular todas a sugestões feitas por vocês de uso de história local, música, filmes, documentários dentro destas limitações curriculares?
ResponderExcluirClarice Bianchezzi
Saudações Prezada Clarice Bianchezzi!
ExcluirPrimeiramente agradeço a leitura do texto e os questionamentos levantados, penso que suscitam um grande momento de reflexão e diálogo historiográfico sobre o Ensino de História.
Por ser dinâmico e flexível, não sugerimos uma "receita pronta" para se trabalhar as metodologias didáticas numa perspectiva do Ensino de História. Entretanto, acreditamos que a articulação do uso da história local, das músicas, dos filmes e dos documentários podem ser realizados por meio da interdisciplinaridade, da interculturalidade, da interação entre o saber escolar e os saberes locais e por meio do uso das "sequências didáticas" no âmbito da transversalidade - que dependendo da idade/série do aluno, poder mais ou menos acentuada.
Vamos dialogando...
Cordialmente, Wilverson Melo e Raquel Corrêa.
Muito relevante a discussão sobre o ensino de História nos Anos Iniciais, sendo que a maior parte dos(as) profissionais que atuam nesse campo não são formados em História, mas sim em Pedagogia ou cursos de formação de docentes. Dessa maneira, muitas vezes o ensino de História pode se tornar superficial, já que o(a) professor não possui um amplo conhecimento teórico sobre a história. Nesse sentido, como os professores dos Anos Iniciais podem aprimorar seus conhecimentos históricos e assim possam promover um ensino com contexto, reflexão e crítica?
ResponderExcluirUm segundo questionamento é sobre a linguagem, no decorrer do texto foi a apontada a adaptação da linguagem de acordo com a faixa etária, nesse sentido, que tipo de adaptação da linguagem seria necessária para ensinar história para crianças que ainda não foram alfabetizadas e que consequentemente não possuem um amplo vocabulário?
Isabelly Pietrzaki Pereira
Olá, Isabelly Pietrzaki Pereira.
ExcluirInicialmente. agradece-la pela atenção e oportunidade de dialogo. De fato, o pedagogo não possui a mesma formação que um licenciado em história, logo, em sua formação a profundidade sobre o campo teórico da história pode e deve ser diferenciado. Dessa forma, o professor das séries inciais, requer procurar em sua prática e formação, solidificar seus conhecimentos teóricos e práticos, seja por intermédio de participações em oficinas, seminários, e afins, seja através de especializações e outros níveis, cursos e diálogo com profissionais formados em história. A busca pelo conhecimento, não é tarefa somente do aluno, mas também, do docente, pesquisas e leituras continuas contribuem com a qualidade da prática docente.
Acerca de seu segundo questionamento... é justamente a partir da ampliação do vocabulário da criança não alfabetizada que devemos partir para elaborar nossas estratégias didáticas. Trabalhar com crianças nessa fase, requer o trabalho com recursos audiovisuais, explorando o uso de imagens, videos, músicas, teatro, etc. Contudo , a utilização de atividades ou recursos sob a égide da escrita podem favorecer o processo de alfabetização infantil, pois, o alfabetização deve ocorrer simultaneamente dentro dos espaços (fazendo referência a lógica de disciplinas usada atualmente na educação básica) de todas as disciplinas.
Atenciosamente, Raquel Correa e Wilverson Melo.
Gostaria de enfatizar que a pesquisa se apresenta como um estudo relevante para o debate sobre o ensino de história nas séries iniciais, tendo em vista, que nesse período de formação, é imprescindível que a criança se reconheça como um ser histórico, capaz de agir e transformar, a si, e o mundo onde vive. Neste sentido, é necessário um esforço, no âmbito do ensino de história, da produção de metodologias eficazes, de forma que elas possam ser ferramentas capazes de contribuir para a formação da cidadania, priorizando o debate sobre o respeito e a superação do preconceito.
ResponderExcluirParabéns pelo estudo.
Megi Monique Maria Dias
Olá, Megi Monique Maria Dias.
ExcluirAgradecemos pela possibilidade de dialogo conosco. Ficamos em felizes em perceber que você percebeu a intenção do estudo e compartilhar de nossa preocupação com ensino de história nas series inciais. É importante frisar, que a qualidade na formação docente pode contribuir fortemente para solidificar essa visão do ensino de história como possibilidade de fazer com a criança(aqui uso suas palavras) (...) "se reconheça como um ser histórico, capaz de agir e transformar, a si, e o mundo onde vive".
A produção de metodologias eficazes e até mesmo uso de ferramentas já existentes, aparecem nessa discussão como caminho possível para se trabalhar a cidadania, a criticidade, o respeito ao outro, a própria história e as singularidades presentes no contexto escolar.
Atenciosamente, Raquel Correa e Wilverson Melo.
Boa tarde! As considerações dos autores em relação ao ensino de História nos anos iniciais é muito importante para que os professores conheçam novas formas de ensinar História.
ResponderExcluirA pedagogia tradicional na maioria das vezes não é atraente e também não possibilita que o aluno tenha contato com a bagagem histórica do conhecimento. Diante disso, as considerações dos autores sobre novas formas de ministrar a disciplina História são relevantes para que os docentes aprimorarem suas metodologias. A partir desta perspectiva, qual a sugestão dos autores para trabalhar o tema consciência negra nas séries iniciais?
Iamília Brito de Oliveira
Prezada, Iamília Oliveira.
ExcluirAgradecemos sua contribuição em nossa discussão.
A consciência negra é uma temática bastante relevante para se trabalhar nas séries iniciais, contudo, em algumas escolas, é vista ainda apenas como uma data comemorativa. Nesse sentido, o primeiro passo seria, apresentar a importância da consciência negra (da data em si e principalmente do contexto histórico e social) no planejamento didático e impreterivelmente na prática docente. O educando precisa compreender a relevante da temática trabalhada e conseguir enxergar os entrelaçamentos do tema com suas vivencias e contexto. Dito isso, um caminho seria trabalhar os personagens e recortes históricos ligados ao tema, através da produção de desenho, artefatos, peças teatrais, a proposta de pesquisas em campo ou na internet sobre o tema coloca o aluno como agente ativo no processo de buscar e levantamento de literatura e conhecimentos, essas atividades podem culminar em exposições ou sarais culturais, mostrar através da música, pintura, videos, apresentações orais, e etc, o resultado do trabalho do educando com o auxilio e direcionamento do professor.
Para concluir, é importante leva discussões que abarquem a reflexão a respeito da igualdade racial, estimular o conhecimento sobre as tradições africanas e identificar de que maneira elas influenciaram a cultura brasileira, trabalhar na perspectiva de desconstrução de discursos preconceituosos e europeizados diante da temática e da formação histórica e social do Brasil, e etc.
Atenciosamente, Raquel Correa e Wilverson Melo.
Boa tarde! Ensinar História a partir do contexto em que o aluno está inserido sem dúvida é muito importante para se ter uma boa aprendizagem. Diante disso, como o docente pode trabalhar, por exemplo, o dia do índio com os recursos audiovisuais com alunos que ainda estão sendo alfabetizados?
ResponderExcluirRana Thaís Brito de Oliveira
Saudações Prezada Rana Oliveira!
ExcluirObrigado desde já por tua contribuição e estímulo neste exercício de reflexão conjunta.
Veja, como mencionei a Lidiane em outro post, muito além de somente trabalhar o dia do índio, poderíamos trabalhar a temática da "educação para as relações étnico-raciais", por exemplo, poderiamos ampliar o ensino sobre as diferenças, a pluralidade cultural e a etnicidade... e isto, não necessariamente precisaria ser trabalhado em "datas comemorativas", mas sim ao longo do ano escolar por meio da transversalidade e interculturalidade.
Mas em se tratando da temática da história e cultura dos povos indígenas, poderiamos trabalhar em sala de aula o processo de descontrução do estereótipo de "índio" introduzido pelo europeu. Devemos trabalhar a historiografia sobre os povos indígenas, suas organizações sociais, econômicas e culturais, bem como iniciar o debate da etnogênese e o processo de afirmação étnica.
No tocante a crianças que estão sendo alfabetizados, é fundamental o uso da iconografia, seja por meio do uso de imagens estáticas (fotografia, gravuras) ou por meio das imagens em movimento (vídeos, filmes), atentando principalmente para o processo de representação social presente nas imagens, pois uma imagem nunca retrata o real, mas sim uma representação de um passado e contexto possível, como afirma Chartier e Ana Maria Mauad.
Vamos dialogando...
Cordialmente, Wilverson Melo e Raquel Corrêa.
Vocês acham que o ensino de história nos anos inicias deveria ser regionalizado (município) , e assim, somente nos anos finais aprenderem a contextualizar sobre a história do Brasil e do mundo?
ResponderExcluirAtt.: Lidiane Álvares Mendes
Saudações Prezada Lidiane Mendes!
ExcluirObrigado desde já por sua contribuição e provocação epistêmica.
Veja, trabalhar a perspectiva da História Local por si só já é complexo, pois deveriamos partir de uma História conceitual para definir o que podemos entender por "história local/regional".
Com os novos postulados da BNCC, não acreditamos que o caminho seja reduzir as discussões historiográficas com os alunos das séries iniciais, mas sim, devemos utilizar a polidez linguística, a interdisciplinaridade e a intersecção sentre o saber histórico em sala de aula com os saberes tradicionais.
Assim, ao trabalharmos a temática da "educação para as relações étnico-raciais", por exemplo, poderiamos ampliar o ensino sobre as diferenças, a pluralidade cultural e a etnicidade... e isto, não necessariamente precisaria ser trabalhado em "datas comemorativas", mas sim ao longo do ano escolar por meio da transversalidade e interculturalidade.
Vamos dialogando...
Cordialmente, Wilverson Melo e Raquel Correa.
Enquanto disciplina escolar, a História acaba por inserir-se em um contexto de identidade nacional. Muitas vezes sendo um ensino passado de maneira linear, mesmo sendo uma disciplina bastante teórica, deve-se lembrar que teoria e prática não se separam, há uma grande necessidade de dinamizar o ensino de História para um melhor aproveitamento, usando de eixos temáticos, vindo a explorar fontes diversificadas, podendo vir a utilizar filmes, revistas, livros, áudios entre outros. Contudo a educação não se faz igual em todo lugar, há escolas que não dispõe de materiais diversificados, tais fontes não estão ao alcance do aluno, muitas vezes nem mesmo tem acesso ao livro didático. Levando isto em consideração, quais habilidades podem ser desenvolvidas para que não haja prejuízos no que diz respeito a transmissão e aquisição de conhecimento nas séries iniciais, mas sim um trabalho e uma experiência satisfatória ?
ResponderExcluirLuana Kulicz
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ResponderExcluirVocê acha importante trabalhar as mais variadas datas comemorativas, não apenas as abordadas comumente mas também datas que talvez sejam pouco lembradas? Isso seria uma forma de situar o aluno na História? De que formas poderiam ser trabalhadas de maneira a ter conexão com outras disciplinas?
ResponderExcluirLuana Kulicz
Boa noite, parabéns pelo artigo. Meu questionamento é a respeito da participação ativa dos alunos das séries iniciais, visto que o conteúdo ensinado muitas vezes parece distante gerando desinteresse por parte das crianças. Como é possível adaptar o conteúdo de forma com que os alunos sintam-se incluídos e instigados a participar ativamente do processo de aprendizagem?
ResponderExcluirOlá.
ExcluirImportante seu questionamento. O interesse do aluno recai sobre alguns fatores, desde a metodologia e ferramenta utilizadas até ao cotidiano do aluno (se ele comeu antes de ir para aula, condições de saúde e emocionais, etc). Portanto, inicialmente, o professor precisa conhecer o seu aluno e partir disso construir sua proposta didática. O uso de ferramentas audiovisuais podem ajudar a resgatar o interesse do educando, bem como, uso de filmes, fotografias, musica, videos, etc. A opção por atividades mais praticas pode ser um caminho interessante, propor encenações, produção artística ou visitas guiadas por museus e lugares ligados a temática trabalhada.
Atenciosamente, Raquel Correa e Wilverson Melo.