Ruhama Ariella Sabião Batista e Taíse Ferreira Conceição Nishikawa


O ENSINO DE HISTÓRIA LOCAL: QUATIGUÁ NA REVOLUÇÃO DE 1930



Introdução
Pertencimento. Essa é a palavra que define o principal objetivo do Ensino de História Local. O que significa pertencer a um lugar? Qual é a identidade que viver nesse espaço me permitiu construir? O que eu conheço do lugar em que vivo? Essas e muitas outras perguntas nortearam o seguinte trabalho, fruto de reflexões e pesquisas no âmbito da disciplina de Metodologias do Ensino de História, na Universidade Estadual do Norte do Paraná, no ano de 2014.

Na ocasião, realizamos a atividade intitulada “Por Amor às Cidades”: Natureza versus Progresso na Formação dos Núcleos Urbanos do Norte do Paraná”, sob a orientação da professora da disciplina.  Buscamos a discussão da História e a Memória das cidades que compõem a geografia do Norte do Paraná. A discussão da incorporação da história local no ensino de História e o desenvolvimento de material didático para as séries do ensino fundamental e médio. Desenvolvemos uma abordagem temática referente ao final do século XIX e início do século XX, época em que as localidades que atualmente compõem o que chamamos de Norte do Paraná, mais precisamente o considerado “Norte Pioneiro”, receberam incentivos para o seu desenvolvimento. Por isso chamamos esta temática de “A imagem do Progresso (1880-1940)”, por se tratar de uma época em que o Brasil se encontrou em profundas transformações políticas e sociais.

Voltamos nossa atenção para as fotografias. Reconhecemos que este material constitui uma rica fonte para a compreensão das histórias locais, possui informações sobre formas de concepção de mundo, as intenções dos autores e revelam aspectos da sociedade em que foi produzida. Entendemos a relação dialética entre passado e presente proposta pelas imagens e como que este material permite o diálogo com contextos históricos diferenciados.  O trabalho com as imagens possui o objetivo de problematizar a condição do ser social, a partir de sua própria historicidade. Como afirma a historiadora Ana Maria Mauad (1996) a fotografia é o resultado de uma ação seletiva, em que a escolha ocorre dentro de um conjunto de possibilidades. Esta ação possui uma relação estreita entre a visão de mundo daquele que aperta o botão da máquina e capta o instante fotográfico. A fotografia é um instrumento que acompanha o desenvolvimento do mundo moderno que democratizou a própria história.

Neste trabalho buscou-se analisar uma fotografia que fizesse parte da colonização do Norte Pioneiro do Paraná, principalmente nas primeiras décadas do século XX, e que permitisse conhecer a história dessa localidade. Por isso, a fotografia escolhida retrata um episódio da Revolução de 1930, na cidade de Quatiguá – PR durante um dos combates entre paulistas e gaúchos, no contexto da Crise da República Velha e da Crise da Bolsa de Nova York, em 1929. A fotografia foi analisada e apresentada inicialmente no âmbito acadêmico, levantando reflexões sobre historiografia do Brasil e do Paraná, e também, e essencialmente, sobre o Ensino de História Local. Posteriormente, foi ministrada uma aula sobre a fotografia, apoiada de outros recursos para estudantes da cidade de Quatiguá, com o fim de perceber as narrativas acerca desse episódio, no que esse contexto apresentado agregava ao sentimento de pertencimento deles e como o conhecimento que eles tinham agrega para a construção da história da cidade.

O Ensino de História Local

O tema deste trabalho se torna relevante na medida em que se integra aos debates do Ensino de História e a sua dimensão na História Local. Compreende-se que existe a urgência de levar em consideração a vivência dos alunos, o que de acordo com Schmidt (2007, p. 187) envolve a necessidade de “articular seus conhecimentos prévios com as informações e dados coletados e, portanto, construindo coletivamente certo tipo de conhecimento sobre aspectos da história local relacionados com a história mais ampla”.

No decorrer do século XX a maneira como a História passou a ser pensada com a Escola dos Annales, mudou além das produções historiográficas, as perspectivas do pensamento histórico, deixando de ter uma leitura somente atenta às elites para ser uma narrativa mais ampla, analisando outros pontos da sociedade e “assumindo a vanguarda da renovação historiográfica” (BARROS, 2012, p. 3). A proposta da Escola dos Annales em se utilizar de outras áreas do conhecimento para a História possibilitou uma visão mais detalhada de determinados acontecimentos e tempos, contribuindo também para o Ensino de História.

Essa nova perspectiva da historiografia contribuiu para que fossem incluídos novos métodos no Ensino de História, como o uso de documentos (fontes históricas) e documentos não escritos (visita á museus, música, filmes, fotografias), mudando a perspectiva de se ensinar História. Um desses documentos, que contribuem para um ensino de História crítico, é a fotografia. Em sua essência, essa fonte passou a ser difundida no século XX no uso de documentos pessoais e registros de guerras, eventos. Como a imagem apresenta ser algo somente como a representação de uma realidade, passa por si só a impressão de neutralidade, porém a fotografia carrega consigo um propósito que é manipulado pelo fotógrafo em prol de seus interesses (BITTENCOURT, 2005).

Na vida escolar do aluno, mais precisamente nas aulas de História, ele tem a sua disposição fatos que ocorreram em diferentes contextos, entretanto, na maioria das vezes esses acontecimentos não trazem significação ao aluno, por não fazerem parte da sua vivência. A intenção de se trabalhar a História Local incorporado aos conteúdos de História Geral vem com esse propósito: que o aluno conheça aspectos da sua história e que o conteúdo implique na sua formação.

Contudo, apesar dos consensos existentes acerca da importância da história local para a formação dos alunos do ensino fundamental, médio e superior, é muito difícil encontrar meios para a concretização desses objetivos. Uma das possibilidades para a inclusão da história local na disciplina histórica é a escolha de um ponto de partida que possa ser articulado como uma janela para o mundo. Ao invés de manter uma visão cronológica da História, desde os remotos tempos dos homens das cavernas aos dias atuais, em sentido único, sucessivo e irreversível, buscamos desenvolver com os alunos da graduação a consciência de que existem outras possibilidades do fazer histórico.

A realidade local não possui em si a chave para todas as explicações acerca das questões culturais, políticas e econômicas. Estas questões dialogam com as demais localidades, muitas vezes com outros países e com processos históricos mais amplos. E, ao abordar a história local para indicar a construção da identidade, não podemos deixar de lembrar que vivenciamos um processo de mundialização e, por conseguinte não somos apenas homens e mulheres que se relacionam estritamente com o nosso meio local, mas que a nossa história está ligada a demais referências: o nacional, latino, ocidental, mundial (SCHMIDT; CAINELLI, 2004).

Assim, quando buscamos a inserção da história local em sala de aula, evocamos outra maneira de pensar a história. Propomos o desenvolvimento de uma problemática que envolve a aprendizagem e os problemas referentes aos juízos de valor, anacronismos, e a reflexão sobre outras perspectivas que ultrapassem os valores etnocêntricos, eurocêntricos e dogmáticos. A história local pode ser vista como uma proposta pedagógica, que visa a compreensão do conhecimento histórico através das questões que podem ser de interesse do aluno e que estão vinculadas ao seu cotidiano. E desta forma, já que não temos de fato a incorporação curricular em todos os níveis de ensino da história local, podemos relacionar através da seleção de recortes os aspectos que poderão ser analisados no conjunto dos temas para a aprendizagem (SCHMIDT; CAINELLI, 2004).

A fotografia do combate em trincheira em Quatiguá na Revolução de 1930

A fotografia pertence ao Acervo do Coronel José Nogueira Sampaio, este presente na foto, com 18 anos como cadete da Força Pública de São Paulo. Foi tirada no dia 12 de outubro de 1930, em Quatiguá – PR, erroneamente chamada na época de “Catiguá”.
  

Figura 1 - Episódio de Quatiguá na Revolução de 1930 
Fonte: Acervo do Coronel José Nogueira Sampaio.

O evento em questão decorreu da crise da República Velha e da política do café-com-leite, encerrando assim com a tomada de poder por Getúlio Vargas. O trabalho possui relevância a respeito da História local, pois realizaremos estudos sobre os motivos que levaram a ocorrer o combate no Norte do Paraná. A posição geográfica e o fácil acesso à região de Bauru reuniram forças mineiras e gaúchas contra os paulistas e marcharem até o Rio de Janeiro, capital do Brasil.

Com a crise da bolsa de Nova Iorque em 1929, a exportação do café do Brasil foi extremamente afetada, fazendo com que os fazendeiros do café recorressem a ajuda do governo que com a crise acabou falindo, não conseguindo quitar as dividas externas do país. Desde antes desse fato a política republicana havia sendo contrariada por muitos, pois era dominada pelas oligarquias, e não tendo um imperador que ditasse a ultima palavra, faltavam regras claras em relação a sucessão de poder.

Os paulistas eram os maiores produtores e exportadores de café e Minas Gerais tinha a maior população, com isso eles obtinham uma maior influência de votos na política. Com a “política do café com leite” e o domínio dessas oligarquias deram origem a diversos conflitos e revoltas. Na opinião da população a Monarquia superava a República, como afirma Del Priore (2011) aos olhos de muitos cidadãos que vivia à época a vida política republicana havia se transformado, na maioria das vezes, em um campo de tiroteio e emboscadas e não de diálogo e negociações.

Com as revoltas populares que emergiram no início do século XX, o sistema político republicano entrava em decadência tendo seu estopim quando o então presidente Washington Luís não indicou um mineiro para sucedê-lo, mas sim seu conterrâneo Júlio Prestes. Os mineiros revoltados com a situação selaram o acordo com importantes políticos do Rio Grande do Sul e da Paraíba, formando a Aliança Liberal que indicou Getúlio Vargas ao poder.

Nas eleições de 1º de março de 1930 os aliancistas foram derrotados e foram eleitos Júlio Prestes e Vital Soares, porém não chegaram a tomar posse. Com o assassinato de João Pessoa, candidato a vice-presidente de Getúlio Vargas, as oligarquias dissidentes iniciaram o movimento pela deposição do presidente.
Muitos pensavam que a sustentação política da Revolução de 1930 era muito frágil e que não podia ser vitoriosa. A revolução teve inicio no dia 3 de outubro, no mesmo dia o Rio Grande do Sul e a Paraíba já haviam sido tomados, seguidos pelo Ceará, Pernambuco, Minas Gerais e Paraná. A situação era favorável aos revoltosos, pois jagunços, tenentistas e militares descontentes acreditavam que a Revolução podia atender as suas expectativas contra a política oligárquica. Mesmo com a resistência de alguns generais, no dia 3 de novembro de 1930, Getúlio Vargas assume o poder, encerrando assim a “política do café-com-leite” e a República Velha.

Nesse contexto, encontra-se o combate na cidade de Quatiguá – PR. Teve características aparentemente modernas, fazendo o uso de trincheira, característica da Primeira Guerra Mundial, na época uma novidade em guerras.
Na época, o Norte Pioneiro do Paraná era conhecido apenas como “Ramal Ferroviário do Paranapanema”, as cidades ainda estavam se desenvolvendo, sendo pequenos municípios a compor a região. A importância dessa região se dava pelas ferrovias construídas para o transporte do café. Pelo Norte Pioneiro, era possível as tropas gaúchas chegarem a São Paulo de diversas maneiras:
“Pelo Norte Pioneiro poderiam chegar por via férrea até diante de Ourinhos-SP, poderiam atravessar o Rio Paranapanema pela Ponte Pênsil “Manuel Alves de Lima”, em Ribeirão Claro ou transpor o Rio Itararé em Porto Maria Ferreira ou em Carlópolis, adentrando assim ao Estado de São Paulo (BONDARIK, 2009)”.

Os revoltosos chegaram até a Colônia Mineira, atual Siqueira Campos, nos próximos dias iriam a Affonso Camargo, atual Joaquim Távora, em Joaquim Távora eles encontrariam os primeiros adversários, compostos pela da Força Pública de São Paulo, vindos de Quitaúna e ainda com reforços de voluntários civis recrutados pelo deputado federal Ataliba Leonel. As tropas gaúchas retrocedem a Quatiguá, onde vão enfrentar seus adversários.

“Duas colunas paulistas avançaram pelo Norte Pioneiro do Paraná, a primeira era liderada pelo coronel Sandoval, comandante da Academia da Força Pública de São Paulo e havia partido de Ourinhos, a segunda era conduzida pelo Major Agnello de Souza, oficial do Exercito e avançando desde Piraju-SP, passou por Fartura e Carlópolis. O objetivo destas forças era chegar até Colônia Mineira, controlando o Ramal do Paranapanema e fechar caminho aos revoltosos. A partir daí poderiam auxiliar no contra-ataque legalista na frente de combate Sengés-Itararé (BONDARIK, 2009)”.

Depois da vitória das tropas gaúchas no combate, seguiram Carlópolis, Ribeirão Claro, Jacarezinho, até chegarem em Ourinhos-SP e seguirem até Bauru, onde em encontro com as tropas mineiras, cercando o Estado de São Paulo, sua capital e interior, sendo obrigados a aceitarem a vitória da Revolução.

Atualmente, não existe mais a trincheira na cidade de Quatiguá, porém o seu marco fica próximo ao centro e da linha de trem que passa pela cidade. Os habitantes mais antigos ainda conhecem a história do acontecido e sabem onde fica o marco, mas não é sempre relembrada e os mais jovens em sua maioria não sabem do ocorrido em sua cidade.

Ao observar que a fonte é de origem iconográfica, é necessário nos interrogar para que possa se obter a informação correta acerca da mesma. Na fotografia da trincheira na batalha ocorrida em Quatiguá, em 1930, notamos algumas características que foram observadas com os alunos posteriormente. A imagem mostra homens se preparando para uma batalha que será travada, essa afirmação pode ser definida pelas armas em punho, pelas fardas e pela formação defensiva que esses homens se apresentam na imagem. Por fazer parte do Acervo do Coronel José Nogueira Sampaio, na foto com 18 anos como cadete da Força Pública de São Paulo, aumenta ainda mais as indagações feitas acerca dela e dos reais motivos pelos quais foram escolhidas essas posições, esse momento na trincheira.
Assim, em seu desenrolar houve intrigas das quais acabaram desencadeando o evento do qual se foi intitulado a Revolução de 1930, da qual nos faz questionar o conceito de Revolução aplicado a esse evento. Realmente houve uma revolução? Se houve, para quem realmente ocorreu? Foi para todos ou apenas para alguns que realmente gerou essa significância? Por isso ao se analisar a imagem, vê-se que ela por si só reconstrói uma realidade com uma linguagem própria, mas a partir dela e inserida em seu contexto histórico, podemos nos utilizar de novas leituras acerca desta fonte, levantando questionamentos acerca da veracidade dela e como ela se impõe como documento em seu tempo histórico.

A metodologia aplicada aos estudantes de Quatiguá

Para colocar em prática a utilização da fotografia como a própria aula e auxiliando a compreender o contexto histórico da fonte, foi ministrada uma aula para uma turma de 9º ano do Ensino Fundamental II, no Colégio Estadual João Marques da Silveira, em Quatiguá, único colégio do município que oferece Ensino Fundamental II e Médio.

Com isso, foram levadas algumas reflexões com os alunos sobre se esse conflito teria relevância na construção da história do município ou se foi somente algo que passou por ali e não deixou marcas. Poucos alunos sabiam que o monumento no centro da praça da cidade é dedicado aos soldados que foram mortos no combate.


Figura 2 - Monumento dedicado aos soldados mortos em combate 
Fonte: a autora (2014).

O monumento traz as seguintes palavras “Homenagem do povo de Quatiguá aos heróis tombados em 1930”. Então foi questionado com os alunos se aqueles soldados realmente tiveram importância para a cidade, em que momento foi construído o monumento e quais foram as intenções, e se as pessoas que vivem na cidade sabem do que se trata, já que a instituição fica em frente ao monumento e nenhum dos alunos da sala em que a aula foi aplicada sabia que se tratava da Revolução de 1930.

Ademais, os alunos contaram histórias de avós e vizinhos que também ouviram histórias, o que remete a pensar em como a história oral, contada de geração a geração permanece, mas nem sempre faz o mesmo sentido entre as diferentes gerações. Foi interessante perceber que os alunos ficaram muito surpresos e se interessaram ainda mais pelo contexto nacional e internacional do período abordado ao perceberem que havia relação com o lugar em que viviam.

Considerações Finais

Ao se deparar com a fotografia do combate em Quatiguá, logo se viu muitas possibilidades para trabalhar a história em sala de aula, sendo que somente a fotografia já significava debates pertinentes a uma aula toda. Entretanto, como houve a oportunidade de levar a temática aos alunos da escola pública do município, pode-se acrescentar ainda mais e ampliar o debate na medida do tempo que foi oferecido.

A experiência obtida em sala de aula veio a somar nos desafios de incorporar as pesquisas acadêmicas às práticas docentes, pois se trabalhadas de forma adequada com os alunos, e com um rigor metodológico que não seja incompreensível aos alunos, contribuem de forma ímpar para a formação dos mesmos e na construção de suas identidades.

Referências:
Ruhama Ariella Sabião Batista é mestranda em História pela Universidade Estadual de Ponta Grossa e graduada em História pela Universidade Estadual do Norte do Paraná.
Taíse Ferreira Conceição Nishikawa é doutora em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e professora na Universidade Estadual do Norte do Paraná.

BARROS, José D’Assunção de. Fernand Braudel e a Geração dos Annales. Revista Eletrônica História em Reflexão. Vol. 6 n. 11 – UFGD - Dourados jan./jun., 2012. Disponível em: <ojs.ufgd.edu.br/index.php/historiaemreflexao/article/download/1883/105>. Acesso em: 08 mar. 19.

BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2005.

BONDARIK, Roberto. Confrontos armados da Revolução de 1930 no Paraná: o combate de Quatiguá. In: Anais Eletrônicos.. IV Congresso Internacional de História, 9 a 11 de setembro de 2009. UEM: Maringá, 2009. Disponível em: < http://www.pph.uem.br/cih/anais/trabalhos/630.pdf >. Acesso em: 08 mar. 19.

DEL PRIORE, Mary. O Livro de Ouro da História do Brasil. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002.

MAUAD, Ana Maria. Através Da Imagem: Fotografia E História Interface. Rev. Tempo, Rio de Janeiro, vol. 1, n. 2, 1996, p. 73-98.

SCHIMIDT, Maria Auxiliadora; CAINELLI, Marlene. A História Local e o Ensino de História. In: Ensinar História: Pensamento e Ação no Magistério. São Paulo: Scipione, 2004. p. 111-124.

SCHMIDT, Maria Auxiliadora. O ensino de história local e os desafios da formação da consciência histórica. In: MONTEIRO, A.M.; GASPARELLO, A.M.; MAGALHAES, M.S.. (Org.). Ensino de História: sujeitos, saberes e práticas. 1 ed. Rio de Janeiro: Mauad X; FAPERJ, 2007, v. 1, p. 187-198.



2 comentários:

  1. Bom dia. Primeiramente, gostaria de parabenizar pelo excelentíssimo e seminal trabalho apresentado. Sabemos que desde a ascensão do paradigma das microabordagens, que coincidiu com o ascensão do pensamento pós-moderno, a Hitória Local passou a ocupar um lugar privilegiado no terreiro historiográfico, por assim dizer. Sem dúvida, um dos documentos mais apropriados para se trabalhar nessa perspectiva é a fotografia.
    Pensando nisso, quero perguntar o seguinte: Como trabalhar com a fotografia em sala de aula, inserida dentro de uma discussão sobre a História Local, sem dá a entender que ela se trata de um simulacro do real, mas sim de um documento construído a partir de uma intencionalidade?

    Raimundo Nonato Santos de Sousa

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  2. Boa tarde Raimundo, muito obrigada pelo comentário e questionamento.

    Uma de nossas preocupações sempre foi essa ao analisar fotografias na sala de aula, ainda mais se tratando de fontes que trazem à tona a memória coletiva e sentimentos de grupos locais, ou seja, podem tocar em feridas. Outros trabalhos privilegiaram muito bem essa questão, e a partir da nossa experiência do trabalho como um conjunto podemos discutir um pouco.

    Quando tratamos com os alunos, por exemplo, as "selfies", e as postagens em redes sociais, cabe refletirmos com os mesmos: "Até que ponto essa fotografia demonstra a vida real da pessoa retratada?", "Você realmente estava muito feliz quando tirou essa foto?", ou "Essa comida estava tão gostosa antes de comer, quanto depois que já havia comido?", entre outros questionamentos atuais que permitem levá-los à uma reflexão acerca dessas fotografias. Da mesma forma como hoje as fotografias não podem significar uma realidade, naquele momento histórico também não. Ademais, elas são carregadas da intencionalidades, e, muitas vezes, não são somente uma representação do real, mas uma distorção, o que é ainda mais complexo ao analisar fotografias.

    Enfim, a fotografia é uma fonte que deve ser constantemente analisada e revista com os alunos, partindo principalmente da realidade deles e do que os mesmos já conseguem perceber como sujeitos ativos na história e realidade na qual vivemos.

    Agradecemos novamente pelo comentário, e esperamos ter contribuído de alguma forma com a sua questão!

    Abraços,
    Ruhama Ariella Sabião Batista.

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