Introdução
O presente trabalho
tem como finalidade expor os resultados preliminares da pesquisa de iniciação
científica realizada durante o período de 2018 a início de 2019, que envolvem a
relação entre as questões do espaço agrária e o ensino de História. Neste aspecto, a pesquisa se
concentrou em identificar a maneira como vem sendo abordado os debates sobre a
questão agrária nos livros didáticos em escolas públicas do Estado do Pará.
Os livros didáticos,
considerando as questões anteriores, são percebidos como ferramentas de
aprendizagem interessantes para compreendermos o uso de recursos e estratégias
de ensino aprendizagem desenvolvidas no espaço escolar, principalmente pela sua
complexidade e pela maneira o qual os docentes e discentes o utilizam durante
suas atividades no ano letivo. De certa maneira, o livro didático possibilita
construir interpretações sobre diversos temas, como por exemplo o debate sobre
a questão agrária em várias temporalidades, a questão central deste estudo.
A
escola e os livros
Os resultados
preliminares que serão expostos neste texto são ligados ao plano de trabalho “A
terra, os homens e o ensino de história: a questão agrária e o ambiente rural
em livros e apostilas”, com financiamento o PIBIC/CNPQ, sendo realizado no
Campus Universitário de Ananindeua da Universidade Federal do Pará. Como
apontado, trata-se de uma proposta que objetivo identificar as características
sobre a temática agrária e os assuntos interligadas a este tema, principalmente
o ensino de História.
A investigação concentrou-se,
a partir do plano de trabalho, na Escola Estadual de Ensino Médio Professor
Antônio Gondim Lins, que oferta turmas do ensino médio, nos turnos da manhã,
tarde e noite). Este espaço escolar está localizado no município de Ananindeua,
região Metropolitana de Belém, Pará. Nesse sentido, possui características
urbanas e recebe alunos e alunas que não pertencem a um ambiente rural. Essas
informações são importantes, pois, permite a compreensão de que os discentes
estabelecem contato com debates sobre questões agrárias, quase sempre, a partir
da identificação em alguns livros didáticos. Desta maneira, não fazendo parte
diretamente da realidade destes alunos, permite a construção de diversas
possibilidades de leituras sobre a temática.
Os livros didáticos
utilizado na escola é uma coleção de três volumes da editora Leya, tendo como
título “Oficina da história”. Estes livros são distribuídos a todos os
discentes da respectiva escola para todas as turmas. Para uma primeira
observação, tratam-se de materiais que estabelecem debates que tentam
centralizar na perspectiva social, de discussões dentro de uma ideia de
coletividade e de movimentos sociais.
Fig.
1
DE CAMPOS; PINTO; CLARO, 2016.
A característica de
que os espaços agrários se constitui vinculados a movimentos sociais sindicais
formados por trabalhadores sem-terra, ao mesmo tempo em que demonstra a
capacidade de organização dos trabalhadores rurais, deixa de apresentar outras
formas de organização produtiva, como cooperativas e associações. Por outra, ao
fazer uma vinculação mais objetiva a ideia de coletividade do espaço agrário,
deixa de ressaltar o individualismo de alguns grupos sociais e os conflitos
gerados em torno do acesso e permanência na terra. Essas características
influenciam na maneira como é desenvolvido a narrativa, principalmente sobre a
questão agrária, quase sempre homogenizando este espaço e não revelando os
conflitos, diferenças e divergências.
Há de se considerar
que os livros didáticos são objetos arquitetados e produzidos dentro de uma
lógica mercadológica e ideológica, como nos apontam Sonia Maria Gazola Pastro e
Diná Teresa Conticro (2002, p. 62). Tendo a finalidade de se comportar dentro
de uma lógica de mercado e, ao mesmo tempo, de uma lógica educacional, cada
página é pensada para atender uma grande demanda e satisfazer as necessidades
do mercado para vender mais.
Nesse caso, o grande
problema, ao fazermos referência ao livro didático, não é o aspecto pedagógico
e sua estrutura de formação voltada para o ensino, como se pode a princípio
pensar. Acreditamos que a problemática maior é o seu aspecto ideológico e os
valores que se apresentam explícitos ou implícitos, nos conteúdos.
Ao dialogarmos com
Katia Maria Abud (1984), este nos informa que o livro didático é um dos responsáveis
pelo conhecimento histórico que constitui o que poderia ser chamado de
conhecimento do homem comum, pela necessidade de transmitir a informação de
forma objetiva e fácil compreensão para o aluno. Nesse sentido, corre-se o
risco da generalização e da simplificação dos acontecimentos, sem contar que ao
generalizar e simplificar os eventos históricos, pode-se propositalmente omitir
trajetórias e ações de sujeitos, ideologizando de forma positiva as ações de
alguns agentes sociais e criminalizando outras e outros indivíduos.
Outra questão
preocupante sobre o livro didático é trazida por Sônia Pastro e Diná Conticro
(2002, p. 63), quando este assume a função de informar o professor. Em outras
palavras significa dizer que em razão das deficiências de formação e das
condições de trabalho que enfrenta, o docente não procura outro tipo de
material para preparação de suas aulas, limitando-se apenas ao uso do livro
didático disponibilizado a escola. Isso significa dizer que este material deixa
de assumir a sua verdadeira função de auxiliar o professor, transformando o
trabalho docente “num reforço das ideias contidas no livro didático adotado,
que é visto pelos alunos, como a única fonte digna de confiança”.
Os três volumes
utilizados pelos docentes da escola e que se constitui aqui como material de
análise desta pesquisa não deixam de seguir essa a linha de raciocínio que
perpassa pelas generalizações e simplificações de conteúdos. Neste aspecto,
constroem suas narrativas dentro de um modelo, de um padrão nacional para a
produção de livros didáticos no Brasil. Os três volumes analisados possuem o
selo do Programa Nacional de Livros Didáticos (PNLD). Uma instituição do
governo federal, ligado ao Ministério da Educação (MEC), possuindo a finalidade
de padronizar a produção de livros didáticos no Brasil.
De acordo com Sonia
Regina Miranda e Tania Regina de Luca (2004, p. 127) foi a partir de 1996, em
um cenário político não mais caracterizado pela presença de um Estado
autoritário, que se iniciou efetivamente a avaliação pedagógica dos livros
didáticos, “processo marcado por tensões, críticas e confrontos de interesses”.
Para estas autoras, desde então, estipulou-se que a aquisição de obras
didáticas com verbas públicas para distribuição em território nacional estaria
sujeita à inscrição e avaliação prévias, segundo regras estipuladas em edital
próprio. Importante destacar que de um PNLD a outro, os referidos critérios
foram aprimorados por intermédio da incorporação sistemática de múltiplos
olhares, leituras e críticas interpostas ao programa e aos parâmetros de
avaliação.
Tendo como
padronizador o PNLD, as editoras focam suas atenções a construírem os livros
didáticos pensando em atender aos critérios da instituição federal. Possuir o
selo de PNLD é credenciar aquele livro a ser escolhido por escolas públicas,
assim realizando a venda para o governo federal, estadual ou municipal. Desta
forma, os livros didáticos são pensados como mercadoria do sistema editorial,
na tentativa de atender a lógica do mercado.
Isso influencia nas
narrativas presentes nos manuais didáticos. Devemos refletir o livro didático
não como apenas um objeto ilustrativo para o ano letivo dos docentes e dos
discentes. Devemos pensá-lo como um objeto inserido de contextos e disputas por
espaço, tanto no sistema mercadológico quanto no sistema educacional. Assim
tendendo a desenvolver textos com focos profundos em um determinado tema,
enquanto os demais ficam na superficialidade do livro.
Ainda seguindo os
registros de Sonia Miranda e Tania de Luca (2004, p. 131) e reforçando o que
foi apontado, a produção de livros didáticos envolve uma densa trama entre
saberes de referência, autores e editoras. Do ponto de vista do seu consumo
envolve tramas não menos imbricadas entre mercado, projetos escolares,
compradores e leitores finais, destacam as autoras. Isto significa dizer que
“os efeitos normatizadores implementados pela ação avaliadora vinculada ao
Estado agregam elementos que não podem ser desprezados na compreensão das
relações possíveis entre produção e consumo”, ou seja, os efeitos determinantes
do mercado impõem limites.
A limitação quando ao
livro didático pode ser refletido “no processo de renovação do perfil das
obras, assim como no diálogo entre o saber escolar didatizado e os saberes provenientes
das ciências de referência” (MIRANDA & LUCA, 2004, p. 132).
O
Agrário em (des)foco
Debater sobre a
questão agrária é bastante controvérsia e gera polêmica em alguns momentos.
Provocando as mais diversas opiniões possíveis sobre a temática, o agrário é
algo já estabelecido dentro de uma leitura de senso comum e quase que sem
espaço para a construção de novas análises a partir da ótica da sociedade.
O agrário é pautado
quase sempre como atrasado e distante da sociedade urbana. Ainda havendo uma tentativa
de desvencilhar qualquer tipo de relação com o campo. Ou simplesmente ligado a
apenas a movimentos sociais, especialmente a determinadas entidades políticas,
como por exemplo o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MTST). São leituras
desenvolvidas cotidianamente e encrustadas no imaginário da sociedade.
De acordo com Alcione
Ferreira da Silva e Magno da Nóbrega Lisboa (2012, p. 4), na educação formal,
no tocante ao ensino de história, quase nada se observa sobre a estrutura
agrária brasileira e suas consequências sociais. No caso mais específicos dos
estudantes que terminam o ensino médio, os autores observam que estes tiveram
acesso ao mínimo de conteúdo sobre os problemas da concentração fundiária
nacional, sendo pouquíssimos os sabedores de que a história do Brasil tem sido
marcada por sérias violações dos direitos de trabalhadores/as rurais, em
consequência da enorme concentração fundiária.
Ao que se observa, a
história agrária parece ainda não ter ganhado as graças do ensino, não nível de
importância que se revela, principalmente para um país em que grande parte de
sua população vive no espaço rural. Neste aspecto, as comunidades campesinas
ficam duplamente excluídas do sistema educacional. O primeiro momento
excludente é quando raramente aparecem como sujeitos da história de um país que
tem no espaço agrário grande parte dos eventos de sua formação histórica, ou
seja, são sujeitos silenciados. O segundo momento é quando as populações rurais
são desprovias de um atendimento educacional adequado, capaz de atender a
demanda de ensino nas diferentes regiões.
Importante destacar
que boa parte das ideias e percepções construídas pelos estudantes das escolas
urbanas estão vinculadas as informações postadas pelos meios de comunicação de
massa, como televisão e internet. Quase sempre são conteúdos que pouco analisam
esses ambientes, ressaltando apenas aspectos de curiosidade e peculiar, não
permitindo uma análise ou apresentação de informações mais complexas sobre o
ambiente rural. Como observa Leandro Leonardo Batista, Renato de Faria
Cavalheiro e Francisco Leite (2008, p. 152) o imediatismo das mídias
televisivas e digitais, além dos efeitos da exposição de um indivíduo aos
conteúdos veiculados pelos meios de comunicação e a influência que esses conteúdos
possam exercer, podem colaborar significativamente para cristalizar o
conhecimento do senso comum.
Todavia devemos
destacar a necessidade de que o ensino de história possa contribuir, de maneira
satisfatória para os debates agrários. Como apontaremos neste trabalho, o
debate sobre a questão agrário tem focado em perspectivas já consagradas sobre
o universo agrário e são análises e compreensões que consolidam uma forma
tradicional que compreender o rual, o que precisa ser superado.
Quanto aos debates no
espaço escolar, estes são fundamentais para descortinar certos temas que ficam
obscuros, ou não são tratados adequadamente. Em especial, o ensino de história
tem a potencialidade de discutir diversos temas e possibilitar aos discentes
diversos ângulos sobre a mesma temática, aproximando da realidade dos
estudantes. Como adverte Maria Delfina Teixeira Scheimer (2010, p. 2) as
possibilitando do ensino de história, considerando o contexto escolar, deve
buscar a aproximação entre a vivência do aluno e a forma que o professor tende
a ensinar determinados conteúdos. Nesse aspecto, o dinamismo vivenciado pelo
discente deve ser o elemento principal na seleção daquilo que deve ser
apresentado pelos professores de história.
Adiantamos, que se
verifica um ensino que mais padroniza do que simplesmente auxilia na construção
do discernimento dos discentes. Tendo um ensino de história ainda preso em
aulas maçantes e de consagração de heróis, em vez de focar em discussões onde
os discentes sejam estimulados a refletir sobre ideias introduzidas no meio
social desses alunos. Muitas dessas aulas prejudicam os debates sobre algumas
temáticas, por exemplo o debate sobre a questão agrária.
O agrário no
imaginário social ainda é visto como atrasado no Brasil e que apenas vive distante
de tudo e todos, como ressaltamos. Sem uma identidade particular, ser um
sujeito do campo é possuir o estigma de compartilhar a mesma característica dos
demais que trabalham com e na terra. As leituras realizadas sobre os sujeitos
do campo são ainda fechadas dentro do prisma desmoralizador, apenas vendo-os
como sujeitos atrasados e sem oportunidade de ascender socialmente e
financeiramente.
Abdicando das
características culturais e politicas existentes nos campos. A complexidade do
mundo rural é abdicada de todos os sentidos, sendo realizada uma leitura dessas
pessoas como sujeitos distantes de todas as formas dos sujeitos da cidade
urbana. Interpretações reforçadas e reproduzidas diariamente no meio social.
Essas leituras acabam
encontrando estimulo no espaço escolar, pois as discussões sobre o meio agrário
ainda se centram em ideias já padronizadas. Os debates da questão agrária
acabam ficando distribuídas em determinadas temporalidades e de forma bastante
superficial. Sendo em alguns momentos o debate sobre meio agrário sendo ligados
exclusivamente aos movimentos sociais. Abdicando de outras características
existentes no campo, como foi destacado.
O
agrário nos livros didáticos
Nesses seis meses de
investigação foram obtidos resultados relevantes para o projeto, principalmente
trabalhando a partir da perspectiva da memória, identidade, questão agrária e o
ensino de história. O livro didático demonstra ideias tradicionais sobre a
questão agrária, entre várias temporalidades, tanto no Brasil quanto no
restante do mundo. A construção do livro didático perpassa por intensos
conflitos, influências e perspectivas de como será o resultado desse objeto em
sala de aula.
A partir deste
processo, existe a necessidade de se realizar análises sobre os discursos
realizados ao longo das páginas, ao fato de se atentar os objetivos daquele
livro para a construção de ideias e perspectivas. Neste sentido, ao realizar
analise do livro didático que foi utilizado na Escola Professor Antônio Gondim
Lins, pode se analisar a produção de um determinado discurso sobre questões
agrárias, um discurso que se encontra em padrões estabelecidos em sensos comuns
sobre a questão agrária.
Como por exemplo, no
período da antiguidade, o livro aborda a temática do desenvolvimento da sociedade
e das suas estruturas a partir de povos tradicionais. A abordagem sempre refere
a origem das estruturas sociais a partir da terra, porém não se trabalha mais
profundamente sobre a discussão, dando margem para compreender o fato de
trabalho da terra significou exclusivamente no processo de origem das
estruturas sociais e de instalação dos povos na região de terras férteis, porém
não demonstra como a cultural está ligada ao trabalho com a terra.
Analisando o material
didático para um período mais recente percebe-se o debate em torno da
problemática agrária resumindo-se à pequenos espaços do livro didático e em
problemáticas padronizadas. Não existe desenvolvimento da discussão para outras
perspectivas sobre a questão agrária. Como por exemplo, a luta pela terra sob o
prisma do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MTST). São narrativas que se
encontram em paradigmas já estabelecidos no meio social, abdicando de debates
culturais e sociais sobre a perspectiva agrária. Até o momento não se
identificou outras possibilidades de análises sobre o meio agrário.
Os desenvolvimentos de
narrativas padronizadas prejudicam leituras sobre o meio agrário, resumindo
apenas em um movimento político e social como o MTST, não deixando de ressaltar
a importância de suas atuações, contudo acaba dando uma dimensão de que o
movimento agrário não possui características distintas e significativas para a
sociedade. Resume-se a destacar o espaço agrário ou como local de produção para
os mercados de consumo ou espaço de atuação dos movimentos sociais do campo, o
que gera uma análise que desprezando outras características significativas do
meio agrário, como as relações com o ambiente, as estratégias de luta e
resistência, os conflitos, a formação das paisagens, entre outras questões.
Ao que se aponta,
novas abordagens sobre o livro didático em estudo e as estratégias de como
trabalhar os conteúdos de história agrária em sala de aula são questões que se
apresentam para posteriores observações e análises.
Referências
Athos Matheus da Silva
Guimarães é graduando do curso de história do campus da UFPA em Ananindeua. Atualmente é bolsita
PIBIC/CNPQ, desenvolvendo a pesquisa no Campus da UFPA em Ananindeua com o tema
“A terra, os homens e o ensino de história: a questão agrária e o ambiente
rural em livros e apostilas” sob orientação do professor doutor Francivaldo
Alves Nunes (UFPA).
Francivaldo Alves Nunes
é Doutor em
História Social pela Universidade Federal Fluminense (2011), com Estágio
Pós-Doutoral na Universidade Nova de Lisboa (2014). Pesquisador Produtividade
do CNPq, nível 2. Atua nos cursos de graduação e pós-graduação da Universidade
Federal do Pará. Tem experiência na área de História, com estudos voltados para
Ensino de História.
ABUD, K. M. O livro
didático e a popularização do saber histórico. In: SILVA, M. (Org). Repensando
a história. São Paulo: Marco Zero/ANPUH, 1984.
BATISTA, L. L.;
CARVALHEIRO, R. F.; LEITE, F. Mídia e referências: um estudo sobre interações e
efeitos. Revista Ciências & Cognição, Vol 13 (3), 2008, p. 151-161.
Disponível em: http://www.cienciasecognicao.org/pdf/v13_3/m318282.pdf
DE CAMPOS, Flávio.,
PINTO, Júlio Pimentel. & CLARO, Regina. Oficina de história. 2°.ed. São Paulo:
Leya, 2016.
GUIMARÃES,
Athos Matheus da Silva.
A narrativa sobre a Adesão do Pará à Independência nos Livros didáticos da
escola prof. Antônio Gondim Lins: Primeiros resultados. In: BUENO, Andre; CREMA, Everton;
ESTACHESKI, Dulceli; NETO, José.
(Org.).
Aprendizagens históricas: Rumos e
experiências. 1ed.União da Vitória/ RJ: LAPHIS/ Edição especiais Saberes de
ontens, 2018, v. 1, p. 36-42.
MIRANDA, S. R.; LUCA, T. R. O livro
didático de história hoje: um panorama a partir do PNLD. Revista Brasileira
de História. São Paulo, v. 24, nº 48, 2004, p. 123-144. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbh/v24n48/a06v24n48.pdf
PASTRO, S. M. G.;
CONTIERO, D. T. Uma análise sobre ensino de história e o livro didático. Revista
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59-66. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/histensino/article/view/12156/10675
SCHEIMER, M. D. T.
Ensino de história e a prática educativa: projetos interdisciplinares. In: V
Congresso Internacional de Filosofia e Educação. Caxias do Sul, maio de 2010, p. 01-12. Disponível em: https://www.ucs.br/ucs/eventos/cinfe/artigos/arquivos/eixo_tematico10/ENSINO%20DE%20HISTORIA%20E%20A%20PRATICA%20EDUCATIVA.pdf
SILVA, A. F. Brasil
e a história do seu “chão”: “três histórias e uma terra”. Campina Grande:
Ralize Editora, 2012. Disponível em http://www.editorarealize.com.br/revistas/fiped/trabalhos/371f7a5126caa34aa0dc6f05deee2690_1557.pdf
Prezados, boa tarde!
ResponderExcluirTenho verificado que a ausência e/ou o tratamento parcial e inadequado das questões agrárias são realidade também nos livros didáticos de Geografia. Nesse sentido, nossos alunos têm uma formação que dificulta, ou mesmo inviabiliza (no espaço escolar), reflexões mais profundas sobre a dinâmica campo/cidade, sobre a atuação dos diversos sujeitos históricos nas áreas rurais, sobre suas lutas etc.
Gostaria de saber se as questões agrárias, apesar de serem pouco trabalhadas, estão hoje associadas de maneira mais ampla a várias outras temáticas ou se tais temas ainda “aparecem” em poucos capítulos da coleção?
Lanço essa pergunta porque percebo entre os alunos dificuldade em reconhecer por que e como as questões agrárias são cruciais em um país como o Brasil.
Érica Alves Cavalcante.
Olá, Érica Alves Cavalcante.
ExcluirAntes da resposta, quero agradecer por ter lido o nosso texto e realizado um questionamento para a gente.
Na coleção analisada para este texto percebemos que os debates sobre a questão agrária estão pautadas em alguns assuntos específicos. Os debates sobre a problemática agrária aparece de forma esporádica em alguns momentos desta coleção. Quando aparece é de forma restrita a luta por terras, principalmente ligados ao MTST, abdicando de outras características do ambiente agrário.
Athos Matheus da Silva Guimarães
Francivaldo Alves Nunes
Boa tarde prezados, os debates em torno das questões agrárias e o ensino de história são fundamentais para compreender uma série de problemas históricos em nosso país.As políticas do governo federal buscará intensificar ainda mais as ausências dos debates em torno das questões agrarias visto que todas essas discussões envolvem os grupos de esquerda em nosso país. Dito isto, é possível esperar mudanças nas formas destas questões aparecerem nos livros didáticos. Como poderíamos trabalhar de forma mais efetiva com essas questões caso continuem se perpetuando ou até silenciando tais questões agrárias nos livros didáticos? NELES MAIA DA SILVA
ResponderExcluirOlá, Neles Maia da Silva
ResponderExcluirAgradecemos por ter lido o nosso texto e realizado um questionamento.
Temos que pensar o livro didático como um ferramenta didática, principalmente para auxiliar o professor e os discentes nas aulas. O ensino básico vem sofrendo cotidianamente ataques de várias esferas sociais e politicas, sofrendo retrocessos de todas as formas. Mais do que nunca faz-se necessário uma presença mais atuante do docente na sala de aula, especialmente em debates mais delicados na sociedade. Acreditamos na importância do docente propor os debates necessários, especialmente que envolve os movimentos sociais.
Athos Matheus da Silva Guimarães
Francivaldo Alves Nunes
Parabéns aos autores, a discussão que é levantada é muito importante principalmente nesse momento político em que passamos.
ResponderExcluirEm relação aos capítulos que se destinam exclusivamente ou parcialmente a discorrer a temática, qual capítulo ou recorte do livro que lhes chamaram mais atenção? as imagens assumem destaque sobre os textos, ajudando nessa homogeneização do espaço agrário?
Allain Choppin (2004) no artigo "História do livro e das edições didáticas", fala sobre as diversas funções que os manuais didáticos podem assumir na cultura escolar dos alunos, uma delas é a função ideológica e cultural, que difunde valores de uma classe dirigente no ato de pensar e se comportar. Você identificou na análise do manual essa questão? De que forma?
Lhe convido acompanhar meu texto que publiquei nesta mesma mesa intitulado "O Ensino de História e os indígenas (in)visíveis: a narrativa regional paraense...". Sua participação é muito importante, pois também pesquiso livros didáticos e podemos somar nas contribuições.
Cordialmente,
Vinícius Machado Ferreira
Belém-Pa
Prezados boa noite, gostaria de saber se o agronegócio atualmente tem ou tenta adquirir alguma influência na produção dos livros didáticos de história ou qualquer outra disciplina? Para que haja uma desconstrução dos discursos dos ideais tradicionais sobre a questão agrária.
ResponderExcluirPaulo Henrique Monteiro de Araujo
Boa noite,
ExcluirObrigado por ter lido nosso texto e pelo questionamento.
Existem vários sujeitos interessados na construção das narrativas e nos conteúdos que a disciplina de História dará nas escolas do ensino básico. Da mesma forma, temos que pensar que os livros didáticos são uma mercadoria e que estará inserida em um contexto politico, cultural , social e econômico muito forte, tendendo a modificar e/ou permanecer as narrativas que mais agradarem. Sendo assim, os debates sobre a questão agrária acabam sofrendo estás influencias externas, especialmente na maneira como são tratadas ao público. Mas não podemos perder de vista que depende, também, do docente de como ele abordará aquela temática em sala de aula.
Athos Matheus da Silva Guimarães
Francivaldo Alves Nunes
Gostaria de evidenciar a importância desse estudo para o debate sobre a questão agrária no ensino de história, principalmente por problematizar as representações históricas presentes nos livros didáticos sobre o espaço agrário brasileiro. Neste sentido, através da análise do livro didático, esta pesquisa apresentou uma reflexão sobre a necessidade de se repensar nas abordagens dos conteúdos de história agrária em sala de aula.
ResponderExcluirParabéns pela abordagem!
Megi Monique Maria Dias
Olá, Megi Monique Maria Dias.
ExcluirObrigado por ter prestigiado nosso texto. É fundamental abordar a questão agrária, especialmente no ensino de história. É algo que nos possibilita refletir em diversas perspectivas sobre a maneira que o agrário é representado para alunos do ensino básico. Iremos ampliar a pesquisa, pois detectamos algumas problemáticas que devem ser analisadas e debatidas.
Athos Matheus da Silva Guimarães
Francivaldo Alves Nunes
Muito interessante o trabalho, é um tema muito pertinente, gostei muito!
ResponderExcluirAlém da história agrária não estar tão presente nos livros didáticos penso que as pesquisas históricas sobre a questão agrária no Brasil também são poucas e privilegiou inicialmente como objeto, as grandes propriedades rurais, em especial a açucareira e a cafeicultora, que tinham como principal força de trabalho a mão de obra escrava, cujo principal destino da produção era o mercado externo, cristalizando a ideia de que todo o território brasileiro estava condicionado a esta realidade, esquecendo assim sujeitos históricos e questões agrárias que não se inseriam neste contexto. Não se deve privilegiar apenas o estudo das grandes propriedades, eis que a maioria dos agricultores brasileiros está inserida em pequenas propriedades rurais.
Nos últimos anos, até se percebe ter visto uma renovação nas pesquisas acerca das questões agrárias, mas como bem colocado pelos autores do artigo, a grande maioria se restringe a questões ligadas aos Movimentos dos Trabalhadores sem Terras.
São muitos temas agrários que não foram analisados pelos historiadores, e é surpreendente como um país cuja grande parte de sua base econômica é a agricultura não tenha aprofundado pesquisas nesta temática. A historiografia referente ao mundo agrário é relativamente pequena, condensada a poucos temas.
Por isso questiono, será que há desinteresse dos historiadores em pesquisar e até elaborar livros didáticos sobre a questão agrária? Ou é uma articulação política intencional para que estes temas não estejam nos livros didáticos e assim não serem exteriorizados problemas agrários que ainda assolam em nosso país como o não reconhecimento das terras quilombolas, a falta das demarcações de terras indígenas, a grilagem, a precariedade dos assentamentos, a não realização da reforma agrária, as desapropriações para a construção de Usinas Hidrelétricas, a expulsão dos agricultores de suas propriedades rurais em virtude da monocultura, entre outras situações?
Novamente, parabéns pelo trabalho.
Att. Fábio Roberto Krzysczak
Olá, Fábio Roberto Krzysczar
ExcluirAcredito que a questão agrária está inserido no meio de diversos debates acadêmicos, principalmente dentro de disputas por financiamento. O ensino de História ainda está engendrado em paradigmas encrustados no meio acadêmico e na sociedade. O debate sobre a questão ainda está preso em velhos paradigmas.
Athos Matheus da Silva Guimarães
Francivaldo Alves Nunes
Boa tarde Athos Matheu e Francivaldo
ResponderExcluirÉ muito interessante encontrar um trabalho de pesquisa que se volte para estudo da história agrária, especialmente que cite algum movimento social como sujeito histórico. Parabéns! Será que estudar, nos livros didáticos, sobre Canudos, história dos quilombolas, as lutas dos povos indígenas também não seria aprender sobre História Agrária no Brasil?
Abraço.
Andréa Giordanna Araujo da Silva.
Olá, Andréa Giordanna Araujo da Silva
ExcluirA temática agária pode ser utilizada para a realização de debates e compreensões de diversos assuntos que podem se ligados a está problemática. As citadas por você é bastante oportuno e possível utilizando a questão agrária.
Athos Matheus da Silva Guimarães
Francivaldo Alves Nunes
Agradeço por disponibizar este conteúdo que nos possiblita a ampliação de um senso crítico. Visto que, os professores seguem a cartitlha do MEC em sala de aula. Debates livres que trouxessem debates sobre a questão agrária fora dos horários de aula ou até em palestras não poderiam ser recursos de grande valia ?
ResponderExcluirLeitor: Pablo Deivid dos santos
Olá, Pablo Deivid dos Santos
ExcluirEssas varias atividades podem contribuir para o desenvolvimento do debates sobre a questão agrária. É importante o professor buscar desenvolver os debates em sala com os discentes, tanto nas aulas quanto em atividades extras.
Athos Matheus da Silva Guimarães
Francivaldo Alves Nunes
Boa noite. Muito válida essa sua reflexão sobre o livro didático. A grande questão ao meu ver e isso é apenas uma opinião. Não falta apenas no ensino de história um olhar diferenciado para o camponês e outros povos tradicionais. No que se refere o homem do campo, não é apenas no livro didático que esse público não é contemplado, falta politicas educacionais. Falta uma educação para o campo e não no campo mas do campo.E isso é de modo geral, perceber as necessidades educacionais desse público. Quando você cita no seu texto que partiu de um plano de trabalho me veio a mente a metodologia adotada nas EFA (Escolas Famílias Agrícolas). A pergunta é: você conhece a pedagogia da alternância? Caso conheça o que você acha? Acredito que essa metodologia iria contribuir muito com sua pesquisa.
ResponderExcluirBoa noite. Muito válida essa sua reflexão sobre o livro didático. A grande questão ao meu ver e isso é apenas uma opinião. Não falta apenas no ensino de história um olhar diferenciado para o camponês e outros povos tradicionais. No que se refere o homem do campo, não é apenas no livro didático que esse público não é contemplado, falta politicas educacionais. Falta uma educação para o campo e não no campo mas do campo.E isso é de modo geral, perceber as necessidades educacionais desse público. Quando você cita no seu texto que partiu de um plano de trabalho me veio a mente a metodologia adotada nas EFA (Escolas Famílias Agrícolas). A pergunta é: você conhece a pedagogia da alternância? Caso conheça o que você acha? Acredito que essa metodologia iria contribuir muito com sua pesquisa.
ResponderExcluirBoa noite
Jorge Luis de Medeiros Bezerra/ Antônio Guanacuy Almeida Moura
Boa noite. Discutir a questão agrária é fundamental para compreendermos a história do Brasil, demarcada por conflitos em torno da terra e seu uso. Se os livros didáticos abordam de maneira superficial este assunto, justamente por questões ideológicas, não caberia ao/a professor/a de História problematizar a abordagem presente nos livros didáticos? E impulsionar o estudo a partir das ausências no próprio livro didático? Ao abordar a Guerra de Canudos e do Contestado, por exemplo, superar o destaque que se dá ao messianismo e atentar-se as reais disputas que levaram àquelas guerras, que se referem diretamente as lutas pela sobrevivência a partir da desigualdade na distribuição e no uso da terra?
ResponderExcluirCarla Martins de Oliveira
Olá, Carla Martins de Oliveira
ExcluirLógico, é necessário que o docente se aproveite dessas ausências para problematizar em sala de aula. Não podemos perder de vista que o livro didático é uma ferramenta para auxiliar, depende do docente saber aproveitar que é proporcionado e as ausências no livro, é possível problematizar.
Athos Matheus da Silva Guimarães
Francivaldo Alves Nunes
Boa noite. Parabéns pela pesquisa, crítica extremamente importante ao ensino de História. É importante destacar que tal silenciamento tradicionalmente permeia a própria escrita da História, que em suas produções somente a partir da segunda metade do século XX passou a ceder maiores linhas à temática, ou seja, no campo da produção acadêmica tal discussão também não constituiu tema privilegiado. Como ainda hoje não constitui se for observado o pouco destaque concedido a ela nos cursos de graduação em História. Nesse sentido, que relação pode ser estabelecida entre o ensino acerca da questão agrária e a formação acerca da mesma no que se refere aos profissionais de educação?
ResponderExcluirAtt, Alice Cleyde Silva Mendes
Olá, Alice Cleyde Silva Mendes
ExcluirDevemos compreender que a disputas por espaços para as pesquisas cientificas. São disputas politicas que influenciam na construção da formação acadêmica nas universidades e nos cursos de licenciatura. Apesar de haver uma certa tradição no debate na questão agrária, mas no ensino ainda fica engendrados em certos características metodológicos no ensino. Se houvesse uma atenção de mostrar aos discentes a possibilidade da utilização da questão agrária no ensino básico.
Athos Matheus da Silva Guimarães
Francivaldo Alves Nunes
Boa Noite , gostaria de parabenizar os autores pelo texto e pela abordagem do tema , que é de extrema relevância . Minha pergunta é se a ausência da temática agrária nos livros didáticos não seria uma possibilidade de gerar questionamentos e debates a respeito em sala de aula e até mesmo um incentivo á mudança .
ResponderExcluirOlá,
ExcluirAs lacunas existentes nos livros didáticos é uma boa oportunidade para os docentes problematizarem essas lacunas e a ideia de agrário que existe na sociedade. Essas problemáticas são oportunidades para o docente utilizar nos docentes.
Athos Matheus da Silva Guimarães
Francivaldo Alves Nunes
Prezados, boa noite!
ResponderExcluirParabéns pelo trabalho! A partir da atuação do PNLD o Livro Didático, realmente, sofreu muitas mudanças. No entanto, apresenta ainda muitas lacunas e uma delas é concernente ao tema aqui abordado. Indiretamente o próprio educando se sente excluído ao não se perceber nas abordagens do livro didático. Dito isto, a minha pergunta é que outros métodos e/ou recursos o professor pode se valer para explorar temáticas que estejam relacionadas ao mundo agrário?
Rivaldo Amador de Sousa
Olá, Rivaldo Amador de Sousa
ExcluirO docente pode se utilizar do tempo presente dos discentes para proporcionar o debate a partir do que os discentes conhecem sobre o mundo agrário e de onde conseguiram as informações sobre o agrário. É possível proporcionar o debate da questão agrária no ensino básico, principalmente das informações que os discentes conhecem.
Athos Matheus da Silva Guimarães
Francivaldo Alves Nunes