Memória e História:
Reflexões acerca do Ensino de História
Decorar e
celebrar datas comemorativas como o "dia do trabalhador" e o dia do
"índio", não é garantia de que se sabe história tampouco de que se
faz história. Aprender história e fazer história são ações complexas ligadas a
memória, a interpretação e a ressignificação de registros uma vez que ao
rememorar e relatar um acontecimento, o sujeito não está fazendo história, está
apenas realizando o ato de registrá-lo, mas ao interpretar esse registro e
ressignificá-lo, de acordo com as próprias experiências adquiridas no
cotidiano, faz-se e aprende-se História. Assim, escrevemos a história a cada
dia, tendo responsabilidades sob o passado, o qual cada sujeito reescreve.
A escola tem
papel importante no desenvolvimento histórico já que é ao longo da
escolarização que os sujeitos constroem a consciência de cidadania, a
independência de pensamento e a capacidade crítica. Há preocupação dos
educadores quanto à formação de cidadãos no sentido de que os sujeitos não
saibam apenas interpretar historicamente o mundo, mas que também sejam capazes
de buscar soluções para os problemas do ambiente em que vivem, transformando e
construindo a história.
Portanto, para
que seja possível entender um pouco da complexidade dessas questões,
inicialmente, será realizada uma breve discussão a respeito de memória,
história e Ensino de História. Logo, partirmos para a análise do fazer
pedagógico e para a reflexão da consciência histórica do aluno diante as
próprias experiência vivenciadas na sociedade da qual faz parte.
Breves
reflexões acerca da conceptualização de Memória e de História.
Objetivamente a
palavra “Memória”, no dicionário Michaelis, significa “faculdade de lembrar e
conservar ideias, imagens, impressões, conhecimentos e experiências adquiridos
no passado e a habilidade de acessar essas informações na mente”, já a palavra
“História” significa o “conjunto de fatos ou acontecimentos relevantes,
ocorridos no passado da humanidade, destacando-se época, local e dados
importantes”. Mas, sabe-se que as palavras Memória e História são termos muito
mais complexos do que essas definições encontradas nos dicionários, sendo o
centro de inúmeras discussões entre historiadores, filósofos e outros profissionais
de diversos campos do saber, na tentativa de estabelecer conceitos, distinções
e aproximações entre as concepções de memória e história como um modo de
interpelação e usos do passado.
Com o surgimento
da historiografia o conceito de “Memória” adquiriu um caráter polissêmico.
Assim, surgem inquietudes acerca dos seus significados, pois os conceitos que,
até então, tratavam a memória como um depósito impreciso de dados do passado,
envolvendo esquecimentos, distorções e parcialidades, com um caráter passivo e
estático, ao contrário da História que é um campo problematizador, tornam-se
demasiadamente simples para satisfazer as indagações da sociedade
contemporânea.
Seguindo essa
linha, Nora (1984) traz contribuições para se repensar os conceitos e os usos
de memória. Para a autora, a memória pode ser vista como um campo de criação
para a historiografia, ao ser atribuída a ideia de socialização à memória ao
dizer que:
“A memória é a vida, sempre carregada
por grupos vivos e, nesse sentido, ela está em permanente evolução, aberta à
dialética da lembrança e do esquecimento, inconsciente de suas deformações
sucessivas, vulnerável a todos os usos e manipulações, suscetível de longas
latências e de repentinas revitalizações” (NORA, 1984: XIX).
Já Halbwachs (1995) faz reflexões da relação entre a memória individual e a memória
coletiva, enfatizando o caráter social das mesmas uma vez que na visão do
filosofo toda memória é coletiva, “nossas lembranças permanecem coletivas e nos
são lembradas por outros, ainda que se trate de eventos em que somente nós
estivemos envolvidos e objetos que somente nós vimos” (HALBWACHS, 2006, p.30)
As lembranças
são memorias individuais, mas são ressignificadas a partir do reflexo do
coletivo que influencia no que será lembrado e como será lembrado, comtemplando
os acontecimentos julgados importantes para um determinado grupo, pois as
memórias são maleáveis, portanto, as forças do ambiente social, do tempo
presente, em que o sujeito está inserido é que determinam quais as lembranças
do passado serão rememoradas. Ao sentir
um cheiro, ver uma imagem ou sentir um sabor nos lembramos de momentos vividos
no passado que são rememorados, por meio desses elementos evocativos do
presente, o que permite dizer que a memória tem representações do presente na
construção das nossas recordações. Quando lembramos um fato ou de um
acontecimento, não estamos recordando do modo exato como o mesmo ocorreu, é um
passado sendo reconstruído a partir do presente com troca de influências entre
ambos os tempos.
No momento em
que, a partir da memória se desenvolve uma narrativa onde um acontecimento
lembrado é inserido em um contexto diferente do original, sendo relacionado com
outros acontecimentos, a memória mostra-se coletiva, pois é socializada e contempla
lembranças interpessoais. É nessa perspectiva, que a memória junto com a
História contribui na identidade social de um sujeito, de uma comunidade, ou
até de um povo, uma vez que a memória é algo comum a todos os indivíduos e
quando os registros dessa memória são usados para analisar o passado atribuindo
um sentido para uma narrativa, fazendo uma interpretação do passado está
fazendo-se História.
Nesse sentido, a
memória é considerada como fonte histórica, pois é complexa, rica em elementos,
dinâmica e ativa, considera a vida social do sujeito permitindo a observação
das mais distintas visões sociais e culturais dos grupos, as quais são
modificadas ao longo do tempo, e as rememorações que auxiliam na recomposição
dos acontecimentos históricos. A memória registra os fatos que aconteceram no
passado, no presente, por meio de ambientes, materiais e representações,
chamados por Nora (1984), de “lugares de memória”, para que não sejam
esquecidos, uma vez que a memória não é um processo espontâneo e necessita de
elementos evocativos. Ainda, segundo a autora, onde há pessoas, há registro de
lembranças revelando-se um lugar de memória, que pode ser um museu, um
cemitério ou até mesmo uma festa comemorativa.
Outra fonte
histórica importante para o ensino e a aprendizagem é a história Oral, que,
durante um longo período da História, foi rejeitada pelos historiadores que
desconfiavam da veracidade das informações, já que para esses os registros
orais não tinham a objetividade e a neutralidade que um registro histórico
deveria conter, a oralidade constitui-se de percepções sociais e
características do em emissor como classe social, religião, origem, entre
outras. Consequentemente, a história do tempo presente também perdeu o valor
Histórico, pois se acreditava que para a História ser considerada enquanto
Ciência deveria ser escrita por meio de um distanciamento entre quem escreve e
o fato descrito para garantir uma neutralidade critica.
Os Documentos
Históricos eram tidos como a verdade dos fatos, sem a possibilidade de
reinterpretação, a história como disciplina tinha metodologias próprias de
estudo baseadas na prática de decifração de documentos, contemplando a
objetividade e contribuindo para o distanciamento das questões do tempo
presente. Portanto, a História recente era considera impossível de ser
estudada, pois os testemunhos acerca dos fatos e acontecimentos são subjetivos,
repletos de influencias pessoais e políticas, passiveis de ressignificação,
dessa forma, a História recente era praticada apenas fora da academia, por
historiadores considerados amadores.
Na Idade Média,
a história oral era utilizada com caráter descritivo, mas caiu em desuso pela
falta de neutralidade, voltando a fazer-se presente, no início do século XX,
por alguns filósofos e antropólogos durante as investigações. No entanto, só em
1970, após questionamentos em torno da concepção de um passado imutável, a
História passa a retratar questões individuais e acontecimentos singulares,
dando enfoque ao vivido, emergindo a história oral e a história recente, as
quais começam a fazerem-se presentes no meio acadêmico, Como discorre Ferreira:
“Desde
que um evento era produzido ele pertencia à história, mas para que se tornasse
um elemento do conhecimento histórico erudito, era necessário esperar vários
anos, para que os traços do passado pudessem ser arquivados e catalogados”.
(FERREIRA, 2002, p.316)
Na História Ora,
o testemunho apresenta-se como uma metodologia repleta de subjetividade, de
intenções ocultas ou conscientes, tanto de quem está testemunhando quanto de
quem está fazendo os questionamentos. Ao realizar uma entrevista o interrogador
pode de forma intencional encaminhar a entrevista para abordar fatos de seu
maior interesse, assim como o entrevistado pode revelar somente as informações
que desejar. Um soldado ao ser entrevistado irá relatar a guerra baseado
no próprio ponto de vista, definindo quais os acontecimentos serão
revelados, relatando a guerra como um massacre ou ressaltando a vitória.
Entretanto, o discurso do mesmo será interpretado e ressignificado pelo
entrevistador e pelos leitores da transcrição, permitindo que, posteriormente,
a partir desse testemunho novos materiais e discussões sejam construídos.
"Testemunhar não é apenas dizer o que viu ou ouviu, mas é também a construção
de um discurso sobre o factual" (JANOTTI, 2008. P.14)
Este é o recurso
do qual Cunha (1989) apropria-se para escrever a obra ‘O bom professor e sua
prática’. Ao entrevistar docentes de algumas Instituições de Ensino
localizadas na cidade de Pelotas, a autora se vale de testemunhos para analisar
de que se constituem os bons professores, relacionando o fazer pedagógico com a
complexidade do ensino e da aprendizagem, a formação pessoal e profissional do
professor, a visão social, a interação do docente com o meio em que o mesmo
está inserido e as concepções educativas e valorativas do professor e da escola
em que esse profissional atua. Cunha rompe
paradigmas uma vez que, além de utilizar como metodologia a História Oral que
não tinha muita aceitabilidade acadêmica, na época em que a obra foi escrita,
também aborda questões pedagógicas a partir da memória de sujeitos, quando
ainda se tinha a memória hermeticamente ligada a concepções da fisiologia.
Em ‘O bom
professor e sua prática’ (Cunha 1989) os sujeitos são investigados e
representados por meio de rememorações das próprias trajetórias sociais e
profissionais causando inquietações e inversões de concepções
pré-estabelecidas, como as de que os bons professores são os que dominam os
conteúdos, agora, os bons professores são os que dialogam com as expectativas
dos alunos e relacionam as experiências de vida com os conteúdos do currículo.
O Ensino
de História nos tempos modernos
No mundo
contemporâneo, não há mais espaço para o ensino tradicional, as escolas
precisam renovar as práticas pedagógicas com base em novas metodologias de
ensino para que os conteúdos se tornem atrativos e façam parte da realidade do
aluno que, geralmente, não vê sentido em estudar eventos do passado. Em uma
sociedade em constante evolução tecnológica, torna-se difícil prender a
atenção e despertar o interesse dos alunos nas aulas de História que abordam
acontecimentos distantes do ambiente, espaço e tempo atuais do discente,
“Quase todos os jovens de hoje crescem numa espécie de presente contínuo, sem
qualquer relação orgânica com o passado público da época em que vivem”, como
nos revela Hobsbawm (1995, p.13).
O professor
precisa elaborar atividades dinâmicas e criar condições para desenvolver ações
que permitam a construção de um espaço democrático com o conhecimento de
diversas culturas, com temas transversais e conteúdos contextualizados por meio
de materiais criativos e motivadores para que o aluno tenha uma melhor
assimilação dos conteúdos e para que as aulas sejam mais interessantes.
Transformar a sala de aula um ambiente em que o aluno tenha voz ativa e
desenvolva o papel de protagonista do próprio aprendizado, por meio de
incentivo de participação na aula, trabalhando com estudo de casos e com
resolução de problemas a partir das experiências vividas pelos alunos, realizar
o estudo de questões que os cercam no dia a dia como a história da escola, do
bairro, das ONGs e Sindicatos existentes na cidade em que vivem, para
relacionar com os conteúdos e abordar as matrizes curriculares, o que facilita
o entendimento do aluno quanto às teorias, pois "tudo que é próximo, que é
real para o aluno tem significado maior" Cunha (1989, p.110).
Uma estratégia
pedagógica é trazer do cotidiano dos alunos materiais diversificados como
jornais e revistas, cinema, documentos oficiais, objetos de museus, fotografias
e recursos tecnológicos, bem como a abordagem de novas temáticas: alimentação,
música, dança, fotografia, questões ambientais, direitos humanos, moda,
relações de gêneros e biografias, entre tantas outras, para a partir desses
materiais e temas trabalhar conteúdos curriculares, atribuindo-lhes um novo
significado no tempo presente, pois os conhecimentos históricos são criados e
recriados diariamente com base no estudo e análise de fontes de informação como
estas. Pode-se começar a aula fazendo questionamentos a respeito de moda
para abordar o capitalismo ou a respeito do meio ambiente para tratar das
teorias de seleção e evolução humana, possibilitando uma renovação nas aulas de
História e uma melhor compreensão do aluno quanto aos acontecimentos históricos
e a relação desses com a situação social, histórica e econômica da sociedade em
que o discente vive. Cunha (1989) revela em sua obra a necessidade
visual que os alunos têm para compreenderem um determinado conteúdo
“Há
depoimentos de professores que enfatizam a necessidade de visualização que os
alunos precisam ter para aprenderem melhor. O "Slide" é o recurso
mais citado como capaz de trazer para a sala de aula a imagem do real. Isto
significa dizer que os alunos precisam visualizar o concreto para compreender
intelectualmente um fenômeno e poder abstrair depois” (CUNHA, 1989, p.118).
A tecnologia
auxilia no processo cognitivo dos estudantes. Há diversos recursos tecnológicos
como páginas de pesquisa na web, blogs, jogos de programação e materiais
audiovisuais, que podem ser usados como ferramentas para potencializar o ensino
e a aprendizagem dos alunos, trazendo benefícios que vão desde o
desenvolvimento da criatividade e do raciocínio lógico, da interação, do
trabalho colaborativo, da criticidade até a troca de experiências e a
socialização. De acordo com Pellanda (2009)
um ambiente de aprendizagem mediado por tecnologia é repleto de plasticidade
possibilitando o desafio de diversas ações: pensar, agir e executar atividades
distintas ao mesmo tempo.
O objetivo do
Ensino de História vai além de conhecer os acontecimentos históricos e do
desenvolvimento da criticidade, é relacionar os conteúdos tradicionais com o
espaço em que se vive colaborando para a construção do cidadão e de uma
identidade local/regional/nacional. Construir um ambiente de ensino que
oportunize a participação do discente no processo de formação histórica, o
acesso a saberes que transcendem o espaço escolar, o incentivo a comunicação, a
pesquisa e aproximação do aluno com a própria realidade histórica. Ensinar
História é complexo uma vez que o ensino e a aprendizagem não são atividades
prontas/acabadas, segundo Cunha (1989) estas são criadas e recriadas pelos
alunos e discentes de forma reciproca na sala de aula, pois tanto o professor
quanto o aluno aprendem com as trocas de experiências.
“A História deve
contribuir para a formação do indivíduo comum, que enfrenta um cotidiano
contraditório, de violência, desemprego, greves, congestionamentos, que recebe
informações simultâneas de acontecimentos internacionais e que deve escolher
seus representantes para ocupar os vários cargos da política institucionalizada”
(BITTENCOURT, 2004, p.20).
Os educadores precisam
ter, além do conhecimento dos conteúdos curriculares, concepções de psicologia
da educação, fundamentos de sociologia e filosofia, questões ligadas à didática
e a educação, para tornar o conhecimento em algo passível de aprendizagem,
devido ao fato de que não existe neutralidade no fazer pedagógico, o docente
durante as práticas pedagógicas faz um diálogo com as suas experiências e
conhecimentos anteriores. Há complexidade no fazer pedagógico que é uma ação
hibrida, o modo de ensinar e o modo de compreensão dos alunos são distintos de
um indivíduo para o outro, a maneira que cada alunado recebe o conhecimento e o
ressignifica de acordo com as próprias vivências é único. Por isso, uma aula
ministrada por um mesmo professor dificilmente será igual à outra, uma aula no
Ensino Fundamental é completamente diferente de uma aula de nível superior com
alunos mais experientes.
Considerações
finais
Em face ao que
foi discutido acima, fica revelada a complexidade do fazer pedagógico e da
importância de ensinar-se História nos tempos atuais. O tempo presente, os
costumes, a economia, a política e outros aspectos da sociedade atual, só foram
estabelecidos e comportam-se de determinado modo por influencias do passado.
Para compreender essas influências é preciso entender a história registrada nos
diversos locais de memória.
Em uma sociedade
dominada por smartphones e computadores com acesso a internet, onde se obtêm
conhecimento sobre qualquer assunto de forma rápida, por meio de fontes que
apresentam as informações como se fossem a realidade dos fatos, sem discussões
e reflexões, o espaço escolar torna-se cada vez menos atrativo. No entanto, é
na escola que o aluno é instigado a pensar, refletir e discutir a respeito de
questões tangíveis ao dia a dia, é nesse ambiente que os jovens aprendem
História e compreendem seu lugar na sociedade como sujeito histórico,
refletindo sobre o passado, o presente e o futuro, compreendendo a importância
do conhecimento histórico para a vida extraclasse, para a manutenção da organização
da sociedade por meio de costumes e crenças advindas dos antepassados, mas que
estão em constante movimento.
A relação entre
memória e história é refletida e discutida continuamente, pelos historiadores,
pois não existem conceitos e relações acabadas, assim, como as práticas
pedagógicas que precisam ser repensadas pelos docentes durante o próprio fazer
pedagógico, planejar as aulas, apreender as experiências vividas, relacionar os
conteúdos aos fatos e acontecimentos do ambiente em volta, o qual está em
movimento. Quanto à história oral, também há um caminho a percorrer, pois ainda
enfrenta dificuldades quanto a aceitação por historiadores e a falta de
visibilidade no meio acadêmico, na medida em que a metodologia da história oral
é pouco explorada para elaboração de pesquisas científicas, e que o acesso é
restrito aos materiais produzidos a partir da história oral como a transcrição
de entrevistas que originam pesquisas acadêmicas.
Referências:
Cleni Lopes da Silva é aluna do
mestrado de História da Universidade Federal do Rio grande (FURG)
CUNHA, Maria Isabel da. O bom professor e sua prática. Campinas, SP:
Papirus, 1989.
FERREIRA, Marieta de Moraes. História, tempo presente e
história oral. Topoi: Rio de janeiro [online]. 2002, vol.3, n.5,
pp.314-332. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/topoi/v3n5/2237-101X-topoi-3-05-00314.pdf>.
HALBWACHS, M. A
memória coletiva. Trad. de Beatriz Sidou. São Paulo: Centauro, 2006.
HOBSBAWM, E.
A era dos extremos: O breve século XX, 1914-1991. São Paulo: Companhia das
letras, 1995
MICHAELIS
Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 2015.
Disponível em: http://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/
NORA, Pierre.
Entre mémorie et histoire: la problematique des lieux. In GERON,
Charles-Robert. (org) Le leiux de mémoire. Paris: Gallimard, 1984. V.2, La
Nation
PELLANDA, N. M .C.
Maturana e a Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2009. P.112
Boa noite prezada, gostaria saber se em torno da nossa atual conjuntura política, se existe riscos no uso do materialismo histórico como método didático na interpretação histórica do mundo e na busca por soluções?
ResponderExcluirPaulo Henrique Monteiro de Araujo
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ResponderExcluirTomando como ponto de partida a observação de que a memória é móvel e que, como dizia Le Goff: há uma luta das forças sociais em busca do poder sobre essa memória e o esquecimento, que torna-se senhores da memória é uma das grandes preocupações dos indivíduos que dominam as sociedade. Como o professor de história pode trabalhar para construir um ensino que possa trazer a sua análise pessoal dos fatos mesmo q elas estejam contra a ideologia vigente, principalmente a relacionada a concepção histórica dos principais representantes políticos do país ?
ResponderExcluirCassia Cristina Aleixo de Moraes
Olá. Acredito que isso será possível através de diálogo onde serão expostos argumentos fundamentados na História e deixando claro que não existe uma verdade absoluta dos fatos. A História não é pronta, acabada e inalterada, mas sim a interpretação dos fotos por meio da inferência do historiador que tem perspectivas, crenças e ideias próprios.
ExcluirCleni Lopes da Silva
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ResponderExcluirPrezada Cleni Silva, Parabéns pelo seu texto! São reflexões assertivas que nos ajudam a pensar o processo de ensino aprendizagem em um momento de transformações tão rápidas por que passam as sociedades contemporâneas. Em sua discussão o que me chamou atenção foi a importância da História Oral. Gostaria de saber se você já vivenciou o trabalho com a História Oral em sala de aula e sobre as possibilidades de trabalharmos a história oral na sala de aula enquanto técnica ou método para explorar o cotidiano dos educandos.
ResponderExcluirMuito Obrigado!
Rivaldo Amador de Sousa
Boa noite. Ainda não tive a oportunidade de aplicar a História Oral em sala de aula, mas assim que surgir a oportunidade farei isso, pois acredito ser um excelente recurso.
ExcluirOs alunos podem ser instigados a pesquisas por meio da História oral. Os mesmos podem entrevistar os pais e os avós, dentre outras pessoas, questionando-os a respeito, por exemplo, da ditadura militar ou sobre a própria história familiar. Essas narrativas podem ser apresentadas e discutidas em aula, auxiliando na construção da identidade individual e coletiva do aluno.
Cleni Lopes da Silva
Boa noite. Ainda não tive a oportunidade de aplicar a História Oral em sala de aula, mas assim que surgir a oportunidade farei isso, pois acredito ser um excelente recurso.
ResponderExcluirOs alunos podem ser instigados a pesquisas por meio da História oral. Os mesmos podem entrevistar os pais e os avós, dentre outras pessoas, questionando-os a respeito, por exemplo, da ditadura militar ou sobre a própria história familiar. Essas narrativas podem ser apresentadas e discutidas em aula, auxiliando na construção da identidade individual e coletiva do aluno.
Cleni Lopes da Silva
Boa Noite, trabalho com história oral, tentei aplicar em sala de aula no entanto vi a dificuldade que os alunos possuem em fazer a retextualização, sabemos também que a nossa função é possibilitar que penetrem no mundo da pesquisa, você acredita que a trabalhando a oralidade em sala de aula sobretudo se tratarmos assuntos atinentes a cidade a família traria esses alunos para uma visão mais voltada para a pesquisa?
ResponderExcluirJÊIBEL MÁRCIO PIRES CARVALHO
Olá! Na minha opinião sim, pois ao realizar entrevistas o aluno irá comparar e analisar os relatos percebendo a possibilidade de haver diversas opiniões sobre um mesmo assunto e que, portanto, as informações não são naturalmente contidas na fonte. O pesquisador pode conduzir a conversar de acordo com o interesse que possui, assim, como o entrevistado tem a decisão de escolha sobre o que será revelado ou não. Desta forma, o estudante consegue apreender o conceito de fonte e adquirir noções básicas de pesquisa.
ExcluirCleni Lopes da Silva
Bom, gostei bastante do artigo e por isso gostaria de transmitir inicialmente meus parabéns ao trabalho desenvolvido. Contudo, me veio a mente uma questão: o ensino de História causa um impacto nos alunos de forma individual, por mais que existam experiências em comum dentro de um mesmo grupo de alunos. Portanto, como avaliar o processo de aprendizado de uma turma de forma qualitativa, observando sua efetiva inserção na compreensão da realidade histórica e sua diversidade, quando o que a sociedade em geral valoriza é o quantitativo (simplesmente a famosa nota de fim de ano)?
ResponderExcluirGabriel Mafra de Oliveira
Olá Gabriel! Acredito que seja possível por meio do acompanhamento do desenvolvimento do aluno na sala de aula, da participação nos debates, do modo que expõe as experiencias vividas, no interesse em ler os textos e realizar as atividades, dos questionamentos que faz ao professor. Claro que o docente precisa criar um espaço em que o aluno possa expor sua visão, o que não ocorre por meio de aulas expositivas, mas dialogadas.
ExcluirCleni Lopes da Silva
Parabéns pelo seu texto. Você fez um contraponto interessante entre história e memória. No entanto, senti falta de uma elucidação maior acerca da relação da memória com o ensino de história. De que forma o Ensino de História poderia trabalhar com a memória? Qual memória?
ResponderExcluirAbraço!
Paulo Hipólito
Olá. Poderia trabalhar com a memória coletiva e individual por meio de uso de fontes históricas como os relatos orais. Ao realizar entrevistas ou analisar outras fontes históricas, os alunos podem perceber que as mesmas são resultantes da memória dos sujeitos e que constroem uma identidade individual e coletiva.
ExcluirAcredito que a História oral seja uma maneira bem interessante de abordar essa relação entre a memória e História, pois fica fácil o aluno perceber que a História é constituída pela memória visto que através dos relatos os sujeitos vão, a partir das percepções de mundo que possuem, representar o passado.
Cleni Lopes da Silva
Professor a temática da Memória e sua relação com a História é bastante pertinente para ser refletida junto ao campo do Ensino, parabenizo pela relevância. Em seu texto existe a seguinte afirmação: “Na História Ora, o testemunho apresenta-se como uma metodologia repleta de subjetividade, de intenções ocultas ou conscientes, tanto de quem está testemunhando quanto de quem está fazendo os questionamentos.” Diante disso, pergunto: Seria possível desenvolver a crítica da fonte oral com os estudantes de diferentes faixas etárias ou seria um trabalho específico para um determinado nível educacional?
ResponderExcluirLaila Cristine Ribeiro da Silva
Olá. A crítica a respeito do uso da História oral como fonte Histórica fez-se presente nos círculos de discussões de históricos/educadores, ao longo da trajetória da Historiografia, pois entendia-se que a História era a realidade dos fatos e, portanto, era impossível por meio da subjetividade dos relatos fazer História.
ExcluirMas o entendimento sobre História evoluiu, hoje, essa é tida como a representação do passado, a qual é feita com base na análise das fontes. Ao analisar as fontes o historiador traz inferências das próprias experiências vividas e da capacidade de cognição, de leitura etc. Portanto, as fontes não são naturalmente históricas.
Estando clara essas questões para o aluno, acredito que é possível sim trabalhar com a critica da fonte oral.
Cleni Lopes da Silva.
Olá,parabenizo pelo texto bastante reflexivo sobre o tema.Sobre o trabalho com história oral , que é com toda certeza interessante e agregador , me pergunto como seria trabalhar essas reflexões passadas com crianças de favelas que tem suas historias permeadas pelo crime. Seria então uma experiência traumática demais não valendo a pena o trabalho?
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirBom dia. Será traumático dependendo da forma como essas Histórias serão abordadas.
ExcluirÉ importante mostrar ao aluno que essas histórias são parte da identidade individual e coletiva, fazendo com que ele se "enxergue" como sujeito histórico e que, portanto, tem a capacidade de voltar ao passado não apenas para entender o meio em que vive, mas para buscar soluções e alterar o presente e o futuro.
Cleni Lopes da Silva
Cleni, tudo bem?
ResponderExcluirAqui na minha cidade, Surubim-PE, há uns dois/três anos atrás teve inicio um processo de demolição da antiga Usina de Algodão, essa que gerou a cidade nas décadas de 1950/70 o titulo de "Cidade do Ouro Branco", houveram diversos atos contra a demolição, tanto, que no final do ano passado a mesma passou a ser patrimônio de Pernambuco. Porém, hoje já não se fala mais sobre tal construção, sendo a mesma o último prédio histórico no centro da cidade. Minha pergunta é, houve o surgimento de uma memoria coletiva na época, mas agora a mesma não é mais lembrada, assim, podemos dizer que não houve o fazer História, ou que foi apenas um fazer momentâneo?
att.: Marcos Gilvan Ribeiro Soares
Boa noite, belo Trabalho. Com relação a temática que é muito pertinente, gostaria de saber se não existe o risco dos alunos confundirem memória com história? Nos dias atuais na qual a memória acaba sendo visto como mais fiel que a história pra algumas pessoas. Quais dicas para se evitar isso? Grato Marlon Barcelos Ferreira
ResponderExcluirOlá, parabéns pela qualidade do artigo.
ResponderExcluirTendo em vista que, a memória é indissociável à História e ao ensino de história, Qual melhor forma para aproximar a História da realidade do aluno, promovendo de tal modo, sua percepção como sujeito histórico ?
Atenciosamente,
Ana Luiza Pena de Sá
Olá, parabéns pelo trabalho. Acho muito interessante assuntos relativos a Memória e História. É um assunto que me remete muito ao livro 1984, de George Orwell, pois é justamente pela forma de alterações dos fatos ocorridos, e consequentemente, alteração das memórias, ora por meio de torturas, ora por alterações dos fatos, era que o Grande Irmão mantinha seu governo ditatorial. E trazendo pra realidade, acha mesmo possível que algo parecido possa acontecer?
ResponderExcluirWilliam Emanuel de Araújo Gomes