Emily Maria Pantoja Maia


HISTÓRIA E MÚSICA POPULAR NO ENSINO MÉDIO: UM OBSTÁCULO PARA ENSINAR ATRAVÉS DO PRISMA MUSICAL POSTO POR PROFESSORES DE BELÉM DO PARÁ


A utilização da música em sala de aula, vista como ferramenta cultural bastante presente no cotidiano dos alunos, traz uma grande capacidade para a produção do conhecimento histórico, proporcionando assim, um aprendizado absoluto dos discentes e, contribuindo para um ensino prazeroso e significativo (PINSKY; PINSKY, 2012). Portanto, busca-se nesta pesquisa, refletir como vem se dando a utilização da música em sala de aula por professores de Belém do Pará, visando como um objeto de estudo e fonte documental possível para uma aplicação como instrumento pedagógico que contribuirá para a desconstrução, aprofundamento, concentração e aprendizado de conceitos e conteúdos que a música carrega a partir das representações de determinado contexto (HERMETO, 2012), evidenciando um recurso apropriado não apenas para a audição, mas também para a consciência que ocasionará em conhecimentos, particularmente, neste caso, o histórico. Dessa maneira, entrevistas realizadas com professores de escolas públicas e privadas da cidade de Belém, os quais contemplam a disciplina de História dos últimos anos do ensino básico, proporcionaram a percepção e o entendimento do exercício metodológico que utilizam, observando a música como ferramenta didática em suas aulas e de que forma vem sendo aplicada para abordagem de determinado conhecimento.

Assim, a pesquisa se deu através de leituras que foram essenciais para as análises e problematizações das consultas na intenção de buscar metodologias que melhorem e contribuam para o ensino de História, compreendendo a partir das entrevistas realizadas, um grande desafio a ser superado, trabalhando de maneira adequada mediante aquilo que a música proporciona. Portanto, tendo em vista a dificuldade de atrair a atenção dos alunos e de gerar provocações em classes, percebida através das pesquisas com os professores, a presente proposta didática no ensino de História, busca por retratar uma abordagem da historiografia contribuindo para a possibilidade de o aluno diferenciar e relacionar o passado/presente e adquirir uma melhor aprendizagem a partir dessas fontes documentais de apresentação histórica. Desse modo, firmando e/ou desconstruindo determinados conceitos sobre a História para fins que contribuam com os estudos de temáticas fundamentais que trazem uma significação para a vida dos determinados alunos, evidenciando um aprendizado que propõe uma retratação da realidade para além da academia. 

A música popular   
Para as culturas brasileiras, visando a diversidade nacional, a música vai muito além de uma combinação harmoniosa de sons para uma possível diversão. A música é arte, é sociabilidade, é produto da indústria fonográfica, assim como também, a motivação para a dança proporcionando manifestações que retratam representações e, portanto, bastante presente no cotidiano da população brasiliense. A música popular em si já vem trazendo grande significado em seu nome, o qual se refere ao povo. Entretanto, é necessário destacar a sua formação a partir de uma hibridização, a qual reuniu uma encadeação de elementos da música erudita e folclórica, tendo o seu surgimento no final do século XIX a partir de uma urbanização e a manifestação de classes populares (NAPOLINATO, 2002). Por isso, por meio de uma perspectiva cultural, o conceito de circularidade que o historiador italiano Carlo Ginzburg (2006) aponta do pensamento bakhtiniano, tem grande potência para as reflexões a cerca da música popular brasileira, evidenciando que todos aproveitam do instrumento musical, sendo atribuídos símbolos e significados que podem ser estudados a partir de versões, não buscando uma análise dos sujeitos populares separadamente dos intelectuais.

De acordo com os pressupostos, a música vem sendo um mecanismo de urbanidade a qual considera todas as esferas do mundo citadino, percebendo no Brasil, a utilização da canção até mesmo como “provérbios” e bordões. Assim, Miriam Hermeto (2012) aponta no seu livro ‘Canção popular brasileira e ensino de história’, formas que as músicas tomaram a partir de suas letras e melodias, podendo ser destacado no cotidiano o letramento no lugar de expressões para determinadas atividades diárias:

“Não é incomum, no Brasil, ouvir alguém entoar “lerê, lerê”, com a melodia de Dorival Caymmi, para contar que tem trabalhado demais. A canção “Retirantes”, com letra de Jorge Amado, compunha a abertura da novela Escrava Isaura produzida pela então Tv Globo (hoje Rede Globo) entre 1976 e 1977, inspirada na obra homônima de Bernardo Guimarães. Tornou-se uma representação do trabalho escravo – nos mais diversos sentidos que a expressão tem no cotidiano – nos quatro cantos do país e, quiçá, pelo mundo afora, já que a novela foi um dos produtos de exportação de maior sucesso da televisão brasileira (...) O refrão “com que roupa eu vou/Pro samba que você me convidou?” é outro que, de vez em quando, escuta-se de alguém que escolhe o traje para uma ocasião importante. Ou de quem se encontra em uma situação difícil e não sabe como resolvê-la. O samba de Noel Rosa, escrito no início dos anos 1930, virou algo muito maior do que um sucesso do carnaval carioca. Gravado por diferentes artistas, em tempos, ritmos e timbres diversos, não só é uma das preciosidades do nosso cancioneiro, como também se transformou em uma espécie de bordão.” (HERMETO, 2012, p.11-12).     

Com a fala de Miriam Hermeto, pode se perceber como a música popular vem sendo posta através de um diálogo cotidiano, possibilitando até mesmo uma formação para transporte entre gerações. Com isso, a sua aplicabilidade para estudantes do Ensino Médio, vem trazendo grandes contribuições, proporcionando um direcionamento que evidencie uma relação entre passado e presente através da historicidade da canção e seus possíveis fundamentos para a construção do conhecimento histórico, abordando diálogos entre as relações e tradições que a música popular proporciona para servir de análises.

De que forma a Música Popular vem sendo utilizada no Ensino Médio em Belém do Pará?
Como já dito anteriormente, a pesquisa deu-se através de entrevistas com professores da cidade de Belém, considerando-se escolas públicas e privadas. As entrevistas foram autorizadas para serem gravadas, entretanto, sem a identificação dos seus nomes. Inicialmente, as perguntas foram a respeito da utilização da música em sala de aula e de que maneira vem sendo trabalhada. O primeiro professor aqui abordado, professor do terceiro ano do ensino médio de um colégio público de Belém, utilizava a música em suas aulas, no entanto, não acreditava na contribuição da mesma para a motivação e significação, afirmando que o uso da canção em sala não contribuiria para o aprendizado histórico.

“Cheguei a utilizar, mas não uso mais, eu usava as músicas de protesto, assim... da ditadura. Parei de usar porque os alunos não têm maturidade para analisar a música e entender o que ela quer passar, eles se deixam levar somente pelo ritmo e não pela letra. Então... eu acredito que corrompe a mentalidade crítica deles” (ENTREVISTA ANÔNIMA, 2018).   

Pela fala do professor, pode se notar alguns equívocos para o trabalho metodológico a partir deste instrumento didático em sala de aula. Para ele, a música pode ser uma ferramenta para degradar o aprendizado, entretanto, a música quando trabalhada de maneira correta, evidenciando a letra e melodia, fazendo com que o aluno analise a partir dos dois elementos interrogando a canção historicamente, pode ser um forte potencializador da aprendizagem e da criticidade, não desconsiderando estruturas fundamentais na construção da canção, percebendo a sustentação poético-musical (NAPOLITANO, 2002), pois, a música não é música somente pela letra. Dependendo da melodia, do letramento e do domínio das questões históricas atribuídas pelo professor, torna-se capaz uma interpretação aprimorada e um entendimento de determinado contexto histórico (HERMETO, 2012), evidenciando as representações sociais da temporalidade por parte dos alunos. Ademais, a utilização de um único gênero e um único período abordado, dentro de um único conteúdo que é a ditadura, limita a produção musical, afastando os alunos da sua realidade cultural e contribuindo para uma certa dificuldade quanto a percepção de agentes históricos.

Além disso, ao utilizar a música, professores não possuem a preocupação em pesquisar para além do que ela traz em sua letra ou melodia, não buscando saber pelo contexto de produção, sobre o compositor, a circulação, a recepção da música pelos ouvintes, assim como Hermeto (2012) aborda. Dessa maneira, ocorre “Eu não tenho o costume de utilizar música em sala de aula não, os alunos nem conhecem os artistas que tento trabalhar” (ANÔNIMO, 2018). A utilização da pesquisa antes da abordagem torna-se essencial para algumas concepções prévias dos estudantes, podendo os próprios discentes realizarem as pesquisas ou os docentes levarem materiais para uma análise mais completa do documento.

Outra problemática encontrada que possibilitou o avanço da pesquisa, foi a atribuição acerca da música como uma fonte que não pode ser utilizada como objeto de estudo. Segundo Bittencourt (2004), os materiais didáticos podem ser vistos a partir de dois parâmetros, aquele que possui caráter informativo e aquele que é um documento que não foi produzido para ser aplicado em sala de aula, mas que a partir do que o professor atribui em suas análises, são apropriados para as perspectivas escolares. Assim como, visar um diálogo entre planos midiáticos e escolares torna-se fundamental para a desconstrução ou aprofundamento de conceitos ou assuntos empregados pela cultura histórica, possibilitando uma concentração e consciência sobre as músicas presentes no dia a dia dos discentes. Portanto, respostas a respeito da canção ser vista como objeto de estudo e fontes históricas, foram dadas:

“Na verdade ela é mais fonte histórica do que objeto de estudo, ela não é protagonista, ela é usada como elemento para explicar algo que é mais importante... não que seja mais importante, talvez nem seja essa a expressão correta, mas é, é... tu tens um conteúdo programático de ensino médio que tu prioriza uma análise política, econômica e muito menos cultural. Quando a gente traz esse debate cultural e a gente usa a música como instrumento cultural, de ilustração cultural, na maioria das vezes é pra enfatizar um elemento político, um contexto econômico ou algo parecido. Ela é mais um recurso pra explicar algo mais concreto, do que ela ser objeto de estudo. Você consegue encontrar ela como um objeto de estudo na literatura, no conteúdo programático da literatura, na história é só um artíficio” (ENTREVISTA ANÔNIMA, 2018). 

Segundo Hermeto (2012), o objeto de estudo é dado a partir das problematizações históricas atribuídas para que assim seja tratada como tema central, com base em diferentes temporalidades, assim como também evidenciando a letra juntamente com a sua melodia, performances e visando o que há por detrás das canções, partindo do objeto estudado para fonte de pesquisa. É possível evidenciar como a música vem sendo vista ao ser trabalhada em sala, o que acaba gerando complicações para uma abordagem correta que ocasionará em problematizações para que se tenha o entendimento de determinado contexto. Para mais, a música é uma produção artística que consigo carrega aspectos da visão e das relações obtidas em dada temporalidade por quem produziu, assim como por quem recebeu (HERMETO, 2012). Portanto, deve ser vista como instrumento cultural presente no dia a dia de quem consume, a qual facilitará a análise como documento que foi feito a partir de uma intenção para despertar sentimentos acerca do que é vivido, seja politicamente, economicamente ou culturalmente.

Por estes motivos colocados, o grande avanço desta pesquisa fez perceber as dificuldades apresentadas para se trabalhar com o público em questão, tendo em mente que o aprendizado deve ser a partir da junção entre a realidade dos mesmos e aquilo que deve ser ensinado, demonstrando uma metodologia que traga possíveis comparações que ocasionarão no entendimento a partir das reflexões obtidas pela produção do conhecimento histórico feito através da utilização da música como recurso didático.

Uma possível metodologia para aplicação em sala de aula através da óptica musical na produção do conhecimento histórico
A partir das pesquisas realizadas com professores do ensino médio de Belém, os quais proporcionaram fontes importantes para o avanço da investigação, tornou-se possível perceber os desafios para se trabalhar com a música dentro de sala de aula no ensino de História, visando a dificuldade de ter a aprendizagem a partir de manifestações presentes no cotidiano dos alunos. Portanto, é necessário que se entenda que a música vai além da letra e que se deve evidenciar desde o arranjo ao seu consumo, possibilitando uma compreensão histórica completa.

A produção do conhecimento histórico não é necessariamente para estabelecer uma verdade histórica a partir de um documento que busque comprovar acontecimentos, mas sim a relação com os sujeitos para tal explicação (BITTENCOURT, 2004), mostrando a sua representação em determinado cenário. Portanto, os métodos utilizados para a compreensão do ensino da História através da música, parte da concepção de que o objeto de estudo está integrado diariamente nas realidades dos alunos, deixando claro a percepção cultural e fazendo notá-los quanto agentes ativos no processo histórico. Ademais, as músicas mais antigas, trazem uma representação social de um determinado contexto, dependendo da significação atribuída por sujeitos históricos da temporalidade, assim como por quem produziu, promovendo uma análise a partir do diálogo entre presente/passado, verificando-se o tempo de produção e o tempo em que se analisa, percebendo a História quanto sua transformação (HERMETO, 2012).

Com o acesso as várias mídias contidas no dia a dia dos estudantes, a História torna-se presente através da vivência e da retratação histórica que contribuem para o imaginário do aluno (XAVIER, 2010), sendo assim, a mídia, na contemporaneidade, é um forte potencializador dessa manifestação para que se tenha o conhecimento. Portanto, cabe ao professor manter-se atualizado, possibilitando através de projetos, um ensino da História significativo, visto de forma prazerosa e consequente (PINSKY; PINSKY, 2012), indo contra um ensino tradicionalista.

Tendo em vista o papel da música como elemento relevante na questão do aprendizado, como um possível recurso metodológico que professores dos últimos anos do ensino básico podem utilizar, visando a História Cultural e questões representativas, a visão da música de maneira diversificada através de outras produções artísticas podem ser feitas pelos próprios alunos com o intermédio do professor, tendo o entendimento do conteúdo histórico relacionado com a música popular analisada, questionada e problematizada. Com isso, as produções artísticas podem variar: criação de capas de álbuns, desenhos, fotografias, vídeos-clipes, curta metragens, peças teatrais e etc. sendo criadas a partir da temática principal da música relacionado com o contexto histórico estudado em sala de aula.

Para isso, é necessário que o professor trabalhe por meio de processos sistematizados, podendo ser divididos em: Explicação do conteúdo da disciplina de História proposto pela grade curricular, utilizando a música como ferramenta didática indo além da letra, mas, evidenciando a melodia e o que há por detrás dela, sendo vistas como documentos ou fontes históricas, problematizando-as como um produto cultural que demonstra aspectos de um determinado contexto, sendo vistas performances, iconografias, recepção do público; Além da explicação, o professor pode aplicar uma atividade em que o aluno participe de forma significativa, obtendo autonomia necessária. Assim, o estudante do ensino médio poderá escolher uma música com o gênero de sua preferência, entretanto, a partir dos conhecimentos obtidos em sala. Com isso, o trabalho pode ser visto como uma resenha musical, contendo uma análise descritiva da música (criação, contexto do compositor, ritmos, tempo, espaço), do processo histórico estudado, a relação entre a música e conteúdo, qual a sua relação com o contexto atual (para que os alunos se percebam como sujeitos históricos), as problematizações a partir dos seus questionamentos sobre a música e assim, buscando uma intervenção, trabalhando com a escrita contribuindo para a disciplina de Redação de maneira interdisciplinar. Por fim, a produção dos trabalhos feitos a partir do uso musical em sala, pode gerar em uma “mostra cancional”, tendo como o principal objetivo a aprendizagem concreta desses alunos através das suas próprias produções, explicando como se deu a produtividade e quais os seus aprendizados obtidos dos processos históricos.

Desse modo, será potencializado as inteligências musicais, intrapessoais e linguísticas, evidenciando os diferentes alunos presentes em sala de aula. Assim, adequa-se ao professor a fazer uma análise das canções escolhidas a partir de uma perspectiva metodológica e crítica, relacionando com a historiografia (NAPOLITANO, 2002), indo além do gosto pessoal e evidenciando a realidade e satisfação dos alunos, tendo em vista a dimensão material, descritiva, explicativa, dialógica e sensível (HERMETO, 2002).     

Referências

Emily Maia é discente do curso de Licenciatura em História da Faculdade Integrada Brasil Amazônia (FIBRA), pesquisadora bolsista do projeto de iniciação científica o qual é intitulado “História e Música Popular no Ensino Médio”.

BITTENCOURT, Circe. Aprendizagens em História. In: Ensino de história: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2004, pp. 181-221.

GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes. São Paulo: Cia. Das letras, 2006.

HERMETO, Miriam. Canção Popular Brasileira e Ensino de História: palavras, sons e tantos sentidos. Belo Horizonte: Autêntica, 2012.

NAPOLITANO, Marcos. História e Música – História Cultural da Música Popular. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.

PINSKY. Jaime; PINSKY, Carla Bassanezi. Por uma História prazerosa e consequente. In: KARNAL, Leandro. (org.). História na sala de aula: conceitos, práticas e propostas. São Paulo: Contexto, 2012, pp. 17-36.

XAVIER, Erica da Silva. Ensino e História: o uso das fontes históricas como ferramentas na produção de conhecimento histórico. Anais do VIII Seminário de Pesquisa em Ciências Humanas. SEPECH. Londrina: Eduel, 2010. 


36 comentários:

  1. O que te fez discorrer acerca desse assunto?

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    1. Obrigada pela pergunta, é uma pergunta bastante interessante porque nada surge do nada, não é?
      Bom, três fatores importantes me possibilitaram a pensar sobre a pesquisa e querer seguir por esse caminho: Primeiramente me enxergar como uma futura historiadora, visando a nova história cultural que traz essa possibilidade, percebendo como a música é uma produção que faz parte de determinado cenário e que traz representações, seja da realidade de quem escreveu, assim como da sociedade a qual o individuo está inserido, indo muito além de uma mentalidade, mas evidenciando as versões históricas ali presente; Segundo, a minha responsabilidade como futura professora, pensando em metodologias que estejam presentes na realidade dos alunos para que se tenha uma familiarização e uma facilitação para o aprendizado. Por fim, a minha própria paixão pela música, não sei se posso me considerar como musicista, mas acredito que sempre estarei contribuindo com o pouco que toco de violão e ukulele para a produção do conhecimento dos meus futuros alunos.
      Acredito que a música vai muito além uma simples diversão, ela faz sentir, assim como compreender. O próprio Marcos Napolitano (2002) vem apontando que a música não é só boa para se ouvir, mas para se pensar.

      Obrigada,

      Emily Maria Pantoja Maia
      ehist.clio@gmail.com

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  2. Olá, parabéns, sua pesquisa é muito importante para contribuir em novas metodologias no ensino de História.

    Sobre os professores que você entrevistou, todos eles possuíam recursos disponíveis na escola para trabalhar essa metodologia? Além disso, sobre a formação em História daqueles, você conseguiu coletar informações enquanto a formação e atualização dos docentes?

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    1. Olá, muito obrigada pela parabenização e pelas perguntas, fico muito feliz.
      Então, sobre os recursos da escola, todas possuíam sim, mas acredito que para se trabalhar com a música hoje em dia não é algo tão difícil, já que os próprios dispositivos móveis também carregam essa função.
      Não busquei saber de forma aprofundada sobre a formação em si, não sei se os mesmos tiveram uma disciplina voltada especificamente para metodologias no ensino de História, mas acredito que pelo o que a própria profissão nos proporciona, deve-se buscar meios que possibilitem um melhor aprendizado, partindo sempre da realidade dos mesmos como os a própria Circe Bittencourt (2004) vem apontando. O aprendizado do professor não acaba na graduação, muito pelo contrário, se inicia ali. A conscientização dos docentes a respeito da sua responsabilidade profissional de ensinar, deve ser de extrema importância, para que assim, se tenha em mente a busca por formações continuadas, seja por leituras ou cursos, buscar por novas metodologias, entender o que está presente no cotidiano dos alunos... não sendo um professor metódico que busque narrar a história e "jogar" informações, não contribuindo para as possíveis reflexões que a produção do conhecimento histórico proporciona.
      Muito obrigada pela dica da pesquisa, com certeza me aprofundar sobre a formação desses docentes será extremamente relevante.

      Atenciosamente,
      Emily Maria Pantoja Maia
      ehist.clio@gmail.com

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  3. Primeiramente gostaria de parabenizar pela pesquisa que você traz e pelo texto bastante harmonioso.

    Pergunta: Com o atual ensino médio que temos, que é totalmente pensado suas matérias e tempo voltadas para o exame nacional, como no meio de todo esse pequeno prazo o professor de história pode convencer os pais, o corpo docente da instituição, mas acima de tudo os alunos que ao utilizar a música como ferramenta não estarei desperdiçando o tempo deles e não ensinando do "jeito certo" para o ENEM?




    Rui Guilherme Da Silva Cunha
    ruig.cunh@gmail.com

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    1. Olá, Rui Guilherme, muito obrigada pela pergunta! A sua pergunta é perfeitamente favorável à pesquisa, que inclusive, apesar de não estar presente no texto, foi um dos pontos debatidos com os professores.
      Ao conversar com os docentes, foram colocadas essas questões do Exame Nacional do Ensino Médio e do conteúdo programático, percebendo as dificuldades dos mesmos para se trabalhar com esse instrumento didático, não pelo peso dos assuntos em si, mas sim por não enxergarem de forma adequada. Agora, para aplicar esta ferramenta didática no ensino médio para a produção do conhecimento histórico, é fundamental retratá-la exatamente como uma fonte documental e um objeto de estudo, mostrar como ela vai além de um entretenimento e proporciona conhecimento. Circe Bittencourt (2004) vem abordando como existem materiais que não são feitos propriamente para a sala de aula, mas que a partir do que o professor atribui pode servir para as perspectivas escolares, por isso, a música pode ser trabalhada. A música não é abordada de forma aleatória e sozinha, mas a partir do próprio conteúdo programático proposto, é abordada dentro de um assunto, fazendo com que a música contribua para as possíveis habilidades, competências e desperte as múltiplas inteligências. Outro ponto a ser colocado, é como o ENEM também vem trazendo questões que aborde perspectivas musicais, não só com as letras para uma interpretação, mas trazendo além delas. Me recordo de uma questão que veio carregando pontos sobre instrumentos e perguntando qual gênero musical estava sendo abordado ali, não recordo o ano, mas percebe-se aqui como sua abordagem é necessária e facilitadora, evidenciando além da sua letra e o que há por detrás dela.

      Muito obrigada,
      Emily Maria Pantoja Maia
      ehist.clio@gmail.com

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  4. Antes de mais nada, congratulações Emilly Maia Pelo Trabalho e, fico feliz em contribuir com uma amiga de curso.
    Pergunta: Dentro da perspectiva musical regional, em sua pesquisa foi possível observar a utilização os ritmos paraenses presentes em sala pelos professores?

    José Guilherme Aguiar Assis.

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    1. José Guilherme, muito obrigada por vir prestigiar o meu trabalho. Fico extremamente feliz!
      Sobre a pergunta, já foi visto uma grande dificuldade ao se utilizar a música como ferramenta didática em si, agora, visando essa perspectiva regional, é algo ainda mais vago. Quando buscam utilizar desse instrumento, é geralmente mais aplicada as músicas engajadas, ou seja, aquelas que não foram produzidas especificamente para o entretenimento em si, mas sim para transmitir uma mensagem crítica ou até mesmo em forma de protestos. A abordagem dessas músicas, através das entrevistas com os professores, foram percebidas dentro de um único conteúdo, que é a ditadura militar brasileira, sendo vista também uma única temporalidade (décadas de 60-80). É muito importante trazer o que encontra-se presente na realidade do aluno, por isso, a abordagem do próprio carimbó seria extremamente interessante para entender determinados contexto e até mesmo uma abordagem do próprio batuque, mostrando um amálgama entre as culturas.

      Muito obrigada,

      Emily Maria Pantoja Maia
      ehist.clio@gmail.com

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  5. Olá.
    Primeiramente gostaria de parabeniza-la pelo trabalho tão interessante e esclarecedor.
    Pela minha experiência em sala, posso afirmar que é um desafio muito grande trabalhar a música em sala, especialmente determinados generos. Apesar dos alunos se sentirem atraídos, não e todo o gênero musical que desperta o interesse dos mesmos. Então como lidar com a variedade de gostos musicais desses alunos, utilizando isso a favor da construção do conhecimento histórico em sala?
    Maria Fabíola da Silva
    mariafabioladasilva@yahoo.com.br

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    1. Maria Fabíola, muito obrigada pela pergunta maravilhosa e indispensável. Fico feliz!
      Aqui, a gente pode trazer a perspectiva da primeira escola dos Annales quando Marc Bloch (2001) vem visando o homem no tempo e a relação presente/passado. Portanto, um bom método para se utilizar o instrumento musical como ferramenta didática, é fazer uso da eficácia do comparativismo. Dentro dessa geração, percebemos como os alunos vem escutando muito o funk, então, por que não fazer uma comparação do mesmo com uma música da década de 80, por exemplo? Para se trabalhar com o "descobrimento" do Brasil, poderíamos abordar a música "Não foi Cabral" da cantora Mc Carol com a própria música "Índios" da banda Legião Urbana, desconstruindo até mesmo o eurocentrismo que a História proporciona. Antes de trazer uma música para ser trabalhada dentro de sala de aula, torna-se fundamental pesquisas prévias, e uma análise do gosto musical dos seus alunos não deve ficar fora disso.

      Abraços, prof. Maria Fabíola, muito obrigada!
      Emily Maria Pantoja Maia
      ehist.clio@gmail.com

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    2. Muito obrigada pela resposta satisfatória!
      Maria Fabiola da Silva
      mariafabioladasilva@yahoo.com.br

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  6. Parabéns pelo trabalho. Em Belém, na virada da década de 1980 para 1990, houve um movimento musical Rock bem marcante. Na sua pesquisa você percebeu algum professor (a) trabalhando com a produção local (de Belém) de grupos de Rock? Se sim, como faziam?
    Daniel Rodrigues Tavares.

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    1. Muito obrigada pela pergunta... Daniel, o colega de cima fez uma pergunta bem parecida e acabei destacando a carência da utilização de músicas regionais. Como falei pro colega e como vem sendo posto pelo trabalho, a utilização da música como ferramenta didática é um grande obstáculo para se ensinar através dela. Professores quando buscam utilizá-la, desfrutam somente das músicas engajadas das décadas de 1960-1980, ou seja, aquelas que vem retratando somente o contexto da ditadura militar brasileira. Então, não, pelo menos nas escolas públicas e privadas das quais entrevistei os professores de história em Belém, não utilizam das produções regionais para a produção do conhecimento histórico.

      Obrigada e forte abraço!
      Emily Maria Pantoja Maia
      ehist.clio@gmail.com

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  7. Boa noite,
    Gostaria primeiramente de parabenizar pela excelente reflexão em torno da utilização da música no ensino médio a partir do olhar de uma grupo de professores paraenses. Após a leitura dessa frase proferida pelo professor “Cheguei a utilizar, mas não uso mais, eu usava as músicas de protesto, assim... da ditadura. Parei de usar porque os alunos não têm maturidade para analisar a música e entender o que ela quer passar, eles se deixam levar somente pelo ritmo e não pela letra. Então... eu acredito que corrompe a mentalidade crítica deles” (ENTREVISTA ANÔNIMA, 2018). Eu, leitora e professora, fiquei bastante curiosa em ouvir a parte interessada da atividade: os alunos. Será que realmente os discentes desse professor não obtiveram progressão de aprendizagem sobre a temática analisada por meio da música que ele selecionou para a atividade? Ou será que a metodologia empregada para essa tarefa pedagógica não fora compatível com a realidade da sua classe? Caso tenha coletado informações que tangem esse aspecto, gostaria de ser esclarecida. Além disso, gostaria também de deixar como sugestão para um próximo trabalho: analisar a progressão da aprendizagem dos alunos paraenses (espaço escolar e quantidade a sua escolha) tendo a música como ferramenta de ensino-aprendizagem por meio de “Aulas oficinas” (Isabel Barca).
    ELAINE SANTOS ANDRADE

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    1. Boa noite, professora. Muito obrigada pela pergunta e principalmente pela sugestão incrível! Com certeza irei fazer investigações a partir do que foi pontuado por você. Isabel Barca vem trazendo grandes contribuições para o processo do ensino de História, as aulas oficinas são importantíssimas para o aprendizado, fazendo com que percebamos o progresso educacional até mesmo através das próprias avaliações.
      Bom, sobre as suas perguntas... O que foi percebido nas entrevistas é que, infelizmente, existe uma falta muito grande de aprofundamento sobre o objeto de estudo/fonte documental proposta por parte desses professores. Como encontra-se presente no meu trabalho, uma das professoras entrevistas chegou a apontar como ela desiste de utilizar a música como instrumento didático devido os alunos não conhecerem os artistas, ou seja, percebeu-se como não existem pesquisas prévias para entender a realidade dos alunos e muito menos para compreender a representação conduzida pelo artista. Com isso, pelo fato dos próprios professores não buscarem dar forças a esta ferramenta, tem-se a impressão de uma falta de interesse por parte dos alunos e a credibilidade dos professores de que a música corrompe a mentalidade crítica, não proporciona aprendizado e muito menos produz conhecimento histórico.

      Muito obrigada, profa. Elaine Santos!

      Emily Maria Pantoja Maia
      ehist.clio@gmail.com

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  9. Parabéns pelo trabalho, seu texto coloca pontos importantes de como deve ser utilizado a música como um recurso metodológico. Só queria comentar sobre um dos seus entrevistados quando ele separa Política e Economia da cultura, é um equívoco, pois são tão culturais quanto as artes, que bem trabalhada como bem você disse, podemos observa como fonte sobre contextos, interessante essa observação que o aluno não tem capacidade crítica por algum dos entrevistados, como se fosse uma alcunha de que é desnecessário a utilização da música, porque deixaria mais lúdica e perderia "foco". A desvalorização do recurso por parte do professores, baseado nos autores presentes nesse texto, mostra que alguns professores não aplicam direito a recurso, pode ser essa a causa para um discurso por parte dos docentes de negativa com a metodologia da música nas aulas de história ?

    Paulo Moreno Sanches Dias
    paulomorenodias23@gmail.com

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    1. Boa noite, Paulo. Agradeço imensamente pela pergunta, mas confesso que ficou um pouco confusa pra mim. Mas, vamos ver se eu entendi.
      Bom, a questão da música ser vista como um recurso didático lúdico, realmente pode ser notado como o que contribui para o pensamento dos docentes quanto a perca do foco da disciplina e do assunto em si, o que também ocasiona nessa desvalorização deste instrumento que pode ser tratado como fonte documental a partir do que o professor de História atribui a ele. Portanto, percebe-se que muitos professores ao utilizar esta ferramenta, acabam enxergando como um método negativo sim, o que leva a esse pensamento de que corrompe uma mentalidade crítica dos alunos.
      Espero ter respondido, de verdade. Muito obrigada!

      Emily Maria Pantoja Maia
      ehist.clio@gmail.com

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  10. Interessante sua pesquisa, Parabéns! Gostaria de saber se alguns dos professores entrevistados trabalha ou trabalhou com músicas da cultura local? se não, você acha que seria interessante a aproximação dos alunos com a história da região em que vivem, como também nacional, através da música local?

    Lorena Raimunda Luiz

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    1. Olá, Lorena. Muito obrigada pela pergunta!
      Como já citei anteriormente em outras respostas, os professores possuem uma grande dificuldade em utilizar a música como recurso didático em si e quando utilizam, buscam por abordar somente músicas engajadas que exaltem ou retratem determinado contexto em âmbito nacional. A utilização de músicas regionais é fundamental por partir da própria realidade dos alunos e por não inferiorizar o "local", não dando ênfase a um estudo generalizado. O estudo através de músicas regionais, podem ocasionar numa observação do espaço e de suas relações sociais, podendo adotar comparações com outros espaços. Cabe aqui muito bem a questão de uma micro-história apontada por Carlo Ginzburg (2006). Por exemplo, se eu abordar um tecno-brega em sala de aula, visando a recepção da música por parte de pessoas da periferia de Belém, pode facilitar o entendimento de determinado contexto e relacionar de uma forma mais ampla com a historiografia... Muito obrigada e espero ter respondido.

      Atenciosamente,
      Emily Maria Pantoja Maia
      ehist.clio@gmail.com

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  11. Primeiramente quero parabenizar-te por essa iniciativa bela,pois mostra a grande relevância da música além de um simples integrante interdisciplinar, mas sim, ferramenta colaborativa para o processo educacional. Segundo, quero saber qual foi a principal ênfase que constitui a iniciação do seu trabalho acadêmico, ele está voltado mais em descrever a música como ferramenta pedagógica no processo de ensino ou isso vai além e pode mostrar-se relevante para uma construção de um plano de intervenção pedagógica ?

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    1. Carlos, muito obrigada pela pergunta, fico extremamente feliz!
      A música aqui vem sendo abordada como um instrumento didático que potencializará o aprendizado e proporcionará a produção do conhecimento histórico a partir das representações de um determinado contexto que vem sendo carregada por ela. Portanto, a música sendo vista como um objeto de estudo e fonte documental partindo também da realidade dos alunos, pode oferecer grandes contribuições para o ensino, podendo ser criados até mesmo projetos e oficinas através dela, servindo consequentemente como uma intervenção pedagógica.

      Atenciosamente,

      Emily Maria Pantoja Maia
      ehist.clio@gmail.com

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  12. Boa noite, Emilly!
    Primeiramente quero te parabenizar pela iniciativa de trabalhar a música no ensino de história ligada a história local, pois também estou trabalhando com música no meu mestrado.
    Gostaria de saber se na sua pesquisa você observou quais os ritmos mais trabalhados pelos professores e quais conteúdos substantivos eles aliaram essas músicas.
    Abraços!

    Fernanda Andrade Silva

    fernanda.andradesilva@hotmail.com

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    1. Boa tarde, Fernanda. Muito obrigada pela leitura do meu trabalho e pela pergunta.
      Bom, sobre a utilização de ritmos musicais, foi percebido muito a aplicação do samba e da própria MPB como um todo. Entretanto, as músicas engajadas ganharam muito mais notoriedade dentro da pesquisa, onde os professores buscam retratar principalmente o momento da ditadura militar. Não está presente no trabalho, mas aqui vai falas de alguns professores de Belém: “Eu utilizo assim... é... de forma bem ilustrativa, entendeu? Olha, eu digo... olha, a música ela tinha tal temática por isso e por aquilo, né? E aí mostra uma letra por exemplo de um samba que foi censurado, foi adequado a política de estado, entendeu? Então, maioria das vezes, eu utilizo mais escrito do que executando” (ENTREVISTA ANÔNIMA, 2018), ou ainda: “logicamente, nem todas as músicas se encaixam em um determinado contexto histórico naquele momento de crítica, por exemplo, ou exaltação da população, do Brasil”. Eles sempre trazem as músicas como recurso didático para demonstrar a insatisfação da população de um determinado evento histórico, evidenciando como forma de protesto.

      Atenciosamente,

      Emily Maria Pantoja Maia
      ehist.clio@gmail.com

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  13. Boa noite, belíssimo trabalho e uma importante contribuição para a comunidade acadêmica. A utilização de musicas nas aulas de historia pode trazer duas questões de cunho metodológico, a música enquanto produção cultural e a música enquanto documento histórico, a primeira ligada a questões de "estética" musical e aos artistas, a segunda mais voltada aos historiadores/manejo dos professores de história em sala de aula. Primeiramente gostaria de saber se tu sentiu a partir de tuas observações, o predomínio de uma em detrimento da outra. Segundo, se tu acha importante fazer a distinção para o aluno: a música enquanto produção cultural x a música como documento histórico, se sim, de qual forma tu apontaria para isso?
    Abraços,
    Jarder Sousa

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    1. Jarder, muito obrigada pela pergunta e pela sua pontuação.

      Geralmente, ao abordar a música, os professores não tem essa preocupação em trazê-la como uma produção cultural. Não são feitas pesquisas prévias, não se entende a representação artística em si e o que há por detrás dela. Quando trabalhada como recurso didático, é abordada de maneira ilustrativa para uma mera interpretação de sua letra, assim, pelas minhas observações detectei que para eles, não existe esse predomínio de enxergar a produção cultural como um documento histórico. Entretanto, ao meu ver, um está vinculado ao outro, pois, como eu aponto no próprio trabalho, Miriam Hermeto (2012) vem trazendo o objeto de estudo como algo que foi produzido a partir de um determinado cenário, um instrumento cultural presente no dia da dia de quem fornece, assim como de quem consome e que, logo, traz representações do contexto. Por isso, a partir das análises feitas pelos professores a respeito da música, pode ter problematizações históricas atribuídas para que assim seja tratada como tema central, partindo de uma produção cultural para objeto de estudo e documento histórico.

      Atenciosamente,
      Emily Maria Pantoja Maia
      ehist.clio@gmail.com

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  14. Olá, Emily! Importante trabalho! Parabéns pela contribuição. Tendo em vista que é frequentemente enxergado a música popular em um sentido mais total no ensino de história, gostaria de saber como você avalia a possibilidade de trazer as músicas locais para a sala de aula, obviamente, relacionando com assuntos sociais, culturais, étnicos entre outros?

    Abraço

    Jessica Maria de Queiroz Costa

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    1. Olá, Jessica Maria. Muito obrigada pela pergunta extremamente relevante!
      Bom, realmente os professores entrevistados que utilizam a música como recurso didático, acabam usando de forma total, trazendo aspectos nacionais e esquecendo das grandes contribuições que as músicas locais podem proporcionar, visando que estão integradas ao cotidiano dos alunos. Com isso, se formos parar para pensar, o estudo através de músicas regionais podem ocasionar numa observação do espaço e de suas relações sociais e culturais, podendo adotar comparações com outros espaços, entendendo até mesmo as questões étnicas. Cabe aqui muito bem a questão de uma micro-história apontada por Carlo Ginzburg (2006). Por exemplo, se eu abordar um tecno-brega em sala de aula, visando a recepção da música por parte de pessoas da periferia de Belém, pode facilitar o entendimento de determinado contexto e relacionar de uma forma mais ampla com o ensino da História.

      Muito obrigada!

      Emily Maria Pantoja Maia
      ehist.clio@gmail.com

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  15. Parabéns pelo desenvolvimento do seu trabalho, contribuirá de maneira muito satisfatória paras as práticas de ensino de História.
    O que despertou o seu interesse em trabalhar esta temática?
    Você pretende dar sequência ao seu trabalho?

    Rafael Corrêa Jardim

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    1. Olá, Rafael. Primeiramente, agradeço imensamente pela parabenização e pelas perguntas.

      Então, como já dei em respostas anteriores, a minha vontade de pesquisar sobre o assunto e fazer parte da Iniciação Científica voltada para tal temática, foi exatamente três fatores: Me enxergar como futura historiadora, como futura professora e a minha própria paixão pela música.

      Pretendo continuar com a pesquisa sim, inclusive, já recebi várias sugestões extremamente relevantes. Como estou no 5º semestre da graduação, pretendo levar até mesmo para o TCC e quem sabe para o mestrado de maneira mais específica.

      Atenciosamente,

      Emily Maria Pantoja Maia
      ehist.clio@gmai.com

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  16. Oi, boa noite. Excelente pesquisa, digna de uma excelente estudante de história. Entre outros aspectos do seu artigo, me atentei ao relato do professor que se sente desestimulo a colocar uma musimú de cunho político para os alunos do ensino médio... Qual a seria experiência em sala de aula acerca disso? No seu estágio, já tentou viabilizar algo relacionado a temática? E quais os métodos que você usaria para deixar a temática mais interessante? Abraços.

    Mathrus Matos Nery Pinheiro

    nerymatheus3102@gmail.com

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    1. Olá, Matheus. Muito obrigada pelo elogio, pela leitura do meu trabalho e pela pergunta. Então, o desestimulo não está voltado para a utilização somente das músicas engajadas (apesar de seres as mais usadas, ainda sim desistem e entendo sua colocação), mas sim como um todo e, isso percebe-se por uma falta harmônica por parte dos professores ao abordar esse recurso em sala de aula. Existe uma música do Gilberto Gil de 1976 chamada "Ame-o e deixe-o" que pode ser trabalhada em sala de aula dialogando com o próprio slogan do governo Médici: "Brasil, ame-o ou deixe-o". Assim, sempre mostrando para além da letra... seria interessante um trabalho com o audiovisual, mostrando as performances como uma certa debilidade que os cantores vem demonstrando, potencializando a forma de protesto dos mesmos e a vontade de atribuir um novo significado ao slogan.
      Sobre a utilização no meu estágio, já utilizei com os meninos do 6º ano a música "Aquarela" e um funk da cantora Mc Carol (o que está mais presente na realidade deles, mas devemos ter o máximo de cuidado ao selecionar o funkeiro e a música), demonstrando como a música também é uma fonte que pode ser analisada, questionada e problematizada. Foi uma atividade bem legal, feita dentro do que os próprios autores citados no trabalho apresentam. Os pimpolhinhos adoraram!

      Atenciosamente,

      Emily Maria Pantoja Maia
      ehist.clio@gmail.com

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  17. Parabéns pelo excelente trabalho.
    Como estudante de História e de Música, acredito que se trate de um tema muito relevante e que deve ser trabalhado em sala de aula sempre que possível, inclusive, essa semana fizemos um trabalho musical em uma determinada turma que foi extremamente proveitoso. Gostaria de deixar uma pergunta. Você acredita que é possível trazer ao aluno uma consciência histórica, ao trabalharmos com músicas próximas da sua realidade, observando não somente a letra em questão, mas também a composição musical(Melódia, Harmonia, e Ritmo)?
    Obrigado.

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    1. Olá, Alan. Muito obrigada pela pergunta e pela leitura do meu trabalho!
      Então, Alan, o primeiro ponto que deve ser colocado é que, ao trabalhar com a música, torna-se extremamente necessário fazer uma abordagem do todo, indo muito além de sua letra. Miriam Hermeto (2012) vem apontando como deve ter uma preocupação em pesquisar para além do que ela traz em sua letra, mas buscando pelo contexto de produção, sobre o compositor, a circulação, a recepção da música pelos ouvintes, assim como a melodia, harmonia e ritmo. Sobre a possibilidade de proporcioná uma consciência histórica, Marcos Napolitano (2002) vem trazendo como a música não é boa somente para se ouvir, mas também para pensar. Ainda, o mesmo autor vem apontando uma abordagem de Walter Benjamin em seu livro "História e Música", assim, dizendo que é possível se ter uma conscientização a partir de uma obra de arte na mesma medida em que se há diversão, podendo ser destacado aqui as músicas presentes na realidade dos nossos alunos, quando o professor busca potencializar a análise para que se tenha uma consciência história. Desse modo, aprofundando ou desconstruindo determinados conceitos sobre a História e contribuindo para o estudo de temáticas fundamentais que trazem uma significação para a vida dos alunos, partindo de uma cultura histórica para a consciência. O recurso didático proporciona uma concentração, uma consciência e consequentemente a produção de conhecimento histórico.

      Muito obrigada.

      Emily Maria Pantoja Maia
      ehist.clio@gmail.com

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  18. Boa tarde, Emily. Belo texto.

    Lendo seu texto e pensando nos autores que você usou para construir sua narrativa, fiquei curioso em três questões:

    1. Em suas entrevistas você teve contato com algum docente que utiliza as músicas em sala de aula a partir de seus sentidos polissêmico e dinamogênico? Aqui penso em especial nas reflexões de Marcos Napolitano.
    2. Qual a quantidade de professores entrevistados? Já fez uma quantificação dos que usam, não usam, já usaram ou de que maneira usam música em suas aulas?
    3. Você pretende, após suas análises, dar um retorno a esses professores? Pergunto, pois vejo muitas pessoas utilizando entrevistas com fins exclusivamente acadêmicos.

    Atenciosamente,
    Heraldo Márcio Galvão Júnior

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