HISTÓRIA AMBIENTAL, TEMPO E ENSINO DE HISTÓRIA: ALGUMAS
REFLEXÕES
O artigo proposto visa debater de forma
conceitual alguns dos suportes a serem usados na produção da pesquisa do
mestrado por hora desenvolvido, intitulada provisoriamente “Das águas que nos cercam”: natureza e ensino de história em Santa
Izabel do Pará. Tal pesquisa tem por objetivo aplicar um estudo com os
alunos do ensino médio em Santa Izabel do Pará através do resgate das memórias
dos moradores mais antigos da cidade sobre as águas (rios e igarapés urbanos e
das comunidades que compõem este município) para que a partir da análise de
tais falas compreendam as relações e usos estabelecidos entre esses sujeitos
com o meio ambiente, contribuindo para a valorização da história local. Entretanto, por hora, foi feito uma discussão
que privilegiou alguns tópicos específicos de reflexão que ajudam a compreender
a relevância de algumas temáticas para o ensino de história, como a história
ambiental e sua relação com a noção de tempo presente, entendendo de que forma
contribuem no ensino de história para a formação de um processo de aprendizagem
reflexiva, crítica e transformadora.
Debatendo a história
ambiental e o tempo.
Levando em conta as transformações ocorridas nos debates
historiográficos desde a chamada história positivista dominante no século XIX e
começo do XX, a qual atribuía aos historiadores à tarefa de reconstituir o
passado como realmente se passou até a chamada Nova História – na Escola dos Annales - que na segunda metade do
século XX redefiniu muitos princípios que norteavam o fazer historiográfico,
relativizando e contextualizando as ações dos indivíduos, e reconhecendo a
impossibilidade de um conhecimento histórico puramente objetivo, voltando sua
atenção para todos os tipos de atividade humana, como por exemplo: a morte, a
infância, a loucura, etc. e passando a preocupar-se com a análise de
estruturas, a Nova História também ampliou substancialmente o rol das
evidências que incluem não apenas outros tipos de registros escritos, mas
também evidências visuais, orais e estatísticas. Tais afirmativas nos embasam a
pensar o contexto em que surge na década de 70 do século XX debates que se
interpõem a partir de outras vertentes e que chegam ao século XXI cada vez mais
revigorados. A história ambiental é uma
dessas áreas.
Donald
Worster nos fala que a história ambiental emerge juntamente com as questões
geradas pelo movimento ambientalista e por uma crise global que promoveu uma
demanda moral fundamentada em um suporte político muito grande, e que se torna
uma questão acadêmica, a qual objetiva
“aprofundar
o nosso entendimento de como os seres humanos foram, através dos tempos,
afetados pelo seu ambiente natural e, inversamente, como eles afetaram esse
ambiente e com que resultados” (WORSTER, 1991, p. 200).
Worster
aponta como grandes produtores dos debates historiográficos ambientais os
norte-americanos, no final do século XX, e os franceses onde destaca a importância
de estudos feitos desde 1929, na revista Annales por Marc Bloch, Lucien Febvre,
Fernand Braudel e Emmanuel Le Roy Ladurie. Algo importante destacado pelo autor é o fato
de que os historiadores ambientais têm feito suas melhores produções levando em
conta os níveis de análise cultural, refletindo sobre como os homens pensam a
natureza. Não podemos deixar de descartar que este olhar sobre as questões
culturais não deve fundamentar uma disjunção entre a história cultura e a
natureza, ao contrário, pra que a história ambiental cumpra seu papel social
ela precisa fazer com que as pessoas construam um olhar crítico e de
pertencimento a natureza, entendendo que as relações estabelecidas entre ambos
variam de acordo com os vários tempos históricos que estão vivenciados.
No tocante a
produção brasileira sobre história ambiental, Ely Bergo de Carvalho chama
atenção para a obra feita por Warren Dean intitulada ‘A ferro e fogo: a
história e a devastação da Mata Atlântica brasileira’ a qual seria um exemplo
de “história ecológica”. Segundo Enrique Leff, essa “história ecológica”
reforça a ruptura entre cultura e natureza, pois:
“Nesta visão não
se consegue conceber a complexidade ambiental, como um processo enraizado em
formas de racionalidade e de identidade cultural que, como princípios de
organização social, definem as relações de toda sociedade com a natureza; a
história ambiental se limitaria a estudar as formas como diversos modos de
produção, formações sociais e estruturas de classe se apropriam, transformam e
destroem os recursos do seu entorno” (in LEFF, 2005, p. 13 apud CARVALHO, 2012,
p. 114).
Ainda segundo
Carvalho, Leff aponta que a história ecológica falha ao desconsiderar o tempo,
ignorando-o em suas análises e assim tais produções “narravam a história da
relação entre sociedades humanas e seus ambientes como um continuum temporal, sem cortes, sem diferenças”. Para Leff, segundo
Carvalho “perceber diferentes racionalidades no passado e no presente abre o
futuro para outras racionalidades possíveis, para outras relações com o mundo
natural, para a construção de uma racionalidade ambiental” (2012, p. 115).
Parece claro pensarmos que as análises e pesquisas ambientais, também devem ser
produzidas com reflexões que destaquem a variação do tempo histórico, ou
melhor, que ocorra a historicização da relação sociedade-natureza ou cultura versus natureza, reconhecendo que o
estudo da história ambiental investiga várias questões e que numa mesma
investigação se entrecruzam natureza, sociedade, economia, pensamentos e
desejos, tratados como um todo, levando-se em conta que “esse todo muda
conforme mudam a natureza e as pessoas, numa dialética que atravessa todo o
passado e chega até o presente.” (WORSTER, 1991, p. 202).
Marc Bloch
(2001, p. 55) já afirmava que “a história é a ciência dos homens no tempo” e
assim podemos reforçar a importância deste, o tempo, para as análises e
narrativas feitas tanto pelos historiadores quanto pelos professores. Ana Maria
Monteiro (2011, p. 1) afirma que é consenso que realizar “a operação
historiográfica implica operar no tempo e com o tempo como instrumentos de
inteligibilidade e de atribuição de sentidos aos processos e fenômenos que são
objetos de investigação”. Acima de tudo, como afirma José D’Assunção Barros, o
tempo histórico é um tempo humano e ao mesmo tempo social por incluir não
somente a análise de tempo de um indivíduo mais da comunidade em que vive. Portanto,
seria essencial na análise historiográfica
“[...] a
passagem do homem sobre a Terra, o que inclui tudo aquilo que, tocado pelo
homem, transformou-se, e também aquilo que, vindo de fora, transformou a vida
humana [...] e também as interferências impostas pelos homens no seu meio
ambiente, constituem objetos de interesse dos historiadores [...]” (BARROS,
2013, p. 20).
Podemos perceber
que os debates da história ambiental são mais do que inovações
teórico-metodológicas, e sim uma modalidade da história intimamente ligada a
questões e demandas atuais, e por que não dizer, presentes. Donald Worster
(2004) ao refletir sobre a necessidade de se realizar estudos de história
ambiental destaca que nas universidades existia pouco interesse dos historiadores
por essa temática. Para o autor, não existem culpados nesse processo de
ausência, mas é fundamental o papel do professor em promover a reflexão sobre
tal temática, haja vista que a crise ambiental será o problema mais relevante
do mundo durante o século XXI. Para Worster o papel da história é reinventar a
si mesma se deseja continuar relevante para a humanidade.
Desde o século XX historiadores se esmeram em propor debates
pautados no recorte temporal contemporâneo, dentre os quais se encaixa a
história ambiental. Monteiro (2011) afirma que a noção de tempo modificou-se,
passando da noção de história mestra da vida para o denominado regime moderno
de historicidade no qual o domínio do ponto de vista do tempo é o futuro até a
chegada ao novo regime de historicidade, também chamado presentismo. Hartog
(1996, p. 133) afirma que com esse novo regime “[...] o futuro iria ceder
terreno ao presente, que tomaria mais e mais espaço até parecer ocupá-lo
inteiramente. Entramos, então, no tempo do presentismo.”
Por outro lado, Ana Maria Monteiro (2011, p.7) aponta que a
produção historiográfica é influenciada por esse presentismo, e que para ela o
interesse pelo presente e pelo passado não se contradizem. Com as
transformações produzidas pela aceleração do desenvolvimento tecnológico,
acompanhado dos grandes acontecimentos dramáticos por ele produzidos, como
“genocídios, limpezas étnicas, crises de refugiados, guerras, ataques atômicos,
destruições [...]” ocorre um substituição do futurismo do regime moderno de
historicidade pelo presentismo, pois o futuro é agora. Todo esse medo e
insegurança permitem que questões antes não destacadas nas produções
historiográficas tenham destaque, como é o caso das questões ambientais, e, por
conseguinte, o crescimento do seu debate tanto pela historiografia histórica
ambiental quanto no ensino de história com a educação ambiental.
Para Monteiro (2011) a história do tempo presente é um
sintoma deste regime de presentismo à medida que tem como objeto de
investigação o próprio tempo presente, diferindo do que foi definido no século
XIX como regra para a cientificidade da história que era o estudo do passado. José
D’Assunção Barros (2013) entende que o homem e todas as coisas no tempo são
objeto de estudo da história e que é possível quebrar o paradigma de que a
história estuda o passado. Sendo assim, as transformações empreendidas no
decorrer do século XX que possibilitam uma diversidade de objetos e modalidades
de pesquisa permite que o historiador se aproprie de mais um domínio: o Tempo
Presente. Acima de tudo, para o autor, o objeto de estudo pode estar
temporalmente distante ou na época do próprio pesquisador. Monteiro afirma que
a contemporaneidade do historiador quanto ao objeto e aos sujeitos “ao invés de
inconveniente, pode ser um instrumento de auxílio importante para um maior
entendimento da realidade estudada”, o que pode levar a uma possibilidade de
evitar o anacronismo “como uma contribuição inovadora da história do tempo
presente”.
Esta
possibilidade de estudo demonstra como a chamada História do Tempo Presente
pode dentro do espaço escolar ajudar a construir conhecimentos significativos
para os alunos e o desenvolvimento de um censo crítico mais apurado sobre as
questões ambientais. Para Rafael Saraiva Lapuente (2017, p. 66) o estudo da
História do Tempo Presente ainda é uma área da história que sofre por uma
maleabilidade relacionada à suas delimitações, entretanto, o autor não vê isso
como um ponto negativo, ao contrário, aponta que a mesma é “menos uma área e
mais uma noção de recorte temporal” na qual, vários ramos da produção
historiográfica podem se encaixar, dentre elas, a história ambiental.
A História do Tempo Presente traz consigo uma renovação no
fazer historiográfico que muito se encaixa nas necessidades e demandas dos
sujeitos do hoje, rompendo com os moldes das produções historiográficas antes
predominantes, na qual sua cientificidade estava associada ao distanciamento do
tempo do acontecido, colocando o historiador como o responsável pelo passado,
longínquo, seguro o suficiente das subjetividades de seu pesquisador. Delgado e
Ferreira (2013, p. 22) afirmam que prevalecia a crença de que “o trabalho do
historiador só poderia começar verdadeiramente quando não mais existissem
testemunhos vivos dos mundos estudados”. No entanto, as mesmas autoras nos
apresentam que:
“A delimitação do campo constitutivo atual e o recorte
temporal contemporâneo são características fundamentais da história do tempo
presente. O que diferencia a história do tempo presente das temáticas
históricas longitudinais é a proximidade dos historiadores em relação aos
acontecimentos, pois são praticamente contemporâneos de seus objetos de estudo.
Nesse sentido, as memórias sobre acontecimentos e processos são essenciais para
a construção do conhecimento histórico”. (DELGADO; FERREIRA, 2014, p.8).
Torna-se possível perceber que esta particularidade
privilegia o pesquisador do tempo presente, pois o mesmo dispõe de uma
abundância de documentos e da possibilidade de que ele mesmo produza suas
fontes, como por exemplo, as da história oral e as iconográficas. Delgado e
Ferreira (2014, p. 9) nos apontam a história oral como um mecanismo através do
qual o historiador chega a várias narrativas que se caracterizam como
construções de memória individual ou coletiva que estimuladas pelos
historiadores se convertem em documentos passíveis de análise e crítica. Já os
registros iconográficos, são “importantes registros das ações dos sujeitos
históricos, públicos ou anônimos, em determinado tempo e espaço”. Importante
salientar, segundo as autoras, que “como qualquer documento de registro de
memória, as fotografias e filmes traduzem também concepções e conflitos, pois,
para além de sua dimensão estética, elas contêm sistemas de representações
sociais”.
Partindo do pressuposto de que a história ambienta e suas
análises sobre o meio natural possibilitam ao aluno entender sua função social
e de integração com a natureza, podemos pensar que as questões e demandas
contemporâneas desses sujeitos podem servir para o desenvolvimento de análises
e práticas pedagógicas suscitadas por questões do tempo presente, partindo daí
para um estudo do passado como um processo dialógico no qual o conhecimento do
passado é significativo por ser oriundo das questões atuais dos sujeitos,
formando um pensamento reflexivo e uma consciência ambiental, além de ser uma
possibilidade de aplicação dos temas transversais na educação, além de atender
a demandas postas dentro das novas diretrizes da Base Nacional Comum
Curricular.
História ambiental e ensino de história: uma possibilidade
de ação.
Levando em conta a relevância do tema ambiental, não podemos
deixá-lo afastado do ensino da história. Elenita Malta Pereira (2017, p. 10)
nos alerta que os PCN’S, desde a década de 90 do século XX, já colocam a
importância da presença dessa temática na educação básica de forma transversal.
Então ao pensarmos o ensino de história podemos nos reportar as reflexões de
Ely Bergo de Carvallho (2011, p. 3) que analisa as particularidades referentes
aos modos como a sociedade vem se relacionando com a natureza, a partir de uma
forte influência do mundo moderno, entendendo as diferentes racionalidades
estabelecidas na relação do homem com a meio ambiente, e que o ensino de
história tem um papel significativo no momento em que os historiadores, no
papel de educadores, produzem narrativas que incluam a natureza e que possam
superar o que o autor elenca como “problemas práticos de aplicação dos temas
transversais em sala de aula” que seriam agravados pelo fato de que em geral,
os professores de história não seriam preparados para lidar com o debate
ambiental.
Carvalho (2016) aponta algumas das dificuldades em abordar a
temática do meio ambiente nas aulas de história e algumas possibilidades de
trabalho a partir da análise de outros pesquisadores. A falta de métodos para
introduzir a história ambiental nas aulas de história seria consenso entre os
autores analisados por Carvalho como a maior limitação encontrada pelos
professores, no entanto, os mesmos autores também contribuem argumentando que a
história ambiental deve ser aprendida fora da sala de aula, colocando os pés no
chão, ou que se devem usar novas táticas de abordar temas ambientais, como o
uso do ensino de história local, ou mesmo com a reformulação ambiental dos
livros didáticos para que o tema deixe de ser apresentado apenas como apêndice
de outra temática como, por exemplo, cidadania e no contexto contemporâneo, pós
Segunda Guerra Mundial.
As aulas de história devem ser espaços para o debate e
análise do meio ambiente, pois segundo Wesley Kettle (2018, p. 45) “a dimensão
ambiental da história, além de essencial, garante a ampliação de nossas
interpretações”. Kettle ao analisar o ensino de história e a questão ambiental
apresenta propostas que podem ajudar os professores a pensar seu trabalho com
tal temática, como por exemplo, o uso de fontes primárias coloniais já que os
relatos e descrições nelas contidos são repletos de informações do que chamamos
de mundo natural, além de apresentar e analisar como fontes de estudo para os
professores uma grande quantidade de autores, brasileiros ou não ( dentre os quais Gilberto Freyre,
Friedrich Engels e Karl Marx) “que
apesar de não se ocuparem exclusivamente do meio ambiente, permite-nos perceber
a natureza como um agente do processo histórico”.
Levantar as questões no relacionadas às dificuldades de
inserir no ensino de história a questão ambiental, bem como elencar algumas
possibilidades de aprendizagem desta nas aulas nos ajudam a refletir sobre a
proposta de trabalho a ser desenvolvido com os alunos do ensino médio da Escola
Estadual Professora Marieta Emmi. Através do estudo da natureza, e nesse caso
das águas (rios e igarapés da cidade) com o uso da metodologia de entrevistas
com os moradores mais antigos da cidade pretende-se aproximar os alunos da
história de seu lugar, permitindo que se reconheçam como sujeitos ativos no
processo ensino aprendizagem, já que a escola para muitos desses alunos passa a
ser o lugar onde eles podem encontram inspiração e possibilidade de desenvolver
seu potencial e transformar sua realidade, problematizando questões presentes e
relacionadas a natureza que os cerca.
Considerações Finais
Os argumentos
construídos neste artigo visam apontar como a história ambiental e o tempo são elementos
norteadores do projeto a ser desenvolvido para a dissertação do mestrado
profissional (PROFHISTÒRIA) por sua pertinência e relevância para o ensino da história.
Primeiro, por desenvolver nos alunos uma
percepção de pertencimento ao lugar, preservando a memória e a história de sua
cidade e valorizando a construção de uma identidade local.
E segundo por colocar em debate nas aulas de história a
questão da natureza, representada pelos rios e igarapés, estabelecendo a
possibilidade de que demandas sociais atuais como modificação da paisagem,
poluição e a relação entre a sociedade e a natureza, que muitas vezes são
debates feitos por outras disciplinas no espaço escolar, também possam ser
feitos pela história de forma inovadora e interessante.
Conhecendo um pouco das idéias norteadoras da história
ambiental, sua relação com as questões do tempo presente e as limitações e
possibilidades de ação através da inserção do meio ambiente nas aulas de
história permite que o aprendizado sobre o passado se construa de forma reflexiva
a partir das demandas de hoje, crítica, por permitir uma análise a respeitos da
relação social e natural, desnaturalizando o comportamento atual de disjunção
existente, e transformadora por possibilitar a todos que desta se apropriam
argumentos e fundamentos para a construção de novos olhares e ações a respeito
da relação sociedade-natureza.
REFERÊNCIAS
Ligia Mara Barros Ribeiro é Graduada em História (Licenciatura e Bacharelado) pela
Universidade Federal do Pará (2003) e Especialista em História da Cultura
Afrobrasileira e Africana pela Faculdade Integrada Brasil Amazônia (2011).
Atualmente é docente da Secretaria Executiva de Estado de Educação do Pará
(SEDUC) em escolas de ensino médio, sendo discente do programa de Mestrado
Profissional em Ensino de História (PROFHISTORIA/2018), pela UFPA, Campus
Ananindeua.
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Excelente artigo, parabéns!!!
ResponderExcluirEu penso que a coleta e registro da memória com o uso do método da história oral proporcionam ao historiador ambiental dados plenos para contextualizar um cenário de como era o passado histórico ambiental, e como a história das interações entre sociedade e natureza alteram e constroem a realidade, por isso, da grande valia do seu trabalho.
Como você vai trabalhar com memória, fontes orais para estudar a história ambiental das águas em Santa Isabel, gostaria de saber, considerando à natureza dinâmica dos relatos e as mais diversas percepções dos sujeitos sobre o que é o meio ambiente, não seria uma dificuldade da história oral estar atento ao discurso e as suas reconstruções ao mesmo tempo? Como você vê a relação educação ambiental e história?
Att.
Fábio Roberto Krzysczak
Olá Fábio! Obrigada pelas considerações feitas. Inicio minhas considerações pela pergunta final. Vejo nos dias atuais, que a História e, por conseguinte o ensino de História necessitam dos debates e dos estudos sobre meio ambiente. É fundamental para a própria existência da História que ela se reinvente e esteja também atendendo as demandas e questões do presente, de maneira engajada, e que possibilite que os alunos encontrem dentro do processo de aprendizagem um conhecimento crítico, reflexivo e transformador, daí um fator que justifique a relevância de nós, historiadores. Por isso optei por pesquisar a história ambiental e social da cidade em que vivo e trabalho.
ExcluirCertamente, o que justificou minhas inquietações para o artigo apresentado e para minha pesquisa de mestrado em ensino de História foi a possibilidade de pensar a natureza – rios e igarapés de Santa Izabel do Pará – para reconstruir a história local partindo das demandas do presente, como a constatação de que essas águas que cortam a cidade estão poluídas. Buscar pelos relatos de moradores antigos que os alunos compreendam as variadas temporalidades envolvidas no compreensão do meio ambiente presente em sua cidade, tanto dos moradores antigos como o dos próprios alunos envolvidos na pesquisa.
Assim, as narrativas feitas pelos moradores antigos através da história oral podem ser entendidas como uma forma de reconstruir o passado, mas que se fizermos o uso de imagens como fotografias ou desenhos existentes sobre esses rios e igarapés e analisando as obras de outros autores que escreveram sobre Santa Izabel do Pará os alunos podem fazer uma análise mais fundamentada sobre as relações que os moradores antigos estabeleceram com esse meio ambiente e a partir daí perceber as transformações estabelecidas nesses rios e igarapés que deixaram reflexos e conseqüências nos dias atuais.
Espero ter elucidado suas questões. Grata pela interação.
Ligia Mara Barros Ribeiro.
Parabéns pelo ótimo artigo. A História Ambiental sem dúvidas é um tema muito pertinente para o contexto que vivemos. As transformações ambientais que o mundo vem passando, acarretando em mudanças climáticas já sensíveis em todos os lugares mostram a urgência desse tema não só na academia, como também nas salas de aula do ensino básico. É inclusive um prato cheio para interdisciplinaridades, trabalhando em conjunto com a Geografia e a Biologia, por exemplo. Em um momento que se difundem informações errôneas, do tipo "aquecimento global não existe", a História Ambiental vem enriquecer o debate e mostrar como o homem, historicamente, tem responsabilidade nesse processo. Como professor do ensino fundamental, vejo o quanto os alunos carecem de informações precisas, orientações e uma base histórica sobre a questão ambiental e a sociedade. Nesse ponto, fica a pergunta: como podemos combater o conhecimento raso, estereotipado e tendencioso que os jovens do século XXI absorvem e disseminam pelas redes sociais nessa temática ambiental, através das aulas de História?
ResponderExcluirOscar Martins Ribeiro dos Santos
Olá Oscar, boa noite! Na minha experiência com a educação básica, no ensino médio, percebo que falta uma inserção maior da temáticas nas aulas de História. Talvez por uma carência na formação de vários professores sobre esta temática, inclusive minha, pois ainda temos a dificuldade em organizar nossos objetos de conhecimento de maneira a inserir esse debate e desconstruir essas "mazelas" que cercam nossos jovens pelas redes sociais.
ExcluirAcredito que devemos iniciar reformulando nossos objetos de conhecimento e a abordagem que fazemos deles, visando uma metodologia de trabalho que possa na prática aplicar a interdisciplinariedade para além do trabalho com projetos, sendo realizado um alinhamento dos debates por bimestres, dentro das áreas de conhecimento e posteriormente com as outras áreas ( isso está proposto na BNCC para o ensino médio e acredito que vem sendo feito também no ensino fundamental).
Não podemos esquecer que precisamos nos apropriar de leituras teóricas ligadas a História Ambiental e a Educação Ambiental e o ensino da História para podermos propor de maneira mais segura esse trabalho em sala de aula e em parceria com as outros componentes curriculares.
Parabéns pelo texto. Muito interessante seu trabalho e enriquecedor. Dá á nós, professores, muitas ideias de como podemos abordar o tema em nossas aulas, além de valorizar as histórias locais e fontes orais.
ResponderExcluirGostaria de perguntar como você sugere que trabalhemos com fontes orais em sala de aula?
Obrigada,
Alessandra Zan
Olá Alessandra! Muito grata pelas considerações.
ExcluirAcredito que as fontes orais podem nos ajudar a enriquecer o processo de ensino aprendizagem por permitir que os alunos se percebam como produtores do conhecimento a partir das coletas das entrevistas, construam um conhecimento significativo por podermos estabelecer uma aprendizagem que parte de questões do cotidiano e do local e estime nos alunos uma percepção da própria História enquanto uma narrativa que construída por sujeitos podem estar também sob as influências do tempo de quem a produz, no caso os próprios alunos. Em minha proposta de trabalho, os alunos vão utilizar as fontes orais junto com iconografias e fotografias antigas e atuais, além das leitura das obras existentes sobre a cidade em que vivem para só a partir daí poderem escrever suas narrativas sobre as memórias das águas de Santa Izabel do Pará, apresentando o meio ambiente, em especial, os rios e igarapés da cidade e suas transformações com o passar dos anos. Mas a proposta de pesquisa com a história oral pode debater muitas temáticas que estão ligadas a demandas do tempo presente que vão além da questão ambiental, como o papel da mulher na sociedade local, as comunidades quilombolas ou tradicionais locais, um estudo cultural de temáticas como o carnaval na cidade, festas religiosas, enfim, temáticas variadas.