Ligia Mara Barros Ribeiro


HISTÓRIA AMBIENTAL, TEMPO E ENSINO DE HISTÓRIA: ALGUMAS REFLEXÕES



O artigo proposto visa debater de forma conceitual alguns dos suportes a serem usados na produção da pesquisa do mestrado por hora desenvolvido, intitulada provisoriamente “Das águas que nos cercam”: natureza e ensino de história em Santa Izabel do Pará. Tal pesquisa tem por objetivo aplicar um estudo com os alunos do ensino médio em Santa Izabel do Pará através do resgate das memórias dos moradores mais antigos da cidade sobre as águas (rios e igarapés urbanos e das comunidades que compõem este município) para que a partir da análise de tais falas compreendam as relações e usos estabelecidos entre esses sujeitos com o meio ambiente, contribuindo para a valorização da história local.  Entretanto, por hora, foi feito uma discussão que privilegiou alguns tópicos específicos de reflexão que ajudam a compreender a relevância de algumas temáticas para o ensino de história, como a história ambiental e sua relação com a noção de tempo presente, entendendo de que forma contribuem no ensino de história para a formação de um processo de aprendizagem reflexiva, crítica e transformadora.

Debatendo a história ambiental e o tempo.

Levando em conta as transformações ocorridas nos debates historiográficos desde a chamada história positivista dominante no século XIX e começo do XX, a qual atribuía aos historiadores à tarefa de reconstituir o passado como realmente se passou até a chamada Nova História – na Escola dos Annales - que na segunda metade do século XX redefiniu muitos princípios que norteavam o fazer historiográfico, relativizando e contextualizando as ações dos indivíduos, e reconhecendo a impossibilidade de um conhecimento histórico puramente objetivo, voltando sua atenção para todos os tipos de atividade humana, como por exemplo: a morte, a infância, a loucura, etc. e passando a preocupar-se com a análise de estruturas, a Nova História também ampliou substancialmente o rol das evidências que incluem não apenas outros tipos de registros escritos, mas também evidências visuais, orais e estatísticas. Tais afirmativas nos embasam a pensar o contexto em que surge na década de 70 do século XX debates que se interpõem a partir de outras vertentes e que chegam ao século XXI cada vez mais revigorados.  A história ambiental é uma dessas áreas.

Donald Worster nos fala que a história ambiental emerge juntamente com as questões geradas pelo movimento ambientalista e por uma crise global que promoveu uma demanda moral fundamentada em um suporte político muito grande, e que se torna uma questão acadêmica, a qual objetiva

“aprofundar o nosso entendimento de como os seres humanos foram, através dos tempos, afetados pelo seu ambiente natural e, inversamente, como eles afetaram esse ambiente e com que resultados” (WORSTER, 1991, p. 200).
Worster aponta como grandes produtores dos debates historiográficos ambientais os norte-americanos, no final do século XX, e os franceses onde destaca a importância de estudos feitos desde 1929, na revista Annales por Marc Bloch, Lucien Febvre, Fernand Braudel e Emmanuel Le Roy Ladurie.  Algo importante destacado pelo autor é o fato de que os historiadores ambientais têm feito suas melhores produções levando em conta os níveis de análise cultural, refletindo sobre como os homens pensam a natureza. Não podemos deixar de descartar que este olhar sobre as questões culturais não deve fundamentar uma disjunção entre a história cultura e a natureza, ao contrário, pra que a história ambiental cumpra seu papel social ela precisa fazer com que as pessoas construam um olhar crítico e de pertencimento a natureza, entendendo que as relações estabelecidas entre ambos variam de acordo com os vários tempos históricos que estão vivenciados.

No tocante a produção brasileira sobre história ambiental, Ely Bergo de Carvalho chama atenção para a obra feita por Warren Dean intitulada ‘A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira’ a qual seria um exemplo de “história ecológica”. Segundo Enrique Leff, essa “história ecológica” reforça a ruptura entre cultura e natureza, pois:

“Nesta visão não se consegue conceber a complexidade ambiental, como um processo enraizado em formas de racionalidade e de identidade cultural que, como princípios de organização social, definem as relações de toda sociedade com a natureza; a história ambiental se limitaria a estudar as formas como diversos modos de produção, formações sociais e estruturas de classe se apropriam, transformam e destroem os recursos do seu entorno” (in LEFF, 2005, p. 13 apud CARVALHO, 2012, p. 114).

Ainda segundo Carvalho, Leff aponta que a história ecológica falha ao desconsiderar o tempo, ignorando-o em suas análises e assim tais produções “narravam a história da relação entre sociedades humanas e seus ambientes como um continuum temporal, sem cortes, sem diferenças”. Para Leff, segundo Carvalho “perceber diferentes racionalidades no passado e no presente abre o futuro para outras racionalidades possíveis, para outras relações com o mundo natural, para a construção de uma racionalidade ambiental” (2012, p. 115). Parece claro pensarmos que as análises e pesquisas ambientais, também devem ser produzidas com reflexões que destaquem a variação do tempo histórico, ou melhor, que ocorra a historicização da relação sociedade-natureza ou cultura versus natureza, reconhecendo que o estudo da história ambiental investiga várias questões e que numa mesma investigação se entrecruzam natureza, sociedade, economia, pensamentos e desejos, tratados como um todo, levando-se em conta que “esse todo muda conforme mudam a natureza e as pessoas, numa dialética que atravessa todo o passado e chega até o presente.” (WORSTER, 1991, p. 202).

Marc Bloch (2001, p. 55) já afirmava que “a história é a ciência dos homens no tempo” e assim podemos reforçar a importância deste, o tempo, para as análises e narrativas feitas tanto pelos historiadores quanto pelos professores. Ana Maria Monteiro (2011, p. 1) afirma que é consenso que realizar “a operação historiográfica implica operar no tempo e com o tempo como instrumentos de inteligibilidade e de atribuição de sentidos aos processos e fenômenos que são objetos de investigação”. Acima de tudo, como afirma José D’Assunção Barros, o tempo histórico é um tempo humano e ao mesmo tempo social por incluir não somente a análise de tempo de um indivíduo mais da comunidade em que vive. Portanto, seria essencial na análise historiográfica

“[...] a passagem do homem sobre a Terra, o que inclui tudo aquilo que, tocado pelo homem, transformou-se, e também aquilo que, vindo de fora, transformou a vida humana [...] e também as interferências impostas pelos homens no seu meio ambiente, constituem objetos de interesse dos historiadores [...]” (BARROS, 2013, p. 20).

Podemos perceber que os debates da história ambiental são mais do que inovações teórico-metodológicas, e sim uma modalidade da história intimamente ligada a questões e demandas atuais, e por que não dizer, presentes. Donald Worster (2004) ao refletir sobre a necessidade de se realizar estudos de história ambiental destaca que nas universidades existia pouco interesse dos historiadores por essa temática. Para o autor, não existem culpados nesse processo de ausência, mas é fundamental o papel do professor em promover a reflexão sobre tal temática, haja vista que a crise ambiental será o problema mais relevante do mundo durante o século XXI. Para Worster o papel da história é reinventar a si mesma se deseja continuar relevante para a humanidade.

Desde o século XX historiadores se esmeram em propor debates pautados no recorte temporal contemporâneo, dentre os quais se encaixa a história ambiental. Monteiro (2011) afirma que a noção de tempo modificou-se, passando da noção de história mestra da vida para o denominado regime moderno de historicidade no qual o domínio do ponto de vista do tempo é o futuro até a chegada ao novo regime de historicidade, também chamado presentismo. Hartog (1996, p. 133) afirma que com esse novo regime “[...] o futuro iria ceder terreno ao presente, que tomaria mais e mais espaço até parecer ocupá-lo inteiramente. Entramos, então, no tempo do presentismo.”

Por outro lado, Ana Maria Monteiro (2011, p.7) aponta que a produção historiográfica é influenciada por esse presentismo, e que para ela o interesse pelo presente e pelo passado não se contradizem. Com as transformações produzidas pela aceleração do desenvolvimento tecnológico, acompanhado dos grandes acontecimentos dramáticos por ele produzidos, como “genocídios, limpezas étnicas, crises de refugiados, guerras, ataques atômicos, destruições [...]” ocorre um substituição do futurismo do regime moderno de historicidade pelo presentismo, pois o futuro é agora. Todo esse medo e insegurança permitem que questões antes não destacadas nas produções historiográficas tenham destaque, como é o caso das questões ambientais, e, por conseguinte, o crescimento do seu debate tanto pela historiografia histórica ambiental quanto no ensino de história com a educação ambiental.

Para Monteiro (2011) a história do tempo presente é um sintoma deste regime de presentismo à medida que tem como objeto de investigação o próprio tempo presente, diferindo do que foi definido no século XIX como regra para a cientificidade da história que era o estudo do passado. José D’Assunção Barros (2013) entende que o homem e todas as coisas no tempo são objeto de estudo da história e que é possível quebrar o paradigma de que a história estuda o passado. Sendo assim, as transformações empreendidas no decorrer do século XX que possibilitam uma diversidade de objetos e modalidades de pesquisa permite que o historiador se aproprie de mais um domínio: o Tempo Presente. Acima de tudo, para o autor, o objeto de estudo pode estar temporalmente distante ou na época do próprio pesquisador. Monteiro afirma que a contemporaneidade do historiador quanto ao objeto e aos sujeitos “ao invés de inconveniente, pode ser um instrumento de auxílio importante para um maior entendimento da realidade estudada”, o que pode levar a uma possibilidade de evitar o anacronismo “como uma contribuição inovadora da história do tempo presente”.

Esta possibilidade de estudo demonstra como a chamada História do Tempo Presente pode dentro do espaço escolar ajudar a construir conhecimentos significativos para os alunos e o desenvolvimento de um censo crítico mais apurado sobre as questões ambientais. Para Rafael Saraiva Lapuente (2017, p. 66) o estudo da História do Tempo Presente ainda é uma área da história que sofre por uma maleabilidade relacionada à suas delimitações, entretanto, o autor não vê isso como um ponto negativo, ao contrário, aponta que a mesma é “menos uma área e mais uma noção de recorte temporal” na qual, vários ramos da produção historiográfica podem se encaixar, dentre elas, a história ambiental.

A História do Tempo Presente traz consigo uma renovação no fazer historiográfico que muito se encaixa nas necessidades e demandas dos sujeitos do hoje, rompendo com os moldes das produções historiográficas antes predominantes, na qual sua cientificidade estava associada ao distanciamento do tempo do acontecido, colocando o historiador como o responsável pelo passado, longínquo, seguro o suficiente das subjetividades de seu pesquisador. Delgado e Ferreira (2013, p. 22) afirmam que prevalecia a crença de que “o trabalho do historiador só poderia começar verdadeiramente quando não mais existissem testemunhos vivos dos mundos estudados”. No entanto, as mesmas autoras nos apresentam que:

“A delimitação do campo constitutivo atual e o recorte temporal contemporâneo são características fundamentais da história do tempo presente. O que diferencia a história do tempo presente das temáticas históricas longitudinais é a proximidade dos historiadores em relação aos acontecimentos, pois são praticamente contemporâneos de seus objetos de estudo. Nesse sentido, as memórias sobre acontecimentos e processos são essenciais para a construção do conhecimento histórico”. (DELGADO; FERREIRA, 2014, p.8).
        
Torna-se possível perceber que esta particularidade privilegia o pesquisador do tempo presente, pois o mesmo dispõe de uma abundância de documentos e da possibilidade de que ele mesmo produza suas fontes, como por exemplo, as da história oral e as iconográficas. Delgado e Ferreira (2014, p. 9) nos apontam a história oral como um mecanismo através do qual o historiador chega a várias narrativas que se caracterizam como construções de memória individual ou coletiva que estimuladas pelos historiadores se convertem em documentos passíveis de análise e crítica. Já os registros iconográficos, são “importantes registros das ações dos sujeitos históricos, públicos ou anônimos, em determinado tempo e espaço”. Importante salientar, segundo as autoras, que “como qualquer documento de registro de memória, as fotografias e filmes traduzem também concepções e conflitos, pois, para além de sua dimensão estética, elas contêm sistemas de representações sociais”.

Partindo do pressuposto de que a história ambienta e suas análises sobre o meio natural possibilitam ao aluno entender sua função social e de integração com a natureza, podemos pensar que as questões e demandas contemporâneas desses sujeitos podem servir para o desenvolvimento de análises e práticas pedagógicas suscitadas por questões do tempo presente, partindo daí para um estudo do passado como um processo dialógico no qual o conhecimento do passado é significativo por ser oriundo das questões atuais dos sujeitos, formando um pensamento reflexivo e uma consciência ambiental, além de ser uma possibilidade de aplicação dos temas transversais na educação, além de atender a demandas postas dentro das novas diretrizes da Base Nacional Comum Curricular.

História ambiental e ensino de história: uma possibilidade de ação.

Levando em conta a relevância do tema ambiental, não podemos deixá-lo afastado do ensino da história. Elenita Malta Pereira (2017, p. 10) nos alerta que os PCN’S, desde a década de 90 do século XX, já colocam a importância da presença dessa temática na educação básica de forma transversal. Então ao pensarmos o ensino de história podemos nos reportar as reflexões de Ely Bergo de Carvallho (2011, p. 3) que analisa as particularidades referentes aos modos como a sociedade vem se relacionando com a natureza, a partir de uma forte influência do mundo moderno, entendendo as diferentes racionalidades estabelecidas na relação do homem com a meio ambiente, e que o ensino de história tem um papel significativo no momento em que os historiadores, no papel de educadores, produzem narrativas que incluam a natureza e que possam superar o que o autor elenca como “problemas práticos de aplicação dos temas transversais em sala de aula” que seriam agravados pelo fato de que em geral, os professores de história não seriam preparados para lidar com o debate ambiental.

Carvalho (2016) aponta algumas das dificuldades em abordar a temática do meio ambiente nas aulas de história e algumas possibilidades de trabalho a partir da análise de outros pesquisadores. A falta de métodos para introduzir a história ambiental nas aulas de história seria consenso entre os autores analisados por Carvalho como a maior limitação encontrada pelos professores, no entanto, os mesmos autores também contribuem argumentando que a história ambiental deve ser aprendida fora da sala de aula, colocando os pés no chão, ou que se devem usar novas táticas de abordar temas ambientais, como o uso do ensino de história local, ou mesmo com a reformulação ambiental dos livros didáticos para que o tema deixe de ser apresentado apenas como apêndice de outra temática como, por exemplo, cidadania e no contexto contemporâneo, pós Segunda Guerra Mundial. 

As aulas de história devem ser espaços para o debate e análise do meio ambiente, pois segundo Wesley Kettle (2018, p. 45) “a dimensão ambiental da história, além de essencial, garante a ampliação de nossas interpretações”. Kettle ao analisar o ensino de história e a questão ambiental apresenta propostas que podem ajudar os professores a pensar seu trabalho com tal temática, como por exemplo, o uso de fontes primárias coloniais já que os relatos e descrições nelas contidos são repletos de informações do que chamamos de mundo natural, além de apresentar e analisar como fontes de estudo para os professores uma grande quantidade de autores, brasileiros  ou não ( dentre os quais Gilberto Freyre, Friedrich Engels e Karl Marx)  “que apesar de não se ocuparem exclusivamente do meio ambiente, permite-nos perceber a natureza como um agente do processo histórico”.

Levantar as questões no relacionadas às dificuldades de inserir no ensino de história a questão ambiental, bem como elencar algumas possibilidades de aprendizagem desta nas aulas nos ajudam a refletir sobre a proposta de trabalho a ser desenvolvido com os alunos do ensino médio da Escola Estadual Professora Marieta Emmi. Através do estudo da natureza, e nesse caso das águas (rios e igarapés da cidade) com o uso da metodologia de entrevistas com os moradores mais antigos da cidade pretende-se aproximar os alunos da história de seu lugar, permitindo que se reconheçam como sujeitos ativos no processo ensino aprendizagem, já que a escola para muitos desses alunos passa a ser o lugar onde eles podem encontram inspiração e possibilidade de desenvolver seu potencial e transformar sua realidade, problematizando questões presentes e relacionadas a natureza que os cerca.

Considerações Finais

Os argumentos construídos neste artigo visam apontar como a história ambiental e o tempo são elementos norteadores do projeto a ser desenvolvido para a dissertação do mestrado profissional (PROFHISTÒRIA) por sua pertinência e relevância para o ensino da história.  Primeiro, por desenvolver nos alunos uma percepção de pertencimento ao lugar, preservando a memória e a história de sua cidade e valorizando a construção de uma identidade local.

E segundo por colocar em debate nas aulas de história a questão da natureza, representada pelos rios e igarapés, estabelecendo a possibilidade de que demandas sociais atuais como modificação da paisagem, poluição e a relação entre a sociedade e a natureza, que muitas vezes são debates feitos por outras disciplinas no espaço escolar, também possam ser feitos pela história de forma inovadora e interessante.

Conhecendo um pouco das idéias norteadoras da história ambiental, sua relação com as questões do tempo presente e as limitações e possibilidades de ação através da inserção do meio ambiente nas aulas de história permite que o aprendizado sobre o passado se construa de forma reflexiva a partir das demandas de hoje, crítica, por permitir uma análise a respeitos da relação social e natural, desnaturalizando o comportamento atual de disjunção existente, e transformadora por possibilitar a todos que desta se apropriam argumentos e fundamentos para a construção de novos olhares e ações a respeito da relação sociedade-natureza.

REFERÊNCIAS

Ligia Mara Barros Ribeiro é Graduada em História (Licenciatura e Bacharelado) pela Universidade Federal do Pará (2003) e Especialista em História da Cultura Afrobrasileira e Africana pela Faculdade Integrada Brasil Amazônia (2011). Atualmente é docente da Secretaria Executiva de Estado de Educação do Pará (SEDUC) em escolas de ensino médio, sendo discente do programa de Mestrado Profissional em Ensino de História (PROFHISTORIA/2018), pela UFPA, Campus Ananindeua.

BARROS, José D’Assunção. O tempo dos historiadores. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.

BLOCH, Marc. Apologia da História ou o ofício de historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 2001.

CARVALHO, Ely Bergo de. “A natureza não aparecia nas aulas de História”: lições de educação ambiental aprendidas a partir das memórias de professores de História. História Oral. v. 15, n. 1, p. 357-379, jan./jun. 2012.
____________. Uma história para o futuro: o desafio da educação ambiental para o ensino da história. Revista História Hoje, v. 5, n. 14, p. 1 – 10, 2011. Disponível em: < http://www.anpuh.org/arquivo/download?ID_ARQUIVO=11916>. Acesso em 21 nov. 2018.

CARVALHO, Ely Bergo de; COSTA, Jamerson de Sousa. Ensino de história e meio ambiente: uma difícil aproximação. História e Ensino. Londrina, v. 22, n. 2, p. 49-73, jul./dez. 2016.

DELGADO, Lucilia de Almeida Neves; FERREIRA, Marieta de Moraes (Orgs). História do Tempo Presente. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2014.

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HARTOG, François. Tempo e História: “Como escrever a história da França hoje?”. História Social, Campinas, Unicamp, n. 3, p. 127-154, 1996.

KETTLE, Wesley Oliveira. A perspectiva ambiental e o ensino de história: propostas para compreender o passado. In: NUNES, Francivaldo Alves; MACÊDO, Sidiana da Consolação F. (Org.). Ensino de história: linguagens, abordagens e perspectivas. Goiânia: Editora Espaço Acadêmico, p. 43-64, 2018.

LAPUENTE, Rafael. Como é possível escrever a história do nosso tempo. In: LAPUENTE, Rafael; GANSTER, Rafael; ORBEN, Tiago (Org.). Diálogos do Tempo Presente: História e Historiografia. Porto Alegre, RS: Editora Fi, p. 57 – 82, 2017.

MONTEIRO, Ana Maria. Tempo Presente no ensino de História: mediações culturais no currículo. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH. São Paulo, p 1-16. Julho 2011.

PEREIRA, Elenita Malta. Meio ambiente na aula de história: Interações entre ensino de história, história ambienta e educação ambiental. Revista do Lhiste, Porto Alegre, n. 6, vol. 4, p. 10-13, jan/dez. 2017.

WORSTER, Donald. Por qué necesitamos de La historia ambiental? In: Revista Tareas, Panamá, n. 117, p. 119-131, mayo-agosto, 2004.

_____________. Para fazer história ambiental. In: Revista Estudos Históricos, vol.4, nº 8, p. 198-215, 1991.


6 comentários:

  1. Excelente artigo, parabéns!!!
    Eu penso que a coleta e registro da memória com o uso do método da história oral proporcionam ao historiador ambiental dados plenos para contextualizar um cenário de como era o passado histórico ambiental, e como a história das interações entre sociedade e natureza alteram e constroem a realidade, por isso, da grande valia do seu trabalho.
    Como você vai trabalhar com memória, fontes orais para estudar a história ambiental das águas em Santa Isabel, gostaria de saber, considerando à natureza dinâmica dos relatos e as mais diversas percepções dos sujeitos sobre o que é o meio ambiente, não seria uma dificuldade da história oral estar atento ao discurso e as suas reconstruções ao mesmo tempo? Como você vê a relação educação ambiental e história?
    Att.
    Fábio Roberto Krzysczak

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    1. Olá Fábio! Obrigada pelas considerações feitas. Inicio minhas considerações pela pergunta final. Vejo nos dias atuais, que a História e, por conseguinte o ensino de História necessitam dos debates e dos estudos sobre meio ambiente. É fundamental para a própria existência da História que ela se reinvente e esteja também atendendo as demandas e questões do presente, de maneira engajada, e que possibilite que os alunos encontrem dentro do processo de aprendizagem um conhecimento crítico, reflexivo e transformador, daí um fator que justifique a relevância de nós, historiadores. Por isso optei por pesquisar a história ambiental e social da cidade em que vivo e trabalho.
      Certamente, o que justificou minhas inquietações para o artigo apresentado e para minha pesquisa de mestrado em ensino de História foi a possibilidade de pensar a natureza – rios e igarapés de Santa Izabel do Pará – para reconstruir a história local partindo das demandas do presente, como a constatação de que essas águas que cortam a cidade estão poluídas. Buscar pelos relatos de moradores antigos que os alunos compreendam as variadas temporalidades envolvidas no compreensão do meio ambiente presente em sua cidade, tanto dos moradores antigos como o dos próprios alunos envolvidos na pesquisa.
      Assim, as narrativas feitas pelos moradores antigos através da história oral podem ser entendidas como uma forma de reconstruir o passado, mas que se fizermos o uso de imagens como fotografias ou desenhos existentes sobre esses rios e igarapés e analisando as obras de outros autores que escreveram sobre Santa Izabel do Pará os alunos podem fazer uma análise mais fundamentada sobre as relações que os moradores antigos estabeleceram com esse meio ambiente e a partir daí perceber as transformações estabelecidas nesses rios e igarapés que deixaram reflexos e conseqüências nos dias atuais.
      Espero ter elucidado suas questões. Grata pela interação.
      Ligia Mara Barros Ribeiro.

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  2. Parabéns pelo ótimo artigo. A História Ambiental sem dúvidas é um tema muito pertinente para o contexto que vivemos. As transformações ambientais que o mundo vem passando, acarretando em mudanças climáticas já sensíveis em todos os lugares mostram a urgência desse tema não só na academia, como também nas salas de aula do ensino básico. É inclusive um prato cheio para interdisciplinaridades, trabalhando em conjunto com a Geografia e a Biologia, por exemplo. Em um momento que se difundem informações errôneas, do tipo "aquecimento global não existe", a História Ambiental vem enriquecer o debate e mostrar como o homem, historicamente, tem responsabilidade nesse processo. Como professor do ensino fundamental, vejo o quanto os alunos carecem de informações precisas, orientações e uma base histórica sobre a questão ambiental e a sociedade. Nesse ponto, fica a pergunta: como podemos combater o conhecimento raso, estereotipado e tendencioso que os jovens do século XXI absorvem e disseminam pelas redes sociais nessa temática ambiental, através das aulas de História?

    Oscar Martins Ribeiro dos Santos

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    1. Olá Oscar, boa noite! Na minha experiência com a educação básica, no ensino médio, percebo que falta uma inserção maior da temáticas nas aulas de História. Talvez por uma carência na formação de vários professores sobre esta temática, inclusive minha, pois ainda temos a dificuldade em organizar nossos objetos de conhecimento de maneira a inserir esse debate e desconstruir essas "mazelas" que cercam nossos jovens pelas redes sociais.
      Acredito que devemos iniciar reformulando nossos objetos de conhecimento e a abordagem que fazemos deles, visando uma metodologia de trabalho que possa na prática aplicar a interdisciplinariedade para além do trabalho com projetos, sendo realizado um alinhamento dos debates por bimestres, dentro das áreas de conhecimento e posteriormente com as outras áreas ( isso está proposto na BNCC para o ensino médio e acredito que vem sendo feito também no ensino fundamental).
      Não podemos esquecer que precisamos nos apropriar de leituras teóricas ligadas a História Ambiental e a Educação Ambiental e o ensino da História para podermos propor de maneira mais segura esse trabalho em sala de aula e em parceria com as outros componentes curriculares.

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  3. Parabéns pelo texto. Muito interessante seu trabalho e enriquecedor. Dá á nós, professores, muitas ideias de como podemos abordar o tema em nossas aulas, além de valorizar as histórias locais e fontes orais.
    Gostaria de perguntar como você sugere que trabalhemos com fontes orais em sala de aula?
    Obrigada,
    Alessandra Zan

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    1. Olá Alessandra! Muito grata pelas considerações.
      Acredito que as fontes orais podem nos ajudar a enriquecer o processo de ensino aprendizagem por permitir que os alunos se percebam como produtores do conhecimento a partir das coletas das entrevistas, construam um conhecimento significativo por podermos estabelecer uma aprendizagem que parte de questões do cotidiano e do local e estime nos alunos uma percepção da própria História enquanto uma narrativa que construída por sujeitos podem estar também sob as influências do tempo de quem a produz, no caso os próprios alunos. Em minha proposta de trabalho, os alunos vão utilizar as fontes orais junto com iconografias e fotografias antigas e atuais, além das leitura das obras existentes sobre a cidade em que vivem para só a partir daí poderem escrever suas narrativas sobre as memórias das águas de Santa Izabel do Pará, apresentando o meio ambiente, em especial, os rios e igarapés da cidade e suas transformações com o passar dos anos. Mas a proposta de pesquisa com a história oral pode debater muitas temáticas que estão ligadas a demandas do tempo presente que vão além da questão ambiental, como o papel da mulher na sociedade local, as comunidades quilombolas ou tradicionais locais, um estudo cultural de temáticas como o carnaval na cidade, festas religiosas, enfim, temáticas variadas.

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