ENSINO DE HISTÓRIA E EDUCAÇÃO
PATRIMONIAL: DIÁLOGOS SOBRE PATRIMÔNIO E MUSEUS
Este texto faz parte da pesquisa desenvolvida em Campo
Grande/MS, com objetivo de pesquisar o ensino da história e relações com a
educação patrimonial, tendo o museu como elemento de entrelace
histórico-patrimonial.
Como a educação patrimonial, em campo de análise, favorece o
ensino da história e a necessidade de abordar o que consta em museus, pela
perspectiva histórica? Alguns pontos comuns podem ser identificados entre as
exposições museológicas, como meio de comunicação, espaço de representação, e modo
de funcionamento das representações sociais relacionadas com os processos de
comunicação: 1 - Os museus estabelecem sistemas de categorização de parcelas da
realidade (os bens culturais/objetos) contribuindo para a apreensão do mundo
(como construtores de saberes) permitindo às pessoas orientar-se e
relacionar-se com o patrimônio cultural preservado. (RECHENA, 2011) 2 - Os
museus são espaços de comunicação e interpretação, materializados na sua forma
mais evidente, nas exposições museológicas; 3 - Os museus como espaço de
representação trabalham com modos de fixação simbólica da realidade e não com a
realidade em si mesma; 4 - Os museus definidos como espaços de relação entre o
sujeito com o patrimônio cultural atribuem à pessoa um papel determinante. Os
museus criam sistemas de representação simbólicos das culturas que musealizam a
partir dos vestígios identitários preservados nas coleções.
É importante relembrar que o patrimônio musealizado resulta
de representações sociais comuns a determinada comunidade que atribui valor àquele
grupo específico de bens, ou seja, o processo de seleção patrimonial está
sujeito ao mesmo tipo de apreensão, descodificação e categorização a que toda a
realidade está sujeita, o que explica a razão de em determinadas épocas ou
sociedades, se valorizar determinado recorte patrimonial e noutras valorizar um
recorte diferente.
Pensar a questão cultural insere a necessidade da abordagem
sobre a educação patrimonial, a qual contribui para adentrarmos na história
regional e local, de forma que possamos participar do processo de reconhecimento,
valorização e preservação das identidades que são representadas pelo
patrimônio. O entendimento de historia
local, baseia-se na concepção de Raphael Samuel (1990, p 220), para quem:
“A história local requer um tipo de conhecimento diferente
daquele focalizado no alto nível de desenvolvimento nacional e dá ao
pesquisador uma ideia muito mais imediata do passado”.
A preservação da memória, é entendida, neste artigo, como
elemento essencial para a valorização da identidade e da cidadania cultural em
determinado lugar e situada num determinado tempo histórico, que contribui para
a percepção do que fica registrado por diferentes grupos culturais acerca dos
diferentes elementos patrimoniais.
A partir da
fundação do Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN)
teve-se o primeiro ato normativo referente ao patrimônio, o qual criou a figura
jurídica do tombamento através do Decreto-Lei nº 25, de 1937. No art. 1º define o conceito de patrimônio
histórico e artístico nacional, citando que:
“Constituem o
patrimônio histórico e artístico nacional o conjunto dos bens móveis e imóveis
existentes no país e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua
vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional
valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico. ”
Deste modo,
pode-se dizer que a partir de 1930, com a política de preservação no Governo
Vargas, inseriu-se uma preocupação com as ‘edificações’, como argumenta Mário
Chagas (2009), o patrimônio era reconhecido a partir de ‘pedra e cal’.
Caracterizou um marco para a institucionalização do patrimônio cultural o SPHAN
(Sistema de Patrimônio Artístico e Nacional), posteriormente chamado de IPHAN (Instituto
Nacional de Patrimônio Artístico Nacional), os quais possuem o intuito de
preservar, difundir, produzir conhecimento sobre os elementos patrimoniais,
cultura material e imaterial e educação patrimonial.
Até mesmo a Constituição
Federal de 1988, em seu artigo 216, expande a noção de patrimônio em suas
diversas expressões que incorpore significado a identidade da nação, quer seja
histórico, artístico ou do saber, incorporando o termo de definição como
patrimônio cultural brasileiro, dispostos nos respectivos
incisos:
“Os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação e à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade nos quais se incluem:
I – as formas de expressão;
II – os modos de
criar, fazer e viver;
III – as
criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV – as obras,
objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações
artístico-culturais;
V – os conjuntos
urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico,
paleontológico, ecológico e científico. ”
Esses elementos
favorecem o aprofundamento, a produção de sentido, o conhecimento das
contribuições culturais de diferentes grupos, uma vez que, no Brasil, temos as
contribuições de povos originários com as culturas advindas de nossos
colonizadores, dos escravos, imigrantes europeus, asiáticos entre outros.
Reconhecer e identificar aspectos que compõem a pluralidade cultural brasileira
foi um dos primeiros grandes passos rumo a valorização do patrimônio.
Alguns elementos históricos são definidos como primordiais
para a história local, construindo referenciais para a memória coletiva, a qual
não é “somente uma conquista, como também um instrumento e um objeto de poder”
(Le Goff, 1996).
Nesse processo de valorização da memória coletiva, os
monumentos se configuram legitimadores da rememoração e valorização do passado.
E constituem-se como elementos que agregam a política do que deve ser lembrado.
Para Dias (2006, p. 73), uma das características mais relevantes do patrimônio
é ser tomado como referência para a construção de identidades culturais pelas
mais diversas estruturas sociais e mesmo pelos cidadãos, em nível individual,
de forma a converter-se no capital simbólico da sociedade. Esse fator é um
elemento social de grande caráter subjetivo e, como tal, esteve exposto a
importantes manipulações em função de determinados interesses, de fundo
político ou ideológico.
A proposta de inserir ações educativas, de viabilizar a
aproximação entre os sujeitos que estudam e aprendem, concebe-se num processo
que promova no ambiente escolar uma possibilidade de leitura da memória
coletiva na relação com os monumentos históricos, bem como das relações que se
estabelecem entre análises críticas e analíticas. Conforme Horta, Grunberg e
Monteiro:
“O conhecimento crítico e a apropriação consciente pelas
comunidades do seu patrimônio são fatores indispensáveis no processo de
preservação sustentável desses bens culturais, assim como no fortalecimento dos
sentimentos de identidade e cidadania. A Educação Patrimonial é um instrumento
de “alfabetização cultural” que possibilita ao indivíduo fazer a leitura do
mundo que o rodeia, levando-o à compreensão do universo sociocultural e da
trajetória histórico- temporal em que está inserido. Este processo leva ao
reforço da auto- estima dos indivíduos e comunidades e à valorização da cultura
brasileira compreendida como múltipla e plural”. (1999, p. 6)
Ainda na análise sobre patrimônio cultural, Gonçalves (2002.
p.121-122) afirma que:
“Os patrimônios culturais são estratégias por meio das quais
grupos sociais e indivíduos narram sua memória e sua identidade, buscando para
elas um lugar público de reconhecimento, na medida mesmo em que as transformam
em ‘patrimônio’. Transformar objetos, estruturas arquitetônicas e estruturas
urbanísticas em patrimônio cultural significa atribuir-lhes uma função de
‘representação’, que funda a memória e a identidade. (...) Os patrimônios são,
assim, instrumentos de constituição de subjetividades individuais e coletivas,
um recurso à disposição de grupos sociais e seus representantes em sua luta por
reconhecimento social e político no espaço público”.
A abordagem sobre o patrimônio cultural reflete também o que
os grupos sociais definem como representação das identidades de cada região, de
cada grupo, de construções subjetivas que estão ao alcance de todos/as no
espaço público, o que impulsiona a relação com a memória, pois, o uso do
patrimônio cultural relaciona-se com a memória social e coletiva e também com a
história local. Assim, relacionar história e memória são elementos presentes
nesta análise, pois como afirma Jacques Le Goff (1994, p 477) há memória, onde
cresce a história, que por sua vez a alimenta, procura salvar o passado para
servir o presente e o futuro.
Conforme aponta Schmidt (2009, p. 17) ao narrarem a sua vida
e a do outro, ele se inventa e institui seu pertencimento no mundo. Ele se
forma pela narrativa, ao criar um sentimento de continuidade no tempo e um
sentimento de coerência interna, que lhe permite se interpretar narrativamente,
como sendo um sujeito singular, porém, matizado por elementos sociais e
culturais. A narrativa histórica realizada pelos/as educandos/as é bastante
significativa, pois como defende Rüsen ela permite “as crianças e jovens
exprimirem as suas compreensões do passado histórico e consciencializarem
progressivamente a sua orientação temporal de forma historicamente fundamentada.
” (BARCA et. al 2010,p. 12).
No papel da escola, percebe-se que o modelo tradicional já
não atende às demandas. Além disso, tem-se na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (BRASIL, 1998) a importância do processo de produção do
conhecimento envolvendo a cultura e o patrimônios, uma vez que é necessário nas
aulas de história, como aponta o artigo 26 da LDB:
“Os currículos do Ensino Fundamental e Médio devem ter uma
base nacional comum, a ser complementada em cada sistema de ensino e
estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas
características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da
clientela”. (BRASIL, 1998)
As contribuições culturais nas/das edificações, em
determinados espaços urbanos, encaminha para a compreensão do bem cultural,
imerso numa sociedade complexa e multifacetada, que no embrenhado das
lembranças, elege as Igrejas, as praças, os museus, as edificações históricas
como símbolos e signos de patrimônio cultural.
Há diferentes concepções significativas que nos levam a
compreensão da análise de Patrimônio Cultural na História e no Tempo Presente,
principalmente pela leitura acerca de bens culturais e dos conceitos utilizados
(Gonçalves, 2009, p 25).
Essa dimensão complexa sobre
Patrimônio, se caracteriza por contribuir para as noções sobre patrimônio
cultural. Uma vez que, ao delimitar esse campo de análise, há também as
categorias materiais e imateriais (intangíveis). Assim, Patrimônio cultural
passa a ser compreendido como o que se materializa num momento, acontecimento
ou em numa cultura, com suas representações, quer seja no aspecto material, tateável,
ou no que tange a imaterialidade do saber e da memória. É evidente que o patrimônio não se constitui
apenas de edificações e peças depositadas em museus, documentos escritos e
audiovisuais, guardados em bibliotecas e arquivos. Interpretações e instituições, como lendas,
mitos, ritos, saberes e técnicas, podem ser considerados exemplos de um
patrimonial dito imaterial. (Fonseca, 2009, p 71).
Em
relação a integração de saberes e técnicas acerca do Patrimônio Cultural,
percebe-se a busca pela construção de instrumentos que podem identificar os
bens culturais de natureza diversificada, relacionando a produção de sentido no
tempo presente. Desta maneira, há a inquietação da inserção dos sujeitos
históricos neste processo de análise do Tempo Presente, como destacam Chaveau e
Tétart (1999, p. 16), “a presença física no nosso tempo e no nosso tema, isso
não pode ser deixado de lado, pois é preciso nos reconhecer como sujeitos
históricos do nosso tempo”.
Françoise Choay (2006), atribui ao
patrimônio cultural, a importância de compreender o contexto de maximização dos
nacionalismos e, que depois é seguido pela fragmentação identitária,
potencializou a reflexão social da questão do patrimônio cultural. Nesse
processo de entendimento, do que será valorizado como bem patrimonial e o que
será silenciado, abandonado, ‘derrubado’, circunscreveram-se num ‘modelo
nacionalista’. Por isso, a problematização no tempo presente evoca a
diversidade de sentimentos, de pontuações, tensões, conflitos e disputas que
precisam ser conhecidas, seja da edificação, da festa, do monumento, do objeto
patrimonial em questão.
Porém, um objeto patrimonial não
funciona sozinho, ele precisa estar inserido em um quadro de memória que lhe dê
sentido, necessita de uma rede de significados que lhe potencialize um
significado particular. Ao eleger determinados bens materiais ou imateriais,
como pertencente ao patrimônio cultural da comunidade, estamos selecionando os
eventos com os quais desejamos compor a fala autorizada sobre o seu passado.
Dias (2006, p.78) aponta que um patrimônio, como objeto de análise, pode
ter os seus significados e reinterpretações constantes em função de realidades
socioculturais do presente. Assim, é no
tempo presente que os processos de qualificação dos bens patrimoniais envolvem
as representações de grupos sociais, suas manifestações e, em algumas situações
da consolidação da dominação política e ideológica de alguns grupos.
O tempo que direciona a fundamentação da análise sobre o
Patrimônio Cultural, já que o tempo “é uma determinação fundamental da
existência humana. Ele abrange ser humano e mundo, pensamento e ser, interior e
exterior, cultura e natureza. ” (Rusen, 2014, p 254).
Para compreender o processo
histórico relacionado ao Patrimônio Cultural, é necessário analisar a sua
trajetória no Brasil, pois há a identificação de dois momentos, bem definidos,
com relação ao que se considera patrimônio cultural. Um primeiro, chamado
patrimônio de “pedra e cal”, de valorização das edificações, e outro, se
constituiu nas últimas décadas do século XX, quando começa a valorização das
manifestações culturais de diferentes grupos sociais.
Assim, os enfoques conceituais e
metodológicos dos anos 1980, como afirma Márcia Chuva (2008), abriram espaço
para mudanças que estão ligadas a dois aspectos: o novo papel do Estado e a inclusão de outras
esferas do Poder Público, advindos de interesses da sociedade civil organizada,
com a ampliação da noção de patrimônio, atingindo leque mais amplo e
diversificado de bens para muito além da perspectiva da identidade nacional
unívoca. São transformações nas próprias representações sociais sobre o
Patrimônio Cultural, que só podem ser compreendidas no Tempo Presente, pois
advêm de sentimentos de pertencimento, num determinado tempo histórico a partir
das experiências dos sujeitos históricos.
Essa
dimensão múltipla e variada sobre as concepções acerca do patrimônio, podem ser
percebidas pelos termos utilizados: patrimônio cultural protegido, o patrimônio
cultural de proximidade (do território nacional), o patrimônio natural (noção
de paisagens), o patrimônio imaterial (com os savoir-faire tradicionais, as
tradições populares, o folclore), além disso, o patrimônio genético já frequenta
a mídia e o patrimônio ético começa a entrar (Hartog, 2006, p 268/269).
Nesse sentido, os estudos no tempo presente apontam para a
problematização das identidades culturais, do conjunto dos saberes, fazeres,
expressões, práticas e seus produtos, que remetem à história, à memória e à
identidade de diferentes grupos. Assim, a cultura, a memória, as experiências
das pessoas, contribuem para que se identifiquem e reconheçam vários traços em
comum, a partir do patrimônio cultural.
A aprendizagem histórica pelo patrimônio, pode proporcionar
a compreensão das noções das diferentes temporalidades, ajudar a construir uma
série de estratégias cognitivas, de aquisição de competências: experiencial,
interpretativa, orientadora, motivadora. Para Rüsen:
“[...] o aprendizado histórico é aquisição de competência
experiencial. As crianças e jovens precisam aprender que passado, presente e
futuro tem qualidades diferentes de sentido ou significatividades diferentes. A
competência interpretativa diz respeito ao saber e à capacitação para o uso
reflexivo de modelos de intepretação que permitem fazer a travessia ou a
mediação da diferença temporal. A competência orientadora surge pela aplicação
refletida de modelos de interpretação repletos de experiências a experiências
de sofrimento, problemas de ação e processos de auto entendimento que ocorrem
no presente. A motivação histórica é um campo em grande parte ainda inexplorado
da pesquisa didática. Deve ser tido como inquestionável que identificações
históricas tem efeitos sobre estipulações finalistas relevantes para ação e
que, mediante a interpretação histórica, experiências de sofrimento se
convertem em tendências volitivas determinadas pelo seu conteúdo. (Rusen, 2012,
p 187). ”
Nesse processo, a Educação patrimonial favorece um diálogo
permanente entre os agentes que são responsáveis pela preservação dos bens
culturais e a fundamentação educacional como uma troca de conhecimento, visando
sobretudo o entendimento de que as formas de proteção e preservação de bens
culturais. Capacidade de leitura das fontes e de produção das informações
pertinente ao tema; capacidade de produzir informações inferenciais; capacidade
de organizar as informações, sejam elas de tempo, espaço ou temáticas;
capacidade de desenvolver um texto baseado nas informações primárias e,
logicamente, e sobre aquelas fontes extras que são colocadas à prova e
consolidadas.
Na pesquisa histórico-didática exercida em fontes já
organizadas há evidentes limites e esses podem ser superados mediante os arquivos
simulados. Em primeiro lugar, a pesquisa com fontes já organizadas não permite
os procedimentos heurísticos. O arquivo simulado ou uma pluralidade de arquivos
correlacionados entre si servem para colocar à prova as capacidades
heurísticas.
A metodologia específica da Educação
Patrimonial pode ser aplicada a qualquer evidência material ou manifestação da
cultura, seja um objeto ou conjunto de bens, um monumento ou um sítio histórico
ou arqueológico, uma paisagem natural, um parque ou uma área de proteção
ambiental, um centro histórico urbano ou uma comunidade da área rural, uma
manifestação popular de caráter folclórico ou ritual, um processo de produção
industrial ou artesanal, tecnologias e saberes populares, e qualquer outra
expressão resultante da relação entre indivíduos e seu meio ambiente (Mattozi,
2009, p. 330).
Esse
é um dos desafios do conceito de educação patrimonial, um instrumento e uma
metodologia de conhecimento da cultura, que incentiva a leitura do mundo que
nos cerca de nossas relações com nosso ambiente. Ou como define a publicação
Educação Patrimonial: Histórico, conceitos e processos,
publicado pelo Instituto do Patrimônio histórico e Artístico Nacional, (IPHAN):
(…) a Educação Patrimonial constitui-se de todos os
processos educativos formais e não formais que têm como foco o Patrimônio
Cultural, apropriado socialmente como recurso para a compreensão
socio-histórica das referências culturais em todas as suas manifestações, a fim
de colaborar para seu reconhecimento, sua valorização e preservação. Considera
ainda que os processos educativos devem primar pela construção coletiva e
democrática do conhecimento, por meio do diálogo permanente entre os agentes
culturais e sociais e pela participação efetiva das comunidades detentoras e produtoras
das referências culturais, onde convivem diversas noções de Patrimônio Cultural
(Iphan, 2014, p. 19).
Umas das possibilidades que favorece o
aprofundamento sobre o conhecimento histórico com a utilização da Educação
Patrimonial permite o entrelaçamento da ‘valorização’ da cultural regional e do
patrimônio como fundamento das diferentes interpretações que estudantes e
professores/as, que possam conhecer, dialogar, aprender e ensinar sobre a
história e a cultura da cidade e da região. Além disso, essa problematização
contribuirá com o conhecimento sobre a diversidade cultural, étnica, religiosa
e de trabalho articuladas à problemática do patrimônio cultural material e
imaterial.
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Victor Pereira do Prado é graduando no Curso
de História Licenciatura da UFMS e membro do GEMUP (Grupo de Pesquisa Ensino de
História, Mulheres e Patrimônio)
Jaqueline Ap. M. Zarbato é professora
da UFMS e colaboradora da UFMT, no mestrado Acadêmico e membro permanente no
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Parabéns pelo trabalho e pelas reflexões suscitadas!
ResponderExcluirConforme apresentaram metodologia a respeito de Educação Patrimonial, durante a pesquisa foi realizada alguma atividade pratica, em ambiente formal ou não formal? Se sim, poderia expor brevemente os resultados?
Elder Sidney Saggioro
Elder, agradeço a pergunta! A pesquisa tem por objetivo realizar uma breve análise das benéficas da educação patrimonial no ensino, e mais especificamente no patrimônio museológico. Realizaremos a atividade prática, em duas escolas com a educação patrimonial como mecanismo de valorização da identidade e cultura regional. As atividades propostas norteiam as visitas aos museus e contribuem para a representatividade e consciência histórica do indivíduo. Ademais, tais práticas devem ser pautadas por objetivos e métodos de ensino alinhados com a escola, o museu e o professor. Estamos desenvolvendo um projeto de atividade prática com os parâmetros suscitados nessa pesquisa, espero poder apresentar-lhe assim que finalizado!
ExcluirUm grande abraço!
Olá Victor e Jaqueline.
ResponderExcluirParabéns pelo texto/estudo. Sou apaixonada por essa temática.
Quanto ao meu questionamento, gostaria que expressassem a opinião de vocês com relação a dificuldade que professorem têm em despertar interesse e excitação nos educandos ao convidá-los para uma visita a um museu. Por que é tão difícil "alfabetizar culturalmente" (usando a expressão de Horta, Grumberg e Monteiro) os alunos quando a estratégia utilizada é uma visita a um museu?
Abraços,
Danila Gomes Corrêa.
Olá Danila, obrigado pela excelente pergunta! Historicamente, os conceitos que deram significados ao Museu, até a década de 70 no Brasil, o trazem como local que “guarda coisas velhas”, ou até mesmo, um ambiente de glória para determinada elite (LEMOS, 2000). Essas significações não trazem identidade e/ou representatividade cultural e, apesar de superadas, ainda pairam sobre o pensamento de muitos indivíduos, entre eles estudantes, culminando em certo desinteresse. Além disso, a visitação tem por atuação de fundamental a mediação do professor, cabe a ele apresentar o museu antes da visita, ressaltando sua história e sua importância para a história, tendo-o como parte de uma realidade histórica, e concomitantemente trabalhando métodos e objetivos claros com os alunos. Umas das coisas que impedem, deixam a visita ou o interesse pelos museus como algo ‘desinteressante’, é a necessidade da preparação e relação com os temas trabalhados em sala de aula. O museu e a história contida nele têm que ser significativo para os estudantes, despertando a consciência histórica. Para isso, desde o momento em que pensamos as estratégias de visita ao museu, como algo didático, precisamos relacionar a vivência dos estudantes. A alfabetização cultural precisa ser considerada como um elemento que esta atrelado ao processo histórico, como parte significativa da história.
ExcluirUm grande abraço!
Boa noite Victor.
ExcluirAdorei o feedback, você foi no cerne da questão. Realmente o museu está relacionado a "lugar de coisa velha" na concepção de muitas pessoas e, portanto, o preconceito e desinteresse dos alunos se justifica. Contudo, você tem razão quando diz que é preciso primeiramente contextualizar a história e o significado simbólico dos acervos para os alunos, despertando nestes a consciência histórica e o interesse por esse "espaço de memória".
Muito obrigada por seu retorno, um abraço!
Danila Gomes Corrêa.
Muito interessante suas explanações e reflexões acerca de pensar a cultura, o tempo e o patrimônio de forma interligada a educação, o que instigou-me a pensar como esse processo de pensar esses conceitos e a forma de trabalhar a educação patrimonial como metodologia de ensino voltada para a formação dos sujeitos e das identidades culturais ligadas a eles está presente na formação dos alunos como também partes formadoras dessa cultura histórica e social ao qual pertencem e ao mesmo tempo tem a possibilidade de visitar e estudar historicamente em um museu?
ResponderExcluirAlém disso, como podemos desconstruir em sala de aula essa noção de que o patrimônio é mais do que apenas uma parte da memória coletiva que muitas vezes parece muito distante das memórias individuais dos alunos-sujeitos? Como podemos instigá-los a pensarem e verem a sim mesmos como formadores dessa memória e cultura patrimonial presente nos museus e na cultura coletiva que os cerca?
Agradeço a atenção.
Sandiara Daíse Rosanelli
Olá Sandiara, obrigado pela pergunta! A metodologia educativa patrimonial da “visita compartilhada” cabe a nós aqui como papel fundante das reflexões. Trata-se, além de toda a preparação antes da visitação (escola-museu-professor), de quebrar com a mera ilustração ou exibição do patrimônio, disponibilizando recursos ao estudante que vão de encontro ao papel do historiador. Logo, o que se prioriza é a experiência desse visitante, tendo como fonte histórica o patrimônio cultural. O aluno então, diante das fontes cria possibilidades e interpretações, identificando inferências baseadas em suposições ou evidencias a fim de promover uma melhor interpretação da localidade, estrutura e relevância histórica, política, econômica e social, valorizando a especificidade local e cultural junto a identidade regional (PINTO, 2015).
ExcluirUm grande abraço!
Olá Victor e Jaqueline,
ResponderExcluirInstigante a reflexão que o texto oferece para trabalharmos com nossos alunos em sala de aula.
Este comentário foi removido pelo autor.
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