Rafael Dias de Castro


BREVE ESBOÇO TEÓRICO SOBRE O ESTUDO DOS USOS DO PASSADO NAS NARRATIVAS MONOGRÁFICAS DE HISTÓRIA – UNIMONTES/MG

Este projeto, mais amplo, busca investigar a cultura histórica e os usos do passado na região norte de Minas Gerais, considerando as várias identidades sociais, culturais e formas de se abordar o tempo, compreendidas como conteúdo da experiência, medida de orientação e definição de ação/finalidade (Rüsen, 1994). Nesta comunicação, apresentamos a primeira etapa do projeto a ser realizada, que visa o levantamento, catalogação e análise dos procedimentos teórico-metódicos da investigação, usos do passado e seus produtos finalizados através de uma narrativa científica (a historiografia), vinculados à produção discente do Departamento de História da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes/MG).

A Unimontes surgiu em 1963 como Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras – FAFIL (primeira unidade de ensino superior do Norte de Minas Gerais), e se transformou em autarquia estadual em 1989, com a denominação de Universidade Estadual de Montes Claros. O curso de História iniciou suas atividades em 1967 e, em 1993, com a aprovação da Lei Estadual 11.517, que estruturou a Unimontes, o curso passou a integrar o Centro de Ciências Humanas. No ano 2000, aprovou-se um novo Projeto Político Pedagógico, com a estruturação do curso resultando na implementação de sua oferta também no município de São Francisco (desde 2002) e na criação da Revista Científica Caminhos da História (ISSN 2317-0875). Também vinculado ao curso, estão o Grupo de Pesquisa Gênero e Violência e, desde 2011, o Programa de Pós-Graduação “Stricto-Sensu” em História (atualmente sob a coordenação da Prof.ª Dr.ª Cláudia Maia).

Importante ressaltar que os cursos de Graduação e Mestrado em História da Unimontes são responsáveis em grande parte pela formação acadêmica e técnica de muitos profissionais que atuam na região, que se dedicam à educação básica e a diversas instituições de pesquisa, guarda e divulgação do passado histórico (como os museus, institutos de pesquisa e arquivos históricos). Assim, considera-se fundamental iniciar a pesquisa pela análise das fontes e objetos mobilizados, os conceitos e métodos aplicados, as articulações entre ensino-pesquisa-extensão, os espaços ocupados, dentre outros aspectos, imersos numa trama de relações da cultura histórica (em suas dimensões estética, política, cognitiva, moral e religiosa), reveladas aqui inicialmente pelos múltiplos usos do passado observados em tais narrativas historiográficas.

A inserção desta pesquisa no Projeto Político-Pedagógico do curso de História da Unimontes se dá a partir da análise da “concepção de um curso superior adaptado à realidade educacional brasileira e ao universo cultural, social e econômico da região em que está inserido” (Unimontes, 2013, p. 13). Neste sentido, apresento nesta comunicação os aspectos teóricos e metodológicos da pesquisa iniciada no ano de 2019, na expectativa de ampliar o entendimento sobre a temática, debater aparatos técnicos e procedimentos definidos e direcionar novas perspectivas analíticas.

Cultura histórica, usos do passado
A pesquisa se estabelece a partir do eixo transversal dos debates sobre o processo de formação, por aprendizado, da consciência histórica. Neste sentido, dois âmbitos da “cultura histórica”, a Teoria da história e o Ensino de história, orientados por uma didática da história, são fundamentais porque constituídos como lugar de rigor crítico diferentemente de outros espaços de reconstrução do passado. Para tanto, os pressupostos teórico-metodológicos do historiador alemão Jörn Rüsen (1994; 2001; 2007; 2010; 2014) serão fundamentais.

No meio acadêmico brasileiro, a recepção da teoria da História de Rüsen vem aumentando nas últimas décadas, dando ênfase às suas contribuições sobre o enraizamento da história no cotidiano, a compatibilidade entre método e sentido por meio da narrativa histórica, as considerações das informações históricas presentes na sociedade como influência ao pensamento histórico e a possibilidade de pesquisas no ensino da história a partir das ideias dos próprios estudantes (Oliveira, 2017; Schmidt, 2014). Conforme aponta Estevão Martins, através da teoria da História de Rüsen é possível refletir sobre como “passado, presente e futuro são fatores da cultura histórica, operados pela síntese ativa do agente racional humano sob a forma de cenário, encontrado e produzido, da vida concreta” (Martins, 2011, p. 51).

Em Rüsen, a categoria “cultura histórica” é definida para se refletir sobre a relação que determinado grupo mantém com seu passado, não se restringindo à historiografia, pois na “cultura histórica” se abarcaria múltiplos agentes envolvidos em sua reflexão, elaboração, difusão, representação, recepção, enfim, as diversas formas em que é pensada e legitimada enquanto perspectivas de se abordar o tempo:

“la investigación académica, la enseñanza escolar, la conservación de monumentos, los museos y otras instituciones se contemplan y discuten, a pesar de sus recíprocas demarcaciones y diferencias, como manifestaciones de una aproximación abarcante y común al pasado. 'Cultura histórica' debe denominar este aspecto abarcante y común. La 'cultura histórica' contempla las diferentes estrategias de la investigación científico-académica, de la creación artística, de la lucha política por el poder, de la educación escolar y extraescolar, del ocio y de otros procedimientos de memoria histórica pública, como concreciones y expresiones de una única potencia mental. De este modo, la 'cultura histórica' sintetiza la universidad, el museo, la escuela, la administración, los medios, y otras instituciones culturales como conjunto de lugares de la memoria colectiva, e integra las funciones de la enseñanza, del entretenimiento, de la legitimación, de la crítica, de la distracción, de la ilustración y de otras maneras de memorar, em la unidad global de la memoria histórica” (in Rüsen, 1994, p. 2-3).

Em outras palavras, por cultura histórica Rüsen se refere à maneira particular de se abordar interpretativamente o tempo (aquela que resulta em algo como “história”), enquanto conteúdo da experiência, produto da interpretação, medida de orientação e determinação de finalidade/ação (Rüsen, 1994, p. 6). O estudo da cultura histórica engloba, portanto, as várias formas de elaboração da experiência histórica e sua articulação com a vida de uma comunidade, considerando que agentes sociais diversos contribuem nessa elaboração e muitas vezes concorrem entre si (Gontijo, 2014).

Apesar de ressaltar que a produção científica da história não dá conta de todas as carências de orientação dos sujeitos inseridos numa determinada cultura histórica, Rüsen visualiza especificamente na reflexão científica deste conhecimento uma base racional fundamental para abarcar a reflexão histórica como orientadora da vida prática. Tal produção científica contém fatores estéticos e retóricos fundamentais, que deveriam habilitar o saber, como constructo cognitivo, a aplicar-se na vida prática. Porém, o que “precisa de esclarecimento é como esse saber responde, aos pontos de vista especificamente estéticos e políticos da orientação prática, com a pretensão de racionalidade cognitiva própria à história como ciência” (Rüsen, 2007, p. 121).

A relevância científica, intelectual, social, cultural, política, do conhecimento histórico está vinculada à cultura histórica em que o indivíduo está inserido, a partir da qual este compartilha e interage através de ideias, valores, comportamentos, orientações, etc., presentes nessa cultura como operadora de critérios de sentido. Daí a necessidade de analisar detidamente o que Rüsen definiu como a “função racionalizadora da pragmática textual exercida pela teoria da história na historiografia” (Rüsen, 2001, p. 46). Isso quer dizer que a historiografia é parte integrante da pesquisa histórica, cujos resultados se enunciam na forma de um “saber redigido”, dirigido aos interessados no conhecimento produzido pelo “saber histórico” científico, que não somente informa como também orienta temporalmente as ações presentes e futuras. Assim, uma justificativa para realização desta pesquisa se encontra, justamente, no trabalho de reflexão a ser realizado no âmbito das narrativas historiográficas, no intuito de compreender, delinear e preservar “o progresso do conhecimento, obtido na pesquisa, nas formas empregadas pela historiografia para transmitir os resultados dessa mesma pesquisa” (Rüsen, 2001, p. 47).

Neste sentido, duas questões se tornam fundamentais para se pensar tanto a formação acadêmica e profissional dentro do âmbito universitário, quanto a produção científica realizada neste espaço:

“o ambiente social e cultural em que a história é pensada, produzida (como historiografia) e ensinada; e também a repercussão da história na formação do pensamento, da consciência e da cultura histórica, tanto dos estudantes dos sistemas escolares quanto do público em geral, mediante a ilimitada diversidade de usos (e por vezes de abusos) da história e da historiografia na cultura contemporânea” (in Martins, 2011 p. 57-58).

Rüsen define que a Didática da História deve se preocupar com a cultura histórica, por se tratar do campo de estudos que se ocupa justamente por tentar compreender as formas pelas quais o conhecimento é tematizado e difundido, configurando formas de pensamento sobre a história que estão no cerne de lutas culturais, políticas e ideológicas. Para ele, a didática da história (tanto em sua matriz acadêmica e escolar, como sua relação com a história não acadêmica) auxilia para uma perspectiva reflexiva sobre a sociedade e o conhecimento histórico, desempenhando um papel analítico sobre a própria ciência da história, agindo como um recurso de autoconsciência desse campo (Rüsen, 2007). O autor define uma matriz disciplinar elencando temas como a metodologia do ensino na sala de aula, a investigação da função do acontecimento e da explicação histórica na vida pública, o estabelecimento da finalidade da Educação Histórica (ou o que se espera que o conhecimento histórico mobilize) e a investigação da natureza, função e importância da consciência histórica, a partir da qual se dão conexões temporais essenciais (passado, presente e futuro), num conjunto de operações mentais que definem o pensamento histórico e sua função na cultura humana.

A vantagem teórica da matriz proposta por Rüsen, segundo aponta Estevão Martins, é sua adaptabilidade funcional à diversidade temática da pesquisa histórica, alcançando uma potencialidade organizacional e explicativa universalizável: “a matriz compõe as três perspectivas de abordagem adotadas por Rüsen: o pensamento histórico, a constituição de sentido histórico e a produção técnica da narrativa historiográfica” (Martins, 2016, p. 4). Como se observa, Rüsen busca uma interpretação da práxis do pensamento histórico pela articulação de uma matriz que torna possível seu entendimento.

Sobre a matriz de Rüsen, Martin Wiklund afirma que o intuito de formular princípios gerais de validade na ciência histórica é essencial para compreender a proposta do pensamento histórico, a que se presta o pensamento histórico, ou porque há simplesmente algo como o pensamento histórico. Assim, somente ao compreender o interesse humano e a necessidade do pensamento histórico, e ao articular a lógica do pensamento histórico com o mundo da vida, é possível compreender a proposta ou “função do pensamento histórico e, como consequência, que tipo de validade está em jogo quando narrativas históricas são avaliadas – dentro ou fora da ciência histórica” (Wiklund, 2008, p. 30). Desta forma, as reflexões de Rüsen contribuem para o crescimento e a autonomia da ação crítica de quem vive a história, de quem a investiga, de quem a ensina, de quem a aprende em um processo contínuo de tomada de consciência de sua própria historicidade.

Métodos e procedimentos de análise
De acordo com levantamento realizado, temos aproximadamente 350 monografias no Campus Montes Claros e entre 140 e 160 monografias no Campus São Francisco. No curso de História, a produção monográfica será onde o aluno (neste caso, também autor) irá ter uma relação mais próxima com as fontes, pois será a partir destas que ele problematizará questões a serem respondidas ao longo de sua narrativa historiográfica. Durante a graduação, são trabalhadas diferentes teorias, métodos, procedimentos, técnicas, para se produzir um discurso histórico e trabalhar com as fontes/vestígios do passado, devendo determinada teoria e método serem aplicados a monografia. Tais critérios precisam estar bem definidos, para que a produção de uma narrativa esteja em acordo com os domínios historiográficos estabelecidos.

Para definição de critérios metodológicos na elaboração de um banco de dados, realizamos a leitura de textos que auxiliam a formulação e catalogação dos diferentes caminhos relativos aos domínios, abordagens e campos da História, permitindo as análises das atividades de pesquisa, ensino e extensão provenientes de tal instituição. A leitura de algumas obras fundamentais a esse respeito permitiu que se formulasse um universo do campo historiográfico em suas principais áreas (Cardoso e Vainfas, 1997; Freitas, 1997; Barros, 2004). Outro grupo de pesquisas, que tiveram como objetivo realizar o levantamento das produções de determinados Departamentos de História para fins variados (como levantamento de perfil do curso, modificação de estrutura curricular, etc.) (Bentivoglio e Santos, 2009; Noronha e Zahr, 2017), também foram fundamentais para a definição do arcabouço procedimental/metodológico.

Algumas variáveis a serem analisadas/catalogadas na pesquisa com as monografias são: nome, título, ano de defesa e orientador da pesquisa; área do CNPq vinculada (Teoria da História, Antiga e Medieval, Moderna e Contemporânea, Brasil, etc.); território/domínio (cultural, econômico, político, social); abordagem (biografia, comparativa, local, micro-histórica, regional, transnacional, etc.); campos de investigação (ensino, memória, religião, sexualidade, arte, etc.); objeto investigado (intelectuais, mulheres, povo/massas, ideias, etc.); fontes principais utilizadas (manuscrita, impressa, literária, oral, digital, etc.).

Optou-se por extrair no conteúdo dos resumos e introduções as principais questões buscadas, ressaltando que tal informação necessita ser dada pela própria pesquisa/autor, para que possamos definir as perspectivas e intenções predominantes em sua narrativa. Conforme apontado por Bentivoglio e Santos (2009), evita-se assim incluí-los em áreas/temáticas/abordagens que não sejam de escolha explicitada por eles (embora nem sempre isso possa ficar muito evidente). Além disso, ressaltamos que em muitas destas pesquisas pode ficar clara determinada interface entre campos distintos (como a História Política com a História Cultural), mas, conforme apontado, a narrativa estabelecida nos dará o foco principal e preponderante da pesquisa analisada.

Considerações finais
As narrativas historiográficas, provenientes da produção científico-acadêmica do curso de História da Unimontes, ao narrar determinada sequência de situações, fatos, eventos, abarca um contexto significativo de antecedentes e de consequentes, de causas e de efeitos, de variáveis e de resultantes, organizando motivos, razões, atos e resultados, explicando o ocorrido e antecipando possíveis desdobramentos. Refletir, pois, sobre a narrativa historiográfica produzida no interior de tal instituição traz a tona questões referentes à formação profissional do historiador e de sua habilitação ao ensino, à organização das práticas de ensino e dos conteúdos adotados, à produção dos meios de apoio ao ensino e à difusão da história no meio escolar, dentre tantos aspectos propostos e desenvolvidos pelo curso de História da Unimontes.

Portanto, através da matriz do pensamento histórico de Rüsen, o intuito inicial desta pesquisa é identificar e catalogar as produções realizadas por discentes no curso de História da Unimontes/MG, suportes da cultura histórica produzida neste espaço, buscando no campo de conhecimento da ciência histórica seu nível teórico de reflexão: as concepções (perspectivas, categorias, teorias), métodos (de elaboração da experiência do passado) e formas (da apresentação). Através das narrativas historiográficas, portanto, visualizaremos a cultura histórica presente no discurso semântico da simbolização, nas estratégias cognitivas da produção do saber histórico e na estratégia estética da apresentação histórica.


Referências
Rafael Dias de Castro é Doutor em História das Ciências pela COC/Fiocruz e Professor Adjunto da área de Teoria e Metodologia da História, na Unimontes-MG.

BARROS, J. D. O campo da História. Petrópolis: Vozes, 2004.

BENTIVOGLIO, J.; SANTOS, M. P. Caminhos da pesquisa na graduação em História no Brasil: um estudo sobre a produção monográfica e científica dos graduandos em História na UFG - Campus Catalão (2003-2007). Revista Ágora, n.10, 2009.

CARDOSO, C. F.; VAINFAS, R. Domínios da história. Rio de Janeiro: Campus, 1997.

FREITAS, M. C. (org.). Historiografia brasileira em perspectiva. São Paulo: Contexto, 1997.

GONTIJO, R. Sobre cultura histórica e usos do passado: a Independência do Brasil em questão. Almanack, n. 08, 2014.

MARTINS, E.R. As matrizes do pensamento histórico em Jörn Rüsen in SCHMIDT, M. A.; MARTINS, E. (orgs.). Jörn Rüsen: contribuições para uma Teoria da Didática da História. Curitiba: W. A. Editores, 2016.

MARTINS, E. R. História: consciência, pensamento, cultura, ensino. Educar em Revista, n. 42, 2011.

NORONHA, G. C.; ZAHR, M. Entre a Iniciação Científica e a conclusão de curso: a monografia como fonte para o estudo da formação de professores de História in IX Congresso de Pesquisa em Ensino de História da Educação em Minas Gerais, 2017.

OLIVEIRA, T. D. A Formação Histórica (Bildung) como princípio da didática da história no Ensino Médio: teoria e práxis. Tese de doutorado, Universidade Federal do Paraná: Curitiba, 2017.

RÜSEN, J. Cultura faz sentido: orientações entre o ontem e o amanhã. Petrópolis: Vozes, 2014.

RÜSEN, J. História viva. Teoria da história III: formas e funções do conhecimento histórico. Brasília: Ed. UNB, 2007.

RÜSEN, J. Jörn Rüsen e o ensino de história. Curitiba: Ed. UFPR, 2010.

RÜSEN, J. ¿Qué es la cultura histórica?: Reflexiones sobre una nueva manera de abordar la historia in http://www.culturahistorica.es/ruesen/cultura_historica.pdf, 1994.

RÜSEN, J. Razão histórica. Teoria da História: os fundamentos da ciência histórica. Brasília: Ed. UNB, 2001.

SCHMIDT, M. A. Cultura histórica e aprendizagem histórica. Revista NUPEM, v. 6, n. 10, 2014.

UNIMONTES. Projeto Político-Pedagógico curso de História (licenciatura). Abril de 2013.

WIKLUND, M. Além da racionalidade instrumental: sentido histórico e racionalidade na teoria da história de Jörn Rüsen. História da Historiografia, nº 1, 2008.

4 comentários:

  1. Bom Dia Rafa, Legal te ver por aqui.

    Cara como sempre dialogamos sobre nossas pesquisas eu me apego muito ao aparato teórico do Certeau para justificar a necessidade de uma pesquisa como essa sobre a ótica de que precisamos construir uma identidade historiográfica para nossas universidades. Dai gostaria de saber se el algum momento você flertou com a ideia de usar perspectiva semelhante em seu trabalho, uma segunda observação é para o uso dos campos da historia do Barros como base para auxiliar na compreensão de quais são as estes campos da historia (social, econômica, politica...) eu recentemente passei a buscar tambem esta fundamentação no Flamarion e no Vainfas nos domínios e novos domínios da historia como você encherga a possibilidade de dialogo entre estes dois autores para a construção desta base.

    Abração cara!

    Marcos Vinicius de Andrade Gomes

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    1. Camarada Marcos, bom dia! Sempre bom receber seus comentários e manter nosso diálogo!
      Bem, sobre suas questões muito pertinentes:
      1 – Certeau é relevante para compreendermos os aspectos de produção, circulação e recepção dos textos acadêmicos produzidos. Do ponto de vista de uma “identidade historiográfica”, como você citou, me aproprio de questões colocadas por ele: “O que fabrica o historiador quando ‘faz história’ da história? Para quem trabalha? Que produz?”. Assim, tais questões norteiam não somente a análise sobre as produções acadêmicas do Departamento de História da Unimontes, como também me mantém alerta sobre minha própria atuação nesta análise.
      No texto acima, devido ao espaço limitado, optei por elencar e realçar as questões vinculadas à cultura histórica (categoria fundamental em minha argumentação) e aspectos técnicos, realçando as variáveis a serem delineadas em minha pesquisa.
      2 – Os autores que você citou, tenho observado, estão presentes em muitas análises dos TCCs: de José D’assunção Barros – O campo da História e O projeto de pesquisa em História; Domínios da História e Novos domínios da História, de organização de Vainfas e Flamarion. Além deles, em menor escala, encontro: Historiografia Brasileira em Perspectiva, de Marcos Freitas, e A história escrita, do Jurandir Malerba. Neste sentido, uma consideração importante a ser observada é o fato de que tais textos estão circulando e auxiliando na produção dos TCC’s, tornando-se aporte teórico (e em alguns casos, até mesmo metodológicos). Como afirmei em minha fala no SNHH na UFOP, ano passado, me importa menos analisar a coerência dos usos (algo que orientador e banca já o fizeram – e o TCC em análise já foi aprovado), do que analisar a circulação, produção e apropriação da historiografia por esses textos, instituindo assim uma cultura histórica acadêmica peculiar da instituição. Portanto, acredito ser importante ter como base de fundamentação das variáveis os principais textos que circulam em meio a tais produções.
      Permaneço sempre aberto ao diálogo, meu caro! Abraço e obrigado pela colaboração!
      Rafael Dias de Castro

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  2. Obrigado Rafael, sempre uma aula esses papos.

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