AS
CONCEPÇÕES DE HISTÓRIA DE DOCENTES DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
A partir da problematização do ensinar e aprender nas aulas
de História, e refletindo a respeito da importância da disciplina nos anos
iniciais do ensino fundamental, esta pesquisa, em desenvolvimento através do
Programa de Iniciação Científica (Proic) da Universidade Estadual do
Centro-Oeste (Unicentro), apresenta análises que envolvem as discussões sobre o
ensino de História empreendidas por meio de
questionários aplicados a quatro docentes do município de Guarapuava, Paraná,
que atuam na educação básica nos anos iniciais. Esta pesquisa objetivou
investigar as apropriações de livros didáticos de História entre as docentes,
no entanto, neste texto, destacamos especialmente algumas problemáticas que
puderam ser percebidas durante as análises das fontes referentes às concepções
que as docentes têm a respeito da História e do ensino da disciplina, tendo em
vista que, para além da significação dos livros didáticos, outros aspectos
foram questionados e analisados.
Dialogamos nesse texto com Hilary Cooper que desenvolveu
pesquisas investigando os anos iniciais do
ensino fundamental, a partir da perspectiva da Educação Histórica. Assim,
analisaremos as respostas das docentes às questões relacionadas aos seus
conhecimentos históricos e a importância da História escolar atribuída por elas,
a fim de discutir como elaboram os saberes históricos. Coube refletir como isso
se relaciona com o processo de ensino-aprendizagem e como ocorre a construção
do pensamento histórico nos alunos a partir das concepções trabalhadas.
Não raras vezes nos deparamos no “dia do índio” com alunos
caracterizados de indígenas com pinturas no rosto e um adorno de penas na
cabeça, ou com crianças contando histórias em que as princesas do passado eram
“boazinhas” e se apaixonavam pelos príncipes, sendo representadas nos desenhos
com longos vestidos. Mas, o indígena é ou foi desta maneira? Por que sempre “o
índio”, se há uma grande pluralidade de grupos indígenas? Como atualmente vivem
os indígenas? As princesas são de “qual passado”? Em que épocas e lugares elas
viveram? Todas as princesas usavam longos vestidos e se apaixonavam por
príncipes? O que é o amor em cada contexto histórico e social?
Muitas representações como estas, ligadas às aulas de
História, são ressignificadas pelas crianças e adentram ao seu imaginário,
fazendo parte das suas percepções de mundo. No entanto, não é somente a
História escolar que faz parte deste processo. Os contos de fadas, as histórias
de família, os documentários e reportagens da TV, os filmes, os vídeos na internet,
os jogos, dentre tantos outros discursos e seus meios de propagação, acabam por
difundir história, de diferentes maneiras. Assim, as crianças carregam uma
bagagem de ideias históricas, construídas no decorrer das suas vivências. Com
tantas informações disponíveis às crianças, consumidas e construídas através de
suas experiências, qual a importância do ensinar e do aprender História nas
séries iniciais do ensino fundamental?
Fatos políticos isolados, não relacionados com o cotidiano
dos alunos; visões dicotômicas entre personagens históricos cercadas de
estereótipos e de julgamento moral, com classificações como “bons e maus,
vilões e heróis”; não contextualização do passado e compreensão dos processos
históricos, são alguns dos problemas presentes no ensino de História do
primeiro ao quinto ano da educação básica (NEMI, 1996, p. 75-76). Diante disso,
a educação histórica, que, conforme Caimi (2009), consiste em uma das linhas de
investigação a respeito da aprendizagem histórica, fundamentada através da
própria epistemologia da História, defende que é fundamental para se ensinar a
disciplina o domínio das teorias e metodologias da historiografia, levando em
consideração as ideias históricas dos alunos. Como estes recebem informações e
têm contato com diversos meios como a família, a comunidade e a mídia, estes
conhecimentos não devem ser ignorados no ambiente escolar, mas devem consistir no
ponto de partida das aulas, e deste modo, podem se articular com as narrativas
presentes na escola, possibilitando um aprendizado dotado de sentidos e de
relevância para a vida prática dos alunos. Assim, o conhecimento escolar não
deve consistir na transmissão ou na reprodução do que é produzido pela
historiografia, mas deve ser uma construção, pois, através da identificação e
da exploração das ideias históricas dos alunos, o professor intervirá com seus
conhecimentos teóricos e metodológicos, gerando novos conhecimentos.
A autora
inglesa Hilary Cooper, que através de pesquisas investigou como trabalhar a
História nos anos iniciais do ensino fundamental, a partir da perspectiva da
educação histórica, apresenta propostas para que as aulas possibilitem a
construção de saberes históricos. Dentre estas, estão a construção de conceitos
históricos, que mesmo não sendo formalizados ainda pelas crianças
dependendo de sua faixa etária, podem ser trabalhados, contribuindo para a sua
compreensão ao longo da vida escolar. A autora também afirma a necessidade de
trabalhar em sala de aula com o cotidiano e as experiências dos alunos, assim
como com a interdisciplinaridade, sendo que as fontes históricas ocupam um
papel importante no processo de aprendizagem histórica, já que possibilitam
observações, questionamentos, interpretações e comparações que devem ser
trabalhadas, por mais descontextualizados ou anacrônicos que sejam os
levantamentos dos alunos. Dessa forma, para Cooper (2012), a História escolar
pode possibilitar a percepção de pontos de vista e interpretações diferentes,
contribuindo para o pensamento democrático e questionador; a partir da história
do próprio aluno a compreensão da identidade pode ser formulada; conhecer as
diferentes culturas e valores do passado pode auxiliar na
tolerância e no respeito às diversidades; a percepção de diferentes sociedades
e sujeitos pode levar à compreensão de que a História é formada por todos.
Dessa maneira,
através de um ensino que valorize as experiências dos alunos e que trabalhe com
os saberes históricos, ou seja, a partir do entendimento de que a História é
uma construção, que possui diferentes narrativas e interpretações, com o
passado e o presente de maneira contextualizada, conforme os processos
históricos que os envolvem, suas permanências e rupturas, as diferentes
temporalidades, as análises de fontes, a partir dos aspectos propostos por
Cooper (2012), é possível a construção de sujeitos que se situam onde vivem e
que lançam interpretações ao mundo ao seu redor a partir de suas concepções
históricas, havendo seu reconhecimento como sujeito histórico, dotado de
capacidade de ação e de transformação, o que atribui um sentido prático para a
História, a partir de suas próprias fundamentações, ou seja, das diferentes
interpretações, da problematização de fontes históricas e da produção de
possíveis narrativas, o que pode ser produzido em sala de aula por professores
e alunos:
“(...) a boa
narrativa, a narrativa contextualizada, constitui o cerne da prática
historiográfica e contribuiu essencialmente para a conceitualização; afinal,
conceitos se constroem sobre conteúdos e experiências, não sobre o vazio.
Então, problematizar a história consiste em mobilizar conteúdos que não tenham
caráter estático, desvinculados no tempo e no espaço, como fins em si mesmos,
mas que permitam aos estudantes compararem as situações históricas em seus
aspectos espaço-temporais e conceituais, promovendo diversos tipos de relações
pelas quais seja possível estabelecerem diferenças e semelhanças entre os
contextos, identificarem rupturas e continuidades no movimento histórico e,
principalmente, situarem-se como sujeitos da história, porque a compreendem e
nela intervêm (CAIMI, 2009, p. 76).”
A partir desta concepção
de ensino de História, os conhecimentos pedagógicos por parte do professor são
de extrema importância, mas também os conhecimentos específicos da disciplina.
Eis uma problemática: como os professores pedagogos ou formados pelo
magistério, ou seja, os chamados docentes generalistas, lecionam e pensam a
História? A partir das respostas das docentes participantes desta pesquisa, foi
possível analisar quais as concepções que estas têm a respeito da História e,
desta maneira, perceber qual o domínio de
saberes históricos por parte delas, o que possibilita ou não a aprendizagem
histórica conforme tais propostas expostas.
Alguns autores
da área da Educação acabam por defender que o professor necessita ter domínio
de conteúdos e saberes para lecionar, o que permite que ele trabalhe com
diferentes disciplinas. No entanto, autores como os do campo da educação
história, afirmam que o saber não se liga somente aos conteúdos, mas que é
fundamental o domínio específico do conhecimento histórico (SANCHES, 2009, p.
87). Somente assim, pode ser possível a produção de conhecimentos e o aprendizado
histórico de fato, do contrário, as narrativas utilizadas em sala de aula
acabam por ser meras reproduções, tendo em vista que já estariam prontas em
forma de conteúdos e bastaria o professor saber explicá-las. Se as aulas forem
somente a reprodução de discursos já produzidos, o quão válido isto é para o
aluno, sendo que ele consome informações históricas a todo momento em seu
cotidiano? Qual é a importância do papel do professor e da disciplina?
Nomeei as
docentes participantes da pesquisa como D1 (docente 1), D2 (docente 2), D3
(docente 3) e D4 (docente 4). As duas primeiras pertencem a uma escola e as
duas últimas a outra escola. A participante D1 possui magistério e formação em
Letras e, no ano de 2018, quando foram aplicados os questionários, lecionava no
5º ano. D2 também possui formação em magistério e em Matemática e atuava no 2º
ano, enquanto que D3 e D4 são formadas em Pedagogia e atuavam no 2º e no 3ª
ano. As professoras possuem entre nove e quatorze anos de atuação na profissão.
Ao serem
questionadas a respeito da importância da disciplina de História, sobre a
produção da História, e sobre o que é História, as respostas das docentes revelaram
uma perspectiva histórica que atualmente se mostra superada pela historiografia
e como vimos anteriormente pelas pesquisas em ensino de História. A professora D1, afirmou na resposta da questão a
respeito de como a História é produzida, que “Depende do conteúdo”. D2 respondeu: “Provavelmente com base em fatos que já ocorreram”, e D4 afirmou “A partir de uma época, de um acontecimento
da região onde os fatos aconteceram e o que resultaram”. Percebe-se que não
foi mencionado que a História faz parte de construções, que dependem das
pesquisas de historiadores, de teorias e métodos específicos empregados a
análise de fontes. Dessa forma, a concebem como algo pronto, como se fosse
baseada em fatos, no entanto, não compreendem que os fatos são interpretações e
determinações postas a partir de análises, bem como, não demonstram o
entendimento de que o passado não é passível de ser compreendido como de fato
ocorreu, pois, “a época” e “o acontecimento” são estudados através das investigações
históricas, sujeitas ao olhar do historiador, não fazendo parte como que
automaticamente das narrativas históricas. A docente D3 não respondeu a esta
questão, embora tenha sido a única que mencionou em outra pergunta ter tido uma
disciplina específica de História em sua formação.
A respeito do
que é História e qual sua importância nas séries iniciais do ensino
fundamental, as respostas de D1 foram: “É
o estudo do passado, para conhecer o presente e prever o futuro”; “É o regente
de fatos históricos”. As respostas de D2 foram: “Conhecer o passado (...) interligando fatos ocorridos com o momento
contemporâneo”; “É uma forma das crianças terem uma oportunidade de verem e
tomarem conhecimentos do passado num todo”. As relações entre passado,
presente e futuro descritas pelas professoras dos anos iniciais do ensino
fundamental, também podem ser percebidas na pesquisa de Sanches (2009). Embora
se reconheçam as relações de passado e presente, a História é concebida pelas
professoras como o estudo do passado, e não das problemáticas do presente com
interpretações sobre o passado, assim como, é entendido que, através do estudo
da História, é possível a previsão do futuro, o que atribui um caráter exemplar
ou de aprendizagem a partir do passado, ideia que não é concebida pela
historiografia, pois a História não lança possibilidades de apreender o futuro,
bem como o passado não possui caráter repetitivo. Também não há o entendimento da
impossibilidade de se conhecer o “passado num todo”, pois as pesquisas históricas
se dedicam a recortes do passado, que são possibilitados pelas fontes, não
sendo apreensível na totalidade e nem como de fato ocorreu, tendo em vista que
depende de interpretações.
Quando a
docente afirma que a História é o que rege os fatos históricos, a resume em
apreensão de fatos, noção percebida parcialmente também em outras respostas,
como na de D3: “[a História] É importante para entendermos o nosso
passado, evolução, diferentes grupos sociais, fatos históricos”. Embora
tenha elencado outros aspectos relacionados à História, a noção de fatos
aparece fortemente, e o que é extremamente preocupante: a ideia de evolução,
que inclusive, foi relatada em outras respostas da mesma docente a respeito do
questionamento sobre o que é História: “Ciência
que estuda o passado da humanidade e seu processo de evolução” e de D4: “Relatos que contam o passado da humanidade e
sua evolução, contando a história e costumes de povos e período em que viveram”.
O termo “evolução”
empregado pelas docentes não fica claro em relação ao que estas entendem como
tal, que pode referir-se a uma suposta ideia de “progresso” da humanidade. No
entanto, a História e nem mesmo “a humanidade” são compreendidas a partir da
ideia de evolução. É consenso entre as ciências humanas de que não há (ou
houve) sociedades ou sujeitos “mais evoluídos” que outros, pois entende-se que há diferentes contextos
históricos, sociais e temporais, que não estão ligados a qualquer processo de
evolução, bem como a própria História não é percebida a partir desta ideia desde
a queda do paradigma iluminista de História, que a caracterizava como uma
espécie de marcha rumo ao progresso, e das críticas lançadas aos modelos
estruturalistas de caráter determinista, como argumentou Walter Benjamin:
“A ideia de um progresso do gênero humano na
história não se pode separar da ideia da sua progressão ao longo de um tempo
homogêneo e vazio. [...] A história é objeto de uma construção cujo lugar é
constituído se não por um tempo preenchido pelo Agora (BENJAMIN, 2012, p.
17-18).”
Dessa forma, a
História parte do presente e não é constituída, movida ou geradora do
progresso. Outra noção errônea é a de que a História consiste em relatos, pois
os relatos podem ser fontes históricas, no entanto, historiadores não relatam o
passado, mas constroem narrativas.
É necessário refletir os motivos que fazem com que as
professoras das séries iniciais tenham estas percepções a respeito da História,
pois estas se relacionam com suas experiências com a disciplina, tanto no
decorrer das suas vidas escolares, como durante suas formações e também suas
carreiras. As próprias diretrizes municipais para o ensino de História, adotas
por todas as docentes, fonte que também foi analisada na pesquisa, perpetua uma
concepção de História muito próxima dos Estudos Sociais, implementados na
década de 1970 no Brasil, que, conforme Abud (2012), ainda pode ser percebida
nos currículos dos anos iniciais, pois muitos dos conteúdos são voltados para a
construção de valores morais e patrióticos, bem como muitos não são
necessariamente referentes à História, mas sim a outras disciplinas como
Sociologia ou Geografia. A noção de “compreensão de fatos”, fortemente presente
nas respostas das professoras, também está presente em tais diretrizes. Dessa
forma, percebemos que vários aspectos condicionam o ensinar e consequentemente,
o aprender História.
Como percebido através das fontes, as formações das docentes
provavelmente não contemplam nem mesmo as noções básicas da disciplina de
História, sejam no magistério ou no curso de Pedagogia. Desta maneira, cabe uma
forte problematização de como adequar a formação de docentes das séries
iniciais, afim de que construam seus conhecimentos em compatibilidade com o que
é posto pela historiografia e pelas pesquisas em ensino de História. Tendo em
vista que mesmo o ensino de História dos anos finais do ensino fundamental e do
ensino médio, lecionado por docentes formados na área, ainda possui grandes
problemas, podemos compreender a complexidade que recai sobre as docentes que
trabalham com diferentes disciplinas e não possuem formação específica em
História. Embora seja compreensível a dificuldade em cobrar que possuam o
entendimento sobre a produção das narrativas históricas, é preciso ter a
clareza que esses saberes históricos trabalhados nas séries iniciais, junto com
as ideias históricas vivenciadas pelos alunos constroem uma forma de ler a
História, de ler o mundo. Neste sentido, as pesquisas evidenciam a necessidade
de ampliar as possibilidades de olhares sobre o passado e de ouvir as
experiências dos alunos no presente, para que seja permitido a estes ressignificarem
seu futuro. Não há a possibilidade de construção do pensamento histórico dos
alunos sem a intermediação destes saberes por parte do professor.
Dessa maneira,
há a defesa por parte de autores, como Cooper (2012), de que professores
formados em História deveriam lecionar a disciplina também nos anos iniciais,
pois o conhecimento histórico é peculiar aos historiadores, que têm formação e
domínio das teorias e métodos específicos relacionados à produção
historiográfica. Longe deste ideal ocorrer no sistema educacional brasileiro,
ao menos se faz necessário e urgente repensar em maneiras de modificar as
percepções a respeito da História e de seu ensino do 1º ao 5º ano do ensino
fundamental, e assim, modificar as aulas de História, para que seja possível
que a disciplina ganhe praticidade e proporcione aos alunos o desenvolvimento
do pensamento histórico diante do mundo e de si próprios enquanto sujeitos.
Referências
Mariana de Sá
Gaspar é discente da Universidade Estadual do Centro-Oeste e pesquisadora
voluntária de Iniciação Científica na área de Ensino de História.
Maria Paula
Costa é orientadora da pesquisa, docente da Universidade Estadual do
Centro-Oeste e pesquisadora na área de Ensino de História, sendo coordenadora
do Laboratório de Ensino de História da mesma universidade.
ABUD, Kátia Maria. O ensino de História nos anos iniciais: como se pensa, como se faz.
Antíteses, Londrina, v. 5, n. 10, p. 558, jul./dez. 2012.
BENJAMIM, Walter. Sobre o conceito de
história. In: ____. O anjo da história. Belo
Horizonte: Autêntica, 2012.
CAIMI, Flávia Eloisa. História escolar
e memória coletiva: como se ensina? Como se aprende? In: ROCHA, Helenice;
MAGALHÃES, Marcelo; CONTIJO, Rebeca. A
escrita da história escolar: memória e historiografia. Rio de Janeiro: FGV,
2009.
COOPER, Hilary. Ensino de História na educação infantil e anos iniciais: um guia
para professores. Tradução de Rita de Cássia Jankowki, Maria Auxiliadora
Schmidt e Marcelo Fronza. Curitiba: Base Editorial, 2012.
NEMI, Ana Lúcia Lana. Didática da História: o tempo vivido:
uma outra história? São Paulo: FTD, 1996.
SANCHES, Tiago Costa. Saberes Históricos de professores nas séries
iniciais: algumas perspectivas de ensino em sala de aula. Dissertação
(mestrado em Educação) - Universidade Estadual de Londrina: Londrina, 2009.
Muito pertinente seu texto. Infelizmente o ensino de história nos Anos Iniciais acaba tonando-se mera reprodução textos desvinculados de contexto e reflexão, sendo apenas acontecimentos isolados e que "precisam ser trabalhados". O caso se torna ainda mais agravante quando os(as) profissionais que lecionam a disciplina de História são formados(as) em outras licenciaturas, no caso da pesquisa em Letras e Matemática. Nesse sentido, tendo em vista que no sistema educacional brasileiro não é possível que licenciados em história ministrem a disciplina, como formar professores que irão atuar nos Anos Iniciais capazes de ensinar história a partir da perspectiva da Educação Histórica? E como essa perspectiva pode ser levada aos professores que já atuam?
ResponderExcluirIsabelly Pietrzaki Pereira
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ExcluirAgradeço pelo questionamento. Os cursos de Pedagogia costumam discutir a respeito do ensino de História, especialmente na disciplina de "Metodologia do Ensino de História", onde as discussões sobre Educação Histórica seriam extremamente pertinentes afim de formar profissionais que ao menos tivessem noções básicas a respeito da produção historiográfica e do ensino da disciplina nos anos inicias. O diálogo entre historiadores e pedagogos na própria formação de ambos pode ser pertinente para a melhoria do ensino. Também a formação continuada consiste em um dos caminhos possíveis para que os docentes que atuam na educação básica estejam inseridos nestas discussões.
ExcluirAtenciosamente, as autoras
Mariana de Sá Gaspar e Maria Paula Costa
Me formei em Pedagogia e tive essa disciplina durante o curso, contudo não havia diálogo entre o curso de história e a Pedagogia, e a disciplina em si, por ser ministrada por uma professora não formada na área de história acabou sendo superficial. Dessa maneira, acredito que nesses casos o próprio profissional pode buscar informações e leituras que auxiliem no planejamento das aulas e que discutam sobre o ensino de história.
ExcluirIsabelly Pietrzaki Pereira
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ResponderExcluirComo percebido através das fontes, as formações das docentes provavelmente não contemplam nem mesmo as noções básicas da disciplina de História, sejam no magistério ou no curso de Pedagogia. Desta maneira, cabe uma forte problematização de como adequar a formação de docentes das séries iniciais, afim de que construam seus conhecimentos em compatibilidade com o que é posto pela historiografia e pelas pesquisas em ensino de História. Tendo em vista que mesmo o ensino de História dos anos finais do ensino fundamental e do ensino médio, lecionado por docentes formados na área, ainda possui grandes problemas, podemos compreender a complexidade que recai sobre as docentes que trabalham com diferentes disciplinas e não possuem formação específica em História.
ResponderExcluirO artigo está muito bem elaborado, contudo o parágrafo cita que os professores formados em pedagogia e no magistério não estão capacitados de lecionar a matéria de História. E propõe que professores formados na área deveriam assumir as aulas de história. E as outras matérias como ficariam? Sendo que própria professora de História no artigo escrito não respondeu a pergunta. Todas as matérias deveria ser lecionadas por professores formados unicamente na matéria especifica?
Cara Luciana, agradeço seu comentário. A defesa de que professores-historiadores lecionem a disciplina de História nos anos iniciais advém da discussão da Educação História, uma das linhas de investigação da aprendizagem histórica. Para a autora deste corrente Hilary Cooper, por exemplo, este seria o ideal para a formação do pensamento histórico dos alunos, já que a disciplina se liga inerentemente com a produção historiográfica (ou seja, com procedimentos próprios da História). No entanto, sabemos que em relação à realidade do ensino no Brasil e das propostas para o ensino nos anos iniciais, tal ideal não é contemplado. Desta maneira, cabe repensar a formação de professores formados pelo magistério e pelos cursos de Pedagogia, sendo esta uma das principais alternativas para proporcionar mudanças no ensino de História. Em relação às outras disciplinas, não temos conhecimento a respeito das discussões em torno da aprendizagem, embora reconheçamos que cada uma possui sua especificidade e, desta forma, não cabe a nós, que possuímos conhecimentos específicos da área da História opinarmos sobre quais alternativas seriam possíveis para o ensino relacionado às outras áreas do conhecimento.
ExcluirAtenciosamente, as autoras
Mariana de Sá Gaspar e Maria Paula Costa