Andrea Cristina Marques


                                                                 
A PÓS-MODERNIDADE E O ENSINO DE HISTÓRIA



O presente trabalho discute a pós-modernidade e as suas características: a crise da identidade e a morte do sujeito moderno, causando com isso, a descrença em relação ao futuro. No entanto, tal contexto permitiu-nos construir novas possibilidades de experiências e de identidades, uma vez que, não somos mais sujeitos fixos. É neste contexto que o ensino de História aparece também como possibilidades de novas reterritorializações, como, por exemplo, reescrever a História diante desta relatividade, desta subjetividade, tomar esse fazer História como artefato, como arte de inventar o passado. Nesta, perspectiva, ser professor na contemporaneidade, inclusive de História, perpassa pela desconstrução, seja de uma História que não tem mais a função de conscientizar, seja de um planejamento que não pretende apenas burocratizar o ensino, ou de um currículo que só determina conteúdo e legitima o ensino reprodutor de relações sociais cristalizadas. Mas, de abrir espaços para a inquietação e problematização para um novo vir a ser. Este trabalho pretende, por tanto, apontar alguns territórios que possibilitem a inquietação e a desfamiliarização do presente, pelo educando, problematizando que identidades são construídas a partir de um discurso que dá vantagens á alguma parte, como foi o caso da construção da identidade indígena, do negro e da mulher. Sendo importante romper com as certezas, e abrindo espaços para as múltiplas identidades e experimentações.


Discutindo o ensino de História e os descentramentos dos sujeitos


Tem-se discutido muito sobre o que se deseja do ensino, muitas vezes nos deparamos com discussões soltas, fora de um contexto, como se fosse possível apreender um conceito e analisá-lo em laboratório, seguindo uma determinada regra, é o que muitas vezes acontece com produções destinadas a discutir o ensino como um processo que delimita seus elementos: professor, aluno, objetivos, conteúdos e métodos. Não estou afirmando que tais discussões não são importantes, nem que o trabalho de pedagogos sérios e engajados não seja de grande importância, mas é preciso rever o que temos sobre ensino para que então possamos “puxar” para o nosso lado, o da História, novas possibilidades de ensino de HISTÓRIA. Para ilustrar bem toda essa discussão gostaria de citar um trecho do livro “Didática” de José Carlos Libâneo, no qual ele pretende fazer não uma análise da prática pedagógica, mas um conjunto de técnicas para que o professor alcance seus objetivos através de uma prática mecanizada, que para ter saldos positivos basta seguir um esquema já citado: objetivos, conteúdos e métodos.

“O processo de ensino se caracteriza pela combinação de atividades do professor e dos alunos. Estes, pelo estudo das matérias, sob a direção do professor, vão atingindo progressivamente o desenvolvimento de suas capacidades mentais. A direção eficaz desse processo depende do trabalho sistematizado do professor que, tanto no planejamento como no desenvolvimento das aulas, conjuga objetivos, conteúdos, métodos e formas organizativas do ensino.” (LIBÂNEO: 1991 p. 149)

Este trecho pertence ao capítulo no qual Libâneo (1991), descreve sobre os métodos de ensino e sua importância na prática pedagógica. O que quero alertar com esta análise é que não podemos separar a questão pedagógica de uma outra questão tão importante quanto – a teoria - ou melhor especificando, o que o professor aprende na academia enquanto profissional, no nosso caso enquanto historiador. Inúmeras vezes subestimamos nossos alunos, e esse pronome “nossos” nunca esteve tão carregado de poder, de domínio, pois, escutamos professores alegarem que conhecem muito bem os seus alunos e que estes não acompanhariam um processo de ensino e aprendizagem de uma outra forma, o que vamos discutir mais adiante.
A grande problemática aqui colocada é que não é possível separar o papel de historiador e o papel de professor de História. Para ensinar não basta expor um conteúdo sem antes saber por que ele está lá, por que tenho que aprendê-lo. É preciso, ou melhor, é necessário que o professor de história enquanto historiador conduza o educando a pensar diferente, a ver diferente, a se questionar e principalmente a se perceber estranho, e a ver o seu mundo não como verdades cristalizadas e naturalizadas. Mas será tudo isso possível? Ora, se não for, então para que serve a formação acadêmica, ou mudando a ordem do pensamento, a formação acadêmica não atingiu sua principal questão: a mudança.

Dentro desta perspectiva, temos o trabalho de Marisa Vorraber Costa no artigo “Sujeitos e subjetividades nas tramas da linguagem e da cultura”. Neste artigo a autora a princípio, nos convida a questionar o sujeito e a subjetividade na contemporaneidade, que se caracteriza, por sua vez, pelo abandono da racionalidade e da noção de sujeito que se configuram dentro de uma episteme denominada pós modernismo. Costa (2000) cita Foucault como um dos teóricos que encenam dentro de uma crítica pós-estruturalista a qual pretende analisar a linguagem como materialização das coisas, segundo a autora, o pensamento Foucaultiano permitiu perceber que “... o sujeito unificado e poderoso da filosofia moderna passa a ceder lugar ao sujeito descentrado, pós-moderno, despojado de uma identidade fixa, essencial ou permanente.” (COSTA: 2000 p. 31)

E o que tudo isso tem a ver com uma forma diferente de refletir sobre o sujeito e a educação? Ora, ainda segundo Costa (2000), o significado de sujeito proposto por Foucault em que este é “capturado, que nas tramas históricas torna-se sujeito-a”, nos permite problematizar que somos construídos, e que por isso, também produzimos objetos, conceitos e conhecimentos e somos produzidos pelos discursos que também produzimos. Nesta perspectiva, a realidade a qual acostumamos a ter como de mais seguro é também inventada por nós. Assim, o que temos denominado “realidade” é o resultado desse processo no qual a linguagem tem um papel constitutivo.

É necessário que nas aulas o professor permita que o aluno construa essa ideia, é claro que não iremos discutir os teóricos com eles, mas pensa nesse ensino como artefato, como construção, como um trabalho cuidadoso e lento de um artesão que dá forma a sua obra.
Partindo desta perspectiva, podemos trabalhar com os alunos, por exemplo, o Oriente como invenção do Ocidente ou a nossa própria identidade de nordestino que opera no que Foucault chama de uma “economia política da verdade”. É perceber assim a positividade do poder que para regular não precisa dominar, coagir ou interditar, mas que pelo contrário, produz um arsenal de dispositivos que encontram na formação dos saberes, mecanismos necessários para essa regulagem. Ser professor e historiador significa levar para a sua sala de aula, estranhamento, quem sabe do próprio espaço geográfico que isso se dá: a sala de aula, levar os alunos a se perguntarem sempre: mas por que é assim? Poderia ser de outra forma? Somos responsáveis enquanto professores de história de ensinar história, mas somos ainda responsáveis enquanto professores e historiadores de quebrar com “verdades” e mostrar que identidades são construídas a partir de um discurso que dá vantagens á alguma parte, como foi o caso da construção da identidade indígena, do negro e da mulher.
Nesse sentido, é interessante pensar qual será o papel do professor na contemporaneidade, mas, antes de tudo, seria necessário pensar na própria contemporaneidade, como ela é vista e dada a ser pensada. Stuart Hall em “A identidade cultural na pós-modernidade”, nos dá um panorama crítico e claro sobre a identidade e a morte do sujeito moderno. Presenciamos a chamada crise de identidades, perca de valores e dos referenciais, o que ocasionou uma crise no sujeito unificado, que não tendo mais as estruturas sociais fixas, entra em crise. Mas, o que ocasionou tanta transformação?

Hall (2004) coloca que um tipo diferente de mudança estrutural está transformando as sociedades modernas no final do século XX. Isso está transformando as paisagens culturais de classe, gênero, sexualidade, etnia, raça e nacionalidade, que, no passado, nos tinham fornecido sólidas localizações como indivíduos sociais. Estas transformações estão também mudando nossas identidades pessoais, abalando a ideia que temos de nós próprios como sujeitos integrados. (HALL: 2004 p. 9) As sociedades têm sofrido sérias mudanças, seja a descrença em uma sociedade igualitária, a qual acreditava ser preciso pensar em uma política que satisfizesse os anseios da sociedade, seja às mudanças no campo da tecnologia e da comunicação.
No mundo moderno existia a preocupação com o macro, com o social, no entanto, com as mudanças estruturais não era mais possível crer em certos valores e anseios, as condições históricas necessitavam de novos saberes, de estratégias mais sofisticadas de regulamento. Junto a todas estas mudanças acompanhamos a desreferencialização do mundo, a opção pelo simulacro, as escolhas rápidas, a descrença nos antigos paradigmas; na sociedade pós-moderna nada é evidente, não existem identidades fixas, os sujeitos são uma produção histórica, podendo assumir inúmeros papéis, identidades, fragmentando-se e reconstruindo-se a todo momento.

Será que esse processo de deslocamentos e de rupturas, não deixaria o sujeito perdido em meio ao caos? Mas é justamente nesse ponto que encontramos positividades, afinal não seremos mais sujeitos fixos, fadados a acreditar que nos conhecemos e que não mudamos, pelo contrário temos novas possibilidades de experiência, de vidas, de identidades. Na pós modernidade anunciamos a morte do “sujeito cartesiano”, a frase “Penso, logo existo” não tem mais o mesmo significado, por que o pensar não condiz mais ao “EU SOU” e Hall (2004), nos apresenta “cinco grandes avanços na teoria social e nas ciências humanas” que deslocaram o discurso do conhecimento moderno.

Aqui irei apenas citar esses avanços que possibilitaram essa ruptura, esse descentramento do sujeito cartesiano. O primeiro deles, segundo Hall (2004), diz respeito à “tradição do pensamento marxista” que interpretou que o homem só podia “agir com base em condições históricas”, o que abalou a noção de individualismo. O segundo descentramento diz respeito ao “inconsciente” de Freud que afirmou que grande parte do que somos enquanto indivíduos é construído a partir do nosso inconsciente o que é contrário ao sujeito racional, capaz de se dominar. O terceiro descentramento se encontra na virada linguística, pois a linguagem pode atribuir sentido as coisas, mas também pode atribuir outras significações que nos escapam e que podem ser mudadas. O quarto ponto diz respeito ao trabalho que Foucault empreendeu sobre o poder disciplinar e o quinto e último ponto é o “impacto do feminismo, tanto como uma crítica teórica quanto como um movimento social”; que permitiu entre outras coisas: “... o nascimento histórico do que veio a ser conhecido como a política de identidade – uma identidade para cada movimento.” (HALL: 2004; p. 45)
A partir desta breve descrição dos fatores que contribuíram para o descentramento do sujeito cartesiano, podemos traçar um panorama rápido do que seria essa nossa contemporaneidade que muitos preferem chamar de pós-modernidade, e a sua influência no papel do professor na contemporaneidade. Ora, não vivemos, sentimos, escolhemos, pensamos, separadamente do mundo que problematizamos, estamos inseridos nesse contexto, tanto quanto, os “nossos” alunos. E essa discussão sobre esse descentramento, não é negativa, muito pelo contrário, é a partir desse questionamento, dessa perca de sentido de si mesmo, que o indivíduo irá se deparar com uma infinidade de possibilidades de vir a ser, ou seja, múltiplas identidades a se identificar, a experimentar, que o fará perceber que somos construções das nossas próprias escolhas, mas que quando a produzimos, somos ao mesmo tempo engendrados nos “sistemas de significação e representação cultural” ao passo que também os alimentamos.

Voltamos novamente à questão do papel do professor e da própria História neste contexto, muitos alardeiam que diante de tantas escolhas, de tantas percas, a própria história chegou ao seu fim e que se o ensino de história não tem mais a função de conscientizar os alunos através do conhecimento do seu passado, então ela de fato perdeu sua utilidade. Gosto muito de uma fala de Costa (2000), em que ela explicita que se de um lado não somos mais sujeitos unificados sustentando uma racionalidade incomparável, ao menos somos sujeitos mais humanos que nesse constante reconstruir nos percebemos inseridos dentro de relações de forças que ao passo que nos disciplina também nos dá a possibilidade de criar outros espaços, outras práticas. Mas ainda, não chegamos a uma resposta, seria o fim da história? Não pretendo dar respostas, mas indícios de como fazer, escrever a história diante dessa relatividade, dessa subjetividade; tomar esse “fazer história” como artefato, ou como colocou Durval “tomar a história como arte de inventar o passado, a partir dos materiais dispersos deixados por ele” e enquanto professor de história mostrar aos alunos esta arte, através do imaginário, do cotidiano, dos sentimentos, dos sonhos desses sujeitos que eram humanos tanto quanto nós.

Referências

Andrea Cristina Marques é mestre em História, Cultura e Sociedade pela Universidade Federal de Campina Grande – UFCG. Professora de História das redes Municipal e Estadual do Estado da Paraíba.

ALBUQUERQUE Jr., Durval Muniz de. História: A arte de inventar o passado. Bauru-SP:Edusc, 2007.

CANDAU, Vera Maria (org). Cultura, linguagem e subjetividade no ensinar e aprender. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.

FOULCALT, Michel. Estratégia, poder e saber. Michel Foulcalt; organização e seleção de textos, Manoel Barros da Motta; trad. Vera Lúcia Avellar Ribeiro. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003.

__________. História da sexualidade I e II: a vontade de saber. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988.

HALL, Stuart. A identidade na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2004.

LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994.

LOPES, Alice Casimiro; MACEDO, Elizabeth (org). Currículo: debates contemporâneos. São Paulo: Cortez, 2002.

MONTELLATO, Andréa Rodrigues Dias et alli. História temática: Diversidade cultural e conflitos. São Paulo: Scipione, 2000.

MOREIRA, Antonio Flávio Barbosa. Currículo questões atuais. Campinas, SP: Papirus, 1997.

PESAVENTO, Sandra Jatahy. Em busca de uma outra história temática: diversidade cultural e conflitos. 6ª série. São Paulo: Scipione, 2000.

PORTOCARRERO, Vera; BRANCO, Guilherme Castelo (org). Retratos de Foucault. Rio de Janeiro: NAC, 2000.

SILVA, Janice Theodoro da. Descobrimentos e colonização. São Paulo: Ática, 1987.

SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do
currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.

SOUZA, Laura de Melo e. O novo mundo entre Deus e o diabo: feitiçaria e religiosidade popular no Brasil colonial. São Paulo: CIA das letras, 1990.


23 comentários:

  1. Obrigado pelo seu tempo dedicado e por compartilhar comigo sua produção. Problematizar “que identidades são construídas a partir de um discurso que dá vantagens à alguma parte...sendo importante romper com as certezas...”, levou-me imediatamente a pensar nos discursos, interpretações e visões historiográficas minoritários, esquecidos, desprezados ou talvez silenciados. Entretanto, fez-me pensar principalmente nos discursos que tentam explicar o passado, mas que foram criados fora da academia. O que você acha dessa entrada dos discursos criados fora da academia na sala de aula? Uma aula de História deve apresentar essas visões “não científicas”?
    Thiago Aldo Mocellin

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  2. Oi, Andrea!

    Parabéns pelo trabalho. Gostei muito!

    Tenho pensado e estudado sobre o desafio biográfico para o ensino de história. Por isso, a leitura do seu trabalho, fez-me pensar sobre o lugar das histórias de vida, nesse caso dos/as alunos/as, através do ato de escritura de si (autobiografia), mas sem deixar de compreender o ‘outro’ por meio do seu ato de se escrever (heterobiografia). O que vc diria sobre?

    Acho que tal perspectiva é, também, própria desse tempo pós-moderno, onde as nossas subjetividades são atravessadas pelos ‘outros’. Portanto, acho oportuno, como vc sugere, ensinar pela reflexão dos fatos que marcam a vida, pensando sobre o que esses fatos fizeram conosco e o que fizemos desses resultados.

    Com estima, indico um livro que tem me ajudado nesse processo de estudo:

    DOSSE, F. O desafio biográfico: escrever uma vida. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2015.

    Forte abraço!

    Antonio José de Souza

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    1. Olá, Antonio José. Obrigada pela sugestão de leitura. Trabalho nas minhas aulas de História algumas Biografias que dialogam com os conteúdos das séries. Geralmente os alunos se identificam bastante, ficam curiosos,embora estejam sendo atravessados na atualidade pelas redes sociais, esses artefatos que tanto fazem parte do dia a dia deles. Acho interessante o uso das biografias em sala de aula para aproximá-los desse tipo de leitura e escrita, pois ao passo que eles se identificam também conseguem entrar no universo do "outro" através dessa experiência biográfica. As redes sociais podem ser utilizadas para essa escrita, podem ser criados Blogs, Páginas específicas para a escrita dos alunos, isso aproxima o mundo atual, tecnológico, pós-moderno deles, mas podemos construir Diários mais tradicionais também, dependerá muito da turma em si, de como eles preferem escrever suas experiências, sentir as experiências do "outro".

      Andrea Cristina Marques.

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  3. Parabéns pela reflexão Andrea. Bem, eu gostaria que você por gentileza localizasse com um pouco mais de nitidez esse debate acerca da pós-modernidade no contexto da História. Ocorre que é muito raro vemos algum historiador se assumir como pós-moderno. Nas pós-graduações de caráter interdisciplinar facilmente encontramos linguistas, filósofos, sociologos, etc. que assumem uma perspectiva pós-moderna em seus trabalhos, o que não é comum em história. Por que você acha que isso acontece?

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  4. Parabéns pelo texto e pelas especulações propostas.
    Diante desse conflito atual com os preceitos pós-modernos, o ensino de história e o papel do historiador, fica minha indagação: Seriam os próprios historiadores reclusos em suas cátedras os maiores causadores de uma crise da ciência histórica? Faltou uma maior atenção com as pesquisas em Ensino de História, com o público não especializado e com as bases teórico-metodológicas da História?
    Grato desde já.

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  5. Olá, Andrea,

    Sua reflexão trouxe questões instigantes para pensar sobre o ensino de História na contemporaneidade brasileira; muito pertinente e importante. Tendo isto em vista, gostaria de compartilhar algumas impressões/reflexões que tive ao longo da leitura:

    1)“Seria o fim da História?”; é uma questão provocativa para se refletir. Sobre um ensino-aprendizagem de História com função de conscientizar, acredito que tenha um fim, porém, há de questionar-se, fora da dimensão teórico-prática, se ele teve um começo (para além da lógica institucional autoritária), já que: o discente, por mais que em diversas historicidades ocupe um papel marginalizado, sempre foi um sujeito histórico, em seu processo de formação; neste sentido, a História não tem um fim.

    2)Você poderia comentar um pouco sobre as divergências do cânone da construção do conceito de “Pós-Modernidade” em relação à experiência de Pós-modernidade no Brasil?

    3)Ao final do texto há uma aproximação da História como Arte. Considerando o contexto histórico brasileiro contemporâneo e as importantes discussões sobre História como Ciência e/ou Arte; como legitimar o ofício, a operação, do Professor-Historiador com o ethos histórico de: “história como arte de inventar o passado, a partir dos materiais dispersos deixados por ele”, para fora do campo acadêmico da História no Brasil?

    Forte abraço!

    Gabriel Marques Fernandes

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  6. Olá, Andrea!
    Excelente texto! A pós-modernidade é um assunto que desde a graduação tenho interesse e, aos poucos, venho estudando. Foi ótimo ler seu texto.
    O surgimento de novos pontos de partida feitos por meio do questionamento das grandes narrativas pode ser muito promissor ao professor e pode vir a ser uma forma de potencializar suas aulas. Novos pontos de vista, novas ideias, novas produções de sentido etc.
    Agora uma questão: como você entende a relação do Professor com as Redes Sociais? O quanto elas são necessárias nos dias atuais e quanto podem ser importantes em criar/defender um posicionamento?
    Será que podemos dizer que as Redes Sociais tem a capacidade de produzir um tipo de ser humano? Ou elas têm a capacidade de induzir e controlar os rumos que as pessoas tem e podem seguir?
    As questões sobre Redes Sociais decorrem do quanto estão presentes no cotidiano das pessoas. O quanto elas estão sendo usadas desde os melhores aos piores momentos das vidas das pessoas.

    Marlon Teixeira de Faria

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Olá Marlon. Acredito que as Redes sociais estão aí e podem ser utilizadas pelos professores, tanto no seu dia a dia, no particular, pois ele é antes de tudo, um sujeito, cidadão, com opiniões próprias de seu tempo e que é atingido de alguma forma pelas questões que são debatidas nas redes. Acredito que o posicionamento defendido por qualquer professor nas redes sociais afeta os alunos que o segue, não a ponto de "produzir um ser humano", mas, de certa forma, influencia também as opiniões deles. E o professor deve utilizar essas redes na sua prática dentro das aulas, já que ela perpassa a vida dos alunos que acessam esses meios a todo momento, a rede social é mais uma ferramenta para o professor usar e implementar sua prática.

      Andrea Cristina Marques.

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  7. Em que sentido é possível separar os preceitos da pós modernidade da decretação do fim da História, uma vez que a “reviravolta cultural e linguística” pós-moderna se caracteriza justamente pela negação do caráter científico da História e, portanto, negação de sentido à História? Pergunto isso, pois Hayden White, por exemplo, considera a obra histórica “uma estrutura verbal em forma de discurso em prosa narrativa”, onde o determinante é a “natureza poética e linguística”. O determinante para White é a escolha narrativa e não as questões relacionadas ao método. Outro expoente da pós modernidade, Ankersmith, chega a afirmar que “a história encontra-se no nível mais inferior de categoria científica de todas as disciplinas ensinadas numa universidade”.
    Rossano Rafaelle Sczip

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  8. Lendo o texto me veio a mente o termo "modernidade líquida" de Bauman, acho que se encaixaria perfeitamente com a ideia apresentada. Infelizmente, creio que estamos entrando na próxima etapa da pós modernidade que seria a pós verdade, onde o ensino acadêmico e científico são atacados sem o menor fundamento ou prova, baseados em mentiras e meias verdades. Diante de um quadro desse, como os professores de história devem se posicionar para exercer o seu papel de agente transformador da sociedade?
    Alberto Ferreira e Souza.

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    1. Bom dia, Alberto. Nós profissionais da História estamos passando por um momento extremamente delicado, onde as "revisões históricas" ou o "Revisionismo", infelizmente, estão em alta. A negação de fatos históricos tem sido constante, levando a disciplina História, muitas vezes, à descrença de seus discursos e também de seus métodos. Eu, enquanto professora dessa disciplina, sempre destaco em minhas aulas, a seriedade da produção histórica, de seus métodos e a cientificidade da História para meus alunos. Não escondo de meus alunos essas tentativas, que vem acontecendo mundialmente, de apagar fatos ocorridos na nossa História, a exemplo do Holocausto, da escravização humana, dentre outros fatos. Acredito que devemos deixar claro que a História não é ficção, mas uma dada realidade acontecida em um determinado momento na sociedade, fazendo isso percebo que a compreensão do meu alunado sobre esse assunto fica clara e ele consegue ter uma posição "mais combativa" quanto a essa História negacionista da qual temos sido alvo nos últimos tempos. É importante essa reflexão e posicionamento nosso e deles também em relação a determinados debates sociais.

      Andrea Cristina Marques.

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  9. Cumprimentos ao autor!
    A pós modernidade traz assuntos nunca vistos no ambiente escolar, e para o ensino de história também. Minha questão é como conduzir o ensino em um tempo marcado por essas autobiografias, Fake News, redes sociais e um distanciamento dos espaços de memória e história, dos documentos por parte da grande massa.
    Douglas Felipe Gonçalves de Almeida.

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    1. Bom dia, Douglas. A disciplina História tem tido que conviver e se relacionar com o grande uso das redes sociais, as "fakes news", os "negacionismos" e "revisionismos". Não tem sido fácil, pois todas essas questões, esses "artefatos" construídos na pós-modernidade batem de frente, na maioria da vezes, com o que nós professores apresentamos em salas de aulas. Porém, acredito ser imprescindível tentar dialogar com esses artefatos pós-modermos, pois combatê-los parece praticamente impossível, já que a todo momento estão sendo criados novos tipos desses "artefatos" e eles conseguem conquistar bem mais fácil nossos alunos do que nós professores nas nossas aulas. Então, creio que é mais fácil dialogarmos com as redes sociais, as chamadas "fakes news", os "revisionismos". Trazendo eles para as salas de aula e utilizando-os como forma de um tipo de produção do presente, que de alguma maneira eles contam uma História acerca da sociedade que está os produzindo, essa sociedade altamente consumista, falaciosa, das "identidades ocultas", que esses artefatos terminam por enfatizar, num jogo de "esconde-mostra". Apresentar essas produções pós-modernas aos alunos é mais interessante do que escondê-las, sendo assim uma tentativa de desmitificá-las, de fazer críticas acerca delas.

      Andrea Cristina Marques.

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    2. Entendi! Obrigado pela excepcional explicação. Muito obrigado!

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  10. Muito interessante a proposta de pensar criticamente a cada um de nós como sujeitos e de lembrar que é muito difícil separar o papel do historiador e o papel do professor de História.
    Entretanto, fiquei intrigada se nesse sentido de nos vermos, historiadores-professores, como partes formadoras de um ensino de História que interligue o conhecimento e dê a ele sentido, como a relação do aluno/estudante como também um sujeito se aplica em relação a suas colocações nesse texto? São consideradas as noções de existência de uma Consciência Histórica nos sujeitos, em especial os alunos, nesse processo de formação histórica e aprendizagem?
    Agradeço a atenção.
    Sandiara Daíse Rosanelli

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  11. Este comentário foi removido pelo autor.

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  12. Em nossa atualidade, sabemos bem que as notícias falsas estão a todo vapor. Dessa maneira, você acredita que os discentes de licenciatura em História, em sua formação, estão sendo preparados para permitir que seus futuros alunos sejam capazes de ter autonomia para construirmos seus conhecimentos, através do diálogo de idéias, mas ao mesmo tempo conseguir detectar e combater as idéias equivocadas que eles adquirem de diversas fontes, que na maioria das vezes tomam como verdades, sem ter nenhuma preocupação em conferir se são verídicas, principalmente em assuntos relacionados a Antiguidade?
    A fim de que a essência da verdadeira História possa ser continua, independente da época a qual esteja sendo ensinada.

    Alvanir Ivaneide Alves da Silva

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  13. Boa tarde, parabéns pela reflexão.

    A abertura do texto acerca da necessidade da reflexão teórica é muito instigante. Seria possível uma aproximação dessa discussão feita por você, mesmo com o referencial pós-moderno, com a Didática da História?

    Em especial gostaria de indicar o texto do Bergmann "A História na reflexão didática".

    Agradecido e parabéns.

    Matheus Mendanha Cruz

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  14. Parabéns pelo texto, uma questão que gostaria de tratar seria sobre as verdades na pós modernidade e a posição do professor enquanto mediador, aguardo, agradecido !

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  15. Parabéns pelo texto, uma questão que gostaria de tratar seria sobre as verdades na pós modernidade e a posição do professor enquanto mediador, aguardo, agradecido !

    Fernando Tadeu Germinatti

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  16. Olá !!!

    Texto instigante, nos faz reafirmar o quão desafiador é o papel do professor(a) de história diante de mudanças conjunturais tão contundentes. Neste sentido, considerando que estes eventos que caraterizaram a pós-modernidade é uma realidade e que reivindicam novas posturas, como você percebe o currículo oferecido e a formação docente praticado nas universidades atualmente, ela é capaz de formar um profissional preparado para lhe dar com as demandas que a pós-modernidade impõe ao ensino de história? como ser este professor que a sociedade requer num ambiente educacional cada vez mais hostil?

    ATT,

    ADELÂNIA ROCHA DE SOUZA.

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