João Victor Lessa Henrique e Rafael dos Santos Vieira


A IMPORTÂNCIA DA CIDADANIA E O ENSINO DE HISTÓRIA PARA A DIVERSIDADE CULTURAL



Introdução:

A educação, com o passar dos séculos assumiu diversos significados, e desde a antiguidade até os dias atuais ela teve diferentes papéis para integrar um indivíduo à sociedade. Com relação à educação, o artigo 205 da Constituição Federal de 1988 defende que é um direito social que visa o desenvolvimento do indivíduo através da sua qualificação e para o exercício da cidadania, sendo este direito um dever do Estado, junto à colaboração dos sujeitos integrantes da sociedade. Logo, a educação é um direito do cidadão brasileiro, com todos devendo ter acesso ao ambiente escolar. Porém, a escola que é responsável por educar é individualista, como define o antropólogo Márcio Ferreira da Silva (1994), e mesmo que essa promova um encontro das massas, que são diversificadas, resultadas da formação histórica nacional, ela não faz com que todos os indivíduos presentes nela se identifiquem enquanto atuantes dessa formação. De acordo com Vera Maria Candau (2003) uma forma de discriminação perceptível na educação é a elaboração dos currículos escolares, uma vez que esses não contemplam, em diversos casos, a pluralidade cultural existente no país.

Como uma forma de colocar em pauta no currículo formal a discussão acerca da diversidade étnica foram elaborados mecanismos de afirmação, posteriores à promulgação da lei de diretrizes e bases da educação nacional – LDBEN – Lei 9.394/96, em 20/12 de 1996. Devido a reivindicações de movimentos sociais no decorrer do século XX, foram elaboradas duas leis posteriores que modificaram a LDBEN por: 1) a lei 10.639/03 que torna obrigatório o ensino da história e cultura africanas e afro-brasileiras no Ensino Básico; 2) a lei 11.645/08, sendo essa uma alteração da lei exposta anteriormente, agora acrescentando o ensino da história e cultura da população indígena.  

A importância dessas leis como políticas afirmativas mostra-se fundamental ao trazer o debate e o conhecimento da história dos povos nativos e fundantes, e com isso auxiliar no combate a todo tipo de preconceito e discriminação com relação às populações negras e indígenas. “Trata-se de colocar em pauta, no contexto escolar, uma discussão recorrente negada pela população brasileira” (SANTOS, 2013, p.59). Ainda de acordo com Lorene dos Santos (2013), os currículos têm o potencial de se constituírem enquanto ferramentas de combate às desigualdades sociais e raciais, sendo artefatos culturais dinâmicos, que são repensados constantemente, sendo acrescentados novos componentes, enquanto outros caem em desuso. Ao serem adicionados os conteúdos referentes ao ensino de história e cultura africana, afro-brasileira e indígena, elucidam o debate político e social acerca de tais temáticas.

Dito isso, o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) do curso de História da “PUC MINAS” entra como uma ferramenta na atualização da prática docente na aplicação das leis citadas anteriormente, dando possibilidade de elaboração de novos materiais didáticos e novas abordagens acerca da temática da diversidade étnica. Esse programa tem auxiliado os graduandos em cursos de licenciatura a se aproximarem do ambiente escolar, concorrendo para suprir uma lacuna existente no atual sistema educacional.

O professor, como importante agente na construção identitária dos discentes, necessita mobilizar diversos conhecimentos acerca dos povos que representam nossas raízes. Para Lorene dos Santos (2013), esse trabalho de construção identitária que os professores realizam, ao abordarem as questões afro-brasileiras, acaba por se mostrar como um primeiro passo para o empoderamento negro dos estudantes. O PIBID entra como um indispensável meio para que os professores e licenciandos em formação, graduandos em história, possam não apenas prestar um melhor serviço à sociedade através de novas propostas didáticas, mas também permitir uma maior reflexão do papel social da escola. Como afirma Alain Pascal Kaly (2013, p. 207):

“O não ensinar a história da África, dos brasileiros de ascendência africana e dos povos indígenas no Brasil, não só fragmenta a formação acadêmica; contribui, também, para reforçar e manter vivas as crenças do eterno superior e do eterno inferior, baseando-se nas ideologias estabelecidas a partir das maneiras como eram os seus antepassados.”

A importância da lei 11.645/08 como instrumento de socialização:

O Brasil apresenta-se como um país com uma enorme pluralidade cultural. Uma cultura nativa, não reconhecida pelos cidadãos,uma cultura trazida de diversos pontos da África durante o período colonial português e durante o período do império e a cultura dos inúmeros imigrantes durante os séculos XIX e XX. Cabe à escola apresentar ao aluno essa grande pluralidade cultural existente em nosso país,  sobretudo outras práticas religiosas além daquelas praticadas em sua esfera social, por exemplo. Ao conhecer outra cultura, a criança pode se aproximar dela, construindo assim sua identidade social com base nas trocas culturais. Outro efeito positivo que é gerado pela atividade de conhecer outras práticas culturais é a diminuição dos preconceitos, estereótipos e discriminação, pois como se sabe, quando somos colocados frente a frente com hábitos totalmente diferentes dos quais estamos acostumados é gerado certo estranhamento, e por isso devemos conhecer para não julgar e sim ter empatia ao outro, ao diferente.

Quando adentramos no universo escolar, nos esbarramos com uma vasta pluralidade étnica e cultural, e cada indivíduo ali presente carrega uma carga cultural enorme que diz respeito aos costumes e tradições de sua família, além de sua vivência enquanto indivíduo na sociedade, pois a criança não chega à escola sem ser um sujeito socializado. Sendo assim, cabe a nós, docentes, preparar materiais e elaborar metodologias  que possam auxiliar os alunos na construção de sua identidade e, por consequência, ensinando-os a respeitar as diferenças que existem na nossa sociedade a partir do momento em que  se reconhecem como pertencentes à determinada cultura.

Como afirma Alain Pascal Kaly (2013), é de grande importância ressaltarmos que os africanos e aqueles de ascendência africana, tiveram que construir mecanismos informais com o objetivo de desconstruir o preconceito e o racismo vigente na sociedade, podendo dessa forma resgatar sua dignidade humana. Esse deliberado apagamento das contribuições e dos mecanismos de resistência dos africanos e afro-brasileiros acaba por acarretar um “grande prejuízo à formação intelectual, política, psicológica, psíquica, moral e ética dos cidadãos, do ser humano na sua respectiva sociedade” (KALY, 2013, p.157).  

Com isso, Patrícia Teixeira Santos (2013) afirma que é necessário defender uma educação pautada no conceito de interculturalidade, em que a interação entre diferentes grupos culturais é promovida, possibilitando dessa forma o reconhecimento do “outro”, através da integração de tais diferenças. Essa proposta intercultural não apenas se baseia na interação e relação entre os diferentes grupos identitários existentes, mas também na possibilidade dessas relações enquanto transformadoras da sociedade. Observamos assim a atuação, não apenas do professor, mas também do bolsista que integra o PIBID, enquanto personagens dessa transformação, uma vez que, como afirma Lorene dos Santos (2013), a mobilização dos diferentes saberes expostos a partir dos educadores, acarreta na reflexão, tanto dos discentes, quanto docentes, sobre suas experiências. É através desse processo de se repensar a sociedade brasileira e seus membros que se torna possível construir uma nação em que o valor de um cidadão não é dado através da cor de sua pele ou do grupo cultural em que esse indivíduo integra. Para Alain Pascal Kaly (2013, p.213-214) nota-se que:

“Ensinar a história da África e dos africanos no Brasil, a dos brasileiros de ascendência africana e a dos povos indígenas visa, na realidade, proporcionar mecanismos para que cada brasileiro possa iniciar um passo em direção a ele mesmo primeiro e depois em direção ao outro para construir uma sociedade cujo o ser humano seria a principal preocupação. E nesse encontro, possa dar mais um passo para os processos de reconciliação consigo e um processo de reconciliação nacional. A dignidade humana, a inteligência, a beleza não se mediria a partir do grau da tonalidade da cor da pele mas sim pelo fato de ser um cidadão.”

Sendo assim, o PIBID enquanto mecanismo de aprimoramento do corpo docente intervém como uma tentativa de correção dos prejuízos na formação acadêmica demonstrado por Kaly (2013), trazendo uma problematização dos apagamentos deliberados acerca das nossas raízes que não correspondem, especificamente, a uma matriz europeia, lusófona, branca e cristã. Assim, a abordagem realizada pelos pelos bolsistas do Programa possui um caráter multicultural, reconhecendo a diferença entre grupos culturais e o reconhecimento do “outro”, mostrando-se um programa de extrema importância para a formação docente do licenciando e identitária dos alunos, contribuindo para a transformação social.

O PIBID enquanto meio de transformação nas escolas:

Após serem selecionados, os alunos da PUC-MINAS, foram designados para três escolas na região metropolitana de Belo Horizonte, com o intuito de desenvolverem projetos e práticas pedagógicas que auxiliassem no ensino de História e principalmente trabalhar a temática da Lei 11.645/08. É inegável a necessidade de se trabalhar a pluralidade com as crianças e adolescentes, porque através do conhecimento se diminui os estereótipos e preconceitos.  Além disso, o contato de graduandos de licenciatura com o ambiente escolar contribui para uma melhor formação desses profissionais. As escolas são a E. M. Professora Eleonora Pieruccetti, E. E. Professora Ligia Maria de Magalhães e a E.E Madre Carmelita.

A Escola Municipal Professora Eleonora Pieruccetti, por se localizar em um bairro da cidade em que vive um grande número de pessoas carentes, recebe alunos das mais diversas classes sociais. Foi realizado um trabalho com foco nas grandes civilizações e reinos africanos no segundo semestre no ano de 2018. Após ser exposta para os alunos a história e a grande variedade cultural que existe no continente africano, desconstruindo alguns tabus que assolam o continente, os alunos foram divididos em grupos que representavam a economia, lendas, território, religião, cultura e alimentação dos povos do Reino de Kush, das savanas, das florestas, do deserto e do Reino da Etiópia. Foi elaborado um projeto de pesquisa dessas temáticas dos povos africanos e a preparação de uma exposição para o dia em que a escola iria comemorar a Consciência Negra. O projeto, intitulado “Feira dos Povos” teve como objetivo estimular o aprendizado das crianças do 6º ano da escola sobre a cultura e história dos povos africanos que vieram para o Brasil nos navios negreiros e criar uma relação de identidade entre os alunos e a história desses povos.

Para a realização do projeto encontrou-se no espaço escolar total apoio de outros professores e de toda coordenação que disponibilizou a biblioteca para a confecção de materiais didáticos e pesquisas nos livros que ela dispunha e também do laboratório de informática para os alunos da escola pesquisarem. Para alguns alunos, aquele era o primeiro contato com alguns aspectos da cultura africana e com isso descobriram que a história africana é extremamente rica. Após aproximadamente um mês de trabalho, os alunos surpreenderam-se com o que haviam elaborado. Apareceram maquetes esplêndidas que representavam o território dos grandes reinos africanos, foram realizadas danças e teatros e a exposição das maquetes e apresentações dos aspectos de cada civilização.  

Na aplicação do projeto na Escola Estadual Professora Ligia Maria de Magalhães, instituição situada na região periférica de Contagem, foi possível comprovar a necessidade que os alunos da rede pública de ensino de Minas Gerais sofrem em relação à discussão da temática História e Cultura Afrodescendente na escola. A ausência de aulas que dialoguem com o presente e de conteúdos sobre realidades distintas dos alunos colaboram para a reprodução de um ensino tradicional, que visa à homogeneização do espaço escolar, com pouca ou nenhuma abertura para debates sobre a sociedade e diversidade nela encontrada.

Nas atividades realizadas, o diálogo entre o passado e o presente, pertinente à disciplina, foi o fio condutor de todas as práticas efetuadas em sala de aula e fora dela. Seguindo o principal objetivo orientador da disciplina de História, a formação do cidadão crítico, buscou-se perceber em situações atuais e cotidianas dos discentes o reflexo do passado, demonstrando como a dura realidade brasileira, permeada pelo racismo estrutural, pode ser explicada pelas raízes históricas do país, colaborando para a conscientização dos alunos de seu papel como sujeitos históricos, agentes de mudança e capazes de mudar a realidade a partir do conhecimento e compreensão das forças que nela atuam.  

As experiências em sala de aula também demonstraram aos participantes do projeto que, quando o educador entra nesse espaço, pode se deparar com várias situações consideradas desconfortáveis, algo recorrente na referente instituição escolar. Durante as discussões propostas aos alunos, os bolsistas do Programa precisaram lidar com a mediação das opiniões contrárias, na qual parte defende o sistema social e racial dos Estados Unidos da América, enquanto outros reprovam esse referido sistema e ressalta a importância das cotas raciais nas universidades e o não esquecimento das conquistas do sistema social brasileiro. Ressalta-se a importância do respeito das opiniões em espaço educativo e democrático, e o ensino de história é peça fundamental para a construção dessa reflexão social em um espaço escolar.   

Na Escola Estadual Madre Carmelita, que se encontra no bairro Bandeirantes, região da Pampulha, em Belo Horizonte, a aplicação do projeto e começo de atividades se deu em um processo de extrema cautela por parte dos bolsistas, uma vez que é uma escola dita “referência” e de cunho tradicionalista. Uma característica importante a ser levada em consideração a respeito dessa escola é que boa parte dos alunos não residem na região da Pampulha, uma região nobre de Belo Horizonte, ou seja, os alunos possuem médio ou baixo poder aquisitivo. Foi realizado em um primeiro momento um levantamento sobre as características da escola e do corpo docente, seu ambiente e seus diferentes espaços de acesso aos educandos e um dos objetivos foi elucidar a ideia de sujeitos históricos aos alunos da escola, auxiliando-os a se reconhecerem como pertencentes à sociedade.

As atividades realizadas se deram pela  aplicação da temática já assinalada do PIBID e, com isso, foi possível notar uma carência por parte dos alunos a respeito de temas que vão desde a abolição da escravatura até a questão das ações afirmativas, como lei de cotas e criminalização do racismo. Isso pode ser considerado não só uma característica da escola, mas um reflexo da sociedade, uma vez que as leis que embasam este artigo e o PIBID de História da PUC-MG foram elaboradas entre 2003 e 2008, e antes disso, os debates acerca desses temas eram extremamente precários. Ao tratar da escravidão, tem que ser ressaltado o protagonismo de resistência aos sujeitos escravizados; ao falar das ações afirmativas, é necessário ser acentuado que as políticas feitas para repararem danos que o estado realizou às populações negras não são presentes, são frutos de muita luta por meio dos movimentos negros.

Com isso, o PIBID na escola vem como uma inovação nas discussões acerca da temática da lei 11.645/08, pois, pelo que foi informado pelo professor orientador a escola carecia de discussões acerca das temáticas culturais e históricas africanas, afro-brasileiras e indígenas. Assim, o PIBID na área da História na escola Madre Carmelita tem sido algo novo e extremamente renovador para os ares da escola.

Considerações finais:

Nesse sentido, o projeto do PIBID de História da PUC Minas objetiva, como afirmado tanto por FLEURI (2000) e CANDAU (2012), citados por SILVA et al. (2018), “desconstruir preconceitos a partir de estratégias que modificam o caráter monocultural e etnocêntrico, presentes na escola e nas políticas educativas; articulando igualdade e diferença nas políticas públicas e práticas pedagógicas”. Essa postura, firmada ainda nos anos iniciais da formação dos bolsistas do programa, possibilita que os licenciandos, ao introduzirem uma mudança nas escolas em que atuam, constituam uma identidade profissional pautada na diversidade, através desse processo de formação contínua e recíproca.

Como futuros profissionais, o PIBID se mostra como um importante momento para que os estudantes possam repensar a abordagem desses temas históricos e culturais, para que eles não caiam em trabalhos descontextualizados e pontuais. Tal cuidado, como afirma Santos (2013), precisa ser tomado, uma vez que aulas que exerçam trabalhos com fim em si mesmos, acabam por ir contra a uma ideia maior de se desenvolver o aprendizado e o conhecimento, tornando-se apenas um “fazer para mostrar”.  Santos (2013, p.79).

Ao abordar a temática africana e afro-brasileira, também precisamos tomar cuidado para não nos limitar somente ao tráfico de escravos no atlântico, pois, tal foco, como afirma Kaly (2013), acaba por silenciar os diversos povos e reinos que existiram no decorrer da história do continente, história rica essa, demonstrada no trabalho feito na Escola Municipal Professora Eleonora Pieruccetti. Kaly (2013) também nos chama a atenção sobre como esse foco na escravidão e no tráfico negreiro acaba silenciando a história de nossa própria humanidade, história essa que se inicia na África e a relevância das primeiras migrações humanas vindas do continente, “foi ela que deu início aos povoamentos e árvores genealógicas dos chamados hoje de ‘brancos’, ‘negros’, ‘asiáticos’” (KALY, 2013, p.213).

O PIBID é um projeto que mostra potência, não apenas por abordar temáticas deliberadamente apagadas e marginalizadas no decorrer de nossa história, mas de grande importância para a formação da nossa identidade. É importante também por se mostrar como um mecanismo capaz de contornar uma formação, colocada por Santos (2013) como fragilizada, uma vez que até mesmo na universidade matérias que abordam a história e cultura africana, afro-brasileira e indígena ainda se mostram embrionárias.

O foco no exercício da lei 11.645/08 e a proposta de uma formação em prol da igualdade, do respeito e do reconhecimento do “outro” é  benéfico a todos os cidadãos, pois essa é uma grande forma de lutarmos contra o racismo presente na fibra de nossa sociedade. Para Venera Alberti (2013, p.28):

“A criança e o adolescente que se identifiquem e são identificados como brancos têm muito a ganhar com um ensino qualificado das histórias e culturas afro-brasileiras e indígenas. Se um menino que se identifica como branco se acha no direito de xingar um colega de classe identificado como negro por causa de sua raça ou cor, esse menino necessita de tanta ajuda quanto seu colega que sofre o preconceito. O racismo é um problema de todos e envolve toda a sociedade. Por isso mesmo deve preocupar imensamente os educadores.”


Referências Bibliográficas:

João Victor Lessa Henrique é aluno do terceiro período da graduação de Licenciatura em História na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, e bolsista pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid)

Rafael dos Santos Vieira é aluno do quinto período da graduação de Licenciatura em História na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, e bolsista pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid)

ALBERTI, Verena. Algumas estratégias para o ensino de história e cultura afro-brasileira. In: PEREIRA, Amilcar Araujo; MONTEIRO, Ana Maria (org.). Ensino de história e culturas afro-brasileiras e indígenas. Rio de Janeiro: Pallas, 2013.

ARAUJO, Cinthia Monteiro de. Uma outra história possível? O saber histórico escolar na perspectiva intercultural. In: PEREIRA, Amilcar Araujo; MONTEIRO, Ana Maria (org.). Ensino de história e culturas afro-brasileiras e indígenas. Rio de Janeiro: Pallas, 2013.

BRASIL. Lei n. 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial da União, Brasília, 23 dez. 1996. (Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional).

BRASIL. Lei n. 10.639 de 9 de janeiro de 2003. Diário Oficial da União, Brasília, 10 jan. 2003. (Altera a Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “história e cultura afro-brasileira”, e dá outras providências)

BRASIL. Lei n. 11.645 de 10 de março de 2008. Diário Oficial da União, Brasília, 10 mar. 2008. (Altera a Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei n. 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “história e cultura afro-brasileira e indígena”)

CAUDAU, Vera Maria (Coord.). Somos tod@s iguais? Escola, discriminação e educação em direitos humanos. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.

KALY, Alain Pascal. O ensino da história da África no Brasil: o início de um processo de reconciliação psicológica de uma nação? In: PEREIRA, Amilcar Araujo; MONTEIRO, Ana Maria (org.). Ensino de história e culturas afro-brasileiras e indígenas. Rio de Janeiro: Pallas, 2013.

SANTOS, Lorene dos. Ensino de história e cultura africana e afro-brasileira: dilemas e desafios da recepção à Lei 10.639/03. In: PEREIRA, Amilcar Araujo; MONTEIRO, Ana Maria (org.). Ensino de história e culturas afro-brasileiras e indígenas. Rio de Janeiro: Pallas, 2013.

SILVA, Fabrício Oliveira Da; RIOS, Jane Adriana; NUÑEZ, Joana Maria Leôncio. Diversidade na formação inicial de professores: experiências do cotidiano escolar no pibid. Educação por escrito, Porto alegre, v. 9, n. 1, p. 3-22, jan./jun. 2018. Disponível em: <https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/porescrito>. Acesso em: 25 fev. 2019.

SILVA, Marcos Ferreira. A CONQUISTA DA ESCOLA: educação escolar e movimento professores indígenas no Brasil. 1994


22 comentários:

  1. Bom dia,
    Como exemplos das leis que inseriram as culturas afro e indígenas no currículo, pode se entender que uma re estruturação curricular, voltada para uma maior conscientização social, mais cidadã, poderia influenciar
    a sociedade a observar e aceitar melhor as diferenças e existir uma maior empatia social, inclusive um maior respeito a educação patrimonial? Qual seria principal ponto estratégico de mudança?
    André Vinícius Gomes de Carvalho

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    1. Olá, André. Pelo que discutimos muito no PIBID uma reestruturação curricular é fundamental, uma vez que essas Leis 10.639/03 e 11.645/11 já possuem certo tempo e as aplicações se encontram precárias, na maioria dos casos, e quanto mais se estende o tempo entre aplicação e elaboração destas, os problemas referentes à falta desses ensinos se ampliam. O ideal seria que elas fossem aplicadas com exatidão e rigor, pois, a escola como participante do processo de socialização dos alunos e introdução à sociedade destes, tem a oportunidade de trabalhar as questões em torno do racismo com os negros, etnocentrismo para com os indígenas, problemas estruturais que precisam ser debatidos principalmente na base de qualquer sociedade que é a educação. Isso trabalharia a questão de aceitação das diferenças e geraria uma empatia social extremamente necessária no contexto contemporâneo que estamos vivendo. Também atingiria a conscientização social, a partir do momento em que os alunos fossem conscientizados dos problemas que estão em torno deles, presentes na sociedade, eles difundiriam isso para o meio social em que eles vivem, abrangendo a educação (como deveria ser feito) para além dos muros da escola, socializando o conhecimento adquirido sobre questões tão importantes e tão poucas debatidas no ambiente escolar como a questão dos africanos, afro-brasileiros e indígenas. A educação patrimonial, para com o patrimônio cultural imaterial e material oriundo dessas matrizes, seria uma consequência de uma reestruturação dos modelos educacionais vigentes, com isso seria gerada uma conscientização acerca das práticas culturais e produtos culturais que esses povos com tanta maestria nos presenteiam, e que ultimamente pouco cuidado estamos tendo. O ponto estratégico para a mudança seria como dito anteriormente, uma aplicação dessas Leis (10.639 e 11.645), uma mudança nos investimentos para educação, para que os professores consigam levar palestrantes que possam ensinar sobre cultura patrimonial tanto indígena, quanto africano e afro-brasileiro e para que os professores também tenham condições de se especializarem em ensino dessas culturas, pois, um ponto crucial para a não aplicação desses conteúdos é a falta de preparo dos docentes, seja por falta de renda, seja por falta de tempo. Seria interessante uma revitalização da própria profissão de docência em História, separando tempos para a especialização dos professores nessas áreas específicas do conhecimento histórico para que eles se habilitem e melhorem a qualidade de ensino de História e cultura africana, afro-brasileira e indígena.
      Esperamos ter respondido sua questão!
      Abraço!
      João Victor Lessa Henrique
      Rafael dos Santos Vieira

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  2. Boa noite, gostaria de saber dos autores qual é a importância de projetos como o PIBID na formação de futuros profissionais da educação, e o que eles sugerem para vencer as barreiras do tradicional , do preconceito e da intolerância em todos os sentidos no ambiente escolar?
    Grato: Nilton Minichini

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    1. Boa noite, Nilton!
      O PIBID proporciona mas do que somente experiências na sala de aula. Pelo PIBID podemos quebrar paradigmas na formação dos nossos educadores e aquilo que consideramos linear, torna-se símbolo de uma renovação educacional e cultural da nossa sociedade. O PIBID proporciona possibilidades de desmitificar a visão do senso comum sobre determinados temas que permeiam a nossa sociedade. E dialogando com a pesquisa na qual fazemos parte, ressaltamos que a consciência de direitos enquanto cidadão, se não chega ao aluno pelo viés tradicional do ensino público, pode chegar pelo PIBID independente da área de conhecimento. O PIBID é a renovação da formação das licenciaturas e aborda temas sociais ignorados nas grades curriculares dos cursos de licenciatura.
      Portanto, o PIBID de história da PUC MINAS sugere que para vencer o preconceito, é preciso abordar e fomentar por meio de intervenções nos espaços escolares, discussões que procuram problematizar as questões étnico-raciais, a partir destas intervenções, a realidade escolar começa a identificar uma redução da intolerância nas relações do ambiente escolar, sendo que na tentativa da geração de empatia, entre outras possibilidades de mudanças, torna-se perceptível que as questões étnico-raciais passam a ser para o educando um pertencimento do conhecimento de direito à cidadania.
      Esperamos ter respondido a sua questão!
      Abraço!
      João Victor Lessa Henrique
      Rafael dos Santos Vieira

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  3. Primeiramente gostaria de parabenizar a vocês Rafael do Santos e João Vitor pelo texto de vcs!

    Queria trazer uma questão:
    Quando pensamos na educação dentro do chamamos “formal” é inevitável a presença da escola como mediadora deste processo. Porém também temos de questionar como a escola, sendo uma extensão da sociedade, assume uma parcela da religião cristã e a assume como hegemônica.
    Como, na visão de vocês, podemos minimizar os impactos desta hegemonia religiosa no ensino sobre as culturas afrodescendente e indígenas. Tendo visto que a religiosidade também é constituinte identitário destas culturas.

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    1. Boa noite, Matheus. Então, a escola como espaço sociocultural realmente se apresenta como uma extensão da sociedade, sendo possível observar nesse ambiente uma gama de diversidade e cultura. Porém, como você disse temos essa questão da parcela da religião cristã, o que seria interessante, tendo a escola como um espaço de diversidade (representa uma sociedade não homogênea), era que não houvesse nenhum tipo de influência religiosa no ambiente escolar, pois isso acaba segregando as pessoas que não partilham da fé hegemônica na sociedade, a cristã. Uma forma de lidar com esse paradigma seria a promoção de conscientização do corpo docente para a promoção de uma educação laica, é muito comum, atualmente, uma educação que não respeita a diversidade, então o fundamental seria uma formação docente para a diversidade, levando em consideração o professor como um mediador até mesmo no processo de construção identitária do aluno; outra forma de lidar com isso seria a promoção de uma educação antirracista (o que ainda vemos muito distante), uma educação antirracista consequentemente seria pautada na preservação da diversidade e fomentação do respeito às religiões de matrizes africanas, por exemplo. Mas, levando em consideração que a escola é uma extensão da sociedade, que capacita os sujeitos da escola para o convívio em sociedade, a sociedade também tem um compromisso de promover uma luta antirracista, as leis trabalhadas no artigo são uma pequena parcela da conscientização necessária nessa luta. Portanto, acreditamos que para minimizar esses impactos da hegemonia cristã no ambiente escolar seria: 1) Travar um debate acerca de uma educação para a diversidade; 2) Conscientização do corpo docente para uma educação laica; 3) Uma educação antirracista (seria o mais adequado); 4) Promoção de uma conscientização social acerca da laicidade do Estado (algo que é determinado na constituição e que é pouco respeitado); 5) Por fim, um maior controle do cumprimento da constituição e das políticas afirmativas (lei de cotas, lei que criminaliza o racismo, etc.). Uma importante inciativa é o PIBID da PUCMinas, por exemplo, ele vem com a proposta de renovar o ensino de História, trazendo o debate acerca da diversidade, com isso há uma alteração já na formação de parte dos futuros docentes. Esse debate realizado no PIBID é extremamente importante para que o professor faça com que o aluno negro se sinta a vontade para proferir suas crenças e construam suas respectivas identidades.
      Esperamos ter respondido sua pergunta!
      Abraços!
      João Victor Lessa Henrique
      Rafael dos Santos Vieira

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  4. Gostaria de parabenizar os autores pelo excelente artigo.
    Pela leitura do texto percebi que alguns problemas foram levantados na prática escolar das instituições citadas. Gostaria de conhecer alguma atividade que realizaram em alguma das escolas que objetivava sanar as dificuldades encontradas.
    Tallita Ertal de Oliveira

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    1. Olá Tallita!
      Todas as discussões das escolas atendidas pelo Projeto PIBID História - PUC Minas abrange a questão da História e Cultura Afrodescendentes. Portanto, cada escola com seus respectivos subgrupos, trabalham de forma autônoma para solucionar os problemas identificados. Diante disso, as atividades mais frequentes são discussões que acenem a conscientização da cidadania e a identificação racial dos alunos, pois de modo geral buscamos nos adaptar a realidade de cada escola e aluno.
      Só exemplificando, na Escola Municipal Professora Eleonora Pieruccetti no ano passado os alunos atendidos pelo PIBID História da PUC Minas, realizaram uma exposição com a temática “Somos África”. Já na E.E. Professora Ligia Maria Magalhães os alunos realizaram uma atividade teatral sobre a consciência negra e a neste último as discussões sobre questões étnicos raciais foram fomentadas com a exposição de vídeos, músicas e YouTubers que abordam a temática do projeto. Enquanto na Madre Carmelita buscamos realizar a dialética para levar aos alunos a consciência dos seus direitos enquantos cidadãos e estudantes do ensino público.
      Esperamos ter respondido sua questão!
      Abraços!
      João Victor Lessa Henrique
      Rafael dos Santos Vieira

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  5. Boa tarde novamente, sabemos que o Brasil é um país de diversidades culturais. E a contribuição dos descendentes de africanos e afro-brasileiros foi de suma importância na trajetória da nossa história! Entretanto, sabemos também que não foi fácil para os afro-descendentes; pois sofreram todos os tipos de castigos e humilhações em uma sociedade racista preconceituoso! Eu pergunto aos autores: se esse período da nossa história deve ser motivo de vergonha e portanto apagado de nossas memórias.
    Mais uma vez, grato.

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    1. Boa noite, Nilton. Discutimos o seguinte, não há como esse período (acredito que esteja falando da escravidão) ser apagado, por mais humilhante que seja as condições nas quais os negros tiveram que resistir no Brasil, não devemos apagar de nossas memórias. Um dos motivos pelo qual não devemos esquecer o período da escravidão, é que ele torna-se fundamental para entendermos por intermédio do ensino de história boa parte da condição do negro na sociedade brasileira atual, uma memória que cai no esquecimento não nos traz uma reflexão, mesmo que seja uma reflexão de que não podemos mais deixar que isso aconteça. Por mais que tenha havido um processo de tentativa de desumanização dos sujeitos escravizados, é importante entender que em meio a tanta humilhação e castigos, esses indivíduos eram sujeitos de resistência, não eram passivos como normalmente interpretamos. Mesmo que consideremos o contexto pós-abolição, os negros nunca saíram da condição de sujeitos de resistência, esquecer processos como esses dão a margem para que historiadores tendenciosos relativizem ao extremo, ou neguem o ocorrido. O que pode acontecer em determinados casos é que os livros didáticos podem ignorar veemente grande parte da resistência da escravidão, ou até mesmo das lutas pós-abolição. Temos que lembrar que o trabalho do historiador é a preservação da memória e o estudo do homem no tempo, mesmo que seja um homem escravizado, é necessário que sua memória não caia em esquecimento. Sendo este, um trabalho tanto dos cursos de licenciatura em História quanto nos bacharéis desse curso. Outro ponto a se considerar, é que os movimentos negros na contemporaneidade são exemplos do reconhecimento da importância dos africanos escravizados na América Portuguesa para a formação da identidade brasileira. Alguns estados não reconhecem a identidade preta brasileira, porém outros como a Bahia em sua maioria reconhecem a ancestralidade africana. Portanto, é inimaginável que seja apagado o período de escravidão, é necessário que pense neste com outros olhos, olhos de resistência, sem desconsiderar as atrocidades vividas pelos sujeitos escravizados, para que não ignoremos os negros escravizados como sujeitos culturais.
      Esperamos ter respondido sua questão!
      Abraços!
      João Victor Lessa Henrique
      Rafael dos Santos Vieira

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  6. Prezados, bom dia. Parabéns pela qualidade do texto e do debate. Minha questão é ampla. As Leis 10639 e 11645 foram aprovadas num contexto de debate da sociedade brasileira acerca de temas progressistas, como o direito das minorias. Assistimos, desde 2016 a uma guinada à direita no campo político com a posse de Temer, após o afastamento da presidente Dilma e a eleição de Bolsonaro. A aprovação das leis naquele contexto garantiram a inclusão nos livros didáticos dos temas relacionados aos negros e indíos de forma mais destacada, se comparado ao período anterior em que essas personagens apareciam numa página do livro ou nem eram citadas. Diante da nova realidade como vocês entendem que fica a questão das leis? Qual é o futuro vislumbrado para as minorias no pais?

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    1. Olá, Herbert!
      É um mistério a forma na qual essas temáticas serão contempladas na nova gestão. O atual presidente realiza afirmações que não nos dão um parâmetro de como o MEC vai se portar perante temáticas tão importantes, pois, o que sabemos das declarações dadas por este, é que ele quer incluir os indígenas, por exemplo, à sociedade brasileira, sem que respeite as particularidades das culturas indígenas. Ele diz que quer integrar os indígenas à população brasileira (como se já não fossem brasileiros), é notória a dificuldade de assimilar a ideia de um território com diferentes culturas, principalmente as culturas matriarcais da população brasileira num todo. Quando as duas leis foram aprovadas, durante um governo progressista, havia toda a questão de valorização dessas culturas e histórias, no sentido de reaver o processo de exclusão, até mesmo na forma de conteúdo, das populações negras e indígenas do quadro social. O atual governo não nos mostra o mesmo entusiasmo em vislumbrar essas culturas tão importantes para a nação como um todo. Recentemente foi designado um economista ao MEC, o que torna ainda mais misteriosa a forma que essas temáticas serão abordadas, acho que o cenário mais provável é uma educação tecnicista, que não priorize essas questões de forma adequadas. Como em discussões acima, falamos muito que seria ideal um maior controle e fiscalização da aplicação dessas leis, o problema é que temos, como você disse, uma guinada à direita, essa direita que possui um guru (Olavo de Carvalho) e uma constante cruzada quanto à possível “doutrinação” realizada pelos professores, então é complicada uma visão positiva em relação a esses conteúdos, acreditamos que pode haver até mesmo um retrocesso quanto à essas temáticas em sala de aula, por muitas vezes consideradas “pautas de comunistas”. O pior é pensar que podemos regredir ao quadro que você citou em que essas temáticas pouco eram exploradas nos livros didático, por exemplo. O futuro vislumbrado pelas minorias, acreditamos, ainda é incerto, mas por alguns indicativos das declarações da nova gestão, não serão prioridades, o que é extremamente problemático, pois, ao não levar em consideração essas discussões em sala de aula, diversos problemas sociais se agravam novamente como o racismo, a xenofobia e a falta de alteridade que os alunos desenvolveram. Tudo isso resultado de uma possível conversão da educação, que atualmente é voltada para a formação crítica do aluno, para uma educação tecnicista, voltada para servir o mercado, exemplo claro disso é o novo ensino médio, proposto pelo governo Temer, como qualquer processo na área da educação, esse de retirada da criticidade necessária para os alunos lidarem com problemas sociais está sendo feita há alguns anos e não temos previsões para quando essa virada – crítica para tecnicista – irá ocorrer, mas após a divulgação do novo nome do MEC, acreditamos não estar distante.
      Esperamos ter respondido sua questão!
      Abraços!
      João Victor Lessa Henrique
      Rafael dos Santos Vieira

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  7. Boa noite, primeiramente queria parabeniza-los pelo texto de vocês. Visto que em algumas escolas a História e Cultura Afrodescendente ainda é ensinada pela forma tradicional, queria saber de vocês, qual seria outras formas de ensinar essa temática, que fugissem dos ensinos tradicionais? Tirando os exemplos que vocês nos deram.
    Ana Clara Alves Leite

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    1. Boa noite, Ana Clara!
      De fato convivemos no ensino público do século XXI com metodologias de ensino tradicionais. Pensamos que uma deliberação da união, em adaptar o ensino público à metodologias de ensino idealizadas em obras como de Rubem Alves, podemos aprimorar o ensino de Paulo Freire, que por sua vez, tem os seus méritos por ser a referência e o pai da educação brasileira.
      Mas ao tratar sobre a História e Cultura Afrodescendente, precisamos nos atentar aos livros didáticos, para não sermos anacrônicos. Diante disso, sugerimos que o professor compreenda a realidade do aluno e se o mesmo se identifica com a cor da sua pele. Pois vídeos como do “Spartakus Santiago” que aborda o que é ser negro de pele clara no Brasil, são ferramentas importantes para levar os alunos a reflexão do reconhecimento de sua identidade. Utilizar a música como método de ensino também é importante, como por exemplo, O RAP de músicos como dos Racionais, proporciona uma reflexão sobre a situação do negro que vive na favela. Caso para a turma nenhum dos exemplos anteriores sejam eficientes, utilizar jogos pedagógicos que retrata a História Afrodescendente de forma lúdica, contribui bastante para o desenvolvimento do aluno na referente discussão, pois são formas que o aluno pode se expressar melhor para o professor.
      Esperamos ter respondido sua questão!
      Abraços!
      João Victor Lessa Henrique
      Rafael dos Santos Vieira

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  8. Boa Noite , parabéns pelo texto de vocês . Levando em consideração um histórico de ensino de história eurocêntrico e com pouco enfoque nos estudos de grupos minoritários enquanto sujeitos históricos , gostaria de perguntar se vocês enxergam maneiras de colocar em prática a Lei 11645 de maneira interdisciplinar ,que dialogue com a geografia e com a literatura por exemplo ,para que essa temática não fique a cargo apenas da história .

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    1. Olá Ana, Boa noite!
      Então falaremos em sua resposta em nome do PIBID HISTÓRIA - PUC MINAS e não como autores do texto. Durante o projeto estamos viabilizando parcerias com demais disciplinas, pois compreendemos que a Lei 11.645 não somente obriga a inserção da História e Cultura Afrodescendente e Indígena no currículo dos alunos, mas fala para sociedade sobre o nosso direito enquanto cidadão em acessar uma história, no qual fomos negado de conhecer no passado. Por isso, a temática em questão, em nossa percepção é uma obrigação de todos os professores e não somente dos licenciados em História, e ao abordar o tema em um projeto escolar, o professor de geografia pode contribuir na análise das condições climáticas que tornou-se desafio para muitos escravos africanos e por qual motivo definimos que as rotas do tráfico negreiro permearam sempre um único sentido. Ademais, a literatura é importante, seja o projeto interdisciplinar ou não, pois só podemos com ênfase compreender o conhecimento do passado através de leitura das fontes. Por isso, enfatizamos que professores de Língua Portuguesa, podem contribuir bastante para projetos com a referente temática, no sentindo que esse professor poderá ofertar técnicas de interpretações para uma compreensão melhor da fonte analisada, como por exemplo, os professores de Língua Portuguesa podem contribuir em um trabalho de análise entre fonte histórica e obras como Iracema, Guarani, Macunaíma, entre outros. Sugerimos também que a disciplina de artes, também é importante para um projeto interdisciplinar, pois a mesma pode contribuir para análise e problematização de obras como de Debret, no sentido que possamos compreender como os escravos estão representados nas pinturas, estando sempre caracterizados pelo trabalho braçal. Desta forma, pode até se envolver um projeto a parte, ao qual interliga-se a disciplina de Arte, Literatura e História.
      Esperamos ter respondido sua questão!
      Abraços!
      João Victor Lessa Henrique
      Rafael dos Santos Vieira

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  9. Boa Noite, e parabéns pelo texto de vocês. Considerando o enfoque dado nos últimos anos ao ENEM, como consideram a validade deste exame, principalmente a redação do ENEM, enquanto metodologia para trazer a questão das minorias e das diferentes culturas presentes no Brasil ao palco, de certa forma obrigando as escolas e os educadores que muitas vezes ignoram tais temáticas à abordar tais assuntos?
    Vítor Augusto Simionato Tozo

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    1. Boa noite, Vítor. A cultura educacional na qual estamos inseridos é extremamente complicada, consideramos que é necessário estudar apenas para o ENEM, transformando o conhecimento acerca das minorias e diferentes culturas no Brasil algo que é sem sombra de dúvidas, instrumental. Acreditamos que por mais perverso que seja, o ENEM já é um começo, mesmo que utilitário, para as discussões que giram em torno das minorias nacionais, por meio das redações e provas de ciências humanas. O importante nesse debate é entender que são questões que ficaram as margens da sociedade durante muito tempo e com isso, foram necessárias políticas para que começassem a ser levadas em consideração na educação. O ENEM não é a melhor metodologia para elucidar essas questões, pois, ele não trata do problema, ele é uma forma de avaliar se o aluno decorou ou não aquele tipo de conhecimento e não o processo de aprendizagem do aluno, mas isso não tira sua validez ao tratar de determinados assuntos, mesmo que de forma decorada já é um tipo de conhecimento que o aluno está praticando. Levar essas discussões, mesmo que de forma obrigatória, para escolas e educadores é de suma importância para que essas minorias se sintam representadas no ambiente escolar e socialmente, a escola é um ambiente sociocultural, no qual deve ser responsável por preservar a identidade de seus alunos.
      Esperamos ter respondido sua questão!
      Abraços!
      João Victor Lessa Henrique
      Rafael dos Santos Vieira

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  10. Boa noite,
    Novamente venho perguntar e percebi que o PIBID visa aproximar o universitário com a sala de aula ainda durante sua formação. Como vocês percebem a relação entre o currículo acadêmico e o trabalho do tema proposto no cotidiano escolar?
    Tallita Ertal de Oliveira

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    1. Olá, Tallita!
      Então durante a realização do projeto nas escolas atendidas pelo PIBID HISTÓRIA - PUC MINAS, nos deparamos que a temática ao qual disponibilizamos em trabalhar no projeto, não é muito discutida com os alunos na sala de aula, sendo esta discussão praticamente em datas comemorativas. Com isso, entendemos que a discussão da temática do projeto é um complemento na aprendizagem dos alunos, pois os mesmos ao decorrer das discussões se demonstram interessados em relacionar o que está discutindo com algum conteúdo que estão trabalhando na disciplina de história ou não. Pois percebemos que na realidade há uma discrepância entre a Lei 11.645 e a realidade das instituições escolares públicas, como por exemplo, os licenciandos de graduação da História estudam na universidade matérias ligadas ao etnocentrismo, didática, História e Cultura Afrodescendente e Indígena e História da África, mas fica a incógnita de que se esses conhecimentos estão sendo colocados em prática, da maneira como deveria, que é conscientizar os alunos a razão da existência de Direitos Étnicos-Raciais, por razão histórica.
      Esperamos ter respondido sua questão!
      Abraços!
      João Victor Lessa Henrique
      Rafael dos Santos Vieira

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  11. Olá, gostaria de parabenizar os dois autores pela qualidade do artigo.
    Sobre os projetos realizados nas escolas, abordando questões sobre diversidade e temáticas afrodescendetes,gostaria de saber qual foi a resposta dos alunos na realização dessas atividades? Na percepção de vocês, houve uma mudança na percepção identitária dos alunos?
    Atenciosamente,
    Ana Luiza Pena de Sá

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    1. Olá, Ana. Ótima pergunta, então, cada escola obteve resultados diferentes por serem realidades diferentes e sujeitos escolares diferentes. A resposta obtida pelos bolsistas após a realização das atividades, de acordo com o que discutimos durantes as reuniões que temos semanalmente, foi que a maior parte das atividades e/ou diagnósticos trouxeram resultados positivos. Em diversos casos os alunos das respectivas escolas do PIBID PUCMinas, começaram a levar demandas de temas a serem trabalhados, propostas de atividades, e feedbacks acerca das atividades aplicadas. Por exemplo, na E.E Madre Carmelita nas ultimas visitas realizadas por um grupo, diversas alunas os pararam para sugerir algumas rodas de conversa sobre feminismo, alguns alunos sugeriam estudar o RAP, entre outros; já na E.E Professoras Lígia Maria Magalhães, logo no início do ano, foram fomentadas discussões sobre desigualdade racial e o resultado obtido foi uma abertura dos alunos em entender a importância da identidade racial na sociedade e a conscientização de usufruir dos seus direitos enquanto cidadãos. Ou seja, o PIBID vem como uma ferramenta de transformação tanto dos docentes quanto dos discentes, fomentando, incentivando que os alunos criem sua identidade particular e social, e se reconheçam como são. A importância do debate da diversidade no ambiente escolar é de suma importância para que os alunos se conscientizem, e desde que começamos a trabalhar nas escolas percebemos uma resposta positiva, uma resposta à constante provocação na qual os alunos são submetidos pelos bolsistas cotidianamente, então sim, houve uma mudança na percepção identitária dos alunos.
      Esperamos ter respondido sua questão!
      Abraços!
      João Victor Lessa Henrique
      Rafael dos Santos Vieira

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